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Produção de alumínio primário

2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ALUMÍNIO

2.6. Obstáculos e Oportunidades à Competitividade

2.6.1. Produção de alumínio primário

A seguir, são identificadas, para as empresas presentes na produção de alumínio primário, as principais vantagens competitivas de cada agente, os principais obstáculos à sua

competitividade e determinadas orientações a serem incorporadas ao escopo de suas estratégias competitivas.

(i) COMPANHIA BRASILEIRA DE ALUMÍNIO (CBA)

Fontes de Vantagens Competitivas: capacidade expressiva de auto-geração; disponibilidade de alumina em condições favoráveis; presença consolidada no segmento de transformados; disponibilidade de recursos próprios para financiar programas de inversão e/ou auto-geração.

Obstáculos à Competitividade: excessiva centralização da estrutra organizacional; relativa dependência em relação ao mercado interno (desaquecido face ao contexto recessivo); operação com unidades antigas (Soderberg).

Orientações Gerais de Estratégias Competitivas: 1) aumentar a participação da autogeração no total do consumo energético; 2) reestruturação empresarial no sentido da consolidação de "áreas estratégicas de negócios" com maior autonomia; 3) incorporação de melhorias tecnológicas e automação das unidades de redução; 4) estabelecimento de cronograma visando a paulatina certficação dos produtos vendidos.

(ii) ALCOA

Fontes de Vantagens Competitivas: modernização tecnológica e eficiência energética dos módulos de redução da Alumar; disponibilidade de alumina em condições favoráveis (através do consórcio da Alumar); obtenção de energia a preços especiais no módulo da Alumar; eficiência do processo de gerenciamento ambiental; presença nos segmentos de semi-manufaturados e transformados; flexibilidade organizacional baseada na criação de áreas estratégicas de negócios com autonomia; presença consolidada no mercado externo (venda de 180.000 toneladas em 1991); disponibilidade de porto próprio para viabilizar exportações.

Obstáculos à Competitividade: incerteza quanto ao futuro dos preços energéticos, face às pressões da Eletronorte para revisão dos contratos; menor eficiência operacional das instalações de Poços de Caldas, que ainda operam com tecnologis Soderberg, pagando uma tarifa mais elevada (A2); inflexibilidade do mix de produtos da Alumar, onde a linha de fundição só contempla a geração de lingotes.

Orientações Gerais de Estratégias Competitivas: 1) busca de maior cooperação com as concessionárias de energia; 2) avaliar a factibilidade da manutenção de instalações mais antigas (Soderberg); 3) elevar o nível tecnológico dos produtos gerados, intensificando as práticas de certificação; 4) implementação de uma política comercial agressiva para colocação dos produtos

no mercado internacional, como proteção contra a volatilidade dos preços do metal primário; 5) avaliar a possibilidade de produzir outros semi-manufaturados a partir das instalações da Alumar.

(iii) BILLINTON

Fontes de Vantagens Competitivas: proximidade do mercado consumidor da região centro-sul e posição consolidada como fornecedor de alumínio primário a transformadores independentes utilizando os takes de produção da Valesul; disponibilidade de porto próprio para realizar exportações (no módulo da Alumar); disponibilidade de alumina em condições favoráveis (via o consórcio da Alumar); disponibilidade de energia a preços especiais (Alumar); flexibilidade operacional para ajustar o mix de produção (lingotes, tarugos, placas e barras) em função da demanda do mercado interno (utilizando os takes da Valesul); presença consolidada no mercado externo (venda de 183 mil toneladas em 1992).

Obstáculos à Competitividade: elevado custo operacional do alumínio gerado pela Valesul, devido principalmente aos custos energéticos (tarifa A2); ausência de presença nos segmentos de produtos transformados de maior valor agregado; inflexibilidade do módulo da Alumar com relação à produção de outros produtos que não lingotes.

Orientações Gerais de Estratégias Competitivas: 1) incorporação de melhorias tecnológicas que permitam aprimorar os parâmetros técnicos das instalações da Valesul; 2) incremento do processo de auto-geração na Valesul; 3) sofisticação do mix de produtos gerados visando compensar a menor eficiência operacional da produção de alumínio primário no módulo da Valesul; 4) presença mais efetiva no segmento de transformados através de associações com transformadores independentes em segmentos mais diâmicos do mercado.

(iv) ALCAN

Fontes de Vantagens Competitivas: proximidade do mercado consumidor; presença consolidada nos segmentos de semi-manufaturados e transformados; flexibilidade organizacional baseada na criação de áreas estratégicas de negócios nos diversos segmentos de atuação; vantagem comparativa consolidada no segmento de produtos laminados, a partir da instalação do laminador a quente na unidade de Pindamonhagaba.

