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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

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Academic year: 2021

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Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT

E

STUDO DA

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OMPETITIVIDADE

DA

I

NDÚSTRIA

B

RASILEIRA

_____________________________________________________________________________________________

COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE ALUMÍNIO

Nota Técnica Setorial do Complexo Metal-Mecânico

O conteúdo deste documento é de exclusiva responsabilidade da equipe técnica do Consórcio. Não representa a opinião do Governo Federal.

Campinas, 1993

Documento elaborado pelo consultor Jorge Nogueira de Paiva Britto (FEA/UFF).

A Comissão de Coordenação - formada por Luciano G. Coutinho (IE/UNICAMP), João Carlos Ferraz (IEI/UFRJ), Abílio dos Santos (FDC) e Pedro da Motta Veiga (FUNCEX) - considera que o conteúdo deste documento está coerente com o Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira (ECIB), incorpora contribuições obtidas nos workshops e servirá como subsídio para as Notas Técnicas Finais de síntese do Estudo.

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CONSÓRCIO

Comissão de Coordenação

INSTITUTO DE ECONOMIA/UNICAMP INSTITUTO DE ECONOMIA INDUSTRIAL/UFRJ

FUNDAÇÃO DOM CABRAL

FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR

Instituições Associadas

SCIENCE POLICY RESEARCH UNIT - SPRU/SUSSEX UNIVERSITY INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI NÚCLEO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - NACIT/UFBA

DEPARTAMENTO DE POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - IG/UNICAMP INSTITUTO EQUATORIAL DE CULTURA CONTEMPORÂNEA

Instituições Subcontratadas

INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA - IBOPE ERNST & YOUNG, SOTEC

COOPERS & LYBRANDS BIEDERMANN, BORDASCH

Instituição Gestora

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EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA

Coordenação Geral: Luciano G. Coutinho (UNICAMP-IE)

João Carlos Ferraz (UFRJ-IEI)

Coordenação Internacional: José Eduardo Cassiolato (SPRU)

Coordenação Executiva: Ana Lucia Gonçalves da Silva (UNICAMP-IE)

Maria Carolina Capistrano (UFRJ-IEI)

Coord. Análise dos Fatores Sistêmicos: Mario Luiz Possas (UNICAMP-IE)

Apoio Coord. Anál. Fatores Sistêmicos: Mariano F. Laplane (UNICAMP-IE)

João E. M. P. Furtado (UNESP; UNICAMP-IE)

Coordenação Análise da Indústria: Lia Haguenauer (UFRJ-IEI)

David Kupfer (UFRJ-IEI)

Apoio Coord. Análise da Indústria: Anibal Wanderley (UFRJ-IEI)

Coordenação de Eventos: Gianna Sagázio (FDC)

Contratado por:

Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP

Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT

COMISSÃO DE SUPERVISÃO

O Estudo foi supervisionado por uma Comissão formada por:

João Camilo Penna - Presidente Júlio Fusaro Mourão (BNDES) Lourival Carmo Monaco (FINEP) - Vice-Presidente Lauro Fiúza Júnior (CIC)

Afonso Carlos Corrêa Fleury (USP) Mauro Marcondes Rodrigues (BNDES) Aílton Barcelos Fernandes (MICT) Nelson Back (UFSC)

Aldo Sani (RIOCELL) Oskar Klingl (MCT)

Antonio dos Santos Maciel Neto (MICT) Paulo Bastos Tigre (UFRJ)

Eduardo Gondin de Vasconcellos (USP) Paulo Diedrichsen Villares (VILLARES) Frederico Reis de Araújo (MCT) Paulo de Tarso Paixão (DIEESE)

Guilherme Emrich (BIOBRAS) Renato Kasinsky (COFAP)

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RESUMO EXECUTIVO ... 1

APRESENTAÇÃO ... 25

1. ANÁLISE DE TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS ... 27

1.1. Características Estruturais... 27

1.2. Estratégias Empresariais ... 33

1.3. Principais Fatores de Competitividade... 35

2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ALUMÍNIO ... 37

2.1. Evolução Recente do Mercado de Alumínio... 37

2.2. Desempenho e Capacitação na Indústria de Alumínio Primário... 45

2.2.1. Porte empresarial e desempenho econômico da indústria ... 45

2.2.2. Atualização tecnológica dos processos ... 48

2.2.3. Eficiência energética ... 52

2.2.4. Nível tecnológico dos produtos gerados... 54

2.2.5. Modernização Produtiva, Processo de Trabalho e Qualificação da Mão-de-Obra... 55

2.2.6. Gerenciamento da Produção e da Qualidade... 58

2.2.7. Gerenciamento Ambiental ... 61

2.2.8. Comportamento dos custos de produção... 62

2.3. Capacitação e Desempenho na Indústria de Transformados... 64

2.3.1. Extrusão ... 66

2.3.2. Laminação ... 67

2.3.3. Fundição... 69

2.3.4. Cabos e fios ... 69

2.4. Capacitação nas Atividades de Reciclagem de Alumínio ... 70

2.5. Fatores Sistêmicos Condicionantes da Competitividade... 72

2.6. Obstáculos e Oportunidades à Competitividade... 79

2.6.1. Produção de alumínio primário... 79

2.6.2. Produção de transformados... 83

2.6.3. Reciclagem de alumínio... 84

3. PROPOSTAS DE POLÍTICA ... 86

3.1. Políticas de Reestruturação Setorial ... 86

3.2. Políticas de Modernização Produtiva ... 94

3.3. Políticas Relacionadas a Fatores Sistêmicos ... 102

4. INDICADORES DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA ... 110

5. CONCLUSÕES ... 114

RELAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS... 117

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RESUMO EXECUTIVO

1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS DA COMPETITIVIDADE

1.1. Características Estruturais da Indústria

Até meados da década de 70 a indústria de alumínio caracterizava-se como um oligopólio estável, marcado pela elevada concentração, por barreiras à entrada expressivas e por uma liderança-preço exercida por um pequeno grupo de grandes produtores __ Alcoa, Kaiser, Reynolds, Alcan, Pechiney e Alusuisse __, aos quais se agregava uma "franja" de empresas marginais. Após-1974 inicia-se um período de instabilidade da indústria, em virtude dos choques resultantes da elevação dos preços do petróleo, que implicaram o crescimento dos custos energéticos da indústria, deprimindo as margens de lucro de diversas plantas nos EUA, Europa e Japão, muitas das quais foram fechadas.

A elevação generalizada dos custos de produção se refletiu na busca de um reposicionamento das empresas nas curvas de custo da indústria, o que favoreceu a reorientação da produção para países ricos em energia. Observa-se uma expansão mais acelerada da "franja" de pequenos produtores, a partir da entrada de firmas localizadas em países com dotação favorável de recursos naturais e energéticos, em detrimento da participação das firmas líderes no mercado. Como conseqüência, a distribuição espacial da produção modificou-se sensivelmente ao longo da última década, penalizando produtores localizados nos EUA, Europa e Japão. Além disso, a entrada de novos produtores implicou a volatilização dos preços do alumínio, que passaram a ser definidos não mais em função dos custos marginais de produção das firmas líderes, e sim de acordo com flutuações sazonais no mercado spot do metal. Mais recentemente, esta dinâmica de comportamento foi reforçada pela colocação no mercado de excedentes de produção da antiga União Soviética.

A produção mundial de alumínio primário atingiu, aproximadamente, 18 milhões de toneladas em 1990, destacando-se como maiores produtores EUA, Ex-União Soviética, Canadá, Austrália e Brasil, em ordem decrecente de importância. Em contrapartida, como maiores consumidores aparecem os EUA, Japão, Alemanha e França. O consumo per capita de alumínio dos principais países industrializados é superior a 20 kg/habitante/ano.

Os preços internacionais se encontram atualmente bastante deprimidos, na faixa de 1200 US$/tonelada após terem atingido um patamar mínimo de 1100 US$/tonelada, esperando-se que uma paulatina estabilização do mercado poderia no médio prazo elevar este valor para 1500

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US$/tonelada. A queda dos preços internacionais é resultante, em boa medida, do crescimento dos estoques disponíveis para venda no mercado spot, que se elevaram de 160 mil t em 1980 para 1,4 milhões t em 1992.

