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Descrição da Estruturação dos Instrumentos de Coleta

5 Métodos de Pesquisa

5.8 Descrição do Caso Piloto

5.8.1 Descrição da Estruturação dos Instrumentos de Coleta

Durante a realização do trabalho de campo, buscou-se obedecer às regras apresentadas para realização dos procedimentos de acordo com a metodologia qualitativa (BARIN, 1986). Sendo assim, buscou-se:

• A exaustividade na coleta de dados, na realização das entrevistas (a exaustividade foi o critério adotado para se perceber quando deveria parar a realização das entrevistas, ou se deveriam ainda ser realizadas outras. Assim, quando elas começavam a ser repetitivas sem a agregação de novas informações, decidia-se por uma interrupção);

• A representatividade da amostra foi respeitada da seguinte forma: em dois programas. No programa em que foi realizada a entrevista-piloto e no Recicla UNESP, as entrevistas foram realizadas com todos os membros já que esse número era pequeno; e no USP Recicla, que possuía um número maior de membros buscou-se representar todas as categorias. Sendo assim, foram entrevistados o educador e coordenador-geral do programa, dois coordenadores como representantes desta categoria e três alunos representantes dos membros bolsistas ou voluntários; e a seleção das pessoas entrevistadas foi feita segundo uma conversa com o educador que mencionou os membros mais ativos e envolvidos com o programa, que participavam da maior parte das atividades;

• A homogeneidade, para tal, o instrumento utilizado foi o mesmo em todos os casos, a entrevista; as perguntas realizadas foram as mesmas, ocorrendo da mesma maneira; e as técnicas para realização das entrevistas também;

• A pertinência, para isso os documentos utilizados na coleta de dados como fonte de informações foram considerados pertinentes para o que se pretendia buscar e para o que suscita a análise.

Partindo do objetivo da pesquisa, definido no início desse processo, fez-se a revisão da literatura, possibilitando a reflexão de questões importantes ao estudo. Da busca à resposta a essas questões e apoiando-se na teoria adotada, foi possível extrair variáveis (conforme Quadro 1) que, se conhecidas e entendidas pelo pesquisador, poderiam responder as questões de pesquisa pretendidas. Para facilitar ainda mais, essas variáveis algumas vezes foram destrinchadas em subvariáveis (de acordo com Quadro 1), tornando a busca às respostas mais detalhada. Analisando-se cada uma dessas variáveis e subvariáveis, formularam-se perguntas sobre as práticas dos programas que poderiam levar ao entendimento de cada uma delas, formando assim um roteiro para a realização das entrevistas.

Inicialmente, a entrevista ficou grande, pois apresentava muitas questões. Foi considerada muito comprida e, possivelmente, cansativa, possibilitando que o respondente não prestasse a devida atenção, procurando terminar a entrevista o quanto antes. Sendo assim, foram feitas alterações buscando-se sintetizar algumas perguntas, permitindo que uma única pergunta pudesse corresponder a mais de uma variável, ao invés de serem necessárias uma ou mais questões para cada variável.

Com o intuito de verificar a estrutura e clareza do roteiro de entrevista formulado, foi realizada uma entrevista-piloto em um estudo de caso-piloto, com características semelhantes às dos dois casos selecionados para a realização do estudo (TRIVINOS, 198715, MANZINI, 199116, REA; PARKER, 200017 apud BELEI; GIMENIZ-PASCHOAL; NASCIMENTO; MATSUMOTO, 2008).

Após a análise da entrevista-piloto, pode-se perceber a necessidade de novas mudanças na formulação das perguntas da entrevista. Elas são detalhadas a seguir:

Realizadas as entrevistas-piloto, elas foram ouvidas diversas vezes de forma exaustiva e transcritas para a possível verificação das falhas do roteiro e da realização destas. Com isso, algumas medidas foram tomadas.

Foi excluída a questão 1.2, já que se percebeu que esse é um dos objetivos da pesquisa: descobrir se as práticas utilizadas facilitam a criação do conhecimento e que isso será uma das conclusões possíveis após a análise dos dados. Além do mais, os participantes não conseguem fazer essa avaliação.

A questão 10 é uma junção das perguntas 3, 5 e 6, podendo ser respondidas pela síntese destas. Assim, optou-se por excluí-la, mantendo somente as duas perguntas subitens desta.

15TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisaqualitativa em Educação. São

Paulo: Atlas; 1987.

16

MANZINI, E. J. A entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, v. 26/27, p. 149-158, 1991.

