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1. A hanseníase se mostrou hiperendêmica na área de estudo, sem a perspectiva de esgotamento de casos novos nos próximos cinco anos, reforçando a necessidade de intensificar ainda mais as ações de controle da hanseníase nas áreas prioritárias.

2. O coeficiente de casos com grau 2 de incapacidade se apresentou com valor muito elevado em relação ao restante do Brasil e com uma tendência de manutenção do seu valor ao longo dos anos. Desta forma, a meta de redução de 35% do seu valor para 2015, de acordo com a OMS, dificilmente será alcançada nesta área.

3. O novo indicador da OMS apresentou a mesma tendência temporal do coeficiente de detecção geral e em menores de 15 anos, com a vantagem de traduzir informações sobre a magnitude da doença, transmissão ativa e diagnóstico tardio. Este indicador mostrou melhor validade e maior especificidade para a identificação de agregados de municípios com transmissão ativa e diagnóstico tardio da hanseníase.

4. Mesmo com o controle da hanseníase, estabelecido no Brasil, atuar de forma contínua e centrado em ações integradas, nesta área de alta endemicidade será necessário melhorar a detecção precoce de casos e tratamento imediato com o objetivo de reduzir a carga da doença na população. Como a hanseníase e suas complicações estão associadas com a pobreza, as intervenções devem considerar também as desigualdades sociais encontradas em cada Estado da área de estudo.

5. Existe um fluxo considerável de pessoas afetadas pela hanseníase, provenientes do município de residência, para serem diagnosticados em outros municípios. Municípios maiores diagnosticaram casos principalmente de municípios próximos, mas houve também fluxos importantes interestaduais. Esses dados refletem lacunas na descentralização do atendimento integral ao portador da hanseníase, e chamam atenção às dificuldades associadas com o acompanhamento durante e após a poliquimioterapia.

6. A dinâmica de fluxo observada juntamente com o formato geográfico do agregado mostrou uma situação denominada “Ice Cream Effect” , com um formato aproximadamente circular do agregado e o município de Goiânia e o Distrito Federal como pontos de atração localizados ao sul do agregado.

7. A migração após o diagnóstico se deu principalmente devido a mudanças no estilo de vida, com a busca por melhor qualidade de vida, enquanto a migração especificamente devido ao diagnóstico da hanseníase foi citada por poucas pessoas. Estigma e preconceito não são causas importantes para migração em Tocantins, refletindo os esforços de informação, educação e comunicação dos programas de controle da hanseníase.

8. Os métodos usados identificaram agregados espaciais similares, mas cada um tem suas especificidades. O método espacial aplicado deve ser usado de acordo com o objetivo da investigação.

9. A construção dos mapas de risco se mostrou útil e pode ser de crucial importância para a definição de um perfil epidemiológico em uma área

definida. Foram identificados agregados de municípios prioritários, localizados dentro de uma área de alto risco de transmissão para hanseníase e estes agregados, se trabalhados de forma mais intensa, poderão contribuir para a redução da transmissão ativa bem como a carga da doença na população.

10. A utilização da Abordagem Espacial Bayesiana local baseada em informações dos indicadores dos municípios vizinhos permitiu re- estimar os valores dos indicadores epidemiológicos. Essa Abordagem reduziu a variação dos coeficientes devidos a fatores operacionais e de gestão, como subnotificação e áreas silenciosas.

11. A Abordagem Bayesiana local pode mostrar que todo o leste do Pará e a região central do Maranhão apresentam elevados coeficientes de detecção geral e em menores de 15 anos, áreas que apenas na análise descritiva não puderam ser identificadas. Situação semelhante pode ser observada em relação ao coeficiente de casos com grau 2 de incapacidade, com destaque para a região sudeste do Pará e centro- norte do Maranhão.

12. A Estatística Scan Espacial é adequada para validar e confirmar áreas de alto risco para a transmissão e diagnóstico tardio da hanseníase, identificados por análise espacial descritiva e pelo método Bayesiano Empírico local. Foram conhecidos 48 agregados espaciais com mais especificidade através dessa análise. Estes agregados devem ter um olhar especial no sentido de reduzir o mais rápido possível a presença da transmissão ativa da hanseníase.