As crescentes pressões altistas sobre os custos de produção implicaram a busca de um melhor rendimento energético das unidades produtoras. Através da ampliação do tamanho das células eletrolíticas e da diminuição da densidade de corrente, foi possível obter-se expressiva melhoria dos coeficientes de rendimento energético. A melhor tecnologia disponível apresenta um consumo energético na faixa entre 12.600-13900 KWh-DC/t de alumínio, com eficiência de corrente entre 94-98%. Esta tecnologia está associada a linhas de produção com escala superior a 200 mil t/ano, que exigem uma capacidade de corrente da ordem de 150 a 270 KA e requerem elevados investimentos em capital e tecnologia.

A busca de maior eficiência energética se reflete também na disseminação de práticas cooperativas entre a indústria e os fornecedores de energia, como por exemplo, o atrelamento das tarifas ao preço internacional do metal, já presente em 30% do total da produção mundial. Em 1990, a tarifa média de energia elétrica era de 20 US$/Mwh para o total da indústria e de 15 US$/Mwh para os países exportadores.

Com a abrupta elevação dos custos de produção e a crescente instabilidade da demanda que prevalecem durante a década de 80, os esforços tecnológicos realizados no âmbito da indústria começaram a ser re-examinados e as suas prioridades revistas. Os programas de otimização de processos passaram a ser acompanhados pelo desenvolvimento de novos produtos __ a partir da busca de propriedades necessárias ao desempenho de funções específicas e do desenvolvimento de ligas e compostos de alumínio e outros metais. Em consequência, verifica-se uma crescente sofisticação tecnológica das atividades de fundição e laminação.

Três aspectos dessas tendências devem ser ressaltados. Em primeiro lugar, elas acarretam uma reorientação dos investimentos da indústria, da expansão da capacidade de redução em favor da modernização das unidades produtivas. Em segundo lugar, elas implicam na exploração mais intensa de segmentos rentáveis do mercado que demandam produtos de alto desempenho. Em terceiro lugar, elas determinam uma reorientação das estratégias empresariais no setor, estimulando a geração de produtos de maior valor agregado.

1.2. Estratégias Empresariais

Atualmente é possível identificar três tipos de atores presentes na indústria de alumínio. O primeiro deles compreende grandes grupos integrados, presentes nas diferentes etapas das cadeias

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produtivas da indústria __ desde a exploração de bauxita até a obtenção de produtos semi-manufaturados. Este grupo é formado atualmente por treze empresas, originárias de países ricos em recursos energéticos, que comandam a dinâmica da indústria __ Alcan, Alcoa, Alumax, Alumix, Alusuisse, Austria Metall, Comalco, Hydro Aluminium, Inespal, Kaiser, Pechiney, Reynolds e VAW - responsáveis, em conjunto, por 70% da capacidade de redução de alumínio primário.

No caso dos produtores integrados verificam-se investimentos crescentes em atividades

downstream, em detrimento de expansões das capacidades de redução e de geração de matérias

primas (bauxita e alumina). As estratégias implementadas por estas empresas tem contemplado as seguintes linhas de ação:

- desverticalização da produção de bauxita e alumina e sua substituição por contratos de abastecimento a longo prazo com produtores mais eficientes (como no caso da Reynolds e Alusuisse);

- realocação da capacidade na direção de países com maior disponibilidade de recursos energéticos (de que é exemplo a atuação da Alcoa na Austrália);

- modernização e automatização crescentes das unidades de redução, fundição e laminação, visando reduzir custos operacionais e obter produtos com requisitos específicos de qualidade e performance (a Alcoa, por exemplo, opera com uma previsão de investimentos da ordem de US$ 2 bilhões, apenas para modernização de suas atividades de laminação);

- especialização no atendimento a mercados específicos (aeroespacial, embalagens, eletrônico, automobilístico), onde as firmas possuam vantagens competitivas (podendo-se destacar a especialização da Reynolds no mercado de embalagens e da Alcoa no mercado aeroespacial);

- intensificação do comércio de tecnologias e especialização de determinadas empresas como licenciadoras de tecnologias mais modernas (a Pechiney, por exemplo, tornou-se nos últimos anos a empresa-líder no fornecimento de tecnologias de redução, sendo que metade das unidades instaladas entre 1982 e 1992 utilizam tecnologias por ela fornecidas);

- diversificação para segmentos mais dinâmicos de mercado, na indústria ou fora dela, a partir da aquisição de empresas localizadas no mercado de interesse (como no caso da expansão da Pechiney para os mercados de cerâmicas/novos materiais e de embalagens para bebidas).

O segundo grupo de firmas é formado por produtores não integrados, dependentes da aquisição de insumos de terceiros, no qual se destacam os produtores japoneses e algumas empresas européias. Tais empresas usufruem uma maior rentabilidade nos períodos de retração dos preços do alumínio mas, por outro lado, operam com maior vulnerabilidade em virtude das

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flutuações do preço do metal no período mais recente. As estratégias empresariais procuram reduzir esta vulnerabilidade, privilegiando os seguintes aspectos:

- desenvolvimento de relacionamentos cooperativos entre estas empresas e produtores independentes de metal, recorrendo-se a sistemáticas negociadas na fixação de preços e a participações societárias cruzadas entre as empresas (como no caso de empresas japonesas em relação a produtores de alumínio do terceiro mundo);

- aproximação com indústrias consumidoras, gerando produtos que atendam requisitos técnicos específicos e solidifiquem vínculos econômico-tecnológicos entre os agentes.

O terceiro grupo de empresas é formado por produtores primários pouco integrados à frente, localizados em países com disponibilidade de recursos energéticos, cuja principal vantagem competitiva reside no baixo custo da energia. Como comercializam um produto menos elaborado, estes produtores tornam-se vulneráveis à instabilidade dos preços do metal primário. Muitas destas empresas foram criadas a partir da atuação empresarial direta do Estado __ de que são exemplo empresas no Brasil, Venezuela, e em países do Oriente Médio, além de agências provinciais no Canadá (Quebec) e Austrália (Victória). Nestes casos, as estratégias empresariais privilegiam os seguintes aspectos:

- estabelecimento de contratos de longo prazo com os clientes, que contemplem alguma forma de proteção contra a volatilidade dos preços do metal primário através, por exemplo, da disseminação da prática de hedge nas operações comerciais;

- expansão para atividades localizadas mais à frente na cadeia de transformação do metal, gerando produtos de maior valor agregado com melhores condições de colocação no mercado internacional.

1.3. Principais Fatores de Competitividade

Nas atividades de redução, os custos de infra-estrutura e os riscos econômicos têm se elevado na medida em que novas unidades produtoras operam com maior escala e tendem a se localizar fora dos países desenvolvidos. Como consequência, consolida-se a formação de consórcios entre firmas para repartir os custos e garantir os mercados requeridos para a implantação de grandes plantas. Além disso, verificam-se pressões para elevação dos índices de produtividade, principalmente quanto à eficiência do consumo energético. Para isso, intensifica-se a automação industrial, que permite um controle mais estreito e preciso sobre as condições do processo, elevando sua eficiência. Destaca-se também a renegociação dos contratos de fornecimento de energia elétrica, buscando-se redução de tarifas e o seu acoplamento à evolução do preço do metal primário.

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A valorização de produtos assume crescente importância na dinâmica competitiva e tecnológica da indústria. Neste sentido, busca-se elevar a qualidade dos produtos gerados, viabilizando sua certificação, e sofisticam-se as atividades de fundição e laminação. Como consequência, são realizados investimentos crescentes em atividades downstream, em detrimento de expansões das capacidades de redução. Estas transformações modificam qualitativamente o processo de P&D na indústria, aumentando a importância da cooperação tecnológica, pois a obtenção de produtos de alto desempenho adaptados à utilizações específicas implica aprendizado mútuo entre a indústria e seus consumidores.

Outros dois fatores influenciam a competitividade da indústria. Por um lado, como atesta a significativa parcela de energia tarifada em função do preço do metal, verifica-se uma maior cooperação entre empresas da indústria e concessionárias de energia já sendo comum o compartilhamento de riscos entre estes agentes e, até mesmo, a inter-penetração societária entre os mesmos. Por outro lado, o fenômeno da "globalização" ao nível da indústria implica três tendências articuladas: a inter-penetração de capitais; a maior aproximação com indústrias consumidoras e a homogeneização dos padrões de consumo de alumínio (o que implica ajustes nos sistemas de normalização dos diversos países).

