• Nenhum resultado encontrado

Em linhas gerais o binômio modernização produtiva/enobrecimento do produto constitui a diretriz geral na definição de estratégias orientadas para o aumento da competitividade, apontando para a necessidade de atualização tecnológica de determinados segmentos da indústria.

Em termos estruturais, algumas características intrínsecas à produção de alumínio, e outras relacionadas específicamente à maneira como a mesma se organiza no Brasil, constituem-se em fatores favoráveis à sustentação da competitividade da indústria. Dentre estes fatores, cabe destacar: (i) a relativa atualização tecnológica de grande parte do parque produtor de alumínio primário; (ii) a viabilidade técnica da modernização das unidades produtivas com o advento da automação industrial; (iii) o aprendizado tecnológico já experimentado pelos produtores nacionais; (iv) a existência de produtores verticalizados (CBA, Alcoa e Alcan) já presentes em segmentos mais dinâmicos do mercado final; (v) a disponibilidade de recursos naturais necessários à instalação de novas unidades; (vi) o baixo nível de consumo per capita de alumínio no Brasil quando comparado a padrões internacionais, caracterizando um grande espaço para o crescimento da indústria. Além disso, a possibilidade de ocorrer um novo ciclo de inversões na indústria a nível mundial poderia ser aprveitada pelo Brasil (estima-se que de 10 a 15 novas fábricas de alumínio primário terão de ser construídas no mundo até o final da década, com investimentos potenciais da ordem de US$ 10 bilhões e potencial de criação de 250.000 empregos diretos).

Por outro lado, algumas tendências internacionais e determinados aspectos específicos à organização da indústria no Brasil apontam na direção de obstáculos concretos à sua competitividade: (i) problemas relativos ao custo energético, devido ao encarecimento das tarifas e ao progressivo estrangulamento da oferta de energia; (ii) o atraso relatvo do processo de diferenciação de produto, em virtude do baixo nível de exigência em termos dos padrões de qualidade e normalização técnica; (iii) a heterogeneidade produtiva e tecnológica do parque produtor de alumínio primário, existindo instalações mais antigas defasadas em termos de eficiência produtiva; (iv) o baixo grau de integração "à frente" do conjunto da indústria, o que implica em dificuldades para acompanhar as tendências internacionais de valorização dos produtos; (v) a baixa intensidade do esforço tecnológico dos produtores consubstanciado em atividades de P&D; (vi) a falta de uma articulação produtiva e tecnológica mais estável e fecunda entre as firmas produtoras de alumínio e os setores industriais consumidores do metal.

Ao nível empresarial, é possível identificar quatro dimensões que afetam a competitividade dos agentes. A primeira delas compreende as estratégias de incremento da eficiência técnico- produtiva - que no caso da produção de alumínio primário se associa aos seus coeficientes de consuno energético. A segunda dimensão relaciona-se às estratégias de modernização dos

processos industriais em três sentidos principais - o da sofisticação tecnológica das atividades de fundição/laminação; o da intensificação da automação; e o da criação de condições técnicas adequadas à geração de produtos de maior valor agregado. A terceira dimensão relaciona-se à re- orientação das estratégias empresariais no sentido da exploração de segmentos mais dinâmicos do mercado. A quarta dimensão, por fim, relaciona-se à re-estruturação interna dos agentes, através de uma flexibilização organizacional que lhes permita oferecer respostas consistentes a uma concorrência mais intensa e tecnologicamente mais seletiva. Deve-se ressaltar que existem "trade- offs" entre estas estratégias: em particular, a busca de maior eficiência energética nas unidades de redução pode mobilizar recursos e competências que, de outra forma, poderiam ser destinados ao incremento do processo de verticalização.

No caso das empresas verticalizadas filiais de multinacionais (Alcan e Alcoa), a estratégia de diversificação na direção da produção de transformados já está consolidada e tende a ser reforçada. Nesta produção encontram-se as maiores perspectivas de ampliação dos mercados, através da incorporação de tecnologias mais avançadas disponíveis nos países desenvolvidos. O processo de diversificação dessas empresas tende a ser acompanhado por mudanças em sua estrutura organizacional, que reforçem a autonomia das diferentes atividades controladas.

No caso da CVRD - Aluvale, o reforço da capacitação passa, provavelmente, por três frentes: (i) o fechamento da cadeia produtiva, com a produção de alumina a ser obtida com a retomada do projeto Alunorte; (ii) a produção, em simultâneo ao alumínio primário, de ligas que permitam o enobrecimento do produto; (iii) a participação da Aluvale, de forma minoritária, em empreendimentos de transformação de alumínio. No caso da CBA, o reforço da capacitação envolve maior conscientização da empresa acerca da importância do fator tecnológico, uma atuação mais incisiva na ponta da indústria (transformados) e uma maior descentralização da estrutura organizacional, capaz de fornecer maior flexibilidade para o seu re-posicionamento competitivo.

As possibilidades dos produtores independentes de transformados reforçarem sua capacitação dependem das condições de acesso às tecnologias necessárias à modernização de suas instalações e à obtenção de um produto de melhor qualidade. Neste sentido, os principais instrumentos seriam a intensificação da aquisição/absorção de tecnologias mais modernas e a re- estruturação empresarial deste segmento, promovendo-se uma aglutinação de agentes que reforçasse a sua competitividade.