13. Municípios identificados no sudeste do Pará, na fronteira entre Pará e Maranhão e na região central do Maranhão apresentaram-se repetidamente em agregados para os indicadores de detecção geral, detecção em menores de 15 anos e do coeficiente de casos com grau 2. Estes municípios têm elevadíssima carga da doença, bem como transmissão ativa e diagnóstico tardio e, provavelmente, uma elevada prevalência oculta devido à demanda reprimida pela baixa cobertura do Saúde da Família. Desta forma devem ser priorizados pelos programas de controle locais, estaduais e nacional.

14. A análise espacial nos três cortes temporais dos indicadores pôde mostrar a tendência espacial dos indicadores da hanseníase nos três períodos de estudo. A autocorrelação global de Getis-Ord pode mostrar que a dependência espacial para o coeficiente de detecção geral não foi significativa em todos os períodos, o que demonstra o caráter hiperendêmico da área de estudo. No entanto, nos menores de 15 anos e coeficiente de casos com grau 2, a dependência espacial foi identificada nos períodos de 2004 a 2006 e em 2007 a 2009, caracterizando a presença de dependência espacial de transmissão ativa e diagnóstico tardio.

15. Mesmo dentro de uma área hiperendêmica e de alto risco para a hanseníase, a estatística de Getis-Ord local é adequada para identificar áreas de alto risco dentro do agregado. O índice Gi* se mostrou melhor para indicadores da hanseníase devido à identificação de agregados significativos tanto de valores altos como de valores baixos e áreas de transição, os mapas são de fácil visualização e interpretação.

16. A técnica local de Getis-Ord (Gi*) poderá ajudar no monitoramento longitudinal das atividades de controle, mesmo em escala local, onde o controle da hanseníase deverá atuar de forma mais intensa ou deverá ser reforçada, com a finalidade de reduzir a carga da doença na população.

17. O coeficiente em menores de 15 anos teve distribuição espacial nos três cortes temporais semelhante à detecção geral na área de estudo, mas com maior especificidade na composição dos agregados municipais. Isto implica na presença elevada de transmissão ativa mais restrita a municípios do centro/leste do Pará, centro do Tocantins e centro/norte do Maranhão. O coeficiente de casos com grau 2 mostrou- se com agregados significativos nas mesmas áreas identificadas pela Estatística Scan Espacial, com alteração de alguns municípios. A observação nos três períodos pôde identificar a mudança na significância dos agregados e algumas áreas identificadas como agregados de alto risco no período completo, se tornaram significativos somente no período de 2007 a 2009.

18. A proporção de casos na forma clínica indeterminada e a classificação operacional paucibacilar foram altamente significativas no estado do Tocantins com limites bem definidos, mas com agregados classificados de forma inversa, altos valores para Indeterminado e baixos valores para Multibacilar, isto sugere que em Tocantins o serviço de saúde faz uma vigilância ativa na busca de casos novos, identificando-os de maneira precoce, sugere ainda que ainda há grande demanda de casos a serem identificados.

19. A cobertura de contatos se mostrou homogênea, como poucos municípios com cobertura acima de 75% no período de 2001 a 2003. A tendência foi de crescimento nos períodos seguintes, principalmente no estado do Tocantins. Municípios do norte e do sudeste do Maranhão/oeste do Piauí foram significativos para valores baixos. A cobertura de contatos deve ser aumentada, nessas áreas, esta atividade poderá mudar o padrão de endemicidade e transmissão ativa observada até 2009, pois casos novos poderão ser diagnosticados e tratados de forma precoce, reduzindo a proporção de casos com incapacidades físicas instaladas.

20. Foram identificadas áreas de alto risco para a transmissão e diagnóstico tardio da hanseníase e com dificuldades operacionais, envolvendo o sudeste do Pará; o centro/norte do Maranhão e os municípios na região do “Bico do Papagaio.

21. A identificação de agregados utilizando outros indicadores, além do coeficiente de detecção geral, e a sobreposição desses mapas puderam identificar áreas antes desconhecidas em relação ao risco de transmissão e de detecção de casos graves da hanseníase. Esta mesma análise poderá ser feita no Brasil como um todo, bem como nas outras áreas de risco definidas pelo Programa Nacional de Controle da Hanseníase e assim identificar agregados mais específicos de elevado risco para a transmissão da hanseníase.