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3 Maneio de aves reprodutoras

3.2 Período de reprodução das aves reprodutoras

3.2.1 Condições ambientais

Para as aves reprodutoras expressarem o seu potencial genético é necessário que tenham as melhores condições ambientais (Leeson & Summer, 2009). É assim importante dar atenção aos fatores ambientais do pavilhão de produção. Seguidamente são enumeradas e descritas as principais características dos fatores ambientais a ter em conta no maneiro das aves reprodutoras.

Pavilhão

Os pavilhões devem proporcionar as condições ideais de conforto e bem-estar às aves para que, deste modo, possam maximizar a sua produção. Com exceção dos reprodutores utilizados na inseminação artificial, que são alojados em jaulas, os reprodutores devem ser sempre alojados no chão, em pavilhões com cama ou cama e ripado (Mourão, 2005 b).

Ninhos

Os ninhos têm um papel muito importante no processo de produção de pintos na medida em que os ovos limpos mantêm um potencial maior de eclodibilidade do que os sujos ou contaminados (Aviagen, 2008). Os ninhos para as galinhas reprodutoras podem ser construídos em diversos materiais, sendo a madeira mais cómoda mas mais difícil de lavar e desinfetar. Os ninhos podem ser individuais ou coletivos com diversas dimensões e com recolha automática ou manual dos ovos, no entanto, os ninhos individuais são mais recomendados, sobretudo com as reprodutoras pesadas (Mourão, 2005 b).

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Figura 3-2 – Exemplo de ninhos colectivos (Bigdutchman, s.d.)

Os ninhos com recolha automática dos ovos possuem o chão revestido por um tapete em material lavável e desinfetável, capaz de amortecer a queda dos ovos. O chão está inclinado para o lado onde se encontra uma cinta de transporte dos ovos, de modo a permitir que os ovos rolem lentamente para esta. A cinta de transporte dos ovos deve ser perfurada, de forma a deixar cair o material estranho que possa acompanhar os ovos, e deve ser limpa regularmente (Mourão, 2005 b). Na Figura 3-2 e Figura 3-3 estão representados exemplos de ninhos colectivos e o interior de um ninho automático, respetivamente.

Figura 3-3 – Interior de um ninho automático. (Automation, s.d.)

O ninho é um fator de prevenção da postura de ovos no chão. Para isto o ninho deve ser um local confortável, seguro e de fácil acesso para a galinha realizar a postura (Oliveira et al., 2010). Devem também ser em número adequado. No pavilhão dos reprodutores deve existir um ninho individual por cada 4 galinhas reprodutoras.

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Com um menor número de ninhos aumenta a postura de ovos no chão e há mais galinhas que entram em choco (Mourão, 2005 b). No caso de ninhos coletivos, a recomendação é de 120 galinhas/m2 (ISA, s.d.). Demasiada concorrência pelos ninhos pode fazer com que galinhas submissas aprendam a usar ninhos alternativos ou a atrasar a postura do ovo para além do período crítico para o comportamento de pré- postura. Em ambos os casos, aumenta a postura de ovos no chão, pois são impedidas de entrar nos ninhos pelas galinhas dominantes (Webster, 2007).

Na produção de ovos para incubação procuram-se práticas para concentrar a postura nos ninhos e evitar a postura na cama e, consequentemente, a presença de ovos sujos (Oliveira et al., 2010). O maneio dos ninhos na pré-postura e um maior número de recolhas diárias contribuem para a obtenção de ovos mais limpos e com menor nível de contaminação (Avila, 2001 citado por Oliveira et al., 2010).

O material do ninho, que se encontra à temperatura ambiente (22 a 24ºC), inferior à do ovo (42ºC), é a primeira superfície com que o ovo recém-posto contata após a postura. Estas diferenças de temperatura levam ao arrefecimento o ovo e a posterior contração do conteúdo favorece a penetração bacteriana. A limpeza e manutenção do ninho também são, assim, muito importantes (Sbanotto, 2007).

As condições em que se encontram as aves no aviário vão determinar o grau de higiene no ninho. Camas húmidas, ripado de pequeno espaço e pobre ventilação no aviário favorecem a ocorrência de contaminações que a galinha levará para o ninho e, consequentemente, o ovo posto limpo por uma galinha poderá ficar sujo pelas patas ou penas sujas de outra ave (Oliveira et al., 2010).

