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0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 Ponto Quilométrico (m)

3.2. Condicionantes Microclimáticos

As várias soluções da estrada em estudo podem provocar algumas modificações nos padrões microclimáticos actuais.

Estas situações resultam do facto de o traçado atravessar alguns vales, obstruindo os corredores de escoamento das brisas de ar frio, podendo gerar áreas de acumulação daquelas brisas sendo prováveis os abaixamentos de temperatura. Associados a estas áreas de acumulação verifica-se um aumento do risco de ocorrência de alguns meteoros desfavoráveis, como as geadas e os nevoeiros ou neblinas.

É importante frisar que a zona em estudo está frequentemente exposta a ventos de Norte e Oeste, que tendem a contrariar os fenómenos de acumulação, o que determina que as variações negativas previstas não devam vir a assumir valores muito acentuados.

Os fenómenos de acumulação das massas de ar nas zonas baixas acarretam a possibilidade de ligeira degradação da qualidade do ar devido à acumulação de poluentes. Também este risco é contrariado pelos ventos que se fazem sentir na zona em estudo, que tendem a dispersar quaisquer poluentes emitidos, evitando a sua concentração.

Assim, de uma maneira geral, não são de prever zonas significativas com riscos de acumulação de poluentes ao longo do traçado.

3.2.1. Fase de Construção

Os impactes sobre o clima decorrentes dos trabalhos de construção de uma estrada resultam essencialmente de:

alteração da morfologia do terreno, o que condiciona alterações nos padrões naturais de drenagem atmosférica;

impermeabilização da via, o que gera alterações no padrão de incidência regional de ventos e brisas;

destruição do coberto vegetal (onde existe), o que provoca alteração dos balanços locais de radiação.

A alteração da morfologia do terreno deve-se à construção de aterros e diques, possibilitando situações de represamento de brisas de ar frio, com o consequente incremento de risco de ocorrência de neblinas e geadas a montante da zona de represamento.

A destruição do coberto vegetal pode levar à criação de diferenciais térmicos locais, provocando um incremento na frequência de neblinas sobre a superfície do solo. Os principais impactes esperados na fase de construção do IC32, que resultam da avaliação climática realizada e das características da zona de implantação do projecto, são os apresentados no quadro seguinte:

IC 32 – CRIPS – Funchalinho / Coina – Estudo Prévio

Quadro VI.3.1 - Avaliação dos Impactes no Microclimáticos na Fase de Exploração

Solução Localização (Km) Impacte Magnitude

Troço 1

2+000 a 2+135 2+250 a 2+350

Obstrução parcial do vale da Ribeira da Foz do Rego (Regateira) com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando uma área de urbanização com alguma agricultura de subsistência, para além de uma mancha de pinhal e floresta degradada.

Reduzida

Solução 1

3+320 a 3+640

Obstrução da drenagem das brisas de vale da Vala da Regateira com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando a zona urbana da Quinta da Regateira e uma pequena área de agricultura de subsistência associada à povoação.

Reduzida

1+650 a 1+790 1+910 a 1+950

Obstrução parcial do vale da Vala da Foz do Rego com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando uma área agrícola de sequeiro com 8,5 ha e algum casario da Quinta do Loio.

Reduzida

Solução 2A

2+640 a 2+717

Obstrução da drenagem das brisas de vale da Vala da Regateira com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando a zona urbana da Quinta da Regateira e uma pequena área de agricultura de subsistência associada à povoação.

Reduzida

Troço 2

Solução

1 5+620 a 6+220

Obstrução da drenagem das brisas de vale da Vala da Charneca com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando uma área agrícola de Pomar e sequeiro e algum casario.

Reduzida

Solução

2B 0+450 a 1+130

Obstrução da drenagem das brisas de vale da Vala da Charneca com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando uma área agrícola de Pomar e sequeiro (14 ha).

Reduzida

Solução

1 8+960 a 9+160

Obstrução da drenagem das brisas de vale da Vala de S.ta Marta com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando pinhal e matos.

