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Capítulo III – Análise de dados, resultados e conclusões do projeto

3.3. Conclusões da investigação

Dimensão cognitiva e psicomotora

O presente projeto englobou dois grupos de jovens com idades compreendidas entre os oito e os dezoito anos e com percursos musicais distintos. A secção rítmica de todo o repertório foi realizada pelos elementos que aprenderam a percutir os ritmos através da leitura por partitura. A secção melódica com a primeira voz foi produzida pelos elementos que utilizaram várias estratégias de memorização musical para tocar os temas tradicionais irlandeses sem qualquer suporte notacional. Uma vez que as funções dos dois grupos são distintas, o primeiro ponto de análise incidiu sobre as diferentes capacidades desenvolvidas no decorrer do processo.

Capacidade de leitura rítmica, concentração e coordenação – Grupo L

Inicialmente os indivíduos sentiram alguma dificuldade em articular os conhecimentos musicais desenvolvidos oralmente com a escrita dos mesmos mas foram-se adaptando à leitura, uns mais do que outros. Facilmente compreendiam e integravam-se na pulsação bem como na divisão do tempo nas alternâncias entre compassos simples e compostos. No primeiro concerto realizado em público apenas com os temas tradicionais irlandeses e duas flautas a tocar as duas vozes, que posteriormente foram dobradas, os indivíduos retraíam-se nos temas que ainda não estavam completamente assimilados, o que se verificou no volume da projeção sonora.

No primeiro concerto realizado com o repertório completo, verificou-se uma maior segurança da secção rítmica nos temas tradicionais irlandeses, principalmente quando estavam escritos em compasso composto. Contudo ainda se registaram algumas hesitações, descoordenação entre os naipes e a pulsação dos temas como por exemplo “Sally Gardens”, e a entrada da secção rítmica em “The Foggy Dew”. Na última peça do repertório, constatou- se que os sujeitos estavam maioritariamente nervosos, mas conseguiram acompanhar a peça quase na sua totalidade pela partitura, porém ainda abaixo da velocidade pretendida. Mesmo assim, tendo em conta ser a primeira vez que apresentaram o tema completo com o grupo todo, verifica-se que estavam plenamente integrados e atentos no decorrer da apresentação.

Apesar de não existir qualquer registo audiovisual deste momento, é possível verificar as afirmações anteriores através dos registos no “Diário de Bordo – Grupo L”, na descrição dos resultados do primeiro concerto no dia 24 de Março de 2018.

No último concerto realizado com o repertório completo, verificou-se que a maior parte dos indivíduos conseguiram acompanhar todas as peças pela leitura, estavam mais integrados, seguros e conscientes de todas as partes das peças, tendo existido bastantes momentos musicais em sincronia e maior perceptibilidade das vozes e contraste de dinâmicas.

Deste modo pode concluir-se que os indivíduos se adaptaram rapidamente ao método utilizado na aprendizagem musical, ainda que nem todos acompanhassem a música sempre pela leitura. Por outro lado, verificou-se que os alunos desenvolveram as suas competências de compreensão de divisão de tempo e estruturas musicais, podendo ser observado nos comportamentos e movimentos realizados no decorrer das mesmas, bem como na coordenação rítmica entre os sujeitos dos diferentes naipes.

Achou-se relevante mencionar ainda que três dos participantes referiram que se habituaram a ler pela partitura e já começam a sentir dificuldade e receio de tocar sem suporte notacional, mesmo tendo as passagens memorizadas.

Aprendizagem musical por estratégias de memorização – Grupo M

No início do processo as participantes sentiram grandes dificuldades em memorizar as melodias tradicionais irlandesas. Apesar da persistência na audição, entoação e prática, as alunas manifestaram grande insegurança, acabando por não se cumprir com o objetivo principal, tocar três temas tradicionais irlandeses de memória na audição de Natal realizada no dia 16 de dezembro de 2017 em Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha. Por fim as alunas tocaram os seis temas tradicionais irlandeses com suporte notacional, tendo-se verificado que dominaram tecnicamente as melodias, tendo até iniciado a peça “The Foggy Dew” bastante mais rápida do que se pretendia.

Na primeira apresentação em público com o repertório completo, nem todos os elementos tinham os temas completamente memorizados. Apesar das dificuldades encontradas no domínio das melodias, observou-se que as alunas mantinham a postura mesmo quando sentiam dificuldades em acompanhar as frases até ao fim. Apesar das

enquadramento dos temas e a coragem de terem aceitado o desafio de realizar uma tarefa nunca antes experienciada.

No último concerto com o repertório completo, realizado no Estúdio de Som, no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, verifica-se um maior domínio das melodias, quer entoadas, quer tocadas, o que pôde ser observado no comportamento dos sujeitos durante a execução e escutado a junção dos timbres, coordenação e domínio técnico. Contudo, ainda foram visíveis algumas dificuldades em várias secções dos temas “Sailor’s Hornpipe” e “Fanny Power”.

Conclui-se que as participantes tiveram extremas dificuldades em adaptar-se ao método de aprendizagem musical experimentado. O processo foi bastante mais lento em comparação com o grupo L.

Considera-se que a principal dificuldade sentida na memorização do repertório adveio da falta de tempo de estudo individual, tendo dificultado bastante o processo.

Por outro lado, verificou-se que por vezes utilizavam algumas melodias do repertório como estratégia de aquecimento previamente às atividades práticas referentes à Banda Filarmónica Severense, Sever-do-Vouga.

Integração no estilo musical, coordenação individual e coletiva

No geral os indivíduos corresponderam às expectativas no que se refere à compreensão e integração musical. Os temas eram simples e a maior parte dos sujeitos cantava com facilidade as melodias do repertório. Verificou-se que apreciavam o estilo musical, tendo ocorrido diversas vezes momentos em que alguns dos sujeitos do grupo L, na ida embora no fim do ensaio, cantavam em conjunto algumas melodias, geralmente numa velocidade superior à que normalmente tocavam.

Apesar das dificuldades sentidas em ambos os grupos, foi possível observar que a maior parte dominava tecnicamente o repertório e conseguia cantar as melodias. Da mesma forma foi possível articular os dois grupos em estudo, com um grupo de quatro flautistas convidados, em três concertos aberto ao público com o repertório completo.

Por outro lado, verificou-se inicialmente que nem todos os sujeitos respondiam imediatamente às tarefas propostas, tendo demorado cada um o seu tempo a aperfeiçoar as suas competências e a integrar-se nos métodos de aprendizagem musical utilizados. Ainda assim, devido à persistência, empenho, assiduidade e concentração, foi possível observar que todos os participantes evoluíram individualmente e adaptaram-se com facilidade na