Um ninho confortável deve ser seco e limpo e sem entradas de ventos frios, não ser muito aquecido e deve também fornecer uma posição confortável para a ave sentar apoiada no próprio peito. Para a galinha se sentir segura no ninho, este deve ser um pouco profundo ou pode ter algum tipo de plástico a tapar parte da porta, para que ela possa se esconder e não deve ter muita luz. A cobertura deve ser escorregadia, para evitar que aves se sentem nela, assustando e evitando que outras aves entrem no ninho (Oliveira et al., 2010).

É crucial ter os ninhos no lugar e prontos, antes do início da produção. No entanto, as aves vão perder o interesse se ninhos forem abertos muito cedo. Assim, os ninhos devem ser abertos dois dias após ver o primeiro ovo (Sbanotto, 2007). Note-se que os hábitos de postura das galinhas são muito persistentes.

14 Cama

A qualidade da cama pode influenciar diretamente a produtividade do bando. A cama de má qualidade, aliada a fatores como pH neutro, atividade da água e temperatura elevada, é um ambiente favorável para o desenvolvimento de bactérias. Quando os animais são criados numa cama de boa qualidade, estão menos suscetíveis a problemas sanitários (Duarte, 2009).

Existem vários fatores importantes para um maneio adequado da cama, tais como uma boa ventilação no interior do pavilhão, uma intensidade luminosa uniforme para estimular a distribuição das aves e o maneio da água. É essencial que a cama se mantenha em bom estado, para que as patas e as penas das galinhas se mantenham secas e limpas e assim não arrastarem para dentro do ninho materiais que iriam sujar os ovos (Mourão, 2005 b).

A composição da cama pode sofrer alterações de acordo com o material utilizado, época do ano, idade das aves, dieta fornecida, maneio e densidade animal (Duarte, 2009).

A capacidade de absorção de humidade das camas é muito importante mas também existem outras características relevantes, como a qualidade sanitária do material da cama. É fundamental realizar um tratamento de manutenção da cama durante todo o ciclo produtivo, com o objetivo de controlar a flora microbiana produzida durante toda a produção (Somolinos & Lopes, 2013).

Alguns dos problemas diretamente ligados à má qualidade da cama são dermatites, lesões nas patas e calos no peito (Duarte, 2009) e dermatites das almofadas plantares (Smith, 2013).O contacto prolongado das lesões podais com o material fecal e a grande quantidade de humidade na cama são provavelmente os principais fatores de desenvolvimento de dermatites das almofadas plantares. Otimizar a qualidade da cama é, portanto, fundamental para melhorar este tipo de dermatite de contacto e o bem-estar animal em geral (Smith, 2013).

Programas de luz

O índice produção recomendado para as galinhas reprodutoras de carne é de 5% às 25 semanas de idade. Para que isto ocorra, a foto-estimulação não deve ocorrer antes das 21 semanas de idade. No entanto, a idade para se aumentar o fotoperíodo curto (8 horas) para fotoperíodo longo (≥11horas) depende do peso e da uniformidade dos animais (Aviagen, 2013 a).

A atividade sexual dos machos reprodutores é afetada pela intensidade e comprimento de onda da luz e pela variação do fotoperíodo (Mourão, 2005 b). Se os machos forem recriados seguindo o programa de luz e o perfil de peso corporal

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recomendados, não precisam de aumentos de fotoperíodo antes das fêmeas (Aviagen, 2013 a). Quanto maior for a precocidade do desenvolvimento testicular induzida pelo fotoperíodo menor será o peso dos testículos no fim do período de crescimento (maturidade sexual). Por este motivo, os machos pesados não devem ser foto- estimulados antes das 18 semanas de idade (Mourão, 2005 b).

A duração e a intensidade da luz durante o período de produção não devem diminuir (Mourão, 2005 b). A resposta reprodutiva das aves é maximizada com um fotoperíodo de 13 a 14 horas na etapa de postura. Isto atrasará o início da foto- refratividade adulta e irá minimizar a incidência de ovos no chão ao assegurar que a maioria dos ovos são postos depois das luzes acenderem (Aviagen, 2013 a). Durante a postura não se observam vantagens em exceder as 13 a 14 horas de luz por dia. Fornecer mais de 14 horas de luz irá adiantar o início da foto-refração e irá resultar em taxas de produção mais baixas até ao final do ciclo (Aviagen, 2013 a).

