• Nenhum resultado encontrado

CAPITULO 3: METODOLOGIA

3.5 MÉTODOS DE ANÁLISE DOS DADOS

4.3.4 Hipótese 14: usuários que avaliam o grau de legibilidade das mensagens dos anúncios

4.3.4.1 Conclusão da hipótese 14 e dos aspectos associados às mesmas

Os resultados indicam que a maioria dos indivíduos que avalia o grau de legibilidade das mensagens veiculadas por anúncios comerciais como difícil e muito difícil, tende a considerar haver no ambiente um alto número de anúncios comerciais com características formais variadas. Também, observa-se que, segundo o maior número de respondentes, a cena percebida como a que possui o maior número de anúncios, não equivale a cena avaliada como de menor legibilidade dos anúncios. Porém, constata-se que, observando a média dos valores ordinais, a cena de menor legibilidade corresponde a de maior variação das características físicas dos anúncios comerciais. Desse modo, pode-se predizer que para a legibilidade das mensagens ser considerada fácil e muito fácil pela maioria dos indivíduos é necessário controlar o número de anúncios comerciais em cada via e a variação de suas características físicas. Os dados encontrados fundamentam o pressuposto de que um dos aspectos que interfere no grau de legibilidade das mensagens é a sobrecarga visual, causada pelo excesso de estímulos visuais gerado pela quantidade de anúncios, associada

à excessiva variabilidade de suas características formais (Passini, 1992; Nasar, 1988; Cauduro, 1981; Moles, 1987).

4.3 CONCLUSÃO

Os dados apresentados neste capítulo sustentam as hipóteses investigadas neste estudo, sendo a síntese dos principais resultados apresentada a seguir.

Na hipótese 1 constatam-se divergências entre as percepções estéticas dos grupos de usuários quanto à avaliação da qualidade visual das cenas. Os resultados sugerem que os comerciantes, por possuírem o interesse em destacar o seu estabelecimento comercial dos demais do entorno, através de anúncios comerciais, avaliam a aparência da maioria das cenas de modo diferenciado dos demais indivíduos. Entretanto, quando os comerciantes numeram em ordem decrescente de agradabilidade as cenas, a maioria não demonstra considerar a essa avaliação àqueles interesses e indica a mesma cena considerada pelos demais grupos como a mais agradável. Verifica-se haver uma concordância entre os grupos quanto à cena mais agradável e quanto a mais desagradável. Quanto às divergências existentes, quanto aos fatores relacionados às avaliações das cenas, constata-se que há diferenças significativas entre as percepções dos comerciantes e dos demais grupos.

Nas hipóteses 2 e 3 os dados encontrados indicam que a presença de incompatibilidade formal entre os anúncios comerciais e os prédios tende a tornar a aparência das cenas desordenadas e mais desagradáveis. Também, é constatado que a percepção da quantidade de prédios, cuja aparência é prejudicada pelos anúncios comerciais, é um aspecto que reduz o grau de ordenamento atribuído à cena. Entretanto, os resultados sugerem que essa percepção não envolve somente o número de prédios em incompatibilidade formal com os anúncios, mas também a percentagem que as construções, prejudicadas pelos anúncios comerciais, correspondem da área total da cena e a área que os anúncios cobrem da fachada.

Nas hipóteses 4 e 5 conclui-se que a sobrecarga visual gerada pelo número de anúncios comerciais, associado à variação de suas características formais, é um aspecto que interfere negativamente no grau de ordenamento da aparência das cenas, bem como no grau de agradabilidade do indivíduo com as mesmas. Constata-se que a sobrecarga visual pode estar relacionada não apenas ao número de anúncios comerciais mas também a área

que esses cobrem das fachadas: uma cena com um grande número de anúncios comerciais, cuja área que cobrem das fachadas é pequena, não tende a ser percebida como contendo um grande número desses. Além disso, identifica-se que o tamanho, a cor, a proporção, a disposição na fachada, o número de imagens e o contraste cromático entre as letras e o fundo desses são características que influenciam a percepção de um maior número de respondentes do que o tipo de fixação, a localização nas fachadas, os tipos de letras e o tamanho das letras e das imagens em relação à área livre do fundo dos anúncios. Também, deve-se destacar que a característica mais indicada como responsável pela alta variação entre os anúncios comerciais é o tamanho desses.

Na hipótese 6 constata-se que o atributo de agradabilidade é freqüentemente relacionado a cenas urbanas caracterizadas por moderada e baixa complexidade. Também, observa-se que grande parte das características físicas, que geram a percepção de baixa variação dos anúncios comerciais e de baixa e de moderada variação das construções, coincide com as apontadas como influentes sobre a avaliação positiva da cena. O tamanho, o formato e a área que os anúncios cobrem das fachadas são aspectos que tornam a cena 4 bonita e muito bonita e geram um baixo grau de variação. Quanto às características das construções, as proporções das aberturas, a altura, o contorno superior e o estilo arquitetônico são fatores que contribuem a qualidade visual do ambiente e tornam a cena com moderada e baixa complexidade.

