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Os Sistemas de Aproveitamento de Água Pluviais são o principal meio de combate à crise mundial de recursos hídricos que se vive atualmente. Estes sistemas são uma das principais medidas para enfrentar a escassez de água e promovem um desenvolvimento sustentável e um uso eficiente deste recurso. As inúmeras vantagens da utilização de SAAP têm caráter ambiental, social e económico. Além de proporcionarem reduções no consumo de água tratada e uma respetiva diminuição de custos de água, há também a redução do volume de água no sistema de drenagem que levam à redução de impactes ambientais e restauração do ciclo hidrológico.

Foi referido ao longo deste trabalho que estes sistemas podem ser utilizados tanto para fins não potáveis como potáveis, desde que as águas pluviais sejam sujeitas a tratamentos específicos. Um pouco por todo o Mundo já são utilizados os SAAP e em alguns países a sua aplicação é obrigatória por lei. Mas existem países onde ocorre o oposto, ou seja, a captação de água da chuva é estritamente proibida. Em Portugal, ainda não há nenhuma lei que obrigue ao aproveitamento de águas pluviais como uma fonte alternativa de abastecimento de água. Não havendo regulamentação sobre este tema em Portugal, foram desenvolvidas pela ANQIP, duas especificações técnicas que fornecem um conjunto de procedimentos, critérios e regras para a implementação destes sistemas. Foi através destas especificações que determinamos valores de cálculo e que se obtiveram alguns resultados. Contudo o Método para dimensionamento do reservatório apresentado pela ANQIP não estava de acordo com as necessidades do Caso de Estudo. Foram então utilizados outros Métodos, e através da comparação de todos os valores obtidos, escolheu-se o melhor volume para o reservatório do sistema. Este caso de estudo tinha por objetivo avaliar a viabilidade técnica e económica da implementação de um SAAP, num Complexo Multiusos, situado na vila de Montalegre. Para isso, foi desenvolvido um modelo a implementar e procedeu-se ao seu dimensionamento, para no fim se efetuar a devida análise económica, baseada numa relação custo/benefício. O período de retorno foi o indicador de viabilidade económica utilizado que serviu para calcular o período de tempo necessário para o retorno do investimento. Este permite saber se a implementação do SAAP é viável ou não, do ponto de vista económico. Os resultados do referido estudo permitiram retirar algumas conclusões. Conclui-se que a vila de Montalegre apresenta excelentes condições para a aplicação de um SAAP. A zona de implementação tem uma

pluviosidade média anual de 1348 mm que associado às superfícies de captação de águas pluviais do Complexo permite captar um volume anual de águas pluviais aproveitáveis de 17035,72 m3. Este volume é cerca de 23 vezes maior que os consumos anuais 743,348 m3 o que significa que a quantidade de águas pluviais aproveitável é mais do que suficiente para as utilizações pretendidas. No entanto esta diferença é elevada devido ao tamanho da área de captação 14867,97m2, mas optou-se a utilização desta área devido à existência de uma rede de drenagem de águas pluviais associada, reduzindo os custos na elaboração de uma nova rede. Conclui-se, também, que o reservatório de armazenamento é o componente do sistema que merece maior atenção, pois é o componente mais caro do sistema e o seu sobredimensionamento poderá aumentar o período de retorno, diminuindo consequentemente a viabilidade do SAAP. O reservatório pode representar cerca de 30 % a 60% do custo total do sistema, dependendo do volume do mesmo e do material utilizado. Verificou-se ainda que a utilização de reservatórios em betão armado é muito mais vantajosa do ponto de vista económico, do que os reservatórios em PEAD. Quanto aos métodos de dimensionamento do reservatório utilizados neste trabalho, destacaram-se três métodos de iam de encontro com as espectativas. De todos, apenas os Métodos de Rippl, Australiano e da Simulação provaram ser eficientes. Embora fossem os métodos mais eficientes e objetivos, devido a acontecimentos pontuais como a Feira do Fumeiro levavam a volumes de reservatórios exagerados. Foi então efetuada uma otimização de resultados, admitindo que uma eficiência do sistema superior a 90% seria aceitável. A otimização de resultados concluiu que a aplicação dos três métodos resulta em volumes iguais para eficiências semelhantes, ou seja, 45 m3 para eficiências à volta dos 90%. A implementação do modelo de SAAP proposto, com um reservatório superficial em betão armado de 45 m3, seria capaz de reduzir o consumo de água, em cerca de 91,13% a 93,40%, dependendo do método utilizado para o dimensionamento do reservatório. Para além disso, a conceção deste SAAP iria permitir uma redução em faturas de água, em cerca de 1262,56 €, a 1285,68 € por ano. Apesar desta poupança parecer positiva, o período de retorno do investimento seria de 31 anos, aproximadamente, o que é um período de tempo pouco aceitável. Isto deve-se ao Município de Montalegre ter das tarifas de água mais baixas do país. Para efeito de comparação desenvolveram-se os mesmos cálculos mas para a localização de Vila Real, visto serem das tarifas de água mais altas de Portugal. Conclui-se com esta comparação que o mesmo sistema mas localizado em Vila Real originaria umas poupanças significativamente maiores. Para os mesmos métodos e eficiências, a poupança anual varia entre 2040,12 € e 2147,67€ por ano, levando a um período de retorno de 17

anos. Este sim seria um valor aceitável para o retorno. Na vila de Montalegre, embora o período de retorno seja elevado, este pode diminuir com o tempo, visto as tarifas aumentarem devido à diminuição contínua de pluviosidade ano após ano e da previsão de aumentos de utilização do Complexo Multiusos devido à crescente aderência da população aos eventos sociais. Contudo, além das vantagens económicas apontadas, a execução deste sistema apresenta inúmeras vantagens do ponto de vista social e ambiental. Apesar de entender que o sistema referido é vantajoso a todos os níveis mencionados, a decisão de implementar ou não tal sistema no Complexo em causa, caberá à Câmara Municipal de Montalegre e/ou aos serviços do Estado responsáveis pela preservação e conservação de edifícios públicos, podendo mesmo estender-se a aplicações idênticas em outros edifícios.

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