Ao nível empresarial, verifica-se a implementação de estratégias que viabilizem uma redução dos custos operacionais e uma melhoria da qualidade dos produtos. As estratégias de resposta às novas condições competitivas se associam à reestruturação organizacional das diversas empresas, evoluindo-se de uma estrutura piramidal fortemente verticalizada na direção de estruturas do tipo multidivisional, na qual a diversidade dos mercados atendidos torna-se responsável pela lógica de organização interna das empresas. Com este objetivo, as atividades

downstream são reestruturadas no sentido de melhor atender as necessidades dos consumidores;

muitas vezes este processo é levado a termo a partir da cooperação direta com os consumidores da indústria, podendo inclusive envolver a formação de joint-ventures para o desenvolvimento de produtos específicos.

Ao nível sistêmico, os principais fatores condicionantes da competitividade referem-se à consolidação de um "ambiente" que permita aos agentes produtivos enfrentar as condições adversas com as quais a indústria se defronta no cenário internacional. Por um lado, na efetivação de novos projetos, assume particular importância a concessão de algum tipo de benefício por agências governamentais (subsídios, empréstimos favorecidos, tarifas diferenciadas de energia, etc.) que diminua o risco inerente a estes investimentos. Por outro lado, consolidam-se três grandes blocos inter-regionais integrados: (a) mercado americano __ abastecido pelos próprios produtores dos EUA, por empresas canadenses e por alguns produtores do terceiro mundo; (b) mercado europeu __ abastecido por unidades de redução européias, pela Rússia e por novas unidades instaladas em países do Oriente Médio; (c) mercado japonês __ abastecido principalmente por empresas australianas e por empreendimentos nos quais os capitais japoneses detem uma participação societária (no Brasil e na Venezuela, por exemplo).

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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

2.1. Diagnóstico da Competitividade da Indústria Brasileira

O Brasil é um dos principais produtores e exportadores de alumínio primário do mundo: os produtores brasileiros __ Alcoa, Alcan, Billinton, CBA e Aluvale __ tiveram em 1992 uma produção de 1.195 mil toneladas, o que representa uma parcela importante do total da produção mundial, localizada na faixa de 18.000 toneladas. O Brasil exporta 787 mil toneladas de alumínio primário (dados referentes a 1991), sendo que a maioria das empresas apresenta um perfil nitidamente exportador. O alumínio secundário, por sua vez, é produzido a partir de sucata, cujo volume de geração atingiu 66 mil toneladas em 1991. Considerando o baixo nível de consumo per

capita de alumínio no país (2,3 kg/hab/ano), pode-se inferir que existe um campo bastante amplo

para o crescimento da indústria, principalmente a partir de um eventual reaquecimento do mercado interno.

O parque nacional produtor de alumínio primário é de implantação recente, sendo que a grande expansão da indústria ocorreu somente nos anos 80. A ampliação da capacidade de produção se deu com a instalação de unidades no norte do país (Albrás e Alumar), tendo sido investidos ao longo da última década aproximadamente US$ 4 bilhões no parque industrial, o que coloca o setor como uma das poucas atividades industriais que tem sustentado expressivos programas de inversão.

Os maiores atrasos ou defasagens em termos do processo produtivo encontram-se diferenciados entre as unidades recém-implantadas (que utilizam tecnologias de anodos pré-cozidos e operam com escalas de produção elevadas) e as mais antigas (que utilizam tecnologias Soderberg em plantas de menor escala). Há também uma grande heterogeneidade quanto às tecnologias de processo e à qualidade dos produtos transformados de alumínio, que não têm conseguido acompanhar o ritmo intenso de mudanças que vem se processando nestes estágios ao nível internacional. O mix de produção da indústria brasileira é pouco nobre, o que pode ser percebido pelo baixo nível de sofisticação tecnológica dos produtos transformados e pelas limitadas exportações realizadas por este segmento. Contudo, apesar dos impactos negativos da recessão, já se observa um esforço de dinamização de determinados segmentos de transformados, como o de latas de bebidas.

O Brasil apresenta um potencial bastante favorável à expansão da indústria, podendo-se ressaltar os seguintes aspectos: (a) a existência de fartas reservas de bauxita; (b) o potencial hidroelétrico abundante e em condições de ser competitivo em custo; (c) a existência de uma mão-de-obra competitiva em custo e qualificação; (d) a disponibilidade de tecnologias atualizadas; (e) a

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existência de um mercado interno com potencial de crescimento. Apesar disto, a indústria vem se defrontando com problemas. Além da instabilidade inerente à evolução dos preços do metal primário, o comportamento das tarifas de energia tem criado dificuldades para a indústria manter custos competitivos com relação a seus concorrentes internacionais.

Algumas empresas presentes na indústria são verticalizadas, compreendendo desde a produção de minério (bauxita), passando pela produção de alumina, pela geração de alumínio em unidades de redução e atingindo até a produção de semimanufaturados; outras produzem apenas alumínio primário. Existem ainda empresas transformadoras independentes de pequeno e médio porte, num total de 300 estabelecimentos.

Ao nível das estratégias empresariais, destacam-se duas tendências. Os produtores de alumínio primário tendem a aprofundar o processo de verticalização, consolidando a presença em segmentos mais dinâmicos do mercado que oferecem uma proteção contra a volatilidade dos preços do metal. Nas empresas multinacionais presentes na indústria esta tendência já está consolidada, ao contrário da situação verificada para os produtores nacionais.

Nos segmentos de produtos transformados, observa-se uma excessiva fragmentação da estrutura industrial, não obstante a presença de agentes isolados que já demonstram possuir uma efetiva capacitação. Existe, nestes segmentos, um nítido atraso tecnológico em termos das escalas de produção, da difusão de equipamentos mais modernos e da intensidade dos esforços em pesquisa e desenvolvimento. A entrada de produtores verticalizados neste segmento não tem conseguido, por si só, promover uma modernização produtiva no ritmo desejável. Fundamentalmente, o incremento da capacitação no segmento exige uma elevação do porte empresarial, através da aglutinação de agentes que torne possível a sua modernização produtiva e atualização tecnológica.

2.2. Oportunidades e Obstáculos à Competitividade

Algumas características intrínsecas à produção de alumínio, e outras relacionadas específicamente ao modo como a mesma se organiza no Brasil, constituem fatores favoráveis à sustentação da competitividade da indústria. Dentre estes fatores, cabe destacar: (i) a relativa atualização tecnológica de grande parte do parque produtor de alumínio primário; (ii) a viabilidade técnica da modernização das unidades produtivas com o advento da automação industrial; (iii) o aprendizado tecnológico já experimentado pelos produtores nacionais; (iv) a existência de produtores verticalizados já presentes em segmentos mais dinâmicos do mercado final; (v) a disponibilidade de recursos naturais necessários à instalação de novas unidades; (vi) o baixo nível de consumo per-capita de alumínio no Brasil quando comparado a padrões internacionais,

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caracterizando um grande potencial de crescimento para a indústria. Além disso, a possibilidade de ocorrer um novo ciclo de inversões na indústria a nível mundial poderia ser aproveitada pelo Brasil.

Por outro lado, identificam-se obstáculos concretos à competitividade da indústria de alumínio no Brasil: (i) problemas relativos ao custo energético, devido ao encarecimento das tarifas e ao progressivo estrangulamento da oferta de energia; (ii) o atraso relativo do processo de diferenciação de produto, em virtude do baixo nível de exigência em termos dos padrões de qualidade e normalização técnica dos consumidores industriais; (iii) a heterogeneidade produtiva e tecnológica do parque produtor de alumínio primário, existindo instalações antigas defasadas em termos de eficiência produtiva; (iv) o baixo grau de integração "à frente" do conjunto da indústria, dificultando o acompanhamento das tendências internacionais de valorização dos produtos; (v) a baixa intensidade do esforço tecnológico consubstanciado em atividades de P&D; (vi) a falta de uma articulação produtiva e tecnológica mais estável e fecunda entre as firmas produtoras de alumínio e os setores industriais consumidores do metal.

