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Concordância no estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem entre peritos e a pesquisadora

QUADRO I – CLASSIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE HORTA (1979)

C- Circulation with hemorrhage (Circulação com controle de hemorragia) D Disability Neurological status ( Incapacidade Estado neurológico)

5.3 Sujeitos da pesquisa

5.4.5 Concordância no estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem entre peritos e a pesquisadora

Assim, julgamos importante para maior confiabilidade em relação aos diagnósticos de enfermagem estabelecidos pela pesquisadora, utilizar a validação interna por enfermeiros peritos dos casos estudados e análise dos diagnósticos identificados.

Segundo Gordon (1987), a validade de um diagnóstico refere-se ao grau em que ele realmente representa o real problema do cliente; no conceito de validade interna significa verificar se as características definidoras representam uma situação específica, ou seja, diagnóstico de enfermagem de um cliente.

Ainda com relação à confiabilidade e validade de um diagnóstico de enfermagem podemos dizer que está presente se existem evidências que um conjunto de características definidoras indicam a existência de um diagnóstico identificado, então um enfermeiro assistencial pode ter confiança no uso desses diagnósticos (FEHRING, 1987).

Os critérios utilizados para escolha dos enfermeiros que participaram dessa etapa do estudo foram: ser enfermeiros com atuação na área de urgência e

emergência e possuir conhecimento em diagnósticos de enfermagem. Assim, foram convidados cinco enfermeiros que foram consultados, previamente, para participar dessa etapa de validação, mediante Termo de Consentimento Livre Esclarecido (APÊNDICE D).

A pesquisadora distribuiu o material a ser trabalhado pelos peritos contendo: instrumento de coleta de dados preenchido pela pesquisadora de cada caso, ficha guia do instrumento de coleta de dados (APÊNDICE E), o instrumento do Processo Raciocínio Diagnóstico de Risner (APÊNDICE F) que revelou em cada diagnóstico (de cada caso) e o instrumento de equivalência do interavaliador (APÊNDICE G). Esse instrumento contém a descrição do Título do diagnóstico, feito pela pesquisadora, referente a cada caso, estando em paralelo os itens de concordância ou discordância para o diagnóstico, fator relacionado, características definidoras e fatores de risco. Foi solicitado aos enfermeiros que analisassem os diagnósticos, os fatores relacionados, as características definidoras e os fatores de risco identificados pela pesquisadora. Os enfermeiros peritos de posse das fichas e do instrumento de equivalência do interavaliador responderam se concordam ou discordam do diagnóstico de enfermagem e dos seus componentes. Os casos encaminhados foram em quantidade igual a 100% da amostra estudada.

Após a análise dos dados, realizada pelas enfermeiras, a pesquisadora foi novamente consultar o instrumento de coleta de dados, visando reavaliar e completar as informações e esclarecer dados divergentes. Os diagnósticos de enfermagem foram também revisados, considerando-se a opinião dessas enfermeiras e os dados revisados. A partir desse processo, foram identificados 24

diferentes diagnósticos de enfermagem para as vítimas avaliadas. Os diagnósticos de enfermagem identificados pela pesquisadora foram distribuídos por categorias diagnósticas por freqüência simples, segundo a ocorrência em vítimas de trauma assistidas no APH Móvel Avançado.

6 RESULTADOS

Os resultados e a análise serão apresentados na seqüência, a saber: a) caracterização das vítimas de trauma assistidas no APH Móvel Avançado; b) diagnósticos de enfermagem identificados nas vítimas de trauma assistidas no APH Móvel Avançado e as Necessidades Humanas Básicas; c) fatores relacionados e características definidoras dos diagnósticos de enfermagem identificados nas vítimas de trauma assistidas no APH Móvel Avançado e d) fatores de risco dos diagnósticos de enfermagem identificados nas vítimas de trauma assistidas no APH Móvel Avançado.

6.1 Caracterização das vítimas de trauma assistidas no APH Móvel Avançado

Os resultados serão apresentados e analisados de acordo com os objetivos específicos propostos para o presente estudo, particularizando os tópicos indicados.

Considerando o período de coleta de dados foi verificado que houve uma variedade de tipos de ocorrência e de mecanismo de trauma que favoreceram uma aproximação da realidade dos diagnósticos, reais e de risco, das vítimas atendidas no APH Móvel Avançado pela pesquisadora.

A Tabela 1 apresenta a distribuição das vítimas de trauma assistidas no APH Móvel Avançado segundo a idade, sexo e tipo de ocorrência para o estabelecimento do trauma.

Tabela 1- Distribuição das vítimas de trauma avaliadas no APH Móvel Avançado segundo idade, sexo, tipo de ocorrência, SAMU da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto, janeiro a junho de 2004.