17

REA, L. M.; PARKER, R. A. Desenvolvendo perguntas para pesquisas. In:______. Metodologia de pesquisa: do planejamento à execução. São Paulo: Pioneira, 2000. p. 57-75.

A questão 12 era formada por perguntas que se apresentaram repetitivas, sendo possível sintetizá-las, obtendo o mesmo efeito.

Durante a análise das entrevistas-piloto, pode-se perceber que as questões 11, 12, 12.1 e 12.2 foram realizadas de forma muita similar, ficando repetitivas. Sendo necessário enfatizar o aspecto que se quer perceber em cada uma dessas questões: como acontece a tomada de decisão e a comunicação na questão número 11, como ocorre a divisão do trabalho na 12, como se baseiam os processos na 12.1 e comunicação.

Como, normalmente, as organizações que possuem comunicação informal costumam apresentar relações pessoais, e as organizações que possuem comunicação formal costumam apresentar relações impessoais, optou-se por unir essas duas perguntas em um mesmo item, a fim de evitar que as perguntas retomassem o mesmo assunto em uma questão diferente. Então, esse assunto será tratado junto, de uma vez só.

As questões 11 e 12 e seus subitens tratam de um mesmo assunto, das características da organização, sendo assim, elas foram colocadas como derivadas de um mesmo assunto.

Outra necessidade percebida, que não exige uma modificação no roteiro de entrevistas, mas na forma de aplicação, refere-se à necessidade de explicação de alguns dos conceitos que se quer conhecer. Muitas vezes, o entrevistado não respondia tudo o que poderia ser respondido. Assim, faz-se necessário abordá-los de forma diferente, que poderia ser de duas formas: ou explicando os conceitos que se quer conhecer, as variáveis que se quer entender para que os entrevistados possam ter seu próprio entendimento do que poderia ser essa atividade no caso específico de seu programa, ou através da realização direta da pergunta, seguida de alguns possíveis exemplos, facilitando uma ligação entre os exemplos e o que ocorre no Programa estudado. A segunda opção foi adotada. Com isso, percebe-se que o entrevistado pode ser influenciado pelos exemplos citados e pode ficar restrito a esses exemplos, não “enxergando” outras práticas que não as citadas, podendo correr o risco de

“perder” alguma prática exercida pelo Programa, mas que não havia sido citada pelo exemplo. Para que isso não ocorresse, após a realização da pergunta, caso o entrevistado tivesse dificuldade de entender, seriam fornecidos os possíveis exemplos descritos nos lembretes.

Todas essas etapas, desde a definição do objetivo da pesquisa até a formulação de cada uma das perguntas pertencentes à entrevista, ocorreram conforme demonstram as etapas da figura 11:

Contato inicial com o tema Ciência do problema de pesquisa Formulação do objetivo de pesquisa Formulação da questão global da pesquisa Formulação das questões específicas da pesquisa

Revisão bibliográfica

Formulação dos conceitos sensibilizantes Definição das variáveis e subvariáveis Formulação das perguntas da entrevista

Seleção da amostra Realização da entrevista-piloto

Análise dos dados Resultados e Conclusão

Figura 11 – Fases para a formulação das questões da entrevista

As entrevistas foram realizadas com o auxílio de um gravador, ampliado o poder de registro e captação de elementos de comunicação (SCHRAIBER, 1995 apud BELEI;

GIMENIZ-PASCHOAL; NASCIMENTO; MATSUMOTO, 2008). E, por fim, o material foi transcrito pela própria pesquisadora.

O roteiro da entrevista-piloto pode ser visto no Apêndice C e a versão final das questões da entrevista pode ser visualizada no Apêndice D, e a síntese do objetivo da pesquisa, das questões de pesquisa, das variáveis e das perguntas pertencentes à entrevista e que proporcionam a resposta dessas variáveis estão no protocolo de pesquisa (Apêndice A). O protocolo de pesquisa é um documento que contempla os aspectos fundamentais realizados para se chegar à formulação das perguntas da entrevista.

No Apêndice E, consta o diário de campo, um acervo de impressões e notas realizadas durante a execução do trabalho de campo (MINAYO, 2008).

Além de as mesmas perguntas terem sido conduzidas da mesma maneira, também houve um esforço para garantir que todo respondente entendesse as questões da mesma maneira. Esses esforços garantem a equivalência de estímulo (CARAGNATO; MUTTI, 2006).

Após a realização das entrevistas, elas foram submetidas à aprovação de cada respondente, pois é uma forma de aprimorar a fidedignidade, assegurando que as respostas obtidas sejam verdadeiras e não influenciadas por quaisquer condições (CARAGNATO; MUTTI, 2006).