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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

7. Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios – RJ-SCIE

7.2. Locais de Risco

Para lá das utilizações-tipo, o RJ-SCIE define, para edifícios e recintos, diferentes locais de risco, sendo que a expressão “local de risco” serve para designar

“[…] qualquer área de um edifício ou recinto, em função da natureza do risco de incêndio, com excepção dos espaços interiores de cada fogo e das vias horizontais e verticais de evacuação, em conformidade com o disposto no artigo 10.º […].” (Portugal, Decreto-Lei n.º 220/2008, cap. I, art. 2.º, alínea o))

Relativamente à classificação dos locais de risco, o RJ-SCIE designa categorias de risco, propondo, nomeadamente,

“[…] a classificação em quatro níveis de risco de incêndio de qualquer utilização-piso de um edifício e recinto, atendendo a diversos factores de risco, como a sua altura, o efectivo, o efectivo em locais de risco, a carga de incêndio e a existência de pisos abaixo do plano de referência, nos termos previstos no artigo 12.º […].” (Portugal, Decreto-Lei n.º 220/2008, cap. I, art. 2.º, alínea e))

Este regime categoriza, assim, todos os locais dos edifícios e dos recintos de acordo com a natureza do risco, à exceção dos espaços interiores de cada fogo e das vias horizontais e verticais de evacuação, nos seguintes termos:

“a) Local de risco A – local que não apresenta riscos especiais, no qual se verifiquem simultaneamente as seguintes condições:

i) O efectivo não exceda 100 pessoas;

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iii) Mais de 90 % dos ocupantes não se encontrem limitados na mobilidade ou nas capacidades de percepção e reacção a um alarme;

iv) As actividades nele exercidas ou os produtos, materiais e equipamentos que contém não envolvam riscos agravados de incêndio;

b) Local de risco B – local acessível ao público ou ao pessoal afecto ao estabelecimento, com um efectivo superior a 100 pessoas ou um efectivo de público superior a 50 pessoas, no qual se verifiquem simultaneamente as seguintes condições:

i) Mais de 90 % dos ocupantes não se encontrem limitados na mobilidade ou nas capacidades de percepção e reacção a um alarme;

ii) As actividades nele exercidas ou os produtos, materiais e equipamentos que contém não envolvam riscos agravados de incêndio;

c) Local de risco C – local que apresenta riscos agravados de eclosão e de desenvolvimento de incêndio devido, quer às actividades nele desenvolvidas, quer às características dos produtos, materiais ou equipamentos nele existentes, designadamente à carga de incêndio; d) Local de risco D – local de um estabelecimento com permanência de pessoas acamadas ou destinado a receber crianças com idade não superior a seis anos ou pessoas limitadas na mobilidade ou nas capacidades de percepção e reacção a um alarme;

e) Local de risco E – local de um estabelecimento destinado a dormida, em que as pessoas não apresentem as limitações indicadas nos locais de risco D;

f) Local de risco F – local que possua meios e sistemas essenciais à continuidade de actividades sociais relevantes, nomeadamente os centros nevrálgicos de comunicação, comando e controlo.” (Portugal, Decreto-Lei n.º 220/2008, cap. II, art. 10.º, n.º 1, alíneas a) a f))

Importa esclarecer que, conforme a definição proposta pelo RJ-SCIE, por “efetivo”, se entende

“[…] o número máximo estimado de pessoas que pode ocupar em simultâneo um dado espaço de um edifício ou recinto […].” (Portugal, Decreto-Lei n.º 220/2008, cap. I, art. 2.º, alínea j))

O Aquartelamento da Academia Militar na Amadora pode classificar-se enquanto local de risco B, tendo em vista que, embora não seja um local de acesso ao público57,

é-o em relação ao pessoal afeto ao estabelecimento e conta com um efetivo superior a cem pessoas. Pode inclusivamente enquadrar-se no local de risco E afeto à utilização de tipo iv – edifícios ou recintos escolares –, a saber:

“5 – Os locais de risco E, referidos na alínea e) do n.º 1, compreendem, designadamente: a) Quartos nos locais afectos à utilização-tipo iv não considerados na alínea d) do número anterior58 ou grupos desses quartos e respectivas circulações horizontais exclusivas;

57 “[…] ocupantes de um edifício ou de um estabelecimento que não residem nem trabalhem

habitualmente nesse espaço […]” (Portugal, Portaria n.º 1532/2008, anexo I, art. 1.º, n.º 54).

