• Nenhum resultado encontrado

A partir da análise construída no decorrer deste trabalho de conclusão de graduação, desde a definição de tributo até se chegar à possibilidade de aplicação do princípio da capacidade contributiva à TCFA de Fortaleza, é possível concluir que a capacidade contributiva não deve ter sua aplicação restrita apenas aos impostos, haja vista a sua clara relação com o princípio da igualdade, sendo sua observância obrigatória para concretizar a justiça fiscal no ordenamento brasileiro.

Não se quis, ao longo da monografia, asseverar que a capacidade contributiva tem que ser observada em todas as situações que configurem a tributação, pois como foi afirmado, o princípio deve ser observado apenas quando puder respeitar a essência jurídica das espécies tributarias com as quais pretende se relacionar.

Assim, é possível afirmar que a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental fortalezense manifesta a presença do princípio ao ter o porte econômico dos contribuintes, aferido a partir da receita bruta anual destes, como fator de sua definição, mas que isso não desrespeita sua caracterização legal como taxa de polícia, pois, como já manifestado pelo Supremo Tribunal Federal, ao analisar também uma taxa de polícia, a graduação da taxa é permitida, admitindo-se a concretização da capacidade para além dos impostos.

A sua observância é possível já que, contribuintes com maior capacidade contributiva podem, a depender do caso analisado, requererem uma maior atuação de fiscalização do Poder Público ao realizarem suas atividades econômicas, guardando a proporção entre o custo da atividade e o valor de taxa devido.

Ademais, como falado brevemente no capítulo 2, os impostos não são mais a única fonte robusta de recursos com a qual o Estado conta, principalmente a União, tendo as contribuições papel de extrema relevância nesse cenário, pois, até mesmo, chegam a ultrapassar a margem de arrecadação de impostos, taxas e contribuições de melhoria, não sendo razoável que o legislador constituinte restringisse a capacidade contributiva apenas aos impostos, deixando todo esse montante de recursos sem verificar, o mínimo que seja, a capacidade de contribuir dos seus sujeitos passivos.

Portanto, a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, respeitando os ditames legais e em consonância com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, permite a

55 realização do princípio da capacidade contributiva, havendo correspondência entre o porte econômicos dos seus contribuintes e as atividades fiscalizatórias estatais demandadas.

O assunto não será encerrado apenas com este trabalho de graduação, nem é esse o objetivo da monografia, mas buscou-se trazer novos olhares à discussão, a partir da análise da referida taxa municipal.

56

REFERÊNCIAS

ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6. ed. 16. tir. São Paulo: Malheiros, 2014.

BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 11. ed. atual. por Misabel Abreu Machado Derzi. 18. tir. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 5. ed. São Paulo: Noeses, 2010.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de

outubro de 1988. Brasil, 1988. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso em: 30 set. 2018.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.697. Confederação Nacional Das Profissões Liberais-CNPL E Congresso Nacional. Relator: Ministro Edson Fachins. Brasília, Distrito Federal, 06 de outubro de 2016. Disponível em: < http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=12660374> Acesso em: 25 mai. 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 361009. Distrito Federal, Min. Celso De Mello, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Antônio Busato, Presidende da República, Congresso Nacional. Relator: Ministro Celso de Mello. Brasília, Distrito Federal, 31 de agosto de 2010. Disponível em: < https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14801676/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi- 2010-df-stf >. Acesso em 13. abr. 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 177.835-1. AGROVAP Agropecuária Vale do Prata S/A e Outros e Comissão de Valores Mobiliários-CVM. Relator: Ministro Carlos Velloso. Brasília, Distrito Federal, 22 de abril de 1999. Disponível em: < http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=223337. > Acesso em: 25 mai. 2019.

BRASIL. Tribunal Regional Federal. Apelação em Mandado de Segurança nº 92410. Ferreira, Pinto & Cia/ Ltda e Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Relator: Desembargador Federal Cesar Carvalho (Substituto), Recife, Pernambuco, Acórdão. 20 de abril de 2006. Disponível em:<06https://trf-

5.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/234983/apelacao-em-mandado-de-seguranca-ams-92410-pe- 20028300005940-4?ref=serp>. Acesso em: 14 jun. 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário com Agravo nº 0003803-

12.2013.8.21.0022. Alaska-Industria,Comercio de Couros e Peles Ltda. e Estado do Rio

Grande do Sul. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Brasília, Distrito Federal, 05 de maio de 2018. Disponível em: <https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/574043767/recurso- extraordinario-com-agravo-are-1119640-rs-rio-grande-do-sul-0003803-1220138210022 pagina 4.> Acesso em: 25 mai. 2019.

57

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Relator: Ministro Néri da Silveira. Governo do Paraná e Congresso Nacional. Brasília, Distrito Federal, 17 de dezembro de 1993. Disponível em: <https://consultaprocesso.tjce.jus.br/scpu-web/pages/administracao/consultaProcessual.jsf>. Acesso em: 24 mai. 2019.

CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.

CERETTA, Clóvis José. Princípio da capacidade contributiva: sua aplicação nas diversas espécies tributárias. 2017. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas) – Escola de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

COSTA, Regina Helena. Princípio da Capacidade Contributiva. São Paulo: Malheiros, 1993.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. FORTALEZA. Lei Complementar nº 159, de 26 de dezembro de 2013. Fortaleza, 2013. Disponível em:

<https://www.sefin.fortaleza.ce.gov.br/phocadownload/downloads/Legislacao/Leis/LEI_N159 _2013_LC_241-2017-codigo-tributario-municipal-de-fortaleza.pdf> Acesso em: 30 set. 2018. FORTALEZA. Lei Complementar nº 241, de 22 de novembro de 2017. Fortaleza, 2017. Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a1/ce/f/fortaleza/lei- complementar/2017/25/241/lei-complementar-n-241-2017-dispoe-sobre-alteracao-do-codigo- tributario-do-municipio-de-fortaleza-aprovado-pela-lei-complementar-n-159-2013-e-da- outras-providencias>. Acesso em: 05 mai. 2019.

GRUPENMACHER, Betina Treiger. Eficácia e aplicabilidade das limitações

constitucionais ao poder de tributar. São Paulo: Editora Resenha Tributária, 1997.

MACHADO, Hugo de Brito. Comentários ao Código Tributário Nacional, volume I. São Paulo: Atlas, 2003.

MACHADO, Hugo de Brito. Comentários ao Código Tributário Nacional, volume II. São Paulo: Atlas, 2004.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 33. ed. São Paulo: Malheiros, 2012.

MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de Direito administrativo: parte

introdutória, parte geral e parte especial. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992.

SAINZ DE BUJANDA, Fernando. Hacienda y Derecho, Volume III. Madri: Instituto de Estudios Políticos, 1963.

58 SEGUNDO MACHADO, Hugo de Brito. Código Tributário Nacional: anotações à

Constituição, ao Código Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

SEGUNDO MACHADO, Hugo de Brito. Manual de Direito Tributário. 9. Ed. ref., ampl. e atual. São Paulo: Atlas, 2017.

SILVA, Virgílio Afonso da. Princípios e regras: mitos e equívocos acerca de uma distinção.

Revista latino-americana de estudos constitucionais, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 607-630,

2003. Disponível em: < https://constituicao.direito.usp.br/wp-content/uploads/2003- RLAEC01-Principios_e_regras.pdf>. Acesso em: 30 set. 2018.

Documentos relacionados