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4. A DISSEMINAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E AS NOVAS EXPERIÊNCIAS

4.3 A Disseminação das Informações

Como afirmado, atualmente as bases encontram-se sob custódia da CONDER. Elas são comercializadas aos interessados mediante dois instrumentos: convênios para as instituições públicas e contrato com as empresas particulares. Para fins de cumprimento desta orientação, as concessionárias de serviço público de água e energia elétrica, por exemplo, são equiparadas a instituições públicas.

Tab. 10 - Custos para aquisição das bases cartográficas junto a CONDER

Custo de aquisição (R$/km²) Nível de informação

Setor público Iniciativa privada

Planimetria (1) 57,00 114,00 Altimetria (2) 158,00 316,00 Planialtimetria (3) 215,00 430,00 Ortofoto 73,00 146,00 Planimetria e Ortofotos 130,00 260,00 Altimetria e Ortofoto 221,00 442,00 Planialtimetria e Ortofotos. 288,00 576,00

Nota: (1) arquivo com os níveis de informação apenas, sem curvas de nível; (2) arquivos contendo as curvas de nível;

(3) junção dos arquivos anteriores.

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de informações da CONDER.

Para a compra de uma folha cartográfica, na escala 1: 2.000 em meio analógico (papel) o valor é de R$10,00. Já para aquisição destas bases, em meio digital, os custos encontram-se listados na tabela 9. A pessoa ou instituição interessada na aquisição do produto se dirige ao setor responsável da CONDER/INFORMS e informa a área desejada, preferencialmente em km², ou obtém ajuda deste setor para defini-la e valores, segundo a tabela 9.

Entretanto os valores cobrados para aquisição destes produtos pela CONDER podem ser considerados elevados. Por exemplo, para aquisição da base completa de Feira de Santana, incluindo as ortofotos e os arquivos planialtimétricos do municíp io com a maior área restituída, o valor do investimento é de R$ 130.291,20, para empresas particulares, e de R$ 65.145,60 para instituições públicas. No outro extremo, para Santo Amaro, o município com a menor área restituída, os valores são de R$ 6.451,20 e R$ 3.225,60, respectivamente, o que acaba de alguma forma restringindo o acesso a informação. Segundo levantamento feito no setor responsável pela saída de produtos da CONDER/INFORMS, a maior parte da demanda é das concessionárias de serviços públicos, universidades ou outros órgãos governamentais, como será visto adiante.

Tab. 11 – Movimento de saída das bases cartográficas (2002-2008) Tipo de cliente/quantidade de solicitações Ano Cliente doação Concessionárias Cliente Interno Cliente Particular Órgão Público Estudante 2002 3 24 19 - 2 - 2003 1 41 3 - 2004 3 11 13 4 6 - 2005 - - 19 1 3 - 2006 22 - 3 1 5 - 2007 8 1 15 1 7 - 2008 9 - 4 2 3 - Total 45 37 114 12 26 - Obs.:

1) Os dados de 2008 se referem até o mês de outubro.

2) As operações quantificadas nesta tabela se referem a aquisição de parte ou da base completa, ou de uma ou mais ortofoto, ou até mesma a impressão de algum mapa, ou elaboração de cartogramas, sem distinção.

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de informações da CONDER.

Antes de analisar os dados da tabela, alguns esclarecimentos são necessários. As prefeituras municipais quando solicitam nova cópia da base, por extravio ou por outro motivo qualquer, enquadram-se como cliente doação, ou ainda empresas que prestam serviços às administrações locais, que solicitam à CONDER, e posteriormente assinam um termo de cessão de uso. Outras solicitações também podem ser tratadas como doação, a depender do entendimento da direção da CONDER e/ou Coordenação do INFORMS. Já os clientes internos são outros setores da CONDER, que solicitam cópia da base para realizar alguma atividade. Por fim, há ainda os órgãos públicos, outras instituições do governo estadual ou federal, os estudantes e os clientes particulares.

