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Capítulo II. Projeto educativo Irish Lucky Dream: Descrição das atividades

2.2. Recursos Musicais e Materiais

2.2.2. Instrumentos musicais e recursos materiais

Os instrumentos de percussão utilizados no projeto tiveram de ser adaptados consoante os sons que se pretendia extrair nas peças. Além de baquetas e vasos, para a última peça do concerto, foram acrescentadas vozes rítmicas para pandeiros, triângulos e espanta- espíritos. Devido ao pouco controle de força por parte dos sujeitos durante a prática musical, os sons dos vasos cobriam na maior parte das vezes os sons das baquetas, originando dificuldades na audição das duas secções rítmicas. Deste modo, as bases dos vasos foram reforçadas com vários materiais, tais como cartão, feltro, Eva e cortina de rolo em PVC para amortecer o som e facilitar a audição individual e coletiva durante a prática. No que respeita às flautas transversais, cada participante tinha o seu instrumento e era responsável por leva- lo para as sessões.

Para além disso, foram necessárias partituras e estantes. Uma vez que não existiam estantes suficientes para o grupo da percussão, foi realizado um pedido de treze estantes à direção da Banda Alvarense, Casal de Álvaro, tendo sido concedido até ao final de todas as apresentações do projeto. Da mesma forma, pelo motivo de insuficiência de instrumentos, os triângulos e pandeiros foram concedidos por G.L., uma das flautistas convidadas.

No que respeita à construção do cenário, os sujeitos do grupo L tiveram um envolvimento maior na idealização, realização e montagem, ainda que os preparativos nas vésperas das apresentações tenham contado com a colaboração de todos os elementos participantes. Na tabela 8 estão descritos os materiais utilizados na elaboração do projeto.

Tabela de Materiais

Materiais/Instrumentos

Quantidade

Vasos (instrumento) 8 Vasos (sentar) 8 Paus de madeira 16 Triângulos 2 Espanta Espíritos 2 Flautas Transversais 8 Estantes 13

Partituras 6 para cada um

Material Secundário

Impressões 104 Cordas 6 Castelos 4 Fotografias 6 Trevos 28 Laços 8 Cartão 4 Feltro 4 Cortina PVC 4

Tabela 8. Instrumentos e Materiais

2.3. Sujeitos envolvidos e locais da experiência

O projeto Irish Lucky Dream é composto por elementos de duas coletividades diferentes com idades compreendidas entre os 8 e 18 anos e com conhecimentos diferentes relativamente à formação individual e experiências com música. Os indivíduos que iniciaram a sua aprendigem através da audição, movimento, imitação e memorização, designado de Grupo L (G.L.), composto por oito elementos, tiveram a oportunidade de desenvolver as competências de leitura notacional e colocar em prática os seus conhecimentos. Os sujeitos que iniciaram a sua aprendizagem musical através da leitura notacional, denominado Grupo M (G.M.), composto por três aprendizes de flauta transversal, tiveram a possibilidade de desenvolver as suas competências de memorização musical, através de diversas estratégias. Esta iniciativa também contou com quatro instrumentistas convidados de flauta transversal que colaboraram no desenvolvimento musical dos jovens, promovendo a interação social e musical. Salienta-se que a participação de todos os indivíduos neste projeto foi voluntária e ocorreu maioritariamente na associação o grupo de teatro “A Bateira”, com horários flexíveis de duração invariável.

Na primeira e segunda fase, as sessões do grupo L decorreram em Frossos – Albergaria- a-Velha, no edifício Fernando Casal, e as aulas com o grupo M realizaram-se na Banda Filarmónica Severense, Sever do Vouga. Na terceira fase, as sessões, com todos os grupos, decorreram, no edifício Fernando Casal tendo vindo a culminar num concerto aberto ao público no mesmo local e num concerto em Casal de Álvaro - Águeda, na Sociedade Musical Alvarense, considerados a última fase do projeto.

2.4. Opções Metodológicas: Investigação – Ação

“The only Knowledge that human beings acquire is from sensory experiences” (Bernard,1994, in Kumar, 2005)

O projeto Irish Lucky Dream consiste numa investigação de tipo qualitativa de investigação-ação, pelo que a investigadora participou ativamente e observou em simultâneo. Na perspetiva de Jorgensen (1989) a metodologia de observador e participante:

“is exceptional for studying of processes, relationships, among people and events, the organization of people and events, continues over time, and patterns, as well as the immediate sociocultural contexts in which human existence unfolds” (:12).

No que diz respeito ao tipo de pesquisa, considera-se que este tipo de investigação tem como objetivos desenvolver múltiplas realidades e a sua compreensão, sendo composta por um plano progressivo, flexível e geral. Assim, uma vez que a observação foi participante, a relação com os sujeitos deve ser neutra, de contacto intenso, tratados com igualdade, com empatia e confiança. Quanto aos objetos, considera-se uma pesquisa intervencionista, pois procura explicar e intervir na realidade estudada, bem como explicativa, dado que esclarece os fatores que contribuíram para determinados comportamentos como, por exemplo a motivação dos participantes e a intervenção do professor (Bogdan & Biklen,1994).

Do mesmo modo, Goyette, Boutin, & Lessard-Hébert (2005) consideram que a investigação qualitativa procura compreender os comportamentos, reações e interpretações provenientes dos participantes, de forma frequente, ao longo das sessões (in Amaral, 2017). Para tal, é essencial que o investigador esteja informado sobre os parâmetros que pretende abordar, as metodologias possíveis de aplicar e os instrumentos de registo dos acontecimentos.

Na perspetiva de Graue & Walsh (1998, in Delgado & Müller, 2005), uma investigação que envolve crianças, requer a combinação de várias perspetivas e a procura de possíveis metodologias para aplicar durante o processo de investigação. Defendem ainda que um dos maiores desafios do investigador é a descoberta intelectual, física e emocional dos participantes, referindo-se aos que não estão incluídos na faixa etária dos adultos. Assim, é importante delinear o modelo de relação pedagógica utilizada no projeto.

2.4.1. Modelo de Relação Pedagógica

O modelo de relação pedagógica segundo Renald Legendre (1996) é composto por quatro elementos: agente, sujeito, objeto e meio. Para o autor, estes elementos compõem relações de aprendizagem entre o sujeito e o objeto, relações de ensino entre o agente e o sujeito, e relações de didática entre o agente e o objeto.

Tendo em consideração a constante evolução dos sistemas escolares ou formas de aprendizagem e a diversidade de alunos cada vez mais presentes, o autor ainda considera que relativamente às relações entre ensino- aprendizagem, ou seja, entre o agente e o sujeito, é necessário ter em consideração a origem dos sujeitos, delinear estratégias de motivação para sustentar o interesse e o empenho dos alunos tendo o objeto escolhido pelo agente uma influência no interesse e desempenho nas atividades (in Carapinha, 2017:10- 11).

Assim, existe uma dupla interpretação sobre as ações ocorridas: o ponto de vista do agente e o ponto de vista dos sujeitos (Erikson, 1986; Goyette, Boutin, & Lessard-Hébert, 2005, in Conceição & Baptista, 2015). Acrescenta-se que se trata de um estudo transversal e prospetivo, por ter acontecido num determinado período de tempo e pelo motivo de ter sido sempre acompanhado pelo agente (Alencar, 2012).