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6.1 - CONCLUSÕES GERAIS

Esta dissertação teve como objetivo central, abordagem a eficiência energética segundo dois aspectos principais: conhecimento das principais questões que tem balizado o mercado nacional e, mostra de uma metodologia para mensuração de economias de energia, onde se implementou um estudo de caso na Universidade de Brasília como forma de aplicá-la.

Inicialmente, se observou que a energia elétrica historicamente tem sido a segunda fonte de maior consumo final no país, ficando atrás apenas do petróleo e derivados. Em função da importância estratégica que assume para o país, entende-se que, atitudes de incentivo a um uso racional são bem vindas, uma vez que acabam por resultar em uma geração virtual de energia. Assim, minimizam a necessidade de se promover a expansão do sistema de geração e a degradação do meio ambiente, dentre outros aspectos.

Dos programas atualmente existentes no país para promover a redução do desperdício de energia elétrica, dentre os quais Procel e o fundo RGR, aquele que tem obtido resultados mais satisfatórios tem sido implementado pelas empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia eiétrica. Atualmente, estas empresas tem tido a liberdade de determinar em que projetos os recursos serão alocados, situação que pode ser alterada a partir do momento em que o órgão regulador do setor considerar a necessidade do fomento a determinados segmentos do mercado consumidor. A pouca expressividade do mercado de eficiência energética tem determinado todo um perfil estrutural, resultando inclusive, na característica de que grande parte das “Escos” serem de pequeno porte. Escos estrangeiras não se interessam por projetos pequenos, os quais tem sido a grande maioria. Enquanto não perceberem condições mais atrativas, as mesmas não ingressarão. Deste fato, resultam empresas que em sua maioria não dispõem de recursos, ou acesso ao mesmo, fato este, que também corrobora para a abrangência dos projetos.

Organismos como o BNDES e o Procei, dentre outros, são entidades que aparecem, mas que as Esco não as percebem como instituições fortes, como fontes reais de recursos financeiros para seus projetos.

As distribuidoras têm assumido papei de destaque na evolução deste mercado. Algumas têm criado suas Escos subsidiárias. Dois aspectos podem ser destacados acerca da relação entre as Escos subsidiárias e o mercado: positivamente, por estarem respaldadas pelas distribuidoras podem dar fôlego ao mercado; negativamente, se estabelece uma concorrência que pode ser fatal para as Escos privadas.

Permitir o acesso ao crédito em condições favoráveis e criar mecanismos que permitam a consecução de projetos de eficientização em instalações públicas, sem resultar na perda da receita para a mesma, são pontos a serem vencidos.

Tendência e reaiidade no âmbito internacional, os contratos de desempenho têm assumido um papel fundamental para a consecução de implantação de projetos de eficiência energética. No Brasil, modelos com algumas adaptações têm sido divulgados, mas o uso efetivo tem sido muito restrito. A exceção tem sido as distribuidoras de energia, que os têm adotado a fim de recuperar seus investimentos em efcientização nas instalações de clientes finais. Não há ainda, consenso acerca de qual dos modelos existentes é mais adequado ás condições do mercado brasileiro.

O Protocolo Internacional de Medição e Verificação de Performance se mostra como uma ferramenta inteiramente sincronizada com as metas dos contratos de desempenho. O fato de ser dotado de procedimentos de medição e verificação direcionados a várias circunstâncias, permite que se elabore um planejamento para se medir e verificar com sucesso economias em energia.

Realizou-se estudo de caso referente a implantação do projeto de eficientização do sistema de iluminação do complexo da Faculdade de Tecnologia, edificação localizada no campus da Universidade de Brasília. Este teve por objetivo quantificar as economias de energia a serem geradas com essa revitalização.

Como metodologia para esta mensuração, aplicaram-se os preceitos preconizados pelo Protocolo de M&V (IPMVP), mais especificamente sua Opção A. De acordo com o que se aplicou desta ferramenta, considerou-se como satisfatórios os resultados obtidos com a mensuração, principalmente pela possibilidade que essa ferramenta permite, em se tratando da reprodução da mensuração.

A metodologia utilizada para a avaliação econômica do projeto, foi aquela que tem sido adotada pela Aneel para submeter os projetos de eficientização propostos pelas empresas distribuidoras de energia elétrica, ou seja, o método da relação custo-benefício.

Como resultado final, para situação em que se considera a retirada de demanda média no horário de ponta, obteve-se um índice (RCB) superior ao limite pre­ determinado na metodologia, o que implicaria em princípio, em sua não aprovação peio órgão regulador. Já, quando se considera a retirada da demanda máxima na ponta, o projeto se mostra passível de ser aprovado, pois resulta em índice inferior. Para estas situações foi avaliado também o tempo de retorno do investimento por meio de fluxo de carga cumulativo.

Pode-se em princípio, imaginar que se adotou uma metodologia rigorosa, se aplicada fora do âmbito das distribuidoras, em face à sua capacidade de implementação de projetos (compra de materiais e equipamentos, uso de mão de obra etc), ou mesmo, pelo perfil do projeto.

Ocorre que, segundo avaliação de sensibilidade realizada, pôde-se verificar que esta metodologia é favorável a projetos que tenham por características, retiradas expressivas de carga no horário de ponta do sistema elétrico, a fim de promover alívio no mesmo.

Uma vez que o projeto na UnB não contempla retiradas nos montantes citados, devido a seu perfil diário de funcionamento, avalia-se que tenha sido este, fator a influenciar fortemente no resultado final obtido.

Apesar de não ser o objetivo do estudo de caso avaliar a metodologia de análise econômica, julga-se que o senso crítico obtido com seu manuseio, só fez agregar valor a este trabalho ora apresentado.

Das percepções mais marcantes obtidas ao longo desta pesquisa, foi a importância em se ter um programa de gestão energética. A eficiência energética é de suma importância, mas é apenas parte de uma estratégia de gerenciamento energético, pois este sim, possibilita que ações em eficientização não se percam com o passar do tempo. A gestão justamente tem por meta, dar sustentabilidade a essas ações. A instituição de um gerente de energia e de administradores em cada unidade, por exemplo, com a incumbência do cumprimento de metas de consumo, são algumas das ações que podem derivar de uma administração focada em energia.

6.2 - SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Em continuidade a estudo, surgem naturalmente duas possibilidades: primeiramente, a adoção da ferramenta Protocolo de M&V, mais especificamente em sua opção C - medidor geral - para a elaboração de modelamento matemático representativo do consumo de energia em instalações alvos de retrofit. Como objetivo, a obtenção de conhecimento para criação de ferramenta computacional para suprir a falta de quantidade expressiva de dados medidos, relativos à fase que precedeu a modernização do uso final. A existência na fase de criação do modelo piloto, de dados medidos, relativos ao pré e pós-contrato, é fator a corroborar para o conseguimento de uma calibração mais efetiva. Outra questão, trata acerca de estudo objetivando a implantação de programa de gestão energética em instituições públicas ou privadas, abordando os vários aspectos para sua consecução.