Concessionárias são as empresas que possuem concessão para realizar algum serviço público nas áreas de telecomunicações, eletricidade, abastecimento de água ou saneamento, por exemplo, no caso da Bahia, a EMBASA, a COELBA, a Companhia de Gás da Bahia - BAHIAGÁS, a OI, a EMBRATEL entre outras, ainda que o Estado não possua seu controle acionário.

Após a aquisição do produto, todos os tipos de cliente, assinam um termo de compromisso, assumindo algumas obrigações como a proibição explícita de não

repassar qualquer arquivo adquirido a terceiros, salvo com autorização, bem como encaminhar a CONDER informações trabalhadas sobre o serviço ao qual lhe compete e dados levantados em campo, necessários a atualização da base, como a localização dos telefones públicos e existência da rede de telefonia, no caso das empresas telefônicas, no caso do adquirente ser concessionária.

O que é possível perceber claramente é que as bases cartográficas municipais não apresentam uma grande procura, configurando até mesmo subutilização, pelo menos no que diz respeito às solicitações junto a CONDER. O que pode ocorrer, paralelamente é a aquisição direta junto às prefeituras, das mais variadas formas, sem nenhum tipo de contato ou consentimento prévio por parte da CONDER ou da CAR.

No caso das concessionárias, segundo a tabela, verificou-se uma grande procura no ano de 2002, sendo 22 pedidos da EMBASA e 1 da COELBA, provavelmente a versão final das bases que foi concluída neste período, como já abordado, e 11 solicitações da BAHIAGÁS no ano de 2004, muito provavelmente quando a empresa iniciou suas atividades na área de geoprocessamento, a partir de alguns convênios assinados coma CONDER, e, deste modo, a aquisição das bases existentes para sua área de atuação se fazia necessário.

Um tipo de cliente se mantém constante ao longo destes anos, segundo a tabela, e com o maior número de solicitações é o público interno da CONDER, com 114 no total, numa média de quase 17/ano. Geralmente são solicitações de setores responsáveis pela execução de obras nas diversas cidades do estado, e de outros projetos como o Viver Melhor. Como o raio de abrangência da CONDER foi alterado, após a fusão com a URBIS, como salientado, o aumento de sua área de atuação explica em parte, esta grande procura, além da facilidade e proximidade em obter os dados.

Já o cliente particular, aquele que compra diretamente algum produto cartográfico é o que apresenta a menor procura, com 26 no total para o período, numa média de quase quatro pedidos por ano, um índice considerado pequeno para o produto. Os órgãos públicos que adquiriram a base foram a própria CAR, o IPAC, o CIS, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, e a Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial – SUDIC, além da URBIS, que apresenta a maior procura, quase 81 % do total de ocorrências. Isto se

explica, pois a URBIS vem trabalhando há alguns anos com o georreferenciamento de todos os conjuntos construídos pela empresa ao longo dos anos, para identificação das áreas dos lotes, remanescentes e outras, para prosseguir com a entrega da escritura aos proprietários.

Além da subutilização, percebe-se ainda uma centralização da disseminação das bases cartográficas municipais, nas mãos da CONDER. Como foi verificado na pesquisa, não existe nos 31 municípios estruturas das administrações locais, ou mesmo conveniadas com esta empresa, para repassar estes produtos ao usuário comum, que deseje apenas obter um mapa de sua rua ou uma escola que precise da cartografia para realizar alguma atividade com seus alunos.

Um dos objetivos preconizados e vislumbrados, a partir da utilização da tecnologia do geoprocessamento, a possibilidade de disseminar informação ao cidadão comum, fica então seriamente com sua eficácia comprometida, não só pela existência de uma estrutura centralizada e para muitos, inacessível, mas também pela falta de mecanismos mais eficazes de divulgar a existência e as potencialidades do geoprocessamento aos mais variados públicos.

No caso da experiência dos outros estados, como abordado os custos são bem inferiores, no Paraná o custo de aquisição é de R$ 16,00/km2, de qualquer município, mediante a assinatura de um termo de cessão de uso, e no Ceará, as bases são cedidas de forma gratuita, exigindo-se apenas um ofício informando a área de interesse e a finalidade. De forma comparativa com estes estados, a Bahia apresenta os maiores custos para aquisição da base.