Ao nível sistêmico, é fundamental reduzir determinadas restrições impostas à competitividade da indústria. Em termos da tarifa de energia, é importante incrementar a cooperação entre os produtores da indústria e as concessionárias de energia, visando compatibilizar o afrouxamento da carga tarifária com a recuperação da capacidade de

investimento do setor elétrico. Em termos da carga tributária incidente sobre a indústria, é necessario encontrar meios que amenizem seus impactos sobre o segmento exportador, sob pena de perda de competitividade internacional. É também importante uma adequação progressiva do sistema de normalização a maiores níveis de exigência, incrementando a qualidade e o nível tecnológico dos produtos transformados. As atuais viscissitudes do mercado internacional de alumínio reforçam a importância da retomada do crescimento interno, que, ao elevar o nível de renda, teria um forte efeito dinamizador sobre a indústria.

Finalmente, é importante ressaltar que a implementação de medidas de política que estimulem a competitividade da indústria deve ser feita a partir de uma mudança da "filosofia" que norteia a política industrial. Em especial, esta política deveria vincular-se menos à ampliação do mercado e mais à necessidade de promover uma mudança qualitativa nas estruturas de oferta e demanda, de forma a adequá-las a um patamar tecnologicamente superior. A agilização dos programas explicitamente orientados para a elevação da produtividade e o incremento da capacitação tecnológica das empresas (PCI, PACTI, PBQP), contando com apoio e eventual patrocínio dos instrumentos de política industrial, pode vir a tornar-se instrumento extremamente interessante para a viabilização desse novo padrão de atuação do Estado. A busca de maior capacitação pressupõe a adoção de uma política menos "generalizante", com atuação sobre objetivos específicos. É fundamental também a contínua avaliação e monitoração da política implementada. Esta implementação deve estar atrelada à definição de parâmetros de eficiência que permitam acompanhar o processo de capacitação dos produtores, permitindo ajustes periódicos onde e quando os mesmos forem necessários. Os instrumentos de fomento, inclusive a eventual liberação de recursos para as empresas, devem estar vinculados à obtenção de resultados concretos, que demonstrem um efetivo esforço de capacitação.

RELAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELA 1

CONSUMO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO - PRINCIPAIS PAÍSES ... 28 TABELA 2

COMPARATIVO DE MARGENS DE LUCRO - PRODUÇÃO PRIMÁRIA X

PRODUÇÃO DE TRANSFORMADOS DE ALUMÍNIO ... 30 TABELA 3

PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO POR EMPRESA (1985/92) ... 37 TABELA 4

EVOLUÇÃO DO BALANÇO BRASILEIRO DE ALUMÍNIO... 38 TABELA 5

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DA INDÚSTRIA DE ALUMÍNIO EM

VOLUME E VALOR (1981/91)... 38 TABELA 6

CONDIÇÕES DE SUPRIMENTO E CONSUMO DOMÉSTICO DE BAUXITA

E ALUMINA (1989/91) ... 39 TABELA 7

AUMENTO DE PRODUÇÃO E INVESTIMENTOS REALIZADOS (1981/91) ... 40 TABELA 8

CONSUMO PER CAPITA DE ALUMÍNIO E RENDA PER CAPITA - BRASIL

E OUTROS PAÍSES ... 41 TABELA 9

CONSUMO DE ALUMÍNIO POR TIPO DE PRODUTO (1982/91) ... 42 TABELA 10

CONSUMO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO POR SETOR (1982/91) ... 42 TABELA 11

CONSUMO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO POR SETOR E POR PRODUTO (1991)... 42 TABELA 12

CONSUMO DE PRODUTOS EXTRUDADOS POR SETOR (1987/91) ... 43 TABELA 13

CONSUMO DE PRODUTOS LAMINADOS (CHAPAS, LÂMINAS E

FOLHAS) POR SETOR (1987/91)... 44 TABELA 14

CONSUMO DE PRODUTOS FUNDIDOS E FORJADOS POR SETOR (1987/91)... 44 TABELA 15

EXPORTAÇÃO X PRODUÇÃO POR EMPRESA (1991)... 45 TABELA 16

SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS PRODUTORAS

DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO (1991) ... 48 TABELA 17

COEFICIENTES TÉCNICOS DO USO DE ENERGIA ELÉTRICA POR

TABELA 18

COEFICIENTES TÉCNICOS DE CONSUMO DE INSUMOS POR UNIDADE

DE PRODUTO (1981/89) ... 63 TABELA 19

CUSTOS DE PRODUÇÃO DO ALUMÍNIO PRIMÁRIO - BRASIL VERSUS

MÉDIA MUNDIAL ... 63 TABELA 20

COMPARATIVO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE TRANSFORMADOS DE

ALUMÍNIO - PRODUTORES BRASILEIROS X AMERICANOS ... 65 TABELA 21

EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS TRANSFORMADOS (1989/91)... 66 TABELA 22

COMPARAÇÃO DO PROCESSO TÍPICO PARA PRODUÇÃO DE CHAPAS

LAMINADAS - BRASIL E COMPETIDORES INTERNACIONAIS... 68 TABELA 23

PARTICIPAÇÃO DAS TARIFAS DE ENERGIA NO CUSTO DE PRODUÇÃO

DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO - BRASIL (1984/92) ... 74 TABELA 24

CARGA TRIBUTÁRIA TOTAL - SITUAÇÃO ATUAL E COM IMPOSTO

SELETIVO (BASE - OUTUBRO, 1992) ... 77 TABELA 25

COEFICIENTES TÉCNICOS DE CONSUMO DE INSUMOS POR UNIDADE

DE PRODUTO ... 111 TABELA A1... 121 GRÁFICO 1

ALUMÍNIO PRIMÁRIO COMPARATIVO LME:

ESTOQUE X PREÇOS (1980/92)... 120 GRÁFICO 2

ALUMÍNIO PRIMÁRIO COMPARATIVO PREÇOS:

NACIONAL X LME (1980/92)... 120 GRÁFICO 3