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5. CONCLUSÕES

5.1 Conclusões Gerais

As definições de Responsabilidade Social na generalidade diferenciam-se por interpretações mais amplas ou mais restritas de um conceito que tem evoluído através dos tempos. No entanto as definições mais destacadas são a de Carrol (1979) onde “A responsabilidade social das empresas abrange as expectativas económicas, legais, éticas e discricionárias (voluntárias) que a sociedade tem em relação às organizações num determinado período de tempo” e da Comissão Europeia (2001) apresentada no seu Livro Verde onde define a Responsabilidade Social “como a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interacção com outras partes interessadas” e que a existência de uma política de Responsabilidade Social envolve indispensavelmente o abarcamento de três pilares: o económico (lucro), o social (pessoas) e o ambiental (planeta).

Nesta etapa é apropriado relembrar os principais objetivos que foram propostos para a presente dissertação. Esta iniciou-se com a questão de partida:

“Qual o nível de desenvolvimento das práticas de responsabilidade social nas organizações pertencentes ao domínio das atividades culturais nucleares, no que diz respeito à sua dimensão interna e externa e nas vertentes ambientais, económicas e sociais?”

A questão de partida por sua vez conduziu à construção do objetivo geral de identificar e

analisar o nível de desenvolvimento das práticas de responsabilidade social nas organizações pertencentes ao domínio atividades culturais nucleares, relativamente à sua dimensão interna e externa e nas vertentes económicas, sociais e ambientais.

Para atender e desenvolver o objetivo acima referido foi essencial estabelecer três objetivos específicos: 1º Perceber se as organizações do subsector das artes performativas

estão sensibilizadas para o conceito de responsabilidade social (RS); 2º Identificar quais as

práticas de RS na sua dimensão interna e externa; 3º Perceber quais as práticas de RS que estão

Depois realizou-se um estudo em quatro teatros através de uma abordagem mista (estratégia exploratória sequencial), ou seja, procedeu-se uma primeira etapa de recolha e analise de dados qualitativos, depois uma segunda etapa de recolha e análise de dados quantitativos em que estes foram desenvolvidos sobre os resultados da primeira etapa qualitativa.

Agora, no que diz respeito às principais conclusões da presente investigação é essencial antes demais considerar se os objetivos foram ou não alcançados. Após a discussão de resultados é concebível considerar que sim, e responder a questão de partida, que ao comparar os resultados da perceção dos respondentes com os resultados das entrevistas pode-se afirmar que estas organizações pertencentes ao subsector das artes performativas estão sensibilizadas para o conceito de responsabilidade social, vão ao encontro daquilo que a Comissão Europeia (2001) defende, que estas assumem “voluntariamente compromissos que vão alem dos requisitos reguladores convencionais a que, de qualquer forma, estariam sempre vinculadas, as empresas procuram elevar o grau de exigências das normas relacionadas com o desenvolvimento social, a proteção ambiental e o respeito dos direitos fundamentais”.

É importante destacar que o tema da Responsabilidade Social ainda não aparece normalmente associado às organizações do sector cultural, nomeadamente às artes performativas que como afirma a Sociedade de Consultores Augusto Mateus & Associados (2016) constituem o subsetor mais relevante no domínio das Atividades Culturais Nucleares, no entanto mesmo pouco explorado, o nível de desenvolvimentos das práticas de RS nas sua dimensão interna e externa e no âmbito económico, social e ambiental até é moderado nos quatro teatros.

A nível das práticas de Responsabilidade Social na sua dimensão interna é possível destacar

resultados positivos, localizados em média numa perceção de concordância moderada nas quatros organizações no que diz respeito:

À valorização da Gestão de Recursos Humanos e o papel que ela tem nas organizações;

À comunicação considerada eficaz entre direção e os seus colaboradores em que a partilha de informação ocorre através de comunicação direta, reuniões, e-mails, telefone e tabelas te trabalho;

• À preocupação presente nestes teatros em proporcionar flexibilidade aos seus colaboradores no que respeita a horários de trabalho de modo conciliar a vida profissional com a vida pessoal;

À existência de critérios claros de recrutamento e seleção dos colaboradores;

Ao cumprimento de normas provenientes da IGAC e da ANPC no que diz respeito à higiene de segurança no trabalho:

À formação que é dada aos seus colaboradores com o objetivo de os capacitar para as funções que precisam de desempenhar e de se desenvolverem profissionalmente;

• À gestão eficiente dos recursos e proteção do meio ambiente através da reciclagem, descarte adequado de cenários, aproveitamento de papel, e na poupança de energia elétrica através da otimização do sistema de iluminação das instalações.

Dentro desta dimensão temos resultados negativos no que toca à inclusão de trabalhadores com incapacidade física ou intelectual, nas entrevistas três dos quatro teatros afirmam que o sector tem especificidades que dificultam a inclusão de colaboradores com estas características.

A nível das práticas de Responsabilidade Social na sua dimensão externa é possível

destacar resultados positivos, localizados em média numa perceção de concordância moderada nas quatros organizações no que diz respeito:

• À existência de cooperações e parcerias que acolhem muitos projetos de cariz social;

• Ao privilégio dos fornecedores da região no que toca ao fornecimento de material administrativo, técnico e também no fornecimento de serviços de manutenção;

À satisfação dos interesses do público, onde três dos quatro teatros realizam estudos de público para entender os seus gostos e que aspetos melhorar;

• À existência de documentos formais onde está explicito regras e valores, no entanto apenas os teatros de maior dimensão os possuem;

• Ao respeito dos Direitos Humanos Fundamentais, no entanto não foi possível confirmar a existência de códigos de ética e conduta.

Dentro desta dimensão temos resultados neutros no que toca à criação de postos de trabalho na resposta às necessidades das comunidades locais, onde os respondentes não concordam nem discordam e os entrevistados indicam que os postos de trabalho que surgem não são somente específicos para a comunidade em que estão inseridos. Também se verificam resultados neutros por parte dos respondestes no que se refere à contribuição que os teatros têm para a criação de uma sociedade com consciência de sustentabilidade ambiental, os entrevistados afirmam que as suas organizações não contribuem diretamente para este tema.

A nível de normalização e certificação da RS nenhum dos teatros participantes está certificado.

Em suma, este trabalho visou obter informações sobre a presença das práticas de Responsabilidade social nas Indústrias Culturais e Criativas, neste caso nos teatros, de modo a verificar o seu nível de envolvimento nestas práticas. O resultado foi muito satisfatório, de facto muitas das práticas acontecem e isto evidencia que estas organizações se assumem socialmente responsáveis. Estas proporcionam ambientes de trabalho agradáveis e políticas que fomentam o desenvolvimento da organização, dos seus colaboradores e da comunidade.