58 “[…] local de um estabelecimento com permanência de pessoas acamadas ou destinado a receber

crianças com idade não superior a seis anos ou pessoas limitadas na mobilidade ou nas capacidades de percepção e reacção a um alarme […]” (Portugal, Decreto-Lei n.º 220/2008, cap. II, art. 10.º, alínea d)).

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b) Quartos e suítes em espaços afectos à utilização-tipo vii ou grupos desses espaços e respectivas circulações horizontais exclusivas;

c) Espaços turísticos destinados a alojamento, incluindo os afectos a turismo do espaço rural, de natureza e de habitação;

d) Camaratas ou grupos de camaratas e respectivas circulações horizontais exclusivas.” (Portugal, Decreto-Lei nº 220/2008, cap. II, art. 10.º, n.º 5, alíneas a) a d))

Ainda relativamente aos locais de risco, convém reter, no âmbito do caso em estudo, que estabelece o RJ-SCIE as seguintes restrições ao uso:

“1 – A afectação dos espaços interiores de um edifício a locais de risco B acessíveis a público deve respeitar as regras seguintes:

a) Situar-se em níveis próximos das saídas para o exterior;

b) Caso se situe abaixo das saídas para o exterior, a diferença entre a cota de nível dessas saídas e a do pavimento do local não deve ser superior a 6 m.

2 – Constituem excepção ao estabelecido no número anterior os seguintes locais de risco B: a) Espaços em anfiteatro, onde a diferença de cotas pode corresponder à média ponderada das cotas de nível das saídas do anfiteatro, tomando como pesos as unidades de passagem de cada uma delas […].” (Portugal, Decreto-Lei n.º 220/2008, cap. II, art. 11.º, n.º 1, alíneas a) e b), e n.º 2, alínea a))

Tendo em conta os locais de risco E, ou dormitórios, mais se acrescenta que

“A afectação dos espaços interiores de um edifício a locais de risco D e E deve assegurar que os mesmos se situem ao nível ou acima do piso de saída para local seguro no exterior.” (Portugal, Decreto-Lei n.º 220/2008, cap. II, art. 11.º, n.º 4)

Os locais de risco E no Aquartelamento da Academia Militar na Amadora encontram-se distribuídos por cinco edifícios, quatro, de três pisos cada, correspondentes aos alojamentos de alunos, e um quinto, situado no edifício da companhia de serviços, de dois pisos, o qual alberga os alojamentos de oficiais e praças. Todos estes locais, classificados como de risco E, cumprem os requisitos referidos na lei.

No tocante a categorias e fatores do risco, o RJ-SCIE propõe uma classificação distribuída por quatro níveis de risco de incêndio independentemente da utilização-tipo de um edifício ou recinto. Existem quatro categorias de risco, mormente, a primeira, que equivale a risco reduzido; a segunda, a risco moderado; a terceira, a risco elevado, e a quarta, a risco muito elevado. As categorias de risco são, por seu lado, determinadas de acordo com fatores de risco que se aplicam a cada utilização-tipo.

Em suma, da análise efetuada, o Plano de Segurança Interno do AAMA faz referência no ponto 4 do plano à categorização dos riscos, utilizando para tal, uma

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tabela e matriz com os graus de gravidade, uma tabela com os graus de probabilidade e, identifica os principais riscos. Contudo, não classifica o aquartelamento enquanto local de risco.