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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.6 Conclusão

Os modelos de gestão da inovação buscam, como foi discutido, por meio das suas rotinas estabelecidas, minimizar as incertezas e auxiliar na estruturação e criação de critérios do processo decisório. Também tentam, com o modelo proposto por Simon, racionalizar a decisão. Aspectos tácitos não são contemplados por esses modelos apesar da importância que possuem no processo decisório. Está contemplado nos modelos apenas o conhecimento que pode ser explicitado e por meio de regras convertido em rotinas. Apesar disso, alguns estudos sugerem que os modelos são importantes no processo de aprendizagem e aquisição de competências, mas é preciso lembrar sempre da limitação existente nos mesmos. Não há respostas ótimas e nem a possibilidade de eliminar ou identificar todas as incertezas. O processo de inovação não é linear e as decisões não ocorrem, necessariamente, em momentos específicos como retratam a maioria dos modelos. Além disso, eles oferecerem soluções

dentro de um contexto para o qual foram pensados e concebidos. Essas são as suas principais limitações.

Os autores da literatura de inovação, como pode ser observado, focam seus esforços em entender os critérios utilizados na construção dos modelos e os resultados obtidos na sua aplicação. São muitos os estudos que avaliam o desempenho e a importância dos modelos a partir dos resultados obtidos por eles. Porém, não há muitas referências de como as pessoas ligadas ao processo de inovação utilizam os modelos nas suas iniciativas em inovar. Christensen (2001) sugere que empresas que adotam as melhores práticas de gestão, planejamento, custos, desenvolvimento não estão livres do fracasso. Na verdade, quanto maior a ruptura da inovação, menos precisas essas técnicas e práticas se tornam. Nos casos estudados por ele, as empresas fracassaram no exercício de inovar por aplicarem as melhores práticas que existiam. Ao fazerem tudo certo e da melhor forma elas acabaram errando. Essa ideia ressalta um ponto muito importante: nem sempre os melhores modelos de gestão da inovação, que congregam as melhores práticas conhecidas por seus desenvolvedores, serão a melhor forma de praticar e alcançar a inovação.

A ineficiência dessas melhores práticas relatadas por Christensen pode estar relacionada com o que afirmou Bes e Kotler (2011) sobre a inovação: trata-se de um processo desordenado, difícil de mensurar e difícil de administrar. Isso se deve em grande parte às incertezas que tornam o processo decisório caótico. Se não fossem por elas algoritmos simples poderiam ser modelados e substituir todos os gestores nos processos de inovação. Mas isso se torna impossível. Quanto mais radical a inovação mais incerto se torna o ambiente e as variáveis. Muitas delas não são nem conhecidas durante o processo e só serão identificadas depois que o produto ou serviço chegar ao mercado. Mas apesar disso tudo as decisões precisam ser tomadas. E para isso é importante compreender como os modelos de gestão inovação auxiliam os indivíduos em suas decisões. Nota-se pela revisão realizada que esse assunto é pouco abordado pela literatura de inovação. Entender como os indivíduos aprendem e adquirem suas competências em inovar por meio dos modelos de gestão da inovação é um dos pontos pouco discutido pela literatura. Trata-se de uma das grandes lacunas identificadas na revisão da literatura de inovação. Outra lacuna está no estudo das práticas decisórias de experts e novatos no processo de inovação e como cada um deles utiliza os modelos em suas decisões. Para essa compreensão é preciso analisar as práticas dos diferentes indivíduos envolvidos nas diversas iniciativas da organização em inovar. Torna-se necessário uma metodologia que permita essa pesquisa. Existe nos estudos da estratégia uma

teoria com um enfoque mais social chamada de estratégia como prática. Seus esforços estão direcionados para a análise das práticas dos indivíduos envolvidos, das mais diferentes formas, com a estratégia da organização. Por essa abordagem seria possível o estudo da inovação por uma nova perspectiva possibilitando a compreensão de como os modelos influenciam as práticas decisórias dos gestores no processo de inovação.

No próximo tópico, serão apresentadas as teorias que serão usadas para fundamentar a pesquisa. O trabalho utilizará as literaturas de aprendizado e competências e a de aquisição de habilidades propostas pelos irmãos Dreyfus para analisar os problemas investigados. Espera- se com essa abordagem e utilizando a metodologia estratégia como prática compreender como os indivíduos, com diferentes níveis de experiência em inovar, utilizam os modelos de gestão da inovação em seus processos decisórios.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo servirá de fundamentação teórica para toda a investigação a ser conduzida nesta pesquisa. O principal objetivo desse trabalho é investigar como os indivíduos, com diferentes níveis de experiência no processo de inovação, utilizam os modelos gestão em suas práticas decisórias. Surgem então dois pontos relacionados a essa investigação: as habilidades, ou competências, dos indivíduos em inovar e a forma como elas são adquiridas. Para entender essas habilidades serão utilizadas as principais proposições da literatura de competência e aprendizagem. Espera-se assim, por meio desse arcabouço teórico, entender as competências necessárias para o processo de inovação e as formas como elas podem ser aprendidas. Os estudos realizados por alguns autores dessa literatura, principalmente os de Philippe Zarifian, serão usados como referencial teórico na condução das análises dos dados obtidos na pesquisa. É preciso também compreender os diferentes níveis de habilidades dos indivíduos no processo de inovação e como elas são adquiridas. Com esse intuito será utilizado, como referência, nas análises a serem feitas o modelo de aquisição de habilidades proposto pelos irmãos Dreyfus. Esse modelo descreve como as habilidades humanas são adquiridas. As habilidades podem ser relacionadas com competência e o processo de aquisição com aprendizado. Essas definições irão fundamentar todas as análises realizadas permitindo assim a compreensão da importância dos modelos de gestão da inovação para os indivíduos, com diferentes níveis de habilidades, em suas práticas decisórias.