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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

8. Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios – RT-SCIE

8.2. Condições Gerais de Comportamento ao Fogo, Isolamento e Proteção

Tendo agora em conta as condições gerais de comportamento ao fogo, isolamento e proteção, devem os elementos estruturais de um edifício garantir um certo grau de estabilidade ao fogo (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo, art. 14.º, n.º 1).

Por estabilidade ao fogo, entende-se a

“[…] propriedade de um elemento de construção, com funções de suporte de cargas, capaz de resistir ao colapso durante um período de tempo determinado, quando sujeito à acção de incêndio […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 3.º, n.º 4)

Os edifícios e estabelecimentos devem conter, por seu lado, o número necessário e suficiente de compartimentos corta-fogo, com vista a assegurar a proteção de determinadas áreas, a impedir a propagação do incêndio ou a fracionar a carga de incêndio (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo, art. 14.º, n.º 2). Estes compartimentos correspondem a

“[…] parte de um edifício, compreendendo um ou mais espaços, divisões ou pisos, delimitada por elementos de construção com resistência ao fogo adequada a, durante um período de tempo determinado, garantir a protecção do edifício ou impedir a propagação do incêndio ao resto do edifício ou, ainda, a fraccionar a carga de incêndio […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 3.º, n.º 2)

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“[…] quantidade de calor susceptível de ser libertada pela combustão completa da totalidade de elementos contidos num espaço, incluindo o revestimento das paredes, divisórias, pavimentos e tectos […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 1.º, n.º 10)

Deve a compartimentação corta-fogo ser conseguida através dos elementos da construção, de pavimentos e paredes que, além da capacidade de suporte, garantam ainda

 A estanquidade a chamas e gases quentes;

 O isolamento térmico durante um determinado tempo (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo, art. 14.º, n.º 4).

Um compartimento corta-fogo constitui-se em

“[…] parte de um edifício, compreendendo um ou mais espaços, divisões ou pisos, delimitada por elementos de construção com resistência ao fogo adequada a, durante um período de tempo determinado, garantir a protecção do edifício ou impedir a propagação do incêndio ao resto do edifício ou, ainda, a fraccionar a carga de incêndio […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 3.º, n.º 2)

Isolamento térmico é a

“[…] propriedade de um elemento de construção com função de compartimentação de garantir que a temperatura na face não exposta ao fogo, desde o seu início e durante um período de tempo determinado, não se eleva acima de dado valor […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 3.º, n.º 5)

Estanquidade a chamas e gases, ou ao fogo, significa

“[…] propriedade de um elemento de construção com função de compartimentação de não deixar passar, durante um período de tempo determinado, qualquer chama ou gases quentes […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 3.º, n.º 5)

Relativamente à resistência ao fogo de elementos estruturais dos estabelecimentos escolares, devem estes, de acordo com o seu tipo, apresentar resistência ao fogo, ou seja

“[…] propriedade de um elemento de construção, ou de outros componentes de um edifício, de conservar durante um período de tempo determinado a estabilidade e ou a estanquidade, isolamento térmico, resistência mecânica, ou qualquer outra função específica, quando sujeito ao processo de aquecimento resultante de um incêndio […].”(Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 3.º, n.º 12)

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E esta resistência ao fogo deve garantir as suas funções de suporte de cargas, de isolamento térmico e de estanquidade, ao longo de todas as fases de combate ao incêndio, incluindo a de rescaldo (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo, art. 15.º, n.º 1). Veja-se, a este propósito, o Quadro 1, a seguir:

Quadro 1: Resistência ao fogo padrão mínima dos elementos estruturais de edifícios de acordo com a

sua utilização-tipo e categoria de risco.Fonte: Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 16.º, quadro IX

Utilidades tipo Categorias de risco Função do elemento

estrutural

1ª 2ª 3ª 4ª

I, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X R 30 REI 30 R 60 REI 60 R 90 REI 90 R 120 REI 120 Apenas suporte Suporte e compartimentação

II, XI, XII R 60

REI 60 R 90 REI 90 R 120 REI 120 R 180 REI 180 Apenas suporte Suporte e compartimentação

As letras enunciadas – R, E, I – podem ser conjugadas de diversas formas (e.g., R, REI, etc.), com vista a caracterizar o elemento em causa, e são seguidas de um número que corresponde ao tempo, em escalões de minutos, durante o qual o material consegue assegurar os requisitos a que se referem as letras (e.g., 15, 30, 45, 60, 90, 120, 180).

Como já se tornou oportuno apurar, o Aquartelamento da Academia Militar na Amadora classifica-se enquanto de utilização-tipo iv, ou seja, edifícios e recintos escolares, e, no âmbito do risco, inscreve-se na terceira categoria, a saber, risco elevado. Logo, para garantir apenas suporte, necessitam os elementos estruturais do edifício de uma resistência estrutural de noventa minutos. Para assegurar tanto o suporte, como a compartimentação, faz-se essencial que esses elementos estruturais, além da

Legenda:

R – Resistência estrutural;

E – Estanquidade a chamas e gases quentes;

I – Isolamento térmico, assegurando que, na face não exposta no elemento, não se alcançam temperaturas críticas.

99 resistência estrutural, apresentem estanquidade a chamas e gases quentes e isolamento térmico, também de noventa minutos.

A reação ao fogo corresponde à

“[…] resposta de um produto ao contribuir pela sua própria decomposição para o início e o desenvolvimento de um incêndio, avaliada com base num conjunto de ensaios normalizados […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 3.º, n.º 9)

Nos termos do RT-SCIE, a classificação de reação ao fogo dos materiais de construção de edifícios e recintos, aplica-se aos revestimentos de vias de evacuação e câmaras corta-fogo, de locais de risco e de comunicações verticais, tais como caixas de elevadores, condutas e dutos, bem assim a materiais de construção e revestimento de elementos de decoração e mobiliário fixo.

Uma via de evacuação consiste numa

“[…] comunicação horizontal ou vertical de um edifício que, nos temos do presente regulamento, apresenta condições de segurança para a evacuação dos seus ocupantes. As vias de evacuação horizontais podem ser corredores, antecâmaras, átrios, galerias ou, em espaços amplos, passadeiras explicitamente marcadas no pavimento para esse efeito, que respeitem as condições do presente regulamento. As vias de evacuação verticais podem ser escadas, rampas, ou escadas e tapetes rolantes inclinados, que respeitem as condições do presente regulamento. As vias de evacuação podem ser protegidas ou não. As vias de evacuação protegidas podem ser enclausuradas (interiores) ou exteriores. As vias de evacuação não protegidas são as que não garantem, total ou parcialmente, as condições regulamentares das vias protegidas, embora possam ser autorizadas nas condições expressas neste regulamento […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 4.º, n.º 14)

Por câmara corta-fogo, entende-se um

“[…] compartimento corta-fogo independente, com um grau de resistência e os meios de controlo de fumo previstos neste regulamento, que estabelece, em regra, a comunicação entre dois espaços com o objectivo de garantir a protecção temporária de um deles ou evitar a propagação do incêndio entre ambos. Só deve possuir vãos de acesso a esses espaços, protegidos por portas resistentes ao fogo e a uma distância tal que não permita a sua abertura simultânea por uma única pessoa […].” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 3.º, n.º 1)

Em suma, da análise efetuada ao Plano de Segurança Interno do AAMA, não existe em qualquer ponto do mesmo referência às Condições Gerais de Comportamento ao Fogo, Isolamento e Proteção, sendo esta, uma das lacunas a colmatar futuramente.

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