• Nenhum resultado encontrado

INTENSIDADE DAS RELAÇÕES DE DESENVOLVIMENTO Laços fracos Laços fortes

5 Conclusões e sugestões para futuras pesquisas

Esta dissertação tratou de compreender de que forma a rede de relacionamentos contribui para o desenvolvimento da carreira dos empresários da cidade de Caruaru. Através das dimensões cognitiva, estrutural e relacional do capital social, foi possível estudar as relações informais de mentoria, assim como os conteúdos transacionados: amizade, informação e confiança.

O desafio de estudar o processo de mentoria aliado à sucessão nas empresas familiares exigiu da pesquisadora uma sensibilidade para perceber os sentimentos envolvidos. O assunto sucessão familiar envolve seis pontos focais: o sucedido, o sucessor, a organização, a família, o mercado e a comunidade (BERNHOEFT, 1987). O foco deste trabalho está no sucessor, porém a figura do sucedido (fundador) se revela a todo instante, ao passo que representa o início e o crescimento da empresa. Além disso, por se tratar de empresa familiar, questões e relações de família que deveriam ser restritas ao lar e questões e relações profissionais que deveriam ser ajustadas na empresa, não se distinguem totalmente, podendo gerar conflitos. No entanto, as empresas familiares podem ser beneficiadas quanto ao processo de sucessão através da aplicação do conceito de mentoria. A preparação do sucessor, do fundador e da família para a sucessão é um fator importante na continuidade do empreendimento e na condição econômica e emocional da família.

Os mapas cognitivos mostraram a importância da rede no desenvolvimento da carreira profissional do sucessor dentro da empresa familiar. Através dos mapas traçados, percebeu-se que, para os sucessores, uma carreira de sucesso significa principalmente: ser respeitado, ter estabilidade financeira e satisfação pessoal, inovar e empreender. Estas características podem estar associadas à própria cultura das empresas familiares. Respeito – A capacidade e a competência do sucessor podem ser questionadas pelos funcionários mais antigos da empresa familiar, visto que estes podem enxergá-lo apenas como o filho do dono, e não respeitá-lo como profissional. Estabilidade financeira e satisfação pessoal – São evocações que estão relacionadas, uma vez que, para o sucessor, estar satisfeito é garantir o conforto da

família, o que é alcançado através do retorno financeiro que a empresa lhe oferece. Inovação e Empreendedorismo – Os sucessores carregam estas características como herança dos fundadores.

O sucessor que possui uma rede de relacionamentos bem estruturada, com laços fortes bem trabalhados e laços fracos devidamente conectados tem sua possibilidade aumentada de ter sucesso na carreira à frente da empresa. Assim, observa-se que o desenvolvimento da carreira dos sucessores da região estudada está diretamente ligado às redes de relações e aos laços fortes e fracos que eles possuem. Além disso, através dos mapas cognitivos dos sucessores com relação às redes, percebe-se que a troca de experiências, a convivência e a união familiar, assim como o incentivo e o estimulo, são características que se destacam na rede. Estas características também estão associadas à cultura da empresa familiar. Portanto, o sucessor que conseguir visualizar seus laços e sua rede, assim como compreender o capital social desenvolvido no ambiente das empresas familiares poderá ter grande vantagem no processo de sucessão.

Ao concluir esta dissertação, pode-se observar a importância dos laços familiares para o desenvolvimento da carreira do sucessor, visto que grande parte da rede de mentoria dos sucessores é formada por pais, irmãos, cônjuges e parentes em geral. Isto foi confirmado, visto que apenas dois sucessores tiveram relações de laços fracos com o fundador do negócio, o que foi justificado, uma vez que este fundador era falecido, não existindo, portanto, freqüência de contatos.

Acredita-se que a função de mentoria tem significativa importância no desenvolvimento da carreira do sucessor, uma vez que a maior parte dos sucessores pesquisados possuiu mentores. Apenas quatro sucessores não apresentaram mentores, porém se ligaram a outras sub-redes através de atores mentores. Portanto, através de programas formais de mentoria, os laços podem ser reforçados e as relações podem ter maior contribuição para o desenvolvimento da carreira dos sucessores, como também pode facilitar o processo de sucessão nas empresas familiares.

Também será possível examinar a extensão com que os programas formais de mentoria na empresa proporcionam o apoio através das funções de carreira e

psicossociais, assim como examinar qual dessas funções está mais presente nas relações de mentoria.

Além disso, foram estudadas as redes informais, gerando possibilidades de comparação entre as evidências aqui encontradas e as relações formais de mentoria dentro das empresas familiares.