Segundo informações levantadas junto à indústria (tabela 1), o custo de produção de alumínio primário no Brasil estava em torno de 1277 US$/tonelada em outubro de 1992, contra uma média mundial de 1186 US$/tonelada. Estes valores estão, porém, superestimados, pois referem-se ao custo de produção nas regiões nordeste/sudeste, sensivelmente superior ao das unidades localizadas no norte do país. Estas últimas (Albrás e Alumar) apresentam um custo de produção próximo a 1000 US$/tonelada, o que lhes confere uma competitividade satisfatória.

No caso das empresas multinacionais verticalizadas, a estratégia de diversificação na direção da produção de transformados já está consolidada e tende a ser reforçada. Nesta produção encontram-se as maiores perspectivas de ampliação dos mercados, através da incorporação de tecnologias mais avançadas disponíveis nos países desenvolvidos. Esta diversificação tende a ser acompanhada por mudanças na estrutura organizacional dessas empresas, que reforcem a autonomia das diferentes atividades controladas.

No caso da CVRD __ Aluvale, o reforço da capacitação passa por três frentes: (i) o fechamento da cadeia produtiva, com a produção de alumina a ser obtida com a retomada do projeto Alunorte; (ii) a produção, em simultâneo ao alumínio primário, de ligas que permitam o enobrecimento do produto; (iii) a participação da Aluvale, de forma minoritária, em empreendimentos de transformação de alumínio. No caso da CBA, o reforço da capacitação envolve uma atuação mais incisiva na ponta da indústria (transformados) e uma maior descentralização/flexibilização da estrutura organizacional.

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TABELA 1

CUSTOS DE PRODUÇÃO DO ALUMÍNIO PRIMÁRIO - BRASIL X MÉDIA MUNDIAL (OUTUBRO DE 1992) (US$/tonelada) BRASIL(*) MUNDO US$/ton % US$/ton % Energia Elétrica 453 35,5 307 25,9 Matérias-Primas 558 43,7 577 48,7 Mão de Obra 132 10,3 174 14,7 Outros custos 134 10,5 128 10,8 Custos Totais (**) 1277 100,0 1186 100,0

Preço Médio LME/ média outubro de 1992 (***) à vista 1174 US$/ton

três meses 1198 US$/ton

Obs: (*) unidade do NE/SE, excluindo geração própria

(**) excluindo-se depreciação e despesas administrativas e comerciais Fonte: ABAL

Finalmente, o incremento da capacitação dos produtores independentes de transformados depende das condições de acesso às tecnologias necessárias à modernização de suas instalações e à obtenção de um produto de melhor qualidade. Neste sentido, os principais instrumentos seriam a intensificação da aquisição/absorção de tecnologias mais modernas e a re-estruturação empresarial deste segmento, promovendo-se uma aglutinação de agentes que reforçasse a sua competitividade. Ao nível sistêmico, diversos fatores impõem restrições à competitividade da indústria. As tarifas de energia, em particular, afetam de forma dramática a competitividade da indústria, apresentando participação elevada em relação ao preço LME - London Metal Exchange - do metal (39% em outubro de 1992). Verifica-se ainda grande sensibilidade do resultado econômico em relação a essas tarifas, uma vez que uma variação de 20% nos custos energéticos provoca variação de até 30% na rentabilidade da indústria. Apesar das concessionárias de energia ressaltarem a defasagem relativa das tarifas cobradas, o valor da tarifa média vigente na indústria (30 US$/MWh em outubro de 92), bastante superior à média mundial, tem implicado a deterioração da competitividade da indústria nacional.

Outro fator sistêmico que afeta consideravelmente a competitividade da indústria, principalmente ao considerar-se seu perfil exportador, é a carga tributária. Segundo os dados relativos a outubro de 1992, a carga tributária incidente sobre a produção exportada atingia 277 US$/tonelada, e aquela incidente sobre a produção vendida no mercado interno 399 US$/tonelada. Quanto à produção orientada ao mercado interno, esta carga representa aproximadamente 31% do custo de produção (avaliado em 1277 US$/tonelada), enquanto para a produção orientada ao mercado externo, ela corresponde a 27% do custo de produção (avaliado em US$ 1000/tonelada pelas empresas produtoras).

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Considerando o segmento de transformados de alumínio, é importante ressaltar o impacto de dois outros fatores sistêmicos que influenciam a competitividade da indústria: a estrutura de tarifas de importação e a infra-estrutura do sistema de normalização.

Atualmente a estrutura tarifária impõe alíquotas de 0% para o metal primário e secundário, 10% para importações de produtos semi-manufaturados de alumínio (laminados e extrudados) e alíquotas de 20% para produtos manufaturados de alumínio. Os representantes da indústria tem reinvidicado uma modificação desta gradação tarifária no intuito de estimular o processo de enobrecimento dos produtos da indústria, mas os policy makers parecem pouco sensíveis a estas reinvidicações. De qualquer forma, alguns ajustes na estrutura tarifária terão de ser realizados com o advento do Mercosul.

Quanto à infra-estrutura do sistema de normalização, a maioria das normas técnicas estabelecidas pela ABNT está relacionada às características do alumínio e suas ligas e às especificações dos produtos transformados. Além do número reduzido, comparativamente aos países mais desenvolvidos, as normas existentes são pouco exigentes quanto às especificações dos produtos. Apesar disto se dever, em parte, a natural adaptação do sistema de normalização à heterogeneidade tecnológica da indústria, tal fato não estimula a difusão de produtos de maior conteúdo tecnológico.

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3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS

3.1. Políticas de Reestruturação Setorial

A principal diretriz da reestruturação da indústria de alumínio visando incrementar a competitividade setorial é a promoção de um maior grau de integração entre as diversas etapas da cadeia de produção e consumo. Esta integração deve dar-se em quatro frentes: conclusão da integração alumínio primário-alumina; verticalização dos produtores do metal primário em direção ao setor de transformados; maior articulação entre a indústria de alumínio e seus consumidores; reestruturação das atividades de reciclagem.

Com relação à vulnerabilidade no suprimento de alumina, deve-se buscar agilizar as negociações relativas à participação de outros sócios em conjunto com a CVRD no empreendimento da Alunorte, bem como facilitar as importação de equipamentos para a montagem de instalações. Outros instrumentos a serem mobilizados seriam o aporte de recursos de agências públicas de fomento e a reabertura de linhas de crédito no exterior (a partir da renegociação do serviço da dívida da Albrás).

Com relação à verticalização de produtores de alumínio primário que não estão presentes no mercado de transformados, deve ser buscada uma melhor adequação do mix de produtos gerados às necessidades do parque transformador, inclusive através do reforço das atividades de marketing e assistência técnica. No caso específico dos produtores de alumínio de origem estatal, deve ser acelerada a diversificação visando o enobrecimento de produtos, a ser acompanhada pela sua reestruturação organizacional e pela reorientação de seu esforço tecnológico. Neste sentido, deve ser considerada a utilização de participações societárias minoritárias em transformadores independentes como meio de direcionar o processo e o eventual aporte de recursos de agências públicas de fomento.

Do lado do parque transformador, é necessária a elevação do porte empresarial e das escalas de produção, partindo-se da identificação de empresas com capacitação já acumulada para atuarem como foco de aglutinação de recursos e qualificações. Participações societárias cruzadas entre essas empresas e produtores de metal primário não-verticalizadas contribuiriam para esse objetivo. Outros instrumentos a serem utilizados seriam: concessão de aportes de capitais por agências públicas de fomento; concessão seletiva de incentivos (fiscais, creditícios, etc) que estimulem a aglutinação empresarial; montagem de grupos setoriais por segmento de transformados, com a função de coordenar o processo, avaliando os desenvolvimentos realizados a partir de parâmetros de eficiência e capacitação.

