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A madeira foi uma das principais matérias-primas, encontradas nas florestas, utilizadas pelo homem em seu processo evolutivo. Desde a antiguidade este material já era empregado para se fazer o fogo, produzir calor, cozinhar alimentos, proporcionando ao homem primitivo suportar invernos rigorosos. Dentre as diversas utilidades primitivas da madeira cita-se ainda a construção de utensílios, armas, ferramentas, navios e moradias, utilidades que se seguem até os dias atuais. Como explica Leão (2000), a importância da madeira para os povos antigos era tão grande que entre os gregos e os romanos ela recebeu a denominação de hulae e materia respectivamente, significando matéria elementar.

Outra atividade humana que se tornaria praticamente impossível sem o uso da madeira seria o transporte. De acordo com Costa (2010) até o século XIX, todas as embarcações, carretas, carroças, carruagens e outros meios de transporte eram feitos de madeira. Além de ter sido também uma importante fonte de energia, através da utilização da lenha e do carvão vegetal no desenvolvimento humano.

A utilização da madeira, enquanto combustível, proporcionou a fabricação de inúmeros materiais diferentes, dentre eles estão o tijolo, cal, argamassa, cimento, vidro, telhas, tinta, sabão, auxiliou na obtenção do sal, possibilitou a extração dos metais das rochas. O consumo da madeira era essencial para a manutenção das sociedades, como coloca Leão (2000, p.20):

..., na evolução histórica dos diferentes povos, observa-se que a falta desse material condicionava a incorporação de novas tecnologias, e quando não se descobriam fontes alternativas ocorria o declínio econômico e social de muitas civilizações. Portanto, as florestas sempre representaram uma fonte primordial de sobrevivência para a humanidade, desde os tempos antigos através da caça e pesca, no início do sedentarismo com o estabelecimento da agricultura e urbanização, até a fase industrial iniciada na Europa e América do Norte há mais ou menos duzentos anos. Em todas as etapas do desenvolvimento das ações humanas as matas foram amplamente exploradas e destruídas em nome do progresso. Porém houve uma acentuação deste ritmo de consumo que se tornou mais veloz em poucas décadas, período relativamente curto se comparado as eras anteriores.

A Europa era recoberta por florestas em 80% de seu território na pré-história, mas as mudanças ocorridas com o avanço da agricultura e com a Revolução Industrial deixaram muitos países com uma reduzida cobertura vegetal. Apenas em meados do séc. XIX os povos europeus se conscientizaram da importância das florestas e da necessidade de sua preservação, expansão e gestão sustentada. Mas em outros continentes não ocorreu o mesmo, a devastação continuou. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde a cobertura vegetal primitiva representava aproximadamente 30% de seu território, reduziu-se a apenas 1%, excluindo-se o Alasca (LEÃO, 2000). A autora considera que apenas no séc. XX a dependência mútua entre o homem e a floresta foi realmente considerada.

A rápida expansão demográfica e o avanço tecnológico são dois fatores que demonstram a necessidade do reconhecimento das florestas como fontes de recursos renováveis, salientando a madeira, frutos, castanhas, resinas e óleos. Além disso, são muitos os serviços ambientais que elas prestam ao ser humano e ao planeta, como a regulação do clima, a manutenção das chuvas, o fornecimento de água e a manutenção de bacias hidrográficas, a absorção e fixação do dióxido de carbono e a restituição do oxigênio à atmosfera, a manutenção dos nutrientes no solo, a proteção do solo, dos animais e dos vegetais contra os efeitos do vento, da chuva, do calor e do frio, o equilíbrio ecológico e biológico de espécies da fauna e flora mantendo a biodiversidade, entre outros.

Neste sentido observa-se um avanço nas ciências florestais com o objetivo de produzir plantas melhores e mais resistentes, aumentando a produtividade através da seleção e aperfeiçoamento de espécies para uso industrial, diminuindo a pressão sobre reservas naturais remanescentes. Outros projetos de plantios evidenciam a proteção de mananciais, a recuperação de terras degradadas, a expansão de áreas recreacionais ou ainda a produção de madeira em larga escala. Alguns países, como a Finlândia, Suécia, Chile, França, entre outros, baseiam suas economias no plantio de florestas (JUVENAL e MATTOS, 2002).

Estes projetos de plantio e reflorestamento atendem também a necessidade atual de tentar minimizar os efeitos da poluição e do efeito estufa, além de procurar reverter a perda dos recursos naturais de muitas nações. Como demonstram Martins et al. (2008), nos trópicos esta necessidade é mais intensa, pois o desmatamento chegou a uma taxa de 14,2 milhões de hectares por ano na década de 1990, trazendo prejuízos sociais, ambientais e econômicos e causando danos a um dos mais valiosos bancos genéticos do planeta.

O plantio de florestas homogêneas surgiu como boa opção aos problemas relacionados acima. Tais florestas podem ser implantadas em solos pobres ou degradados, abastecem diversas indústrias e podem possibilitar a proteção ambiental, diminuindo a

exploração inadequada dos recursos de florestas nativas. Outros fatores ainda podem funcionar como incentivos a esta atividade, entre eles está o ciclo de rotação da cultura florestal, que nas regiões tropicais cresce mais rápido do que em regiões de clima temperado. Na Europa este ciclo é de aproximadamente oitenta anos, e em regiões mais quentes da América Latina esse período pode ser de até quinze anos sem mencionar a maior disponibilidade de terras, os custos operacionais mais baixos e a necessidade urgente de geração de empregos e renda (LEÃO, 2000). Porém, a implantação extensiva de florestas homogêneas em países como o Brasil, sofre algumas críticas relacionadas a perdas ambientais ou sociais:

... alguns criticam a limitada diversidade de espécies utilizadas no plantio, as condições de cultivo dos solos, a diminuição dos níveis dos lençóis de água ou a suscetibilidade das monoculturas ao fogo, pragas e doenças (LEÃO, 2000, p.23). Estas limitações estão sendo evitadas com o emprego de técnicas apropriadas de planejamento e manejo florestal e através de estudos e pesquisas relacionados ao setor que representa uma importante atividade econômica. Porém, a implicação social da produção florestal e a questão agrária são fatores que merecem maior atenção e análises aprofundadas dentro do território nacional.