Um outro aspecto que possibilita futuras pesquisas é que o foco deste trabalho está sobre os sucessores, herdeiros que no momento da pesquisa trabalham na empresa. Contudo, é possível ampliar este foco aplicando a mesma estrutura para pesquisar os herdeiros em geral, como também os fundadores. Podem-se examinar os significados por eles compartilhados com relação à carreira de sucesso e ao papel da rede para o desenvolvimento da carreira e compará-los com os achados deste trabalho.

Referências

ALVARES, E. organização. Colaboradores: Lank, A G.; Aires, A.; Dupas G. Vries, M. K de; Costa, R.T. Governando a Empresa familiar. Rio de Janeiro. Editora Qualitymark. 2003.

BASTOS, A. V. B; et al. Teoria implícita de organização em empresas com distintos padrões de inovação nos seus processos de gestão. Anais: Encontro Nacional de

Estudos Organizacionais. Atibaia-SP, 2004.

BASTOS, A. V. B. Cognição e ação nas organizações. In DAVEL, E.; VERGARA, S. (Orgs.) C. Gestão com pessoas e subjetividade. São Paulo: Atlas, 2001.

________. Mapas cognitivos e a pesquisa organizacional: explorando aspectos metodológicos. Estudos de psicologia. Natal, RN, v. 7, n. spe. 2002.

________. Organização e Cognição como campo de estudo: explorando a relação „indivíduo – organização‟ em uma perspectiva cognitivista. Anais 24º Encontro da

Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração, 2000.

BERNHOEFT, Renato, CASTANHEIRA, Joaquim. Manual de sobrevivência para

sócios e herdeiros. São Paulo: Nobel, 1995.

BERNHOEFT R. Empresa familiar: sucessão profissionalizada ou

sobrevivência comprometida. São Paulo: Ibecon; 1987.

BERNHOEFT, R. O processo de sucessão numa empresa familiar: como

conduzi-lo. Tendências do Trabalho. Rio de Janeiro, pp.28-30, jan. 1988.

BERNHOEFT ,R. Empresa familiar: sucessão profissionalizada ou

BERNHOEFT, R. & GALLO, M. Governança na Empresa familiar – poder –

gestão e sucessão. Ed. Campus. 4ª Edição; 2003.

BETHLEM, A. de S. A empresa familiar: oportunidades para pesquisa. Revista de

Administração. São Paulo, v. 29, n° 4, p. 88-97, out./dez. 1994.

BETHLEM, A. de S. Gerência à brasileira. São Paulo, McGraw-Hill, p. 322, 1989.

BOISSEVAIN, Jeremy. Friends of friends: networks, manipulators and

coalitions. New York: St. Martin‟s Press, 1974. 285 p.

BORGATTI, S.P., EVERETT, M.G.; FREEMAN, L.C. Ucinet for Windows: Software

for Social Network Analysis. Harvard, MA: Analytic Technologies, 2002.

BORNHOLDT, W. Governança na empresa familiar – implementação e prática. Porto Alegre. Ed. Bookman – Artmed, 2005.

BOURDIEU, P. The forms of capital, In RICHARDSON, J. G. (Ed.). Handbook of

theory and research for the sociology of education: 241-258. New York:

Greenwood, 1986.

BURT, R. S. Range. In: BURT; R. S.; MINOR, M. J. (Eds). Applied network

analysis: a methodological introduction: 176-194. Beverly Hills, CA. Sage. 1983.

________. Structural holes: the social structure of competition. Cambridge, MA: Harvard University Press. 1992.

________. The contingent value of social capital. Administrative Science

Quarterly. p. 339– 365. 1997.

COHN, M. Passando a tocha. São Paulo, Makron Books, p.255, 1991.

COLEMAN, J. S. Foundations of social theory. Cambridge, MA: Belknap Press of Harvard University Press, 1990.

________. Social capital in the creation of human capital. American Journal of

sociology, 94: S95-S120, 1988.

DOLABELA, Fernando. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura Editores, 1999a.

DOLABELA, Fernando. O Segredo de Luiza. São Paulo: Cultura Editores,1999b.

DOLABELA, Fernando. O ensino do empreendedorismo : panorama brasileiro. Empreendedorismo: ciência, técnica e arte. Brasília: CNI – IEL Nacional, 2000a.

DOLABELA, Fernando. A vez do sonho . São Paulo. Cultura Editores, 2000b.

DOLABELA, F. Relato verbal na conferência proferida por Fernando Dolabela no evento: “A Universidade Formando Empreendedores". CNI – IEL. Brasília, 27 de maio de 1999.

DONNELLEY, R. G. A empresa familiar. Revista de Administração de Empresas, São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, v.7, n.23, jun. 1967.

