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3. A EXPERIÊNCIA DO ESTADO DA BAHIA

3.2 Condicionantes da Implantação

Conforme os dados constantes na tabela 4, foram elaborados 78 projetos de cadastro municipal, sendo 74 de cadastro técnico (coleta de informações sobre os logradouros, imóveis e atividades econômicas de uma cidade), dois de cadastro imobiliário (coleta de informações sobre os imóveis e atividades econômicas de uma cidade) e dois de Atividades Econômicas (coleta de informações sobre as atividades econômicas de uma cidade). A implantação dos cadastros municipais teve início em 1998 e suas ações concluídas em 2002. O anexo B apresenta uma relação completa dos municípios envolvidos nesta ação, especificamente.

Já o projeto Bases Cartográficas Municipais foi iniciado em 1998, e para sua realização, foram assinados dois convênios de cooperação técnica entre a CAR e a CONDER (números 809/1998 e 106/00). O primeiro destes convênios trata sobre o desenvolvimento conjunto de projetos e serviços na área de mapeamento digital e georreferenciamento, por meio do uso comum de recursos humanos, técnicos, documentos, instalações e equipamentos. Como a CONDER já detinha experiência e tecnologia em geoprocessamento, o instrumento foi assinado com vistas à realização de um trabalho conjunto de fiscalização e aprovação do material levantado pelas empresas contratadas para execução do serviço (CAR, 1997).

A Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia – SEPLANTEC8 como órgão coordenador do projeto, decide então concentrar as atividades referentes à cartografia em grandes escalas, apropriadas para o planejamento urbano (maiores que 1: 25.000, por exemplo 1: 2.000), na CONDER, a partir da edição da Lei Estadual nº 7.435/1998 que ampliou a abrangência territorial da empresa da Região Metropolitana de Salvador – RMS para todo o estado e determinou sua fusão com a Habitação e Urbanização da Bahia - URBIS. A CONDER atua na área de cartografia municipal desde a década de 70 e, especificamente com cadastro técnico, a partir de 1986. Com recursos do Banco Mundial, através do Projeto Metropolitano, a partir de 1988 executou os primeiros trabalhos na RMS, com base gráfica ainda em meio analógico, sem a utilização das ferramentas de geoprocessamento. Somente a partir de 1992 realizou, juntamente

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com algumas prefeituras da RMS, os primeiros cadastros georreferenciados. (CASTRO, et. al, 2004).

Em março de 1999, a CAR, a CONDER e a SEPLANTEC, coordenaram a realização do workshop “PRODUR - Bases Cartográficas Municipais”. O evento contou com a presença dos prefeitos das cidades envolvidas, que conheceram o projeto, bem como as potencialidades de utilização do geoprocessamento para a administração pública. Em outro evento realizado em julho de 2000, os prefeitos receberam os primeiros produtos dos levantamentos aerofotogramétricos das sedes municipais (PREFEITOS, 1999).

O segundo convênio assinado, de número 106/00 de dezembro de 2000, trata da cessão da base cartográfica da CAR para a CONDER, de acordo com o que indicou a SEPLANTEC, bem como sua utilização e manutenção pela CONDER, em conjunto com as prefeituras envolvidas, com o intuito de disseminar a cultura do geoprocessamento, objetivando a implantação futura de sistemas municipais de informações georreferenciadas. Um dos objetivos esperados por este instrumento era a padronização e unificação das informações geográficas levantadas, principalmente no caso das concessionárias de serviços públicos, de forma a reduzir os custos de novos levantamentos9 (BAHIA, 2000).

Toda esta base de dados passou a integrar o INFORMS - Sistema de Informações Geográficas Urbanas do Estado da Bahia, unidade da CONDER responsável pelo conjunto de atividades na área de produção e manutenção de informações geográficas urbanas básicas.

Nos meses de outubro a dezembro de 2001, houve o treinamento em geoprocessamento (técnico-conceitual e metodológico) de 62 técnicos, sendo dois de cada prefeitura, num total de 88 h/aula. Com o intuito de reduzir os custos, o software escolhida foi o SPRING, software livre nacional e gratuito, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e no aplicativo SIGMUN, específico para o cadastro municipal. O treinamento ficou a cargo da Fundação de Ciências, Aplicações e Tecnologias Espaciais - FUNCATE, entidade também ligada

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Um aspecto que merece ser ressaltado a partir da leitura do texto destes instrumentos diz respeito à imposição tácita dos termos constantes no contrato de empréstimo assinado entre a CAR e o Banco Mundial, aos convenentes, como se estivesse implícito suas cláusulas, passando a integrar o texto dos mesmos automaticamente.

ao INPE. Posteriormente, as prefeituras beneficiárias receberam ainda um computador com configuração capaz de processar a base cartográfica recebida e uma impressora que permitia a saída de documentos até o tamanho de papel A3 (CASTRO et al, 2004).

Através do contrato nº. 039/01, celebrado entre a CAR e a FUNCATE, com recursos do PRODUR, a fundação ficou responsável pelo desenvolvimento de um aplicativo, a partir da biblioteca Terralib, e que muito se assemelha ao SPRING, denominado Sistema de Gerenciamento de Base de Dados Geográficos Municipais - GEOPOLIS, idealizado para permitir a realização das necessidades básicas das prefeituras na área de cadastro técnico multifinalitário, que seria disponibilizado aos municípios que receberam base cartográfica (CASTRO, 2004). No período de julho a agosto de 2002 houve o treinamento dos funcionários das 31 prefeituras, novamente em geoprocessamento e nesta primeira versão do GEOPOLIS. Esta etapa aconteceu nas próprias cidades, com a participação direta de quatro instrutores da FUNCATE, e antecedeu a entrega da versão final das bases cartográficas, que ocorreu no final do ano de 2002.

