• Nenhum resultado encontrado

2 REVISÃO DA LITERATURA

5.2 Descrições das organizações pesquisadas do tripé: academia, incubadora e indústria

5.2.3 Inova/UFMG

A Inova/UFMG é uma iniciativa da Universidade Federal de Minas Gerais de fomentar em seu ambiente o empreendedorismo de base tecnológica. Trata-se de uma incubadora de empresas inovadoras de base tecnológica que atua nas mais diversas áreas. Foi criada em 2003, a partir de dois projetos que existiam na universidade: o Centro de Inovação Multidisciplinar e o Centro Inovatec. Esses dois projetos foram incorporados em uma única iniciativa que deu origem a Inova. A incubadora oferece suporte técnico e teórico às startups que se encontram incubadas. Ela tem como objetivos: ser um facilitador para as startups de negócios inovadores, estimular os spin-offs no âmbito da UFMG, reduzir o custo inicial das empresas incubadas e ampliar a interface entre a universidade e o mercado.

Por se tratar de uma instituição vinculada a um órgão publico, no caso a UFMG, possui um edital rígido e burocrático de seleção dos empreendedores interessados a serem incubados. Esse edital busca filtrar os projetos que são elegíveis de acordos com os critérios definidos e também selecionar aqueles que possuem o perfil dos empreendimentos buscados pela Inova/UFMG. Todas as empresas que fazem parte da Inova se encontram em uma das três categorias abaixo:

· Pré-incubação: projetos em fase de ideia que passarão por um processo de acompanhamento/avaliação técnica e econômica para percepção de sua viabilidade.

· Incubação: mecanismo de desenvolvimento que permite às empresas usufruírem do espaço e da infraestrutura oferecidos pela incubadora para crescerem e aumentarem sua capacidade competitiva.

· Associação: continuidade do suporte oferecido pela Incubadora mantendo a proximidade junto à empresa para consolidar e solidificar seu posicionamento mercadológico, não mais no espaço físico da Incubadora.

Essas categorias determinam o grau de maturidade da ideia que influenciará, significativamente, no tipo de apoio que ela receberá da Inova/UFMG. Todas essas empresas recebem consultoria dos bolsistas da instituição de acordo com a categoria em que se encontram. Essa consultoria objetiva: nas empresas pré-incubadas - auxiliar o empreendedor na estruturação do seu modelo de negócio; nas empresas incubadas e associadas – auxiliar e orientar suas práticas de gestão e o desenvolvimento do seu produto ou serviço.

A Inova/UFMG foi estudada por proporcionar oportunidade a empreendedores novatos que se encontravam inovando pela primeira vez. Foram selecionados os empreendedores de duas empresas incubadas na Inova/UFMG: o Empreendedor 1, na categoria associado e o Empreendedor 2, na categoria pré-incubada. Além deles também foram entrevistados: a gerente da Inova UFMG, responsável pela elaboração do edital de seleção das empresas e dois bolsistas de engenharia de produção da UFMG, Estagiário 1 e Estagiário 2 que oferecem consultoria às empresas incubadas. Esses dois estagiários são responsáveis por aplicar nas empresas incubadas alguns modelos de gestão da inovação adotados pela Inova/UFMG. Atualmente, a incubadora tem utilizado o TRM para gerir o processo de desenvolvimento de produtos/serviços das suas empresas. Buscou-se, por meio das entrevistas com os estagiários, descrever o processo de implementação e adoção do TRM pelos empreendedores auxiliados por eles. Já pelo relato dos dois empreendedores novatos foi possível perceber a importância do uso do modelo no desenvolvimento das inovações em suas empresas. Os dois empreendedores estão desenvolvendo inovações que podem ser classificadas como radicais. Com o relato desses dois empreendedores espera-se compreender como os modelos auxiliam os novatos no momento em que estão desenvolvendo inovações num grau mais radical. Em anexo há um quadro com a descrição de cada individuo entrevistado da Inova/UFMG.

Em todas as três organizações, o foco da análise esteve em seus indivíduos inovadores. A empresa A, no passado, foi caracterizada por novatos que estavam inovando pela primeira vez. Eram inovações num grau mais radical, cercadas por incertezas. O mesmo

ocorre, hoje, com os dois empreendedores entrevistados da Inova/UFMG. Eles se encontram diante de uma série de incerteza e estão buscando desenvolver suas ideias que podem ser classificadas como inovações radicais. O interessante no caso dos dois empreendedores é que, pelo fato de estarem incubados numa instituição vinculada à academia, eles tiveram que utilizar os modelos adotados pela Inova/UFMG. Foi possível, então, observar, por meio dos seus relatos, como eles utilizaram os modelos. O mesmo não pode ser analisado na Empresa A que, em seu início, não adotou nenhum modelo. Ela só veio a adotar um modelo quando já se encontrava mais consolidada no mercado. O seu objetivo era replicar a sua tecnologia em outros produtos/serviços por meio de inovação incrementais aumentando o seu faturamento. Ela implantou o QFD e o TRM e logo depois os abandonou optando novamente por não adotar nenhum modelo formalmente. Será possível, por meio dos relatos dos indivíduos da Empresa A, observar como eles migraram de uma organização que inovava radicalmente para uma que inovava incrementalmente. Além disso, também poderá ser analisado como os modelos foram utilizados em cada uma dessas distintas fases e por que foram abandonados tão precocemente.

Já a Empresa B é uma Venture Capital que usa um modelo de avaliação para selecionar empresas inovadoras para receberem investimento. Ela possui oito empresas investidas e dessas apenas uma pode ser considerada, de acordo com os seus membros entrevistados, uma inovação radical. Alguns entrevistados também relataram algumas dificuldades encontradas pelo modelo para avaliar essa empresa em especial. Essa questão foi também investigada. Além disso, foi analisado também como seus especialistas utilizam os modelos em suas decisões. Para todas as análises realizadas nas organizações estudadas foram usados os modelos de gestão da inovação. Esse foi o ponto em comum que serviu para interligar todas as organizações e seus respectivos indivíduos. O objetivo era descrever como esses modelos de gestão da inovação auxiliavam novatos e experts em seus processos decisórios. Para a construção dessas análises, fez-se necessário também compreender como esses mesmos indivíduos utilizavam os modelos para lidarem com as incertezas existentes no processo de inovação. Por meio dos relatos obtidos percebeu-se que os modelos também eram utilizados por alguns indivíduos em seus processos de aprendizagem e construção de competências. Esse ponto passou a ser considerado nas análises. Optou-se para a condução desse estudo separar os indivíduos em novatos e experts de acordo com a experiência acumulada por eles no processo de inovação. A Empresa A, a Empresa B e a academia forneceram o relato dos experts, apesar de apresentarem também novatos. Já a Inova, por

meio dos seus empreendedores e estagiários, possibilitou a perspectiva dos novatos. Essa classificação adotada e sua definição serão descritas ao longo do próximo tópico. Nele também serão revelados os dados e as análises obtidos com a pesquisa.