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A montagem de articulações produtivo-tecnológicas de longo prazo entre empresas produtoras de alumínio e empresas consumidoras localizadas em setores tecnologicamente dinâmicos é o outro eixo da reestruturação setorial. Devem ser implementados programas setorializados orientados à elevação do consumo de alumínio, no qual poderiam interagir empresas produtoras do metal e empresas das principais setores consumidores como a indústria alimentícia (embalagens e peças laminadas), a indústria da construção (peças extrudadas) e indústria de material de transportes (peças fundidas). Além disso, é interessante que ocorra uma inter-penetração patrimonial entre empresas consumidoras e produtores de transformados de alumínio em segmentos específicos do mercado. O processo de adensamento da interação produtor-usuário deve envolver também consumidores de alumínio de outros países, aproveitando-se a formação de mercados inter-regionais integrados com o advento do Mercosul.

É também necessário aprofundar as atividades de reciclagem de alumínio, através de programas institucionais e do apoio à capacitação tecnológica do segmento produtor de alumínio secundário. Em particular, seria interessante uma aglutinação de refusores independentes em unidades de maior escala (inclusive recorrendo-se à concessão de linhas especiais de crédito) e/ou uma diversificação de produtores primários para atividades de refusão, através da montagem de unidades com escalas mais econômicas.

Ainda ao nível da reestruturação setorial, é importante realizar adaptações que permitam explorar de forma mais efetiva oportunidades vislumbradas no mercado e que viabilizem o enfrentamento do contexto externo desfavorável. Estratégias mais agressivas de exportação devem voltar-se, preferencialmente, para a ocupação de nichos dinâmicos do mercado mundial de transformados, acompanhando a tendência internacional de crescente valorização dos produtos. Identificados os segmentos onde existam condições favoráveis à penetração de produtos brasileiros (rodas para automóveis, fios e cabos para transmissão de energia, latas para bebidas, etc), deve ser fornecido um apoio logístico e operacional à penetração das empresas no mercado internacional, via acordos de cooperação com empresas dotadas de maior capacitação comercial e mercadológica. Outros instrumentos importantes para alcançar este objetivo são: a eliminação de entraves burocráticos à realização de exportações; a concessão de linhas de crédito seletivas aos exportadores; a manutenção de uma política de realismo cambial; o ajuste da carga tributária; a intensificação dos esforços orientados à certificação dos produtos oferecidos.

É também importante diminuir a vulnerabilidade das empresas exportadoras brasileiras em relação às variações de preços do metal primário no mercado internacional. Neste sentido, devem ser adotadas políticas comerciais que contemplem preferencialmente contratos de longo prazo. Para algumas empresas, é importante diminuir a dependência em relação a tradings na comercialização do produto no mercado internacional, inclusive através da realização de operações triangulares envolvendo a comercialização de bauxita, alumina e alumínio. Também

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devem ser privilegiadas operações no mercado futuro (baseadas em mecanismos de hedge), como forma de proteção contra a instabilidade dos preços do alumínio primário.

O incremento da competitividade requer também a melhoria das condições de suprimento dos principais insumos da indústria de alumínio primário (piche eletrolítico, criolita, fluoreto de alumínio e coque de petróleo), eliminando-se trâmites à realização de importações daqueles para os quais só exista um produtor nacional, que geralmente impõe um sobre-preço ao seu produto. Além disso, devem ser montados programas envolvendo produtores de alumínio e fornecedores de insumos, adequando-se as condições de suprimento aos requerimentos da indústria em termos de custo, qualidade, performance e prazo de entrega.

3.2. Políticas de Modernização Produtiva

A modernização produtiva do parque produtor de alumínio primário deve pautar-se pela busca de atualização tecnológica dos equipamentos utilizados, com aumento do grau de automação, redução dos índices de consumo energético, aumento da capacitação tecnológica e gerencial para o enobrecimento de produtos e o upgrading da qualidade. No caso das plantas Soderberg, os esforços de otimização operacional e atualização tecnológica são particularmente vitais para a sustentação de sua competitividade.

Visando promover a atualização tecnológica dos processos e intensificar a automação industrial, devem ser identificadas as necessidades de equipamentos nos diversos segmentos, definindo-se aqueles que podem ser produzidos internamente a preços competitivos e com boa qualidade. Para esses equipamentos, deve-se buscar uma maior padronização, em articulação com os fornecedores mais capacitados, dentro de um programa de normalização técnica. Para os demais, devem ser facilitadas as importações. Visando acelerar a capacitação dos fabricantes nacionais de equipamentos, deve ser estimulada a formação de joint ventures entre estes produtores e detentores externos de tecnologia, particularmente importantes para o aperfeiçoamento da base eletro-eletrônica dos equipamentos. O incremento da capacitação dos fornecedores na área de controle automatizado de processo pressupõe também a realização de um trabalho cooperativo com a indústria para o desenvolvimento de softwares específicos.

Para reduzir os índices de consumo energético nas diferentes unidades produtoras de alumínio primário, devem ser otimizadas as condições operacionais que interferem sobre o rendimento energético das instalações (sistema de alimentação de alumina; estabilidade do banho eletrolítico; dimensionamento de equipamentos; otimização da carga de corrente; etc.). Devem também ser ampliados os financiamentos a projetos de racionalização do consumo de energia, bem como estimulados os esforços orientados ao aumento dos índices de autogeração __ com

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diminuição de entraves burocráticos, liberação de linhas de crédito e montagem de arranjos com concessionárias de energia para realização de investimentos.

Além do aperfeiçoamento da capacitação produtiva, deve-se intensificar o esforço tecnológico especificamente orientado às atividades de pesquisa e desenvolvimento. Devem ser fortalecidos os departamentos de engenharia das empresas, dotando-os de infra-estrutura necessária e profissionais qualificados para melhorar o nível de capacitação, criando condições para que no futuro sejam criados centros de tecnologia melhor estruturados. Deve-se considerar também a concessão de benefícios fiscais à realização de dispêndios em P&D para enobrecimento de produtos e otimização de processos. Devem ser facilitadas as importações de tecnologias mais modernas e equipamentos mais sofisticados necessários à montagem de laboratórios de análise, atrelando-as a um investimento em pesquisa interno. Outros instrumentos a serem utilizados são a maior articulação do setor empresarial com universidades e institutos de pesquisa e o aperfeiçoamento do sistema de normalização no tocante à realização de análises físico-químicas.

Nas unidades de redução, a modernização produtiva implica uma reestruturação interna que envolve a reformulação dos organogramas, visando dotar as áreas operacionais (linhas de redução, fundição, fábrica de anodos) de maior autonomia para monitorar e aperfeiçar sua eficiência. Nas firmas com maior grau de verticalização "à frente", é fundamental a criação de áreas de negócio com autonomia para o enfrentamento da concorrência nos vários segmentos. Com relação ao parque transformador de alumínio, a melhoria da qualidade e do nível tecnológico dos produtos gerados requer uma aglutinação dos produtores, criando condições internas favoráveis ao enfrentamento de uma concorrência mais seletiva e à exploração de segmentos mais dinâmicos do mercado. É fundamental promover uma flexibilização organizacional das empresas, que lhes permita operar em segmentos mais exigentes do ponto de vista tecnológico e mercadológico. Como tendências gerais, destacam-se a diminuição de níveis associados à estrutura hierárquica, o enxugamento do quadro de pessoal e a inserção nos organogramas de atividades especificamente orientadas ao controle e garantia da qualidade e ao incremento da produtividade.

Um aspecto central para o reforço da competitividade internacional da indústria é a incorporação de práticas mais modernas de gerenciamento da qualidade. Deve ser acelerada a implementação de programas internos de gerenciamento da qualidade que permitam a paulatina adequação das práticas produtivas aos requerimentos dos modernos sistemas de certificação da qualidade (do tipo ISO 9000). É importante modificar as políticas de pessoal, estimulando-se a participação e agilizando-se os mecanismos de ascensão funcional, bem como reformular procedimentos operacionais e adotar sistemas mais modernos de gerenciamento da produção, que serviririam de base para implantação de programas de "Qualidade Total". Como forma de viabilizar estas transformações, destaca-se a contratação de consultorias externas, capazes de

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orientar a implementação de metodologias mais modernas de gerenciamento da qualidade. Este processo poderia ser estimulado pela criação de auditorias em ISO 9000, capazes de certificar empresas de consultoria para coordenar a implementação de tais sistemas. Além disso, se poderia utilizar o poder de compra de empresas estatais como estímulo à adoção de sistemas de gerenciamento da qualidade, que passaria a ser um pré-requisito para aquisição de produtos.