DRUCKER, Peter Ferdinand. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo: Pioneira, 1986.

DRUCKER, Peter Ferdinand. Seja seu próprio gerente, v. 3, n. 16, p. 74-84, HSM

Management, São Paulo, 1999.

DRUCKER, Peter Ferdinand. Inovação e espírito empreendedor: prática e princípios, Pioneira, São Paulo, 2000.

DYER JR., W. G. The Entrepreneurial Experience. San Francisco: Jossey-Bass, 1992.

DYER JR., W. G.; HANDLER, Wendy. Entrepreneurship and family business:

exploring the connections. Entrepreneurship Theory and Practice. ET&P. Baylor

University, 1994.

EMIRBAYER, Mustafa; GOODWIN, Jeff. Network analysis, culture and the problem of agency. American Journal of Sociology, v.99, n.6, p.1411-1454, 1994.

FISCHER, F. M.; et al. Efeitos do trabalho sobre a saúde de adolescentes. Ciência e Saúde Coletiva, 8(4): 973-984, 2003.

GAZETA MERCANTIL. O preço de trabalhar ao lado do patrão. Handbook of

qualitative research. London : Sage, 1994. Cap. 6, p. 105-117.. 08 out. 1996a.

GONÇALVES, J.R.R.C. As empresas familiares no Brasil. ERA light., São Paulo, V. 40, N 1, p. 7-12. Jan/mar. 2000.

GONÇALVES, Sergio de Castro. Patrimônio, família e empresa : um estudo sobre as transformações no mundo da economia empresarial. São Paulo: Negócio, 2000.

GRANOVETTER, M. Problems of explanation in economic sociology. In NOHRIA N.; ECCLES, R. (Eds.). Networks and organizations: structure, form and action. 1992. 25-56. Boston: Harvard Business School Press.

________. The strength of weak ties. American Journal of Sociology. Vol 78, nº 6, maio 1973: p. 1360-1380.

GUIMARÃES, Francisco José Zamith; MELO, Elisete de Sousa. Diagnóstico

utilizando análise de redes sociais. Rio de Janeiro, 2005. f.51. (Pós-graduação em

Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005.

GUTIERREZ, L.H.S. O clima organizacional em uma empresa familiar. Revista de

HIGGINS, M. C. The more, the merrier? Multiple developmental relationships and work satisfaction. Journal of Management Development. 19. 277-296, 2000.

HIGGINS, Mônica C., KRAM, Kathy E.. Reconceptualizing mentoring at work: a developmental network perspective. Academy of Management Review, v. 26, nº 2, 2001. p. 264-288.

KANITZ e KANITZ, S.C. A relação pai e filho nas empresas familiares. Revista de

admisnitração, São Paulo: Fundação Instituto de Admisnitração, v.13, n.1, jan/mar,

1978.

KRACKHARDT, D. The strength of strong ties: the importance of philos in organizations. In N. Nohria ; R. G. Eccles (Eds.), Networks and organizations:

Structure, form, and action; p. 216-239. boston: Harvard Business School Press.

1992.

KRACKHARDT, D.; HANSON, J. Informal networks: the company behind the chart.

Harvard Business Review, Boston, Mass., v. 71, n. 4, p. 104-111, jul.-ago, 1993.

KRAM, K. E. Mentoring at work: development relationships in organizational

life. Glenview. IL: Scott, Foresman, 1985.

KRAM, K.E. A relational approach to career development. In D. T. Hall (Ed.). The

career is dead – long live the career: a relational approach to careers. p. 132-

157. San Francisco: Josseey-Bass. 1996.

KUIPERS, Kathy J. Formal and informal networks in the workplace. 1999. p. 117.

Tese (Ph.D.) – Stanford University, Stanford, Calif., 1999.

LANSBERG, I., PERSICK, K.E.; DAVIS,J.A.; HAMPTON, M.M. Generation to

generation: Life cycles of family business. New York: Prentice Hall, 1996.

LANSBERG, Ivan. Succeeding generations: realizing the dream of families in business. Local: Harvard Business School, 1999.

LEA, J. W. Keeping it in the family: successful succession of the family business. New York: John Wiley & Sons, 1991.

LEITE, Emanuel. O fenômeno do empreendedorismo: criando riquezas. 3ª Ed. Recife: Bagaço, 2002. 557p.

LEONE, Nilda. As especificidades das pequenas e médias empresas. Revista de

Administração - USP, Vol 34/2 (abril-junho 1999), p. 91-94.

LEONE, N. M. de G. A sucessão não é um tabu para os dirigentes da P.M.E. Anais

Documentos relacionados