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QUADRO I – CLASSIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE HORTA (1979)

C- Circulation with hemorrhage (Circulação com controle de hemorragia) D Disability Neurological status ( Incapacidade Estado neurológico)

4.3 O Processo de Enfermagem

4.3.4 O Processo de Raciocínio Diagnóstico

4.3.4.1 O Processo de Raciocínio Diagnóstico de Risner

O estabelecimento do diagnóstico ocorre mediante o processo de raciocínio diagnóstico e é descrito conforme referencial adotado. Risner (1990) propõe duas fases para o processo de raciocínio diagnóstico: a análise e síntese dos dados coletados, e o estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem. Estas etapas são processos de avaliação e interpretação dos dados, dando-lhes significado; assim permite chegar a conclusões a respeito da condição de saúde do cliente.

A análise é a separação do todo em partes que possuem características essenciais comuns e que se relacionam; compreende a categorização dos dados e identificação de lacunas e dados divergentes. A categorização dos dados é a análise e organização dos mesmos em grupos ou classes, de forma lógica e sistemática de acordo com o referencial teórico adotado. A identificação de lacunas é a identificação de dados relevantes que podem estar faltando ou de dados que necessitam ser esclarecidos; dados divergentes são dados conflitantes ou contraditórios (RISNER, 1990).

A síntese e a combinação das partes ou elementos dentro de uma entidade única; compreende quatro fases, a saber: agrupamento dos dados, comparação dos dados, identificação de inferências e hipóteses diagnósticas e relação a fatores etiológicos. O agrupamento dos dados é a combinação das partes do todo que possuem relação entre si. A comparação dos dados é comparação com critérios, normas, teorias, modelos e conceitos, isto é, a associação instantânea do quadro que o paciente apresenta com um padrão conhecido e aceito. A

identificação de inferências e hipóteses diagnósticas consiste em formular um diagnóstico a partir de “uma pista precoce sobre o paciente”, além da interpretação precisa dos dados para testar as hipóteses diagnósticas estabelecidas (RISNER, 1990; CARVALHO; RUFINO, 1998). A relação e fatores etiológicos é a etapa em que o enfermeiro explora e identifica os fatores que contribuíram ou influenciaram nos problemas de saúde do paciente. O enfermeiro pode fazer inferências sobre a possível causa relacionada ao problema do cliente e, a partir daí, direcionar as intervenções de enfermagem (RISNER, 1990).

O produto do processo de raciocínio clínico diagnóstico é o diagnóstico de enfermagem (RISNER, 1990).

Um diagnóstico de enfermagem deve ser expresso de forma clara e concisa e ser definitiva da condição ou da alteração do indivíduo. É o resultado de um processo e está alicerçado nas inferências elaboradas a partir dos dados obtidos. Nomear as conclusões e validá-las configuram a última fase deste empreendimento (RISNER, 1990).

Após apresentação do processo de raciocínio diagnóstico utilizado em nosso estudo passaremos a descrição da metodologia utilizada.

5 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, utilizando-se de estudos de casos, tendo como objetivo identificar os diagnósticos de enfermagem mais freqüentes no grupo de vítimas de trauma assistidas no APH móvel. O estudo descritivo busca a coleta de informações sobre a ocorrência, a freqüência da ocorrência, ou o valor médio das variáveis de interesse. Descreve uma variável de cada vez, sem focalizar as inter-relações entre as variáveis (POLIT; HUNGLER, 1995).

Segundo Wood e Haber (2001), esses estudos coletam descrições detalhadas de variáveis existentes e usam os dados para justificar e avaliar condições e práticas correntes ou fazer planos mais inteligentes para melhorar as práticas de atenção à saúde.

Segundo as recomendações de Yin (2001), o estudo de casos múltiplos é um método que permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real, tais como ciclos da vida individuais, processos organizacionais e administrativos.

Estudos de caso são:

...Investigações em profundidade de uma pessoa, grupo, instituição ou outra unidade social, com o objetivo de analisar e compreender as variáveis importantes ao histórico, desenvolvimento ou cuidado dispensado ao indivíduo ou a seus problemas (POLIT ; HUNGLER ,1995, p.125).

Segundo Chizzotti (2003), estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de pesquisas que coletam e registram dados de um caso particular ou de vários casos a fim de organizar um relatório ordenado e

crítico de uma experiência, ou avaliá-la analiticamente, objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora.

O caso é tomado como unidade significativa do todo e, por isso, é suficiente tanto para fundamentar um julgamento fidedigno quanto propor intervenção; tanto retrata uma realidade quanto revela a multiplicidade de aspectos globais, presentes em uma dada situação (CHIZZOTTI, 2003).

Do ponto de vista desse autor, a delimitação do caso deve precisar os aspectos e os limites do trabalho a fim de reunir informações sobre um campo específico e fazer análises sobre objetivos definidos a partir dos quais se possa compreender uma determinada situação. Quando se toma um conjunto de casos, essa coleção deve cobrir uma escala de variáveis que explicite diferentes aspectos do problema.

O método de estudo de caso concentra-se num fenômeno contemporâneo selecionado para proporcionar uma descrição aprofundada de suas dimensões e processos essenciais. Esse método procura entender e explicar os fenômenos que se apresentam na realidade objetiva, pelo aprofundamento em uma unidade, que pode ser a pessoa, uma organização ou grupo ( WOOD; HABER, 2001).

De acordo com Henderson (1973), os estudos de caso foram precursores dos planos de cuidados, que por sua vez se constituíram nas primeiras expressões do processo de enfermagem. Uma outra razão que justifica a escolha deste método advém de seu caráter integral, na avaliação do cliente; além da sua compatibilidade com o processo de enfermagem (GARCIA, 1996).

Para os autores mencionados anteriormente, o método de estudo de caso não é uma forma particular de obtenção de dados, mas uma forma de organizá-

los, podendo ser escolhidos por meio de entrevistas, questionários, autobiografias, documentos, entre outras maneiras. Dizem também, que esse método não pode ser considerado capaz de captar o início, mas uma tentativa de manter juntas, como uma unidade, as características importantes para o problema científico que estiver sendo investigado. Creswell (1998) define estudo de caso como uma exploração de um sistema delimitado ou de um caso (ou de vários casos), mediante uma detalhada coleta de dados, envolvendo múltiplas fontes de informações como a observação, a entrevista e a documentação.

Chizzotti (2003) corrobora a afirmação deste autor, afirmando que a posse de um volume substantivo de documentos, rascunhos, notas de observação, transcrições, estatísticas etc., coligidos em campo devem ser reduzidos ou indexados, segundo critérios predefinidos, a fim de que se constituam em dados que comprovem as descrições e as análises do caso.

Ressaltamos, que este estudo utilizará vários casos para a descrição da unidade de análise, representada pelas respostas humanas, ou seja, as necessidades básicas das vítimas adultas traumatizadas no APH Móvel. O desenvolvimento do estudo de caso se dará com base nas fases do processo de enfermagem, conforme estrutura mencionada no suporte metodológico como proposta dessa investigação, com a utilização do instrumento de coleta de dados que foi desenvolvido.