A modernização produtiva da indústria deve contemplar também a reducão dos impactos ambientais relacionados aos seus diversos estágios tecnológicos. Neste sentido, deve-se, em primeiro lugar, promover o reflorestamento das áreas de mineracão e dos depósitos de "lama vermelha" resultante da produção de alumina. No tocante às unidades de redução, é fundamental atualizar tecnologicamente os sistemas de tratamento de emissões, particularmente quanto a gases ricos em flúor, que tem um forte efeito de degradação ambiental. É também importante buscar-se o reaproveitamento dos resíduos de materiais dos fornos eletrolíticos, através da transferência desse material para reprocessamento em indústrias de cerâmicas. No segmento de transformados, destaca-se o reaproveitamento da sucata industrial gerada por unidades de fundicão, extrusão e laminacão. Em suma, é fundamental que o gerenciamento ambiental seja explicitamente incorporado como elemento importante das estratégias competitivas das empresas do setor.

3.3. Políticas Relacionadas a Fatores Sistêmicos

O equacionamento das condições de suprimento de energia elétrica é o principal requisito relacionado aos condicionantes sistêmicos que interferem na competitividade da indústria. Além da retomada dos programas de investimento do setor elétrico, reduzindo a restrição quantitativa em termos da disponibilidade de energia, é necessário:

. promover uma reestruturação do regime de tarifação, de modo a possibilitar o atrelamento das tarifas à evolução do preço internacional do metal, desde que sejam equacionados mecanismos compensatórios no intuito de não onerar adicionalmente o setor elétrico. Neste sentido, a adoção de uma sistemática de deferimento das faturas de energia dos produtores de alumínio primário, baseada em conta de débito e crédito a ser periodicamente re-pactuada, também pode ser considerada. Ao nível da política de preços, deve-se buscar o afrouxamento da penalização incidente sobre as tarifas no caso de ultrapassagem do valor previamente contratado e a adoção de tarifas mais baixas para energia não garantida, configurando um mercado "de risco".

. aprofundar a cooperação e os mecanismos de compartilhamento de risco entre empresas do setor e concessionárias de energia. A participação societária minoritária de concessionárias de energia em empresas do setor, tendo como base o valor da energia contratada poderia estimular a cooperação entre ambos. Essa maior cooperação poderia também envolver projetos de

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auto-geração, seja através da venda de unidades para o setor privado, seja através de assistência técnica que reduza o custo de geração em tais projetos.

Com relação à infra-estrutura de transportes, é necessário a modernização da estrutura portuária, que encarece excessivamente os custos de exportação. Neste sentido, é importante aprofundar a desregulamentação das atividades portuárias, contra metas de redução do custo de movimentação de carga. Deve-se também possibilitar às empresas do setor arrendarem instalações portuárias. Também é importante que sejam retomados os investimentos da Portobrás, viabilizando uma modernização da infra-estrutura física dos portos, e que se modernize a navegação por cabotagem, viabilizando o abastecimento do mercado interno por uma parcela da produção das unidades exportadoras localizadas na amazônia.

Visando estimular a melhoria da qualidade dos produtos transformados de alumínio, é interessante que se promova a adequação do Código de Defesa do Consumidor. Neste sentido, devem ser impostas penalizações elevadas para produtores que vendem artefatos de alumínio fora dos padrões de especificação. Em contrapartida, devem ser criados centros para aferição e certificação da qualidade dos artefatos de alumínio colocados junto ao mercado consumidor. É importante, também, que sejam estruturados programas educativos orientados aos transformadores independentes, que lhes permitam obter conhecimentos técnicos imprescindíveis à melhoria da qualidade dos produtos.

Com o mesmo objetivo, deve ser promovida a revisão paulatina das normas ABNT relativas às características dos produtos transformados da indústria __ extrudados, fundidos e laminados __, ao tratamento de superfície do alumínio e suas ligas, aos procedimentos de soldagem e às análises químicas e metalográficas realizadas pela indústria, adequando-as a um maior nível de exigência. É também fundamental a realização de programas institucionais de caráter educativo, visando adequar o nível tecnológico dos produtores aos requerimentos definidos pelo sistema de normalização.

Com relação à política tarifária, os ajustes na estrutura de tarifas de importação devem resultar de negociações mais aprofundadas entre os produtores de alumínio primário e semi-manufaturados, os transformadores independentes do metal e os setores consumidores. Com este intuito, poderiam ser montados grupos setorializados com representantes dos diversos estágios tecnológicos referentes à produção e consumo de cada tipo de produto (laminado, extrudado, etc). Visando acelerar o processo de integração regional decorrente da criação do Mercosul, poderiam ser criados programas institucionais que facilitassem a exploração do mercado intra-regional por transformadores independentes (eventualmente aglutinados em empreendimentos com maior capacitação). Também é importante compatibilizar a estrutura tarifária com o processo

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de integração intra-regional resultante da criação do Mercosul, através da criação de uma Tarifa Externa Comum.

Com relação à política fiscal, três instrumentos particularmente importantes devem comandar o ajustamento da carga tributária: a redução da carga (ICMS e IPI) incidente sobre insumos e matérias primas adquiridos por empresas exportadoras; a eliminação da cobrança de impostos seletivos sobre a energia elétrica, presente na proposta original de Reforma Fiscal; e a diminuição da carga tributária incidente sobre a remessa de lucros e dividendos para o exterior, estimulando a internalização de recursos por parte das empresas multinacionais.

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3.4. Proposições de Política para Indústria de Alumínio - Quadro Sinótico

AGENTE/ATOR OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA

EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD

1. Reestruturação Setorial

Objetivo: Incrementar a verticalização à frente

de produtores de alumínio primário

Ações: - promover participações societárias

minoritárias em transformadores X

- adequar "mix" de produtos X

- diversificar e enobrecer produtos

das estatais X

- aportar recursos de fomento X

Objetivo: Redução da vulnerabilidade em relação

ao suprimento de alumina

Ações: - participação de outros sócios com a

CVRD na Alunorte X

- facilitar importação de equipamentos

para a Alunorte X

- abrir linhas de financiamento X

- reabrir linhas de crédito no exterior X X X

Objetivo: Diminuir a vulnerabilidade às

oscila-ções de preços internacionais

Ações: - realizar contratos de longo prazo

com cláusulas de proteção X

- realizar operações triangulares com

as "tradings" X

- realizar operações de hedge no

mercado futuro X

Objetivo: Elevação do porte empresarial e da

escala de produção

Ações: - utilizar empresas nacionais mais

capacitadas como foco de aglutinação X

- promover participações societárias

cruzadas X

- aportar recursos de fomento X - conceder incentivos seletivos à

aglutinação empresarial X

- montar e fortalecer grupos setoriais

por segmento de transformados X

Objetivo: Exportação para nichos dinâmicos do

mercado de transformados

Ações: - identificar segmentos de

mados com melhores perspectivas de

exportação X

- apoio logístico e operacional às

exportações X X

- eliminar entraves burocráticos às

exportações X

- conceder linhas de crédito seletivas

aos exportadores X

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AGENTE/ATOR OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA

EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD

Objetivo: Reestruturação empresarial do segmento

produtor de alumínio secundário

Ações: - dar continuidade e aprofundar

gramas de reciclagem X X

- aglutinar refusores independentes X X - diversificar produtores primários

e transformadores mais capacitados

para atividades de refusão X

Objetivo: Cooperacão entre produtores de alumínio

e empresas consumidoras dinâmicas

Ações: - definir programas setorializados de

elevação do consumo X

- promover inter-penetração patrimonial entre empresas consumidoras e

formadores de alumínio X

- articular com empresas consumidoras

de outros países (Mercosul) X X

Objetivo: Garantia de suprimento dos principais

insumos

Ações: - eliminar entraves à realização de

importações X

- definir programas envolvendo

cedores X X

2. Modernização Produtiva

Objetivo: Aumento do grau de automação industrial

e de atualização tecnológica

Ações: - definir e padronizar equipamentos

passíveis de produção local X X

- facilitar importações de equipamentos

mais sofisticados X

- formar joint-ventures entre tores nacionais de equipamentos e

detentores externos de tecnologia X X - desenvolver softwares para

ciamento do processo X

Objetivo: Redução do consumo energético na

redução

Ações: - otimização das condições operacionais X X

- implementar programas de aumento da

eficiência energética X X

- ampliar financiamentos a projetos de

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AGENTE/ATOR OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA

EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD

Objetivo: Intensificação das atividades de

pesquisa e desenvolvimento

Ações: - fortalecer departamentos de

nharia das empresas X X

- conceder benefícios fiscais X X

- facilitar importações de tecnologias

modernas X

- articular com universidades e

tutos de pesquisa X X X

Objetivo: Redução dos impactos ambientais

Ações: - aproveitar resíduos de fornos

eletrolíticos X

- modernizar sistemas de tratamento

de emissões X X

- reflorestar áreas de mineracão e

dos depósitos de lama vermelha X

- reaproveitar a sucata industrial X

- difundir informacões relativas a

gerenciamento ambiental X X X

Objetivo: Melhoria da qualidade e do nível

tec-nológico dos produtos transformados

Ações: - diferenciar atual estrutura tarifária X

- atualizar sistema de normalização X

- definir programas setorializados X

- definir programas de certificação

dos produtos X X

- utilizar poder de compra de empresas

estatais X

- vincular financiamentos à zação e agregação de valor X

Objetivo: Reestruturação organizacional dos

produtores

Ações: - flexibilizar a estrutura

cional das empresas X

- reformular organogramas e

mentos nas unidades de redução X

- criar áreas de negócios nas firmas

verticalizadas X

- diminuir níveis hierárquicos e

racionalizar pessoal X X

- vincular financiamentos X

Objetivo: Modernização das práticas da qualidade

Ações: - adequar aos sistemas de certificação

da qualidade (ISO 9000) X X

- estimular a participação e agilizar

a ascensão funcional X X

- adotar sistemas modernos de

ciamento X X

- criar cursos de auditoria em normas

ISO 9000 X X

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AGENTE/ATOR OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA

EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD

3. Fatores Sistêmicos

Objetivo: Reestruturação do sistema de tarifas

de energia

Ações: - atrelar tarifas à evolução do preço

internacional do metal X X

- adoção de sistemáticas de

mento de tarifas X X X

- afrouxar a penalização no caso de

ultrapassagem do valor contratado X - adotar tarifas mais baixas para

energia não garantida X

Objetivo: Aumento da cooperação entre produtores

de alumínio e concessionárias de energia

Ações: - promover participação societária

ritária com base na energia contratada X X - promover cooperação em projetos de

auto-geração X X

Objetivo: Aumento da disponibilidade de energia

Ação: - retomar programas de investimento do

setor elétrico X

Objetivo: Melhoria da infra-estrutura portuária

Ações: - desregulamentar atividades portuárias X

- liberar arrendamento de portos X X

- retomar investimentos da Portobrás X X

- modernizar infra-estrutura para

cabotagem X X

Objetivo: Adequação do Código de Defesa do

Consumidor

Ações: - impor penalizações elevadas para

vendas fora de especificação X X

- criar centros para aferição e

ficação dos artefatos de alumínio X X X

- desenvolver programas educativos

para transformadores independentes X

Objetivo: Revisão do sistema de normalização

Ações: - rever normas dos produtos

mados da indústria X X

- aperfeiçoar normas de tratamento,

soldagem e análises X X

- implementar programas institucionais

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AGENTE/ATOR OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA

EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD

Objetivo: Adequação da estrutura de tarifas de

importação de transformados

Ação: - ajustar estrutura de tarifas de

forma negociada X X

Objetivo: Aceleração da integração no Mercosul

Ações: - estimular a exploração do mercado

intra-regional X X

- compatibilizar estrutura tarifária X X

Objetivo: Ajustamento da carga tributária

Ações: - reduzir ICMS e IPI sobre insumos

adquiridos por exportadores X X

- eliminar impostos seletivos sobre

a energia elétrica X

- diminuir tributos sobre remessa de

lucros para o exterior X

Legendas: EXEC - Executivo LEG - Legislativo

EMP - Empresas e Entidades Empresariais TRAB - Trabalhadores e Sindicatos

ASSOC - Associações Civis ACAD - Academia

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4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE

Quatro grupos de indicadores podem ser utilizados para avaliar a competitividade das linhas de redução dos produtores de alumínio primário, relacionados aos seguintes aspectos:

. características físicas das unidades produtivas (escala das linhas de redução, tipo de tecnologia utilizada e arranjo de fornos, etc.);

. parâmetros técnicos de consumo de matérias primas;

. condições operacionais dos processos (temperatura dos fornos, eficiência de corrente, etc.); . envolvimento da mão-de-obra com o processo produtivo.

Na avaliação da competitividade da produção de alumínio primário, é particularmente importante considerar as interações que se estabelecem entre os parâmetros técnicos de consumo de insumos e os preços dos mesmos. Neste sentido, os parâmetros referentes à energia elétrica se mostram fundamentais, delimitando, em boa medida, o nível de eficiência dos diversos produtores. Quanto à qualidade dos produtos gerados, os indicadores de competitividade devem considerar os seguintes aspectos:

. nível de pureza do alumínio;

. quantidade de material particulado presente no alumínio líquido na saída dos fornos; . peso e homogeneidade dos lingotes na etapa de fundição;

. rigidez das normas referentes à realização de ensaios laboratoriais; . metodologias de controle da qualidade utilizadas ao longo do processo.

Considerando a noção de competitividade em uma perspectiva dinâmica, é importante incorporar indicadores que expressem o esforço de capacitação dos agentes ao longo do tempo. Neste sentido, indicadores relativos aos seguintes aspectos devem ser considerados:

. evolução recente do quadro de pessoal "vis-à-vis" a evolução do nível de produção; . gastos realizados com atividades estritamente tecnológicas e com a aquisição e/ou transferência de tecnologias do exterior;

. reformulações ocorridas ao nível da estrutura organizacional dos agentes, verificando-se os impactos em termos de maior eficiência e flexibilidade operativa;

. investimentos realizados em termos da ampliação da capacidade de auto-geração de energia e da intensificação da automação industrial;

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. evolução do "mix" de produtos gerados, considerando a obtenção de produtos de maior valor agregado;

. evolução das exportações realizadas em termos de valor, destino, e tipo de produto comercializado;

. valor das vendas de alumínio primário realizadas intra-firma, correlacionando-as à intensidade da verticalização para produtos de maior valor agregado.

Os indicadores da competitividade na indústria do alumínio modificam-se qualitativamente na medida em que se evolui para a produção de semi-manufaturados e produtos transformados. No caso específico das atividades de laminação, três tipos de indicadores devem ser considerados:

. indicadores relativos ao arranjo físico e à sofisticação tecnológica das instalações (número de rolos por gaiola, largura dos laminadores, número de recozimentos, etc..);

. indicadores relativos à produtividade dos processos (quilos de lâminas geradas por homem/hora de trabalho, velocidade do processo medida em metros de produtos laminados por minuto, etc.);

. indicadores relativos à qualidade dos produtos gerados (margem de tolerância na espessura das chapas, limites de ruptura, contagem das inclusões presentes nas chapas, etc.).

No que se refere às atividades de extrusão, a elevada heterogeneidade tecnológica dificulta a identificação de indicadores de competitividade que sejam válidos para o conjunto deste segmento; apesar disto, é possível identificar alguns indicadores de eficiência produtiva, como a capacidade das prensas de extrusão e o número de empregados necessários à operação de cada uma delas. Finalmente, nas atividades de fundição de peças em alumínio, a competitividade está menos associada à produtividade dos processos e mais relacionada à qualidade da peça fundida gerada, destacando-se os seguintes indicadores: nível tecnológico dos moldes, velocidade de solidificação da peça, grau de hidrogênio dissolvido em metal líquido, disponibilidade de sistemas CAD para execução do projetamento de peças, utilização de equipamentos de raio-X para o controle da qualidade da peça.

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APRESENTAÇÃO

O relatório está dividido em quatro partes. A primeira parte discute as principais tendências em termos da dinâmica tecnológica e do padrão de concorrência existentes na indústria ao nível internacional, identificando as estratégias empresariais mais comuns na indústria e os principais fatores de competitividade.