Obstáculos à Competitividade: menor eficiência produtiva em termos de índices técnicos, escala de produção e impactos ambientais das instalações Soderberg de Saramenha e Aratu; deficit no abastecimento de alumina, a ser eliminado com a aquisição de participação acionária na refinaria da Alumar; excessiva dependência em relação ao mercado interno, aumentando a vulnerabilidade da empresa em relação ao atual contexto recessivo.

Orientações Gerais de Estratégias Competitivas: 1) suspender a produção, e no limite desativar, os módulos de redução que não apresentam condições de serem modernizados; 2) reforçar investimentos em auto-geração e em práticas de gerenciamento ambiental; 3) aprofundar a capacitação em segmentos onde a empresa apresenta vantagens competitivas, como o de laminação; 4) elevar o nível tecnológico dos produtos transformados gerados, avançando no sentido da sua "certificação"; 5) aprofundar a cooperação com os consumidores de segmentos mais dinâmicos do mercado; 6) reduzir a dependência em relação ao mercado interno através do aumento das exportações para mercados regionais com perspectivas de expansão, particularmente o Mercosul.

(v) CVRD - ALUVALE (ALBRÁS)

Fontes de Vantagens Competitivas: escala econômica da produção, de acordo com os padrões internacionais; nível de eficiência operacional satisfatório e avanço da difusão de sistemas mais modernos de gerenciamento da produção e qualidade; disponibilidade de energia elétrica a preços especiais; clientela estável (formada pelos próprios sócios japoneses) que facilita a comercialização do produto no mercado internacional; massa crítica consolidada no sentido da absorção de tecnologias adquiridas no exterior.

Obstáculos à Competitividade: "gap" referente ao abastecimento de alumina; problemas logísticos no abastecimento de insumos, devido à grande distância que dificulta as compras junto a fornecedores nacionais; incerteza quanto aos termos futuros de contrato de fornecimento de energia junto à Eletronorte; problemas logísticos quanto a um eventual deslocamento da produção para o atendimento do consumo doméstico na região cento-sul; inflexibilidade do parque de fundição com relação à geração de outros produtos que não lingotes; elevados custos portuários devido à inexistência de porto próprio (utilização das instalações da Portobrás em Barcarena); vulnerabilidade em relação às flutuações dos preços do metal no mercado internacional; dependência quanto ao fornecimento de insumos e à comercialização de produtos em relação à "tradings" que operam no mercado internacional; elevado grau de endividamento.

Orientações Gerais de Estratégias Competitivas: 1) maior cooperação com as concessionárias de energia, visando o estabelecimento de contratos que compatibilizem interesses; 2) elevar a flexibilidade do mix de produtos, produzindo outros itens além de lingotes; 3) realização de operações comerciais no mercado internacional protegidas pelo mecanismo de "hedge", contornando a volatilidade dos preços internacionais; 4) realização de operações triangulares com "tradings" internacionais, que reforçem o poder de barganha da empresa; 5) arrendamento de instalações portuárias para agilizar a logística de recebimento de insumos e comercialização de produtos; 6) retomada dos investimentos no projeto Alunorte, visando eliminar o "gap" referente ao abastecimento de alumina; 7) negociações com os credores visando

alongar o perfil do serviço financeiro da dívida da empresa e obter novos recursos para alavancar investimentos.

(vi) CVRD - ALUVALE (VALESUL)

Fontes de Vantagens Competitivas: proximidade do mercado consumidor da região centro-sul; abastecimento de alumina garantido pelo sistema de tooling devido à participação do outro sócio (Billinton) na Alumar; flexibilidade operacional para ajustar o mix de produção (lingotes, tarugos, placas e barras) em função da demanda do mercado; massa crítica consolidada na absorção de tecnologias do exterior; obtenção de certificação relativa às normas ISO 9002 no exterior.

Obstáculos à Competitividade: elevado custo operacional do alumínio gerado devido prinipalmente aos custos energéticos (tarifa A2); ausência dos segmentos de produtos transformados de maior valor agregado; vulnerabilidade em relação às flutuações dos preços do metal no mercado internacional; elevados custos portuários devido à inexistência de porto próprio; alto grau de endividamento.

Orientações Gerais de Estratégias Competitivas: 1) melhoria dos parâmetros técnicos das instalações; 2) redução da vulnerabilidade em relação aos custos energéticos, através do incremento da auto-geração; 3) maior sofisticação tecnológica do mix de produtos, reforçando paulatinamente os processos de customização e certificação; 4) realização de operações comerciais no mercado internacional protegidas pelo mecanismo de "hedge" para contornar a volatilidade dos preços internacionais do alumínio; 5) renegociação da dívida com credores; 6) verticalização na direção de produtos transformados de maior valor agregado, através de participações minoritárias em transformadores independentes.