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Condições Capacitadoras da Criação do Conhecimento

6 Análise dos Dados

6.1 Recicla UNESP

6.1.3 Condições Capacitadoras da Criação do Conhecimento

Com relação à condição capacitadora intenção organizacional, percebe-se que o programa tem noção da importância de se criar novos conhecimentos, preocupa-se com isso,

mas não faz nada de forma sistemática para proporcionar a sua criação. No programa ela não ocorre de forma consciente, não é programada ou planejada, acontece de forma espontânea.

“Cria-se, cria-se conhecimento porque a gente senta e debate as idéias. A gente senta discute, debate, cada um dá seu ponto de vista, então, acho que por estar discutindo, fazendo esse debate sobre o que a gente vai pautar para fazer essas palestras, como a gente vai transmitir esse conhecimento, então, eu acho que é uma forma, também, de estar criando o conhecimento” (entrevistado 3).

“Olha, acredito que cada vez que você senta e discute isso vai gerar uma criação de novos conhecimentos sim. Às vezes o que nós temos aqui é uma correria danada para programar algumas coisas, já que o docente está envolvido em “n” atividades...então, algumas vezes a gente senta para conversar muito rapidamente, mas assim mesmo eu creio que a gente está gerando algo novo, por discutir idéias, que geram novos conhecimentos” (entrevistado 2).

Essa não é uma das preocupações principais do Recicla UNESP e também não é considerado um ponto forte pelo membros, mas sim algo a ser desenvolvido ainda.

“Mas acho que poderia ser melhorado ainda. Teriam que ser definidos horários para estudo mesmo, para que estivéssemos sempre aprofundando mais esse conhecimento de uma forma mais arraigada para as discussões né?!” (entrevistado 2).

Além disso, a questão de participação, da troca de idéias, da interação também está relacionada ao envolvimento que o membro tem com o programa.

“Então a gente estava até conversando a respeito, eu o outro

professor coordenador, tem pessoas que vestem mais a camisa, então, esse que veste a camisa, ele procura sempre ter idéias novas para realizar coisas que você toca de uma maneira diferente, uma atividade passada de forma diferente” (entrevistado 2).

Isso demonstra a necessidade de se melhorar essa questão da intenção organizacional,

a necessidade de apresentar essa preocupação com a criação de novos conhecimentos como parte da cultura do programa (da organização), incentivando e promovendo a interação e buscando fazer com que as pessoas se identifiquem com ele, sintam-se parte dele.

A autonomia aos membros do programa é muito clara, todos os membros têm ciência de seu poder de participação, opinião e decisão, junto aos outros membros. Só as decisões burocráticas é que são tomadas somente pelos dois professores coordenadores.

“Sempre as decisões são tomadas juntas, alguém tem uma idéia, joga para a mesa, a gente discute. Inclusive, com o pessoal da gestão ambiental, o pessoal que faz mestrado, doutorado nessa érea ambiental.

A gente discute todas as idéias de maneira que a gente busca chegar sempre em um senso comum.

A professora respeita muito as nossas idéias, porque ela mostra que ela está lá não para dar o ponto final, ela está lá para orientar na melhor decisão.

A gente percebe que nessa os alunos trabalham bem juntos”

(entrevistado 3).

Os professores coordenadores, quando questionados sobre a participação dos alunos membros do programa na tomada de decisão, confirmaram o que eles disseram.

“Os alunos bolsistas participam muito” (entrevistado 1).

“Em grupo [que as decisões são tomadas], a gente discute, os alunos trazem as idéias, a gente discute se a gente vai tomar essa decisão ou não antes” (entrevistado 2).

Para analisar a flutuação e o caos criativo, o programa foi questionado sobre a alteração de características dos usuários. E constatou-se que a heterogeneidade dos grupos exige mudanças por parte dos membros do programa; assim eles são obrigados a modificar

seus processos e atividades (como exige a teoria da criação do conhecimento), principalmente a linguagem.

“A gente trabalha com aluno universitário, tanto com os que estão entrando como os veteranos, a gente trabalha com os alunos da creche e a gente trabalha com os funcionários.

Com os universitários a gente pode utilizar uma linguagem um pouco mais técnica, usar uns termos mais técnicos mesmo.

Já com os funcionários muitos deles que não possuem um nível tão qualificado, então a gente tem que dar uma simplificada na palestra, mas não subestimando sua capacidade de entendimento e se preocupando sempre com a linguagem que pode ser usada.

E com as crianças tentar brincar e, ao mesmo tempo, fazer eles entenderem que aquilo é sério” (entrevistado 3).

“A linguagem é totalmente diferente, totalmente. Muito diferente! Até porque a reação é diferente. Os funcionários contam casos. Já os alunos têm mais receio de falar. E as crianças topam tudo, querem saber de tudo” (entrevistado 1).

“O público influencia muito. Se for um público que não tem conhecimento nenhum na área a gente fala de uma forma mais simples. Agora se você esta discutindo com alunos que já têm uma fundamentação teórica, que já estudou, então você cria outro nível de discussão desse conhecimento” (entrevistado 2).

A análise da presença da redundância já foi tratada anteriormente na discussão das características-chave, já que ela tanto é uma característica-chave para a criação de novos conhecimentos como uma condição capacitadora para que isso ocorra.

A variedade de requisitos, em parte, existe e, em parte, não.

O programa separa as atividades por grupo (alunos da creche, funcionários, docentes, ou estudantes da universidade). Cada grupo é trabalhado separadamente; assim, um não contribui com o outro, devido às suas diferentes idéias, formações, experiências, etc.

“...até porque os alunos são diferentes, cada ano a gente recebe alunos novos e eles vêm com uma diferença em termos de

conhecimento e em busca também. Então a gente não pode usar sempre o mesmo mecanismo, às vezes funciona e às vezes não”

(entrevistado 2).

Mas, por outro lado, os alunos da universidade são trabalhados todos juntos, alunos de todos os cursos, de graduação e pós-graduação participam juntos de uma mesma atividade, o que a enriquece, proporcionando um diálogo multidisciplinar, formando uma base cognitiva comum entre eles.

“As atividades são separadas por grupos, creche, alunos, docentes, funcionários, por setor, mas também acontece de outro grupo participar, como nas atividades que fizemos para a creche na semana do meio ambiente, muitos funcionários participaram” (entrevistado

1).