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6. DIAGNÓSTICO

6.5. Conclusões: Identificação de carências e prioridades de actuação

No âmbito da estratégia metodológica foram definidas seis variáveis de análise que entendemos ser cruciais na elaboração de um programa de difusão e comunicação. Assim, face ao diagnóstico apresentado e face à análise de conteúdos das entrevistas exploratórias é possível retirar relevantes conclusões, passíveis de identificar carências e prioridades de actuação.

No que reporta à primeira variável definida, a envolvente, concluímos que em termos demográficos o público escolar, em particular a população interna, constitui uma componente de público importante e uma clara oportunidade de posicionamento em termos de programação cultural assim como a faixa etária compreendida entre os 65 e 69 anos e que corresponde, maioritariamente, a antigos alunos da Instituição. A nível económico, e tendo a taxa de ocupação como indicador, o auditório e sala de reuniões do Centro Cultural Casapiano poderiam ser alvo de um regime de aluguer como forma de sustentabilidade. Por outro lado, no contexto político, verificamos que esta é sem

97 Cf. Anexo 3:Entrevista a Teresa Coelho, coordenadora do curso de Turismo.

98 Cf. Anexo 4: Entrevista a João Louro, Director do Centro Cultural Casapiano e coordenador do

68 dúvida uma fase determinante e de particular expectativa no que reporta à publicação dos estatutos da Instituição na medida em que, ao passar a integrar o Centro Cultural Casapiano, o Gabinete de Comunicação permitirá o desenvolvimento de estratégias de comunicação que potenciem a afirmação interna e externa desta entidade museal.

A segunda variável de análise definida foi a Instituição. Neste aspecto concluímos que a localização é um factor favorável, aspecto aliás evidenciado quer pelos entrevistados quer pelos testemunhos que constam do livro de visitas. Do diagnóstico efectuado concluímos também que, em termos de modelo de gestão, existe uma coerência ao nível dos objectivos entre a missão do Centro Cultural Casapiano e a respectiva tutela o que, cada vez mais, se tem refletido quer na programação cultural quer no acervo, na medida em que há uma clara intenção em retratar a intervenção ao nível do acolhimento, educação e formação de crianças e jovens em risco.

Ao nível da terceira variável de análise, o acervo, entendemos que está ainda demasiado consubstanciado no património material quando, na realidade, este é apenas um suporte para a afirmação da cultura casapiana sendo as funções museológicas de inventariação e documentação uma das maiores fragilidades.

No âmbito dos recursos, a quarta variável definida, concluímos que a Casa Pia de Lisboa possui actualmente os recursos humanos, técnicos e financeiros necessários não apenas para a concretização de um programa de difusão e comunicação como, também, para o enriquecimento da oferta cultural dando uma resposta favorável a diferentes tipologias de público.

No âmbito da penúltima variável definida, a gestão da comunicação concluímos, em primeiro lugar, que o reconhecimento da pertinência desta área de programação é consensual assim como a delimitação da comunidade interna, em particular, a comunidade educativa, como público – alvo. O Centro Cultural Casapiano deverá ser um complemento da missão da Casa Pia de Lisboa contribuindo para a formação integral das crianças e jovens. Por outro lado, em termos de serviços disponibilizados, entendemos que a Biblioteca e o Arquivo histórico e de Imagem deveriam ser potenciados em prol do cumprimento da missão do Centro Cultural e, no âmbito das actividades desenvolvidas entendemos que a oferta continua demasiado circunscrita ao universo escolar facto que é acrescido pela falta de guias especializados, tal como nos dá conta um dos entrevistados.

69 Se pensarmos nas estratégias de comunicação, concluímos que há ainda um longo caminho a percorrer. Paralelamente à acessibilidade de informação, a divulgação está ainda demasiado circunscrita ao envio de emails e, no caso dos meios de comunicação, aos press releases. Há uma clara necessidade de apostar em estratégias concertadas em termos de projecção da Instituição, promovendo uma relação de proximidade quer com a comunidade quer com os órgãos de comunicação social.

Ao nível da gestão por processos, e apesar de esta ser uma questão delicada marcada por uma forte resistência interna à sua implementação, entendemos que em termos de comunicação este facto veio traduzir-se numa maior racionalização ao nível dos procedimentos.

Por último, no âmbito da imagem e identidade, sexta variável de análise, verificamos que embora a discussão em torno da existência de uma identidade casapiana não seja pacífica, é consensual o papel que o Centro Cultural poderá e deverá assumir na projecção favorável da Casa Pia de Lisboa, facto testemunhado pelo livro de visitas:

“Tinha uma ideia muito superficial desta magnífica Instituição. Louvo todos os que nela trabalham e dão o seu amor e esforço”99.

Em forma de conclusão, entendemos que sendo o programa de difusão e comunicação um importante complemento da exposição deverá haver uma política de comunicação a médio e longo prazo que passa por uma visão integrada dos recursos existentes e que, de acordo com o que constatámos são uma vantagem relativamente a outras realidades museais. Todavia, a eficácia de um programa museológico impõe como prioridade de actuação um conhecimento aprofundado dos seus públicos, uma valorização do acervo existente dando visibilidade ao património imaterial, a par com uma maior aposta na diversidade das actividades desenvolvidas, uma reformulação dos conteúdos informativos disponibilizados e potencialização de alguns espaços como forma de sustentabilidade.

Em termos de divulgação, concluímos que sendo o Centro Cultural Casapiano uma entidade museal desconhecida pela grande maioria das pessoas será necessário apostar em técnicas e estratégias criativas potencializando ferramentas de comunicação como a internet passíveis de favorecer uma maior abertura ao exterior.

99 In CENTRO CULTURAL CASAPIANO - Livro de visitas. [s.d]. Acessível no Centro Cultural

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