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Conclusão – Elogio à previsão constante do projeto do novo Código de Processo Civil

No documento Revista da Procuradoria-Geral do Banco Central (páginas 109-113)

Introdução – Entendendo o sentido no ajuizamento de ação de conhecimento, quando já se porta título executivo extrajudicial

4 Conclusão – Elogio à previsão constante do projeto do novo Código de Processo Civil

Conforme fi cou demonstrado, diante das modifi cações implementadas no ordenamento jurídico pátrio, tem-se que o autor pode escolher entre intentar uma ação, a fi m de certifi car seu direito mediante a condenação do devedor, para, depois, buscar a execução, que se realizará na fase de cumprimento de sentença; em vez disso, se preferir, pode se utilizar do título executivo extrajudicial do qual já é portador, que autoriza, de imediato, a defl agração do processo autônomo de execução.

Essa possibilidade se justifi ca em virtude da distinção dos atos a serem praticados em uma técnica ou em outra. A depender do título executivo, se judicial ou extrajudicial, tem-se série diferentes de requisitos, procedimentos, poderes de execução do juiz, sem prejuízo, ainda, da diferença em relação ao mecanismo de defesa que pode ser manejado pelo executado.

O credor tem, portanto, a opção de intentar a execução autônoma, aparelhada pelo título extrajudicial, ou, por outro caminho, pode preferir manejar a ação de conhecimento, a fi m de constituir um título executivo judicial. Se o credor pretende ver seu direito satisfeito, e, se para tal desiderato, a técnica sincrética pode se revelar mais interessante – até mesmo pelos atos que se desenvolvem no curso do iter procedimental –, ninguém melhor do que ele, maior interessado em receber o crédito que lhe é devido, para escolher a via que lhe pareça mais conveniente, não podendo o juiz extinguir o feito sem resolução meritória por ausência de interesse de agir.

O Superior Tribunal de Justiça, também seguindo esse entendimento, ao tratar particularmente da questão no que diz respeito à execução de uma obrigação de pagar quantia, por ocasião do julgamento do Recurso Especial distribuído sob o nº 717.276/PR, sob a Relatoria da Ministra Nancy Andrighi, posicionou-se,

unanimemente, no sentido de reconhecer o interesse do credor em manejar ação de conhecimento, mesmo quando portador de título extrajudicial, em virtude do procedimento do cumprimento de sentença, que poderia lhe ser mais interessante. É bom que se diga, porém, que essa escolha deve ser franqueada não somente nas hipóteses em que o credor persegue o pagamento de uma quantia. A mesma lógica se aplica às espécies de obrigação (de fazer, de não fazer e de dar coisa distinta de dinheiro). Mesmo já portando um título extrajudicial que contenha uma dessas espécies de obrigação, pode a parte optar por executar a obrigação pela técnica sincrética, sobretudo porque, nessa modalidade, os poderes de execução do juiz se apresentam de forma mais expressiva, se comparada com o processo autônomo.

Foi por reconhecer a existência de duas técnicas para tornar viável a execução, a depender do título executivo, se judicial ou extrajudicial, com a previsão, de modo diferenciado, dos requisitos, do procedimento, dos poderes de execução do juiz e dos mecanismos de oposição dos atos executivos que podem ser manejados pelo executado, que o projeto do novo CPC, em sua versão aprovada na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, para não deixar nenhuma margem de dúvidas, contemplou expressamente a possibilidade de escolha do credor, ao prever, no art. 801: “A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fi m de obter título executivo judicial” (BRASIL, 2013).

O projeto do novo CPC, portanto, coloca uma pá de cal nas divergências existentes e, mais, positiva um entendimento que já vinha, corretamente, sendo defendido por boa parte da doutrina e disseminado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Merece, pois, ser elogiado.

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* Analista em Economia e perita na 3ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal. Graduada em Economia pela Associação de Ensino Unifi cado do Distrito Federal (AEUDF) e Mestre em Desenvolvimento e Políticas Públicas no âmbito do convênio entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz).

No documento Revista da Procuradoria-Geral do Banco Central (páginas 109-113)

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