Como o próprio nome sugere, o GEOPOLIS é um sistema de informação com conteúdo geográfico, desenvolvido com um conjunto de ferramentas que trata dados tabulares, através da representação gráfica dos elementos, associado a um banco de dados, permitindo tanto a edição gráfica dos elementos, quanto o lançamento de informações alfanuméricas. A intenção era que existisse uma integração com o sistema tributário disponível nas prefeituras, facilitando o intercâmbio de dados entre os dois sistemas, por exemplo. Atualmente a 2ª versão deste aplicativo foi ampliada, permitindo o lançamento de informações do cadastro imobiliário e de atividades econômicas, não existentes na versão inicial, além das informações de logradouros (infra-estrutura e pontos notáveis) já existentes na primeira versão, conforme figura 6, na página seguinte.

Segundo documentos da CAR e da CONDER, a intenção da FUNCATE era realizar um trabalho progressivo de disseminação do uso da tecnologia do geoprocessamento mediante um programa continuado de capacitação dos quadros técnicos das prefeituras municipais, para se familiarizarem com todos os recursos necessários para realizar atividades básicas de cartografia, mapeamento, cadastro e atualização das informações, o que de fato não ocorreu, e como verificado na

pesquisa direta realizada nos municípios, apenas um município ainda vem utilizando o aplicativo, ainda que de forma incompleta.

O projeto foi concebido para dar suporte às tecnologias de geoprocessamento nos municípios baianos contemplados com a cartografia da área urbana, completando o “kit básico” base + computador e treinamento. Entretanto este trabalho não teve a visibilidade e acolhida necessária junto às prefeituras, apesar do treinamento e equipamentos de informática entregues. Como será visto adiante em muitos municípios o aplicativo foi desinstalado por iniciativa dos próprios técnicos das administrações municipais, por entenderem que o GEOPOLIS não atenderia a sua demanda, configurando-se assim uma discordância com os objetivos esperados por uma ação de disseminação de informações via geoprocessamento. Atualmente o GEOPOLIS, versão II, encontra-se instalado, mas não necessariamente sendo utilizado, nos seguintes municípios: Valença, Feira de Santana, Mata de São João, Paulo Afonso, Camaçari e Dias d’Ávila.

Fig. 6 – Tela do aplicativo GEOPOLIS II – Módulo Logradouro

Como já foi afirmado a CONDER vem atuando na área de cartografia desde a década de 70 e, especificamente em cadastro técnico, por volta de 1986. A partir de 1988, com recursos do Banco Mundial, através do Projeto Metropolitano, executou os primeiros trabalhos na RMS, em alguns municípios, ainda sem a utilização das ferramentas de geoprocessamento. Em 1992 realizou, juntamente com as prefeituras, os primeiros cadastros georreferenciados para os municípios de Camaçari, Dias D’ Ávila e Madre de Deus, utilizando sistema MAXICAD, para construção da base gráfica, o software DB - Mapa e mais ainda uma aplicativo denominado SIMGEO, para associação do Banco de Dados Alfanumérico (em COBOL) ao Banco de Dados Gráfico (CASTRO et al, 2004).

Tab. 5 – Dados levantados dos municípios da Região Metropolitana de Salvador – RMS Unidades cadastrais nas sedes urbanas

Município Área (km2) Logradouros Unidades Imobiliárias Atividades (uso não residencial) Camaçari (sede) 718 1.040 34.440 2.984 Candeias (sede) 233 636 17.601 963

Dias D’Àvila (sede) 208 560 12.745 794

Itaparica 35 116 8.768 554

Lauro de Freitas 93 1.430 32.691 1.630

Madre de Deus 11 106 2.769 229

Salvador (1) 313 15.745 146.000 15.000

São Francisco do Conde (sede) 184 139 4.199 554

Simões Filho (sede) 207 839 25.000 1.268

Vera Cruz (sede e orla) 211 1.480 25.510 1.085

Nota: (1) Apenas parte da área urbana. Fonte: CONDER

Com esta experiência da CONDER, de realização de trabalhos conjuntos com os municípios, após a cessão das bases pela CAR, foi criado o programa GEOMUNICIPAL. Conforme referenciado, a atuação da CONDER era restrita à RMS, inicialmente foi criada uma assessoria vinculada a presidência da companhia para lidar com o GEOMUNICIPAL, que tinha os seguintes objetivos esperados: apoiar os municípios na montagem de banco de dados geográficos, estimular a consolidação da rede marcos geodésicos, na estruturação e implantação do Sistema Municipal de Informações Geográficas, na constituição de setores específicos de geoprocessamento no âmbito das prefeituras, na capacitação dos técnicos.

Sob a égide do GEOMUNICIPAL, os últimos municípios que o INFORMS possuía convênio vigente no ano de 2008 são: Mata de São João (convênio 06/2005), Valença (14/2006), Paulo Afonso (12/2006), Dias d’Ávila (13/2006), Camaçari (15/2006), São Sebastião do Passe (11/2006), Itaparica (17/2006), Bom Jesus da Lapa (18/2006), Ituberá (19/2006) e Lauro de Freitas (20/2006). Destes apenas os cinco primeiros municípios tiveram seu convênio aditado em julho de 2008 por mais seis meses, justamente aqueles onde de fato houve algum trabalho conjunto entre a municipalidade e o órgão estadual. Segundo a CONDER, estes convênios normalmente possuem os seguintes objetos:

- elaboração do cadastro técnico municipal;

- estruturação de um sistema municipal de informações geográficas;

- consolidação do INFORMS como base de dados de uso compartilhado por todos os agentes públicos e privados que atuem no estado.