Sexo Tipo de Idade

ocorrência 18 30 31 40 41 50 51⎯ Total Atropelamento 1 - - 1 2 Ferimento por arma de fogo - - 1 - 1 Acidente motociclístico 1 - - - 1 Feminino Acidente automobilístico 2 - - - 2 Subtotal 4 - 1 1 6 Atropelamento 1 1 - - 2 Ferimento por arma de fogo 2 1 - - 3 Acidente Automobilístico 1 - 1 - 2 Acidente Motociclístico 3 - - - 3 Acidente Ciclístico 1 1 - - 2 Ferimento por arma branca 1 1 - - 2 Ferimento transfixante 1 - - - 1 Queda 1 - - - 1 Masculino Espancamento 1 - - - 1 Subtotal 12 4 1 - 17 Total 16 4 2 1 23 n=23 casos

Ao analisarmos as vítimas em relação a idade podemos observar que de 18 a 30 anos identificamos 16 (69,56%) vítimas. Estavam na faixa etária de 31 a 40 anos quatro (17,39%) vítimas, entre 41 e 50 anos duas (8,69%) vítimas e por fim, uma (4,34%) vítima com idade superior a 51 anos.

Considerando-se o sexo, o masculino representou 74% (17) da amostra e o sexo feminino aparece com uma freqüência menor, com 26% (6). Tais dados corroboram com os estudos Sousa et al. (1999), Malvéstio e Sousa (2002), Neves (2003), Oliveira e Sousa (2003) e Fernandes (2004) que identificaram na população estudada uma faixa etária de adultos jovens acometidos por agravos traumáticos a saúde e com maior incidência no sexo masculino.

Com relação à distribuição da freqüência dos tipos de traumas assistidos pela pesquisadora identificamos quatro (17,3%) ferimentos por arma de fogo, acidentes automobilísticos quatro (17,3%), acidentes motociclístico quatro (17,3%) e quatro (17,3%) atropelamentos. Nos demais tipos de acidentes foram identificados dois (8,7%) casos de ferimento por arma branca, dois (8,7%) casos de acidente ciclístico, um (4,3%) caso de agressão interpessoal – espancamento, um (4,3%) caso de queda e um (4,3%) de ferimento transfixante.

No Brasil, os acidentes de trânsito representam nessa última década os campeões em trauma, como reflexo do número de veículos em circulação, da desorganização do trânsito, da deficiência geral da fiscalização, das condições do veículo, do comportamento dos usuários e da impunidade dos infratores (OLIVEIRA; SOUSA, 2003). Esses mesmos autores apontam um aumento crescente envolvendo motocicletas, veículo que vem ganhando cada vez mais, aceitação e a aprovação da população, por ser ágil e econômico. No município de Ribeirão Preto existe uma taxa de motorização igual a 1,88 habitante por veículo conforme informações obtidas pela Empresa de Transporte Urbano de Ribeirão Preto S.A. (TRANSERP, 2003).

Estudo recente realizado por Fernandes (2004) permitiu delinear a caracterização da atenção pré-hospitalar móvel da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto (SP), em relação ao motivo de solicitação de atendimento. Verificou-se que houve uma predominância de traumas representados por acidente automobilístico e motociclístico, queda da própria altura e de altura, fraturas em geral, queimadura, politraumatizado, ferimento corto contuso, luxações, agressão interpessoal, traumas diversos, ferimento por arma de fogo e arma branca, atropelamento, queda de moto e bicicleta.

Os dados da TRANSERP (2003) apresentam em seu quadro estatísticos a cronologia de acidentes de trânsito evidenciando que ocorre um acidente a cada 44 minutos, sendo um acidente com vítima não pedestre a cada 5,6 horas; um acidente sem vítima a cada 51 minutos; um atropelamento a cada 1,5 dias; um ocupante de veículo morto a cada 17,4 dias e uma pessoa morta a cada 7,2 dias.

Com relação aos traumas por violência interpessoal, foi realizado um estudo por pesquisadores do CLAVES (Centro Latino –americano de Estudos de Violência e Saúde-Fundação Oswaldo Cruz) no período de 1996 a 1997, em dois hospitais do Rio de Janeiro destacando o perfil etiológico do trauma nas grandes cidades brasileiras, das quais estão relacionados : quedas, acidentes de trânsito e transporte, atropelamentos, agressões interpessoais e violência doméstica, bala perdida, tentativa de suicídio e overdose (BATISTA NETO; GOMES, 2001).

Como podemos avaliar na amostra estudada, a porcentagem maior de traumas foi de acidentes de trânsito, que estão subdivididos em acidentes automobilísticos, acidentes motociclísticos, atropelamentos e acidentes ciclísticos. Apesar de termos uma amostra pequena da população de traumas atendidos pelo

SAMU, os dados nos apontam para necessidade de campanhas de prevenção de acidentes e para a conscientização dos condutores de veículos para estabelecimento de um trânsito menos violento.

6.2 Diagnósticos de enfermagem identificados nas vítimas de trauma