Pelo contrário, Winchell (2005) recomenda que na fase de produção o fotoperíodo deve aumentar de 11 horas diárias para 17 horas diárias, aumentando meia hora por dia até chegar ao objetivo pretendido. A intensidade da luz nesta fase deve ser de 50-60 lux.

Segundo o manual de maneio de matrizes Ross, a intensidade de luz recomendada no pavilhão de produção é de 30 a 60 lux. Esta intensidade é recomendada para fomentar o uso dos ninhos e maximizar a produção de ovos incubáveis, minimizando o número de ovos postos no chão (Aviagen, 2013 a).

Temperatura

O desempenho dos reprodutores será otimizado com temperatura ambiente entre os 22 e os 24ºC e, para além das mudanças na produção de ovos, há ainda um incentivo em otimizar a eficiência alimentar ao manter esta temperatura ideal (Leeson & Summer, 2009). Em termos práticos, as temperaturas baixas vão provocar um pior índice de conversão alimentar, um aumento da mortalidade e aumento da incidência dos problemas respiratórios. Com a subida da temperatura, a galinha aumenta o consumo de água para compensar as perdas de água através do aparelho respiratório e procura também reduzir a produção de calor através da diminuição da sua atividade física e da redução da ingestão de alimento. Esta redução da ingestão poderá ter efeitos negativos no crescimento, na produção de ovos e no índice de conversão alimentar (Mourão, 2005 a).

A partir de temperaturas ambiente superiores a 30ºC, a ave tem dificuldades em se libertar do calor produzido pelo seu metabolismo, pelo que há um aumento da temperatura corporal que provoca um acréscimo exponencial no metabolismo dando

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origem a mais produção de calor. As temperaturas elevadas, para além dos efeitos negativos diretos que têm na eficiência alimentar, afetam negativamente a produção e tamanho dos ovos, reduzem a fertilidade do bando de reprodutores e aumentam os problemas patológicos e a mortalidade, especialmente quando há uma carga animal excessiva no pavilhão. As mudanças bruscas de temperatura agravam estes problemas (Mourão, 2005 a).

No que diz respeito ao galo, a espermatogénese é máxima quando a temperatura ambiente é inferior a 25ºC. Com temperaturas superiores a 25ºC a atividade sexual e a produção de espermatozóides diminuem, sendo a diminuição mais acentuada a partir dos 30ºC. Os efeitos negativos são mais acentuados quando a temperatura se eleva rapidamente e se mantêm assim por períodos prolongados (Mourão, 2005 b). Um choque térmico de 3 dias pode afetar a produção espermática durante cerca de uma semana e um choque mais prolongado pode afetar a espermatogénese durante várias semanas (Mourão, 2005 b).

Enquanto a maioria das discussões sobre controlo ambiental se foca na temperatura, é necessário relembrar que a humidade relativa que prevalece é muitas vezes o fator que causa mais stress às aves. Altas temperaturas e baixa humidade relativa (ex: 32ºC, 40% HR) são aceitavelmente toleradas pelas aves, enquanto que elevada temperatura e elevada humidade (ex: 32ºC, 90% HR) são problemáticas (Leeson & Summer, 2009). A Figura 3-4 ilustra a resposta generalizada das aves a mudanças de temperatura e humidade.

Figura 3-4- Resposta das aves a mudanças de temperatura e humidade (generalizado) (Leeson & Summer, 2009).

17 Ventilação

A correta ventilação representa um requisito essencial para se obter um bom ambiente numa exploração avícola, na medida em que serve para otimizar o conforto das aves no pavilhão, para que se atinja o melhor rendimento biológico e se mantenha a saúde e o bem-estar do bando (Aviagen, 2013 a)

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O objetivo de uma ventilação correta consiste em fornecer o oxigénio necessário às aves e retirar do interior do pavilhão os excessos de dióxido de carbono, de gases tóxicos, de poeiras e de microrganismos suspensos na atmosfera, bem como o calor produzido em excesso (Mourão, 2005 a).

O sistema de ventilação ajuda também a controlar a temperatura e a humidade relativa (Aviagen, 2013 a). A ventilação recomendada é 4m3/hora/kg (ISA, s.d.)

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