Na hipótese 7 os dados encontrados confirmam o descrito por Weber (1995) e por Rapoport (1977, apud Lang, 1987) de que locais caracterizados como extremamente complexos, ou seja, com alta variação entre as características físicas dos seus elementos, são tidos como negativos. Também, observa-se que a alta complexidade dos anúncios comerciais quando associada à baixa complexidade das construções gera um ambiente cuja aparência é menos desagradável do que a de uma cena caracterizada por alta complexidade dos anúncios comerciais e das construções. Além disso, as características físicas que geram a alta variação atribuída às cenas são as mesmas indicadas como causas da avaliação negativa dessas.

Na hipótese 8, os resultados obtidos concordam com o mencionado no item 2.2.4.2.2 do capítulo 2, de que uma situação de contraste comum em muitos centros de comércio que pode provocar, muitas vezes, o decréscimo da qualidade visual do ambiente é a subdivisão da fachada de uma edificação, onde funcionam distintos estabelecimentos comerciais, por

diferenças cromáticas e por anúncios comerciais. Em geral, isso ocorre, pois os comerciantes, a fim de destacar seu estabelecimento comercial, pintam e colocam anúncios em “seu pedaço de fachada” de forma totalmente independente do restante da construção.

Na hipótese 9 verifica-se que quanto maior a área das fachadas coberta por anúncios comerciais, menor é o grau de agradabilidade do indivíduo com a cena. Além disso, constata-se que a percentagem da cena correspondente a prédios prejudicados por anúncios comerciais, bem como a área que os anúncios cobrem de cada fachada são aspectos que acrescem a percepção de maior concentração de anúncios. Desse modo, tem- se indicativos de que um dos modos de aumentar a qualidade visual de um centro de comércio é reduzir o tamanho dos anúncios.

Na hipótese 10 verifica-se que grande parte dos respondentes, que aponta haver incompatibilidade formal entre os anúncios comerciais e os prédios de interesse histórico e cultural, avalia as cenas como muito feias e feias. Também, observa-se que a percepção da aparência dos prédios de interesse histórico e cultural estar sendo prejudicada por anúncios comerciais é enfatizada pelo grau de incompatibilidade formal existente, sendo os mais graves os graus 1 e 2.

Na hipótese 11 conclui-se que, quanto à legibilidade dos anúncios comerciais, não há percepções aproximadas entre todos os grupos de usuários, somente entre alguns. Os grupos que na maioria das cenas tendem a ter percepções similares são o dos arquitetos e urbanistas e o dos publicitários, sendo que o dos comerciantes e o dos consumidores possuem percepções aproximadas somente quanto a uma cena. Os comerciantes são os que avaliam a legibilidade dos anúncios de modo divergente dos demais. Quanto os grupos que avaliam a legibilidade das mensagens como mais baixas, têm-se o dos arquitetos e urbanistas e o dos publicitários, sendo que, na maioria das cenas, os comerciantes avaliam como mais alta a legibilidade das mensagens.

Na hipótese 12 observa-se que não há similaridades entre todos os grupos de usuários quanto aos fatores que influenciam o grau de legibilidade dos anúncios comerciais. Há determinados fatores que influenciam mais negativamente as percepções de alguns grupos de usuários do que de outros, sendo constatado que o grupo que mais diverge dos demais é o dos comerciantes e os que freqüentemente mais se aproximam são o dos arquitetos e urbanistas e o dos publicitários. Também, constata-se que os fatores que

devem ser replanejados, pois prejudicam a legibilidade dos anúncios, segundo grande parte dos respondentes, na maior parte das cenas, são: o tamanho dos anúncios, a área coberta das fachadas por esses e a variação entre as características físicas dos anúncios.

Na hipótese 13 constata-se que a ordem visual da cena contribui a legibilidade dos anúncios comerciais. Também, observa-se que a menor variação de tipos de letras, a maior predominância do tipo de letra 4 (sem serifa), o menor número de anúncios em que o tamanho das letras se sobrepõem à área livre do fundo desses, a menor quantidade de signos lingüísticos, a maior quantidade de anúncios que tendem a horizontalidade e a menor quantidade de anúncios de tamanho grande e muito grande são características presentes na cena avaliada como de alta legibilidade pelo maior número de respondentes. Além disso, constata-se que a cena percebida como ordenada visualmente necessariamente não equivale a cena em que a legibilidade dos anúncios comerciais é alta, segundo a percepção do maior número de indivíduos.

Na hipótese 14 observa-se que a maioria dos indivíduos que avalia o grau de legibilidade das mensagens veiculadas por anúncios comerciais como difícil e muito difícil, tende a considerar haver no ambiente um alto número de anúncios comerciais com características formais variadas. Também, observa-se que a cena percebida pelo maior número de respondentes como contendo um alto número de anúncios, não equivale a cena avaliada como de menor legibilidade pelo maior número de indivíduos. Entretanto, a cena classificada como de baixa legibilidade corresponde a de alta variação das características físicas dos anúncios comerciais, considerando a percepção do maior número de respondentes. Os dados encontrados fundamentam o pressuposto de que um dos aspectos que interfere no grau de legibilidade das mensagens é a sobrecarga visual, causada pelo excesso de estímulos visuais gerado pela quantidade de anúncios, associada à excessiva variabilidade de suas características formais (Passini, 1992; Nasar, 1988; Cauduro, 1981; Moles, 1987).