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O estudo aqui apresentado baseou-se na utilização de softwares apropriados que consistem em ferramentas tecnológicas que auxiliam na previsão de plantios florestais com objetivo comercial. Estabeleceu-se o mesmo plano de manejo considerando a área total de um hectare para uma população de pinus e outra de araucária, efetuando-se uma comparação entre as espécies.

Os resultados obtidos compreendem três categorias principais de análise, volume de produção madeireira, análise financeira da produção e capacidade de estoque de carbono. Ressalta-se que este estudo ficou restrito à análise dos dados de apenas quatro cenários produzidos em cada software para efeito de comparação entre as espécies, gerando um total de dezesseis resultados. A comparação foi feita para ilustrar as diferenças entre a produção da araucária e do pinus, em questões de volume e receita, pelo motivo de ser o pinus um dos principais cultivos utilizados nas florestas plantadas do sul do Brasil.

No que diz respeito à utilização dos softwares no estabelecimento de prognósticos, um ponto deve ser ressaltado. Para a verificação de um empreendimento por parte do grande investidor, uma pesquisa operacional pode gerar até 100 mil cenários utilizando a metodologia proposta neste estudo. Aqui se almejou avaliar apenas a eficácia metodológica destes e sua aplicação para obtenção de resultados mais próximos possíveis da realidade. Esta eficácia se confirmou, porém, recomendam-se o acréscimo de verificações para um plantio real tais quantas forem necessárias. No caso de um investimento por parte de empresas interessadas, deve haver uma ampla utilização dos softwares para geração de cenários de acordo com as suas possibilidades e condições de plantio, focando o objetivo final da produção. Estabelecendo assim planos de manejo mais apropriados, com base na área a ser plantada e suas peculiaridades.

O principal objetivo deste estudo era verificar a hipótese de realizar empreendimentos florestais utilizando a Araucaria angustifolia como espécie a ser explorada comercialmente fornecendo matéria-prima para a construção civil. Gerando, simultaneamente, através dos plantios, renda ao produtor, benefícios ambientais e o resgate da identidade cultural da espécie como símbolo da região sul.

Os resultados obtidos através dos softwares confirmam que a araucária pode ser uma boa opção de investimento em cultivos silviculturais, confirmando a hipótese de pesquisa.

Em relação ao alcance dos objetivos específicos revelou-se que:

 Existe viabilidade técnica e econômica na produção de araucária, admitida com os cenários gerados através dos softwares, porém é necessário que sejam estabelecidos programas de apoio e fomento para que ela se torne competitiva em relação ao pinus;

 A araucária possui maior capacidade em sequestrar e estocar carbono quando comparada ao pinus em volume de madeira, o que colabora na exploração sustentável de recursos florestais;

 A madeira proveniente de florestas plantadas é um material construtivo de menor impacto ambiental, pois além de ser renovável e ter outras vantagens em relação à análise do

ciclo de vida dos materiais, ajuda no sequestro de carbono principalmente na fase de crescimento dos povoamentos implantados;

Conclui-se fundamentalmente, neste estudo, que a araucária é uma espécie nativa passível de ser explorada comercialmente, de forma sustentada obedecendo a princípios silviculturais e de manejo florestal, com foco no abastecimento local de matéria prima para o setor construtivo, apresentando valores positivos nas receitas estabelecidas para os cenários aqui gerados.

Contudo por meio dos resultados apresentados, lembra-se que não apenas o volume da madeira deve ser considerado como objetivo único da produção. Para que a araucária se torne competitiva em relação ao pinus, além da madeira, a receita obtida através da comercialização do pinhão deve entrar na composição de renda estimada para o plantio. O pinhão se destacou como produto que pode ter seu valor aumentado na cadeia produtiva, através de pesquisas e projetos que estão em andamento no Estado do Paraná objetivando o aumento da produção e da qualidade deste artigo alimentício como insumo para obtenção de outros subprodutos, tais como farinha, bolos e biscoitos.

Entretanto, as limitações da legislação vigente devem ser superadas, proporcionando aos produtores incentivos para o cultivo destes povoamentos. Uma atitude relativamente simples e eficaz é o devido registro das áreas plantadas para futura exploração comercial. Porém, percebe-se a necessidade de ampliar subsídios e fomento para a produção da espécie. Algumas iniciativas neste sentido podem servir de exemplo, como são os casos do Projeto Araucária e da Operação Gralha Azul, promovidos pela Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, IBAMA, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), a Fundação Araucária, entre outros, que estimulam a ampliação de florestas plantadas de araucária (PORTAL DA ARAUCÁRIA, 2010).

Contribuem também ao estímulo do cultivo da araucária as normativas vigentes em relação à recomposição de áreas de Reserva Legal, que priorizam a utilização de espécies nativas com a finalidade de preservação e manejo sustentável, possibilitando renda ao produtor rural. O uso de espécies exóticas ainda não é proibido em áreas de RL, porém possui um prazo determinado para terminar. O pinus, no caso de recuperação de áreas de RL, não é uma espécie recomendada, pois tem caráter invasor e acaba competindo com as espécies nativas.

Outro ponto favorável ao plantio da araucária é a sua capacidade de ser produzida em consórcio com espécies agricultáveis e até mesmo outras espécies nativas locais, como a bracatinga e a erva-mate, por exemplo, promovendo assim outras formas de renda ao produtor

durante o longo ciclo de desenvolvimento da madeira. Caso o produtor faça a opção pelo consórcio com espécies agricultáveis de ciclo curto, recomendam-se o milho, feijão, arroz e aveia, espécies que não prejudicam o crescimento da araucária. Mais uma opção de renda ao produtor é o ingresso de projetos associados ao mercado de carbono.

Além de todas as características citadas acima é de suma importância caracterizar o plantio da araucária como forma de promover a recomposição da floresta originária, sendo que ela possibilita o desenvolvimento de outras espécies nativas no seu sub-bosque, ajudando a manter a biodiversidade e contribuindo para a alimentação da fauna. Lembrando que a espécie não adquire caráter adversário como é o caso de espécies exóticas que podem se tornar invasoras.

A araucária é ainda uma espécie nativa que caracteriza uma acentuada identidade cultural à região sul, sendo por tal razão, de suma importância a recuperação de tais paisagens, que outrora foram predominantes, através do seu plantio.

Expandir a promoção de programas governamentais ou não governamentais que estimulem o produtor a implantar cultivos de araucária, é de fundamental importância. Principalmente se tais programas estiverem envolvidos com projetos que envolvem questões relacionadas à mudança climática e ao mercado de carbono, à beleza cênica, à manutenção da fauna e da biodiversidade, à conservação de solos, entre outros.