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Este trabalho demonstra que a implementação de redes inteligentes de energia elétrica em larga escala representa uma verdadeira revolução e um grande desafio para o setor e nos mercados nos quais estes projetos são implementados. A velocidade da evolução dos projetos depende de fatores como o ambiente regulatório, o grau de desenvolvimento tecnológico, da realidade socioeconômica, e do grau de envolvimento dos consumidores nestes programas. Como a complexidade e a natureza destas dificuldades dependem as peculiaridades de cada mercado um modelo de implementação que viabiliza os projetos em países mais desenvolvidos podem não ser adequados aos países emergentes ou em desenvolvimento. Neste sentido é importante considerar as características e particularidades de um determinado país e definir um modelo adequado para cada caso. Os projetos de redes inteligentes no Brasil vêm avançando muito lentamente, em grande parte porque as iniciativas são baseadas em modelos importados de países mais desenvolvidos, nos quais o ambiente regulatório, tecnológico, e socioeconômico são completamente diferentes do que se observa em países menos desenvolvidos, incluindo o Brasil.

Com o objetivo de mitigar os efeitos das incertezas e os riscos envolvidos em um projeto com esta dimensão, foi desenvolvida uma metodologia de projeto e implementação de redes inteligentes que consideram as particularidades do mercado nacional. A estratégia foi construir uma rede inteligente de medição escalável tendo como escopo todos os clientes do Grupo A, que são os maiores clientes comerciais e industriais que recebem o fornecimento em média e alta tensão. Estes clientes representam 0,3% da base total de clientes e 40% da receita do Grupo. Desta forma o objetivo inicial do projeto é proteger uma parcela significativa da receita com um volume de investimento em redes de comunicação, sistemas computacionais e medidores inteligentes, relativamente baixos se comparado ao volume de receita deste segmento de clientes. Os futuros projetos serão implementados na medida em que os anteriores forem sendo concluído e os resultados operacionais e financeiros esperados forem sendo confirmados e consolidados. Após a implementação da medição inteligente seguem-se os projetos de automação de rede elétrica primária na área de cobertura da rede de comunicação inicialmente construída para telemedição. A expansão da infraestrutura de rede de comunicação alavancada pelos projetos de telemedição, ampliando a área de cobertura da rede de comunicação, expandirá também os projetos de automação da rede de distribuição.

Para que o projeto seja viável tecnicamente e financeiramente no tempo é fundamental que a plataforma construída seja construída com tecnologias de comunicação abertas, padronizadas e interoperáveis de forma a reduzir os custos inicias do projeto, dos processos de operação e manutenção da planta, e tornas as expansões futuras independentes de um ou poucos fornecedores de equipamentos e sistemas.

Uma desvantagem da proposta de projeto e implementação adotados é que o escopo do foi definido para os clientes das distribuidoras tendo como critério a alta receita concentrada em um número pequeno de clientes, e não incluiu os clientes residenciais do Grupo B. Com esta premissa de projeto o órgão regulador não reconheceu este projeto como sendo passível de ser financiado pelo programa de P&D ANEEL. Foi então necessária a elaboração de um projeto piloto em parceria entre as distribuidoras e fornecedores de redes de comunicação, medidores inteligentes e de sistemas computacionais, baseado em um contrato de risco entre todas as partes envolvidas.

Outra desvantagem foi o custo proporcional por ponto telemedido que foi cerca de quarenta e nove vezes superior aos custos por ponto de projetos típicos de rede inteligentes. Esta diferença é devida ao fato do escopo do projeto atender a clientes geograficamente distantes entre si impedindo que fosse explorada uma grande vantagem da tecnologia de rede RF Mesh que é a possibilidade de repetição entre dispositivos terminais para acessar um ponto concentrador, o que proporciona ganho de escala ao expandir a área de cobertura a um baixo custo. A capacidade de agregação de consumidores no modelo proposto é baixa elevando muito o investimento em equipamentos de rede de forma a suprir a falta de cobertura.

Mesmo considerando que o modelo de implementação apresentado não seguiu as melhores práticas de projeto da tecnologia adotada, o resultado final foi positivo tanto em termos operacionais, quanto financeiros, devido ao fato desta metodologia minimizar a necessidade de investimentos inicial em infraestrutura de comunicação smart grid, reduzindo os riscos envolvidos em um projeto desta dimensão. O modelo proposto pode ser considerado por outras distribuidoras brasileiras e acelerar a evolução da adoção de redes inteligentes no Brasil, o que é definitivamente essencial para o futuro do setor elétrico nacional com impacto não só para o segmento da distribuição, mas também para o segmento da geração com a microgeração distribuída, o que também afetará os projetos das redes de transmissão, além dos projetos de mobilidade elétrica urbana, e os consequentes impactos benéficos ao meio ambiente.

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