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Neste capítulo, será feito um breve resumo das principais conclusões realizadas a partir da análise dos resultados e com base no referencial teórico levantado. As limitações do estudo são indicadas e, em seguida, são feitas duas proposições sobre pesquisas futuras e o possível desenvolvimento deste mercado.

A pesquisa conseguiu cumprir o objetivo de responder a pergunta de pesquisa sobre os desafios de gestão em redes de uma operadora móvel, ao ilustrar os resultados obtidos quanto à definição da rede, os motivadores de sua formação e os desafios de gestão associados.

Através das entrevistas em profundidade foi possível elaborar uma lista de empresas que formam a rede de soluções de mobilidade. Esta rede faz sentido para a operadora a partir do momento em que seu serviço de conectividade como voz e dados começa a ter suas margens pressionadas. A rede do serviço tradicional também é apresentada com ênfase especial para os fabricantes de celulares e o sistema operacional, que possuem um contexto de ambiente de alto dinamismo. Este contexto pode ser observado tanto na indústria global com os dados secundários de mercado quanto com a operadora pesquisada através dos dados primários de terminais e de sistema operacional, exemplificado pelas grandes mudanças de participação de mercado nos últimos anos dos principais atores como Nokia, Blackberry, Apple e Samsung nos fabricantes e Android, Windows Phone e iOS nos sistemas operacionais.

Na parte de motivação para a formação de redes, as proposições teóricas foram confirmadas pelas entrevistas, sendo possível observar os motivos de reciprocidade, eficiência e até assimetria por parte da operadora e de legitimidade por parte dos desenvolvedores de aplicativos.

O ambiente institucional brasileiro pode ser um limitador para as parcerias no mercado de soluções de mobilidade em função da parte tributária gerar ineficiência fiscal no faturamento. A questão de bitributação, de tributação em diferentes estados e da própria definição de qual tributo é devido de acordo com a licença de operação de cada operadora ou fornecedor é um fator limitante para o desenvolvimento deste mercado quando se atua em parceria no modelo de prime contractor, no qual uma empresa lidera a solução, cobra do cliente final e remunera a outra parte.

A forma de se relacionar neste mercado pode variar de acordo com o modelo de parceria realizado. Foi observado um caso de terceirização, com o modelo de white label para a solução de gerenciamento de mobilidade, o modelo de parceria para alguns casos de M2M e o modelo de joint venture para meios de pagamento.

Nos desafios de gestão podemos listar alguns elementos de acordo com os quatro níveis previstos na teoria. Na parte de visão de rede, o desafio associado é de como desenvolver a visão da evolução da rede e de suas oportunidades, além de delimitar a fronteira da rede de atores. Os relacionamentos com os atores da rede são fragmentados por cada gerência, área ou unidade de negócio da operadora, havendo distintos interlocutores para cada tipo de fornecedor. Assim, definir o limite da rede e coordenar os recursos e atividades para se relacionar com todos os atores da rede é um dos desafios de gestão da visão da rede e de seu gerenciamento. A gestão do portfólio de relacionamentos e a gestão da menor unidade da rede – a díade - pode ser analisada pelo estudo de caso realizado. Os elementos de desafio de gestão que surgiram estão relacionados aos processos internos da operadora, que tem origem na sua cultura de concessionária, de empresa com maior foco no massivo e que faz com que os processos com características de TI de customização sejam mais difíceis de serem implementados.

Conceitos teóricos

Proposição teórica a ser testada Conclusões

Limite da rede A definição da rede de soluções de mobilidade de uma operadora móvel ocorre em função de sua capacidade de gerenciar recursos, atividades e atores

A visão de redes de soluções de mobilidade da operadora sofre influência de seu posicionamento estratégico, à medida que o serviço tradicional de conectividade atingir maturidade, a necessidade de novas receitas deverá ampliar a visão de redes em soluções de mobilidade, que possui uma proposta de valor adicional ao serviço tradicional

Atores do serviço tradicional como: Fabricantes dos dispositivos móveis Sistema operacional

Simcard

Operadoras móveis Clientes corporativos

Fornecedores de soluções de mobilidade como: Gerenciamento de mobilidade

Brokers de mensageria

Desenvolvedores de aplicativos móveis Soluções de M2M

Soluções com uso de NFC

Cada solução é coordenada por uma área específica, podendo estar em uma unidade de negócio distinta e até em outra empresa do mesmo grupo da operadora. Motivador

para formar a rede

Fator reciprocidade pode ser um motivador nos casos onde os objetivos de venda para o cliente corporativo são atingidos mais facilmente pelo esforço conjunto de ambas as empresas (operadora móvel e o provedor da solução de mobilidade)

Fator assimetria pode estar presente, uma vez que a operadora móvel é muito maior que os provedores de soluções de mobilidade

Operadora busca ter um papel de integrador de soluções de mobilidade, para ampliar seu portfólio Pressão nas margens do negócio tradicional de

conectividade provoca busca de alternativas

Fator reciprocidade foi observado como motivador de formação da rede

Fator eficiência também foi observado, pela operadora estar bem posicionada comercialmente com os clientes corporativos

