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Como esperado, as condições meteorológicas tiveram uma grande influência na variação da concentração em massa do aerossol amostrado. Os ventos fracos e a condição pré-frontal na região durante os dias analisados em agosto dificultaram a dispersão dos poluentes, fazendo com que a concentração do material particulado fosse maior neste período do que no período analisado no mês de setembro e outubro.

A concentração de material particulado fino foi maior que a encontrada no material particulado grosso. Esse comportamento, provavelmente, esteve associado às emissões veiculares mais intensas e a formação de partículas secundárias, como também a localização dos equipamentos acima do solo (~20m).

Uma contribuição relevante foi a determinação das modas presentes no aerossol urbano da Região Metropolitana de São Paulo obtidas a partir da Distribuição de Tamanho do aerossol, determinadas pelo nano-MOUDI e pelo SMPS. Em comparação com dados de literatura pode-se associar a Moda 1 com a moda dos núcleos de Aitken, a Moda 3 com a moda de acumulação e a Moda 5 com a moda de sedimentação. Ressaltando-se a importância da utilização do nano-MOUDI na identificação da Moda 1. Um importante traçador da contribuição veicular, em especial de veículos à diesel, em áreas urbanas é o Black Carbon. Este foi estimado a partir da medida de refletância nos filtros amostrados e com o aetalômetro. Com as amostras do MOUDI foi possível identificar a faixa de tamanhos em que se encontra a maior parte do Black

Carbon (entre 0,1 e 0,32µm), comprovando a eficiência no processo de coagulação

dessas partículas. Esse resultado é muito importante na compreensão da relação dessas partículas com a radiação na atmosfera em áreas urbanas impactadas pela emissão veicular com significativa contribuição de motores à diesel.

As composições químicas dos aerossóis coletados pelo MOUDI e Mini Vol apresentaram poucas diferenças no período de amostragem. Porém, nota-se no Mini- Vol a presença de alguns elementos que se diferem quanto à concentração do MOUDI, como o Ca, Fe e S.

A aplicação da Análise de Fatores com rotação Varimax permitiu a identificação das principais fontes do aerossol pertencente à moda fina na região em estudo

(IAG/USP), as quais foram: emissões veiculares, explicando a maior parte da variância dos dados (38%), a fonte seguinte que mais explicou a variância dos dados foi associada à fonte solo (30%), e um menor peso sendo atribuída a fonte industrial (15%). Esses resultados são consistentes com os obtidos em outros trabalhos para a Região Metropolitana de São Paulo. Mesmo com a separação dos fatores calculados em fontes é sabido que alguns desses podem conter uma mistura de fontes, ou seja, parte da variância dos dados em um fator pode ser atribuída a mais de uma fonte.

Analisando os resultados para a cromatografia de íons é observado que o sulfato, amônio e nitrato apresentam-se com concentrações mais elevadas durante o dia, e os íons sódio e potássio têm concentrações um pouco maiores à noite. Os íons sulfato e amônio apresentam distribuições de tamanho com comportamento similar, resultando em alta correlação entre eles. Este resultado concorda com a modelagem do equilíbrio termodinâmico, e o que se conclui, como em trabalhos anteriores, é que a maior parte do sulfato é completamente neutralizado pelo amônio, formando o sulfato de amônio (NH4)2SO4.

Da análise dos resultados do balanço de massa entre os elementos inorgânicos, os íons e o BC, pode-se concluir que o material do solo explica 15,8% da concentração média de MPF (soma de todos os estágios analisados no MOUDI) encontrada para o período diurno e 18,1% para o noturno, seguido pelos íons com 10% de massa explicada nos dois períodos e o BC explicando 9,1 e 10% da massa de MPF para os períodos diurno e noturno respectivamente. Acredita-se que a maior parte da massa não explicada deva ser composta de carbono orgânico e água, materiais estes que não foram analisados neste trabalho. A água foi estimada a partir do modelo de equilíbrio.

A modelagem do equilíbrio termodinâmico com o modelo ISORROPIA constitui- se em uma importante ferramenta no entendimento da composição e fases prováveis do material particulado. Os aerossóis de sulfato de amônio e sulfato de sódio foram identificados como a composição mais provável para os aerossóis na fase sólida. Os resultados da simulação também mostraram que o período de agosto que é caracterizado pela baixa umidade apresentou as partículas principalmente na fase sólida. O período simulado em outubro apresenta valores de umidade mais elevados e partículas predominantemente na fase líquida. É interessante observar que o modelo

representa bem o comportamento da água presente nas partículas, sendo mostrado que em alguns dias poderia haver mais de 45% da massa total do aerossol simulado composta de água.

Através dos dados coletados pelo SMPS, foi possível caracterizar a distribuição do número de partículas em função do diâmetro equivalente de mobilidade elétrica das mesmas, numa variação horária. Observou-se um ciclo diurno bem representado, com a presença de um pico de concentração em número no horário de 21 às 23h, para o dia 30 de agosto de 2005.

A variação do número de partículas em função do diâmetro equivalente de mobilidade elétrica durante todo o período analisado apresentou grandes variações em função das diferentes condições atmosféricas na região. A umidade relativa teve um importante papel na distribuição de tamanho das partículas, tanto em função da massa como também do número. Pode-se perceber uma evolução da distribuição em número, com o conseqüente deslocamento do diâmetro mediano de massa para valores maiores, indicando um envelhecimento do aerossol. O aumento na concentração em número e diâmetros das partículas deve ser resultado dos processos de formação por nucleação, condensação e aglutinação, do aerossol inorgânico secundário, juntamente com a condição desfavorável para a dispersão de poluentes.

Os resultados do estudo do transporte de material particulado mostram que é possível monitorar a chegada de plumas de queimadas na RMSP e medir MP em superfície, provavelmente, trazidas por movimentos verticais na atmosfera. Para uma conclusão mais completa, outros estudos de casos devem ser feitos e comparados.

Este trabalho foi de grande importância para um melhor entendimento na caracterização do aerossol atmosférico de São Paulo, para o período de inverno e início da primavera, principalmente para aquela moda correspondente às partículas finas.