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6 Análise dos Dados

6.2 USP Recicla

6.2.6 Modelo Gerencial e Estrutura Hierárquica

As decisões são mais centralizadas; apesar de os membros sempre se reunirem para discutir as idéias, a decisão final é sempre da educadora, ou, dependendo do caso e da decisão, do comitê gestor.

“As decisões são tomadas majoritariamente no âmbito das comissões, que decide os rumos gerais e as ações pelas quais cada um fica responsável” (entrevistado 1).

As relações e a comunicação entre os membros do grupo são caracterizadas como informais e pessoais. Apenas quando é algo que deve ser tratado com a matriz, é que a educadora faz uso de comunicação formal.

“Formalmente quando é mais entre esse campus e a matriz, com a Agência USP de Inovação ou com o prefeito do campus, por meio de memorandos.

No tocante às atividades cotidianas, às decisões rápidas, à circulação de informação entre os membros aqui do programa do campus ocorre tudo muito informalmente” (entrevistado 1).

“A gente tem uma maneira bem informal de trabalhar, um jeito bem gostoso, acho que é por isso, às vezes, que as pessoas acabam ficando lá por muito tempo, porque não tem essa coisa de chefe, acho que é bem horizontal, transformando as relações dos estagiários em amizade mesmo. A Pazu é uma pessoa super aberta, que não tem esse papel de chefe tradicional, ela cobra, mas dessa forma” (entrevistado

2).

“É bem impessoal. Até por questão de horário” (entrevistado 4).

Os estagiários definem seu trabalho como atividades fixas e bem definidas, onde cada um desenvolve um projeto, pelo qual ele recebe bolsa, pelo qual ele responde relatórios.

“É fixo. Tem uma estagiária geral que interage um pouco em cada programa, mas cada estagiário tem seu trabalho” (entrevistado 3).

“É bem definido. É bem definido por a gente receber aquela bolsa, destinada àquele projeto” (entrevistado 4).

Já o educador do programa comenta que, apesar disso, de cada estagiário ter suas atividades fixas e préestabelecidas, definidas, algumas atividades surgem sem planejamento,

dependendo de demanda externa, por exemplo, e nesses casos há flexibilidade para a realização destas.

“A minha [função] é poli-multi-uso. Os estagiários, como entram em um projeto especifico, ele já tem as atividades especificas daquele projeto. Mas ao mesmo tempo quando a gente precisa acontece certa flexibilidade. Por exemplo, quando a gente vai receber uma escola, ou uma consulta, os atende quem está mais livre. Ao mesmo tempo em que já tem tarefas pré-definidas, outras surgem e para atendê-las é preciso ter certa flexibilidade” (entrevistado 1).

Essas características não se aproximam tanto da estrutura em hipertexto, como do modelo gerencial middle-up-down. Apesar de o programa ter relações pessoais e uma comunicação informal, a decisão costuma ser um pouco centralizada, além da questão da divisão do trabalho, com tarefas fixas e prédefinidas, fazendo que o aluno se dedique sempre às mesmas.

6.2.7 Disseminação do Conhecimento e Conscientização

Quando questionados sobre a disseminação, entre os membros e também para os usuários, dos resultados e das idéias e conhecimentos criados no programa, todos foram claros quanto à difusão de informação, conhecimento e idéias tanto entre os membros, quanto deles para com os usuários. Apesar de sentirem uma falha na disseminação dos resultados alcançados pelo programa.

“Já divulgamos esse trabalho que eu citei em um evento de ambiental que teve, como os dados ainda são novos, mas nas próximas atividades com certeza divulgaremos para mostrar e poder focar nas dificuldades percebidas nos resultados” (entrevistado 3).

“De alguns programas sim. Dos que chamam mais atenção, como do restaurante, da coleta seletiva.

Mas a gente sempre tenta dar esse retorno para não manter esse conhecimento só nosso e também para incentivar a participação”

(entrevistado 2).

“Muito pouco, basicamente isso fica interno. Eu acho que a maior falha que nos temos é do retorno à comunidade dos nossos resultados. A gente tem muita dificuldade de divulgação desses resultados pós- atividades para a comunidade. E eu acho que se pudéssemos ter um incremento de qualidade nisso, eu acho que a gente seria um programa muito melhor, se pudéssemos dar esse retorno a comunidade” (entrevistado 1).

Sobre o impacto do programa na conscientização dos usuários, nada sistemático é feito para medir essa mudança de comportamento, os membros relatam o que observam, presenciam e sentem com a experiência e a vivência.

“Claro, a gente não tem uma avaliação global, é muito difícil, a gente trabalha com educação e sabe o quão difícil é.

Mas agente trabalha com indicadores justamente para isso, para tentar avaliar isso, por exemplo, se o indicador demonstra que há mais separação a gente imagina que o efeito está sendo maior, que a mudança está ocorrendo.

Mas, por ser a mudança uma coisa muito subjetiva, a gente sente dificuldade.

O que eu consigo perceber um pouco é de uma maneira mais informal, através de relatos, por exemplo, pessoas que passaram por aqui e que vão trabalhar em outra universidade e nos procuram por sermos referência para que eles possam implantar um programa similar lá, na universidade, na empresa ou na cidade.

Então a gente tem isso pouco sistematizado pela dificuldade mesmo, mas a gente sente um pouco dessa forma” (entrevistado 1).

“Eu acho que [ a conscientização] é bem pontual, de uma pequena amostra que a gente tem mais contato, porque é bem difícil saber. A gente percebe que muitos dos ex-alunos da universidade acabam nos procurando depois, quando entram numa empresa, por exemplo, para tentar implantar alguma das nossas atividades lá.

A caneca é muito requisita para implantar nas empresas. Algumas composteiras também” (entrevistado 2).

“Das oficinas de compostagem, como tem o e-mail, a gente percebe que eles se interessam muito. Mas também, muitos já vão interessados. Mas na pesquisa a gente aborda isso.

Agora para os universitários, depende do grau de interação com o programa, porque tem alunos que nem têm contato com o programa”

(entrevistado 3).

6.2.8 Categorias Adicionadas: Verba, Pessoal e Extensão/Apoio

As categorias criadas para o primeiro estudo de caso (verba, pessoal e extensão) - que colocam a situação do programa quanto à falta de verba e pessoal, e o fato de ser um programa de extensão - como itens que dificultam a atuação do programa e até mesmo a realização de alguns processos como a socialização e a internalização, não são em momento algum citados nas entrevistas do USP Recicla, sendo então, estes, considerados como itens presentes no programa.