A segunda parte discute a situação atual da competitividade da indústria produtora de alumínio primário no Brasil, considerando o recorte analítico utilizado no projeto - fatores estruturais, empresariais e sistêmicos.

Uma primeira seção apresenta a evolução recente do mercado de alumínio no Brasil, analisando o comportamento da indústria em seus diversos estágios tecnológicos no tocante a parâmetros como níveis de produção, consumo, exportações, grau de concentração, etc. As três seções seguintes discutem a capacitação da indústria nos estágios tecnológicos relativos, respectivamente, à produção de alumínio primário, à produção de transformados e às atividades de reciclagem. Quanto à produção de alumínio primário são discutidos oito condicionantes da competitividade: o porte e desempenho dos produtores; a atualização tecnológica dos processos; a eficiência energética das unidades de redução; o nível tecnológico dos produtos gerados; a intensidade da modernização e sua articulação com o número e a qualificação dos postos de trabalho; as práticas de gerenciamento ambiental; o gerenciamento de produção e da qualidade; o comportamento dos custos de produção. Quanto à indústria de transformados, é discutida genericamente a capacitação dos produtores nos seus diversos segmentos __ extrusão, laminação, fundição e produção de cabos e fios. Quanto às atividades de reciclagem, são identificados os fatores que explicam o grande impulso que as mesmas vêm apresentando no período mais recente, procurando-se correlacioná-los à paulatina capacitação dos produtores de alumínio secundário.

A seção seguinte discute os principais fatores sistêmicos condicionantes da competitividade, procurando ressaltar a especificidade destes fatores no tocante aos diversos estágios tecnológicos da indústria. A última seção deste bloco, identifica os principais obstáculos e oportunidades à competitividade da indústria nos seus diferentes estágios, definindo algumas orientações gerais a serem incorporadas às estratégias dos agentes.

A terceira parte do relatório identifica propostas de política a serem operacionalizadas no intuito de reforçar a competitividade da indústria de alumínio no Brasil. Estas propostas são sistematizadas em termos de políticas de reestruturação setorial, políticas de modernização produtiva e políticas relacionadas a fatores sistêmicos. Para cada proposição de políticas são

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identificadas as ações a serem implementadas e os diferentes agentes a serem mobilizados no processo.

O quarta parte procura identificar os principais indicadores a serem considerados na avaliação da competitividade dos agentes atuantes nos diferentes estágios tecnológicos da indústria de alumínio.

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1. ANÁLISE DE TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS

1.1. Características Estruturais

Até meados da década de 70 a indústria de alumínio caracterizava-se como um oligopólio concentrado estável, marcado por barreiras à entrada expressivas e por uma liderança-preço exercida de forma efetiva por um pequeno grupo de grandes produtores - os "seis grandes": Alcoa, Kaiser, Reynolds, Alcan, Pechiney e Alusuisse -, aos quais se agregavam uma "franja" de empresas marginais. Após-1974 inicia-se um período de instabilidade que aponta para uma crescente maturidade da indústria. Os choques resultantes da elevação dos preços do petróleo implicaram grande crescimento dos custos energéticos da produção, deprimindo as margens de lucro de diversas plantas nos EUA, Europa e Japão, muitas das quais foram fechadas.

A elevação generalizada dos custos de produção se refletiu na busca de um reposicionamento das empresas, favorecendo a reorientação da produção para países com forte disponibilidade de energia. Como consequência, observou-se uma expansão mais acelerada de pequenos produtores, com a entrada de firmas localizadas em países com dotação favorável de recursos naturais e energéticos, em detrimento da participação das firmas líderes no mercado. Quatro novos tipos de atores destacam-se nesse processo: (i) companhias estatais do terceiro mundo (CVRD, Venalum); (ii) fabricantes independentes que penetraram em diferentes estágios das cadeia produtiva da indústria; (iii) conglomerados, localizados originariamente em outros setores, interessados em oportunidades de diversificação (Shell/Billinton); (iv) novos produtores em países ricos em recursos energéticos (Hydro Aliminium; Comalco).

Como consequência, a distribuição espacial da produção de alumínio primário experimentou sensíveis modificações ao longo da última década, favorecendo novos produtores e penalizando produtores localizados nos EUA, Europa e Japão (ver Tabela 1). A produção mundial de alumínio primário atingiu, aproximadamente, 18 milhões de toneladas em 1990, destacando-se como maiores produtores EUA, Ex-União Soviética, Canadá, Austrália e Brasil, em ordem decrecente de importância. Em contrapartida, como maiores consumidores aparecem os EUA, Japão, Alemanha e França. O consumo per capita de alumínio dos principais países industrializados é superior a 20 kg/habitante/ano. A entrada de novos produtores provovou a volatilização dos preços do alumínio primário, que passaram a ser definidos não mais em função dos custos marginais de produção das firmas líderes e sim de acordo com flutuações sazonais no mercado "spot" do metal. Este mercado, baseado nas cotações da bolsa de metais de Londres -London Metal Exchange(LME) - , passou a definir um preço de referência para as operações de compra e venda do alumínio primário.

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TABELA 1

CONSUMO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO - PRINCIPAIS PAÍSES

(em 1000 t) País 1980 1982 1984 1986 1987 1988 1989 1990 Brasil 307 303 312 435 415 359 420 341 Canadá 312 297 336 313 423 437 459 459 Estados Unidos 4,454 3,581 4,457 4,316 4,539 4,598 4,326 4.230 Japão 1,639 1,654 1,572 1,624 1,697 2,123 2,204 2,414 Austrália 250 219 265 287 319 328 324 288 Alemanha Ocidental 1,052 1.000 1,152 1,187 1,186 1,233 1.290 1,294 França 601 578 579 593 616 661 685 723 Itália 458 420 448 510 548 581 607 693 Reino Unido 409 326 370 389 384 427 455 441 Espanha 263 223 191 244 255 268 273 287 Holanda 106 91 100 123 113 127 125 108 Suécia 76 96 87 95 86 90 91 79

PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO - PRINCIPAIS PAÍSES

(em 1000 t) País 1980 1982 1984 1986 1987 1988 1989 1990 Brasil 261 299 455 757 843 874 888 931 Cadaná 1,068 1,065 1,222 1,355 1.540 1,535 1,555 1,567 Austrália 303 381 758 882 1,004 1.150 1,244 1,233 Noruega 653 638 765 726 806 864 859 871 Venezuela 328 274 386 424 440 455 500 595 U.S.A. 4,654 3,274 4,099 3,037 3,343 3,944 4.030 4,048 Japão 1,091 351 287 140 41 35 35 34 Alemanha Ocidental 731 723 777 765 738 744 742 720 China 360 380 400 410 615 800 825 826 Rússia 1.760 1.900 2.100 2.300 2.400 2.400 2.400 2.400 Total Mundial 15,382 13,433 15,705 15,413 16,385 17,608 17,933 18,134

Fonte: ABAL, Boletim Estatístico, 1992

Ao longo da década de 80, a perda da coordenação oligopolística da indústria manifestou-se em duas tendências expressas no Gráfico 1 (em anexo): a ocorrência de intensas flutuações no preço do alumínio primário ao longo do período (considerando o preço LME) e o grande crescimento dos estoques disponíveis para venda a partir de 1990. Esta última tendência decorreu, em boa medida, do aumento das exportações da Rússia e outras repúblicas da antiga União Soviética (da ordem de aproximadamente 960 mil toneladas/ano), que desestabilizaram completamente as condições do mercado internacional. Como consequência, os preços internacionais se encontram atualmente bastante deprimidos, na faixa de 1200 US$/tonelada após terem atingido um patamar mínimo de 1140 US$/tonelada. Face ao atual contexto recessivo, não é esperada qualquer elevação mais significativa dos preços para os próximos três anos. A oferta mundial não deverá se elevar além de 4,0% ao ano, pois a viabilização de novos projetos deverá ser compensada pelo fechamento de plantas menos rentáveis nos EUA e, principalmente, na Europa. Estima-se que uma paulatina estabilização do mercado poderia elevar o valor do metal primário para a faixa de 1500 US$/tonelada.

Referências

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