Reduzida

11+900 a 12+000 12+250 a 12+350

Obstrução parcial do vale da Vala de Amoreiras com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando pinhal e floresta degradada

Reduzida Solução

1 12+750 a 12+925 13+200 a 13+800

Obstrução parcial do vale do rio Judeu com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando área florestal e a zona urbana da Quinta das Laranjeiras.

Reduzida

0+700 a 0+800 1+036 a 1+080

Obstrução parcial do vale da Vala de Amoreiras com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando uma área florestal.

Reduzida Solução

2C

1+350 a 1+440

Obstrução parcial do vale do rio Judeu com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando uma área agrícola de sequeiro de 17 ha.

Reduzida • TROÇO 3 Solução 1A 4+100 a 4+200 4+600 a 4+700

Obstrução parcial do vale do rio Coina com a possibilidade do aumento da ocorrência de formação de neblinas e geadas a montante, afectando a zona norte da povoação de Coina e áreas agrícolas de regadio com 40 ha.

Os principais impactes microclimáticos provocados pela construção desta via devem-se essencialmente à alteração do padrão de circulação das brisas de vale e de encosta.

Em conclusão, os impactes sobre a circulação do ar junto ao solo podem classificar-se como negativos mas de magnitude reduzida e pouco significativos, uma vez que os principais cursos de água serão atravessados em viaduto, o que permitirá a circulação da maior parte das brisas afluentes, não comprometendo irreversivelmente o valor das zonas agrícolas afectadas.

3.2.2. Fase de Exploração

Os impactes esperados na fase de exploração são integralmente resultantes das acções levadas a cabo durante a fase de construção.

A única excepção diz respeito à emissão de poluentes atmosféricos resultantes da circulação rodoviária, o que pode levar à contaminação das brisas que fluem naquela via, provocando uma diminuição da qualidade do ar nas zonas a jusante. De forma geral pode-se considerar que os impactes no clima resultantes da exploração da estrada serão negativos mas de reduzida magnitude e pouco significativos, não se prevendo situações específicas de acumulação significativa de ar pela existência de obstáculos a jusante.

No que respeita à segurança rodoviária dos utentes do traçado em estudo, há que mencionar a probabilidade de acumulação de geadas na plataforma durante as noites de Inverno, que tenderão a desaparecer às primeiras horas da manhã. Estas geadas serão mais frequentes no início do traçado devido à proximidade da costa atlântica, devendo por isso afectar principalmente as soluções 1, 2A, 2B e 3.

Também os nevoeiros se farão sentir sobre a via dificultando a circulação e criando situações de risco. Os nevoeiros passíveis de ocorrer sobre o traçado são de dois tipos:

na parte inicial da solução 1, solução 2A e solução 3 serão nevoeiros de advecção, característicos do litoral, mais frequentes nas madrugadas e manhãs de Verão; no restante traçado poderão ocorrer nevoeiros das baixas continentais em situações de elevada estabilidade atmosférica, nas noites e manhãs de Outono, Inverno e Primavera. Estes nevoeiros, que ocorrem especialmente nas depressões ao longo dos vales dos rios e ribeiras (mas não só, dado o suave relevo do terreno),

IC 32 – CRIPS – Funchalinho / Coina – Estudo Prévio

começarão a fazer-se sentir na solução 1 a partir do Km 5+000 e na solução 2B, e marcarão presença nas soluções 2C, 2D e 1A.

Por fim, e dada a proximidade da costa atlântica, os ventos na região em estudo são frequentes e com velocidades médias elevadas, havendo mesmo registo de ventos fortes ultrapassando os 55 Km/h.

No entanto, estas ocorrências não implicam impactes significativos para a circulação rodoviária, especialmente se forem levadas a cabo medidas de sinalização adequadas que informem os utentes das condições meteorológicas no traçado. Assim, os impactes esperados no que respeita à segurança rodoviária serão negativos mas pouco significativos e de magnitude reduzida.