Fator legitimidade é importante para os fornecedores pequenos de soluções de mobilidade

Fator de assimetria poderia ser interpretado pelo desejo da operadora ser prime contractor

Desafios de gestão

As operadoras móveis já possuem uma estrutura flexível e preparada para lidar com as diferentes soluções de mobilidade

A operadora móvel possui competência para criar, gerir e terminar relacionamento com seus parceiros de soluções de mobilidade

A estrutura interna ainda é pouco flexível

Alguns elementos podem ser trabalhados para facilitar o desenvolvimento de parcerias como: qualificação do fornecedor, melhoria de processo de compras ou de contrato com o fornecedor, modelo de incentivo, perfil da área comercial, classificação de impostos e suporte ao posvenda

Para algumas verticais, tem-se solução de parceria por modelo white label, por estrutura a parte ou por

join venture Tabela 21: Conclusões da pesquisa a partir das proposições teóricas

Fonte: Elaborado pelo autor

As limitações da pesquisa podem ser referentes à amostra, à metodologia, à revisão da teoria, ao viés do pesquisador e aos possíveis problemas de análise:

Amostra: a amostra utilizada na pesquisa foi feita para uma única unidade de

negócios de uma operadora móvel (segmento corporativo de grandes clientes), com um tipo de solução de mobilidade (desenvolvedores de aplicativos) e um

cliente corporativo. A limitação de tempo e de acesso aos entrevistados representa um risco na definição da abrangência da amostra. Como a pesquisa tinha o método de estudo de caso em profundidade, a quantidade de entrevistados não era tão importante e sim a qualidade das respostas e as possíveis conclusões a partir das mesmas. O uso de uma única operadora móvel na pesquisa pode não representar o restante da indústria. A utilização de um tipo de provedor de solução de mobilidade, com foco nos desenvolvedores de aplicativos representa outra limitação na pesquisa. As questões identificadas com estas empresas podem não representar o setor de mobilidade como um todo.

Metodologia: a metodologia adotada foi de estudo de caso em profundidade e teve caráter de pesquisa qualitativa. Foi utilizado o referencial teórico de perspectiva de redes para se obter os conceitos de definição e limite da rede, motivadores de formação de rede e de desafios de gestão em redes. A revisão da literatura pode ter a limitação de não ser específica ao setor em análise e representar um risco de não capturar alguma especificidade do mercado. O uso de informações primárias e secundárias de diferentes fontes pode ajudar a minimizar riscos dos dados quantitativos apresentados.

Viés do pesquisador: é uma limitação da pesquisa o autor trabalhar na operadora móvel analisada e por isto tem-se o risco de influenciar nas respostas dos entrevistados tanto internos à operadora quanto principalmente os externos. Por isto, a análise das informações deve ser interpretada considerando o risco das respostas terem algum tipo de viés de posicionamento.

Análise: a análise das informações foi feita utilizando-se como base as proposições teóricas formuladas na revisão da literatura. A interpretação dos resultados pode sofrer um viés do pesquisador por ele ser parte do problema de pesquisa.

Por fim, uma oportunidade de pesquisa futura seria modificar a amostra utilizada, explorando outras unidades de negócio da operadora como pequenas e médias empresas ainda no mercado corporativo ou o mercado individual no mercado de pessoa física. Estes mercados massivos não demandam customizações como os grandes clientes e possuem um modelo de negócio mais simples de lojas de aplicativos. A dinâmica neste caso está mais sobre as

plataformas de aplicativos dos sistemas operacionais e não tanto nas empresas de nicho de soluções de mobilidade. Seria uma oportunidade interessante abordar o problema por outro lado, com desafios de gestão distintos e uma rede de atores modificada também.

Uma outra possibilidade de pesquisa seria explorar diferentes atores da rede de empresas, como por exemplo a rede de empresas de M2M em suas diversas soluções de telemetria, eHealth, serviços financeiros, gestão de frotas e de utilities, ou de brokers de mensageria ou do uso da tecnologia NFC. Na seção 2.5 de exemplos de redes são apresentadas algumas opções a serem exploradas em pesquisas futuras. Cada tipo de solução possui uma quantidade grande de empresas relacionadas, o que implicaria em uma redefinição dos limites de rede, com possíveis motivações e desafios de gestão distintos.

O desenvolvimento futuro da indústria de soluções de mobilidade deve ser bastante dinâmico. Diversas são as plataformas em desenvolvimento que são utilizadas por diferentes empresas atuantes no mercado. As operadoras móveis são atores relevantes na composição da solução de mobilidade, no entanto, caso a sua visão de redes e sua capacidade de gestionar estas redes não evolua, desenvolvendo recursos, atividades e novos atores, corre-se o risco de ser cada vez mais desintermediada da relação com o cliente final e se tornar um provedor de acesso somente. . O que irá ajudar neste sentido é o estabelecimento de processos, modelos de incentivos, perfis adequados para área comercial e definição da rede de acordo com as oportunidades de mercado. O aumento da produtividade que as soluções de mobilidade podem gerar na economia será um fator importante de competitividade das indústrias e em última instancia da economia como um todo.

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