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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.4 CONDUTAS DOS TÉCNICOS DE ENFERMAGEM

Nesta parte, apresentamos os resultados acerca das condutas dos técnicos de enfermagem frente à manipulação da SVD e sistema de drenagem enquanto uso, durante sua internação. Para se chegar aos seguintes resultados, foi aplicado um instrumento estruturado de observação não participante, tipo check-list, elaborado com base na literatura levantada para este estudo.

Para facilitar o entendimento, mostramos um quadro explicativo que representa de forma percentual, os acertos e erros para cada conduta, bem como os motivos das suas inadequações.

CONDUTA

DISTRIBUIÇÃO DAS AÇÕES DOS TÉCNICOS ADEQUADAS (%) INADEQUADAS (%) MOTIVOS (%) Manter sistema fechado 100,0 - - Posicionar bolsa coletora 98,4 1,6 - Nível acima (0,9) - Coletor dobrado (0,7) Higienizar meato 82,2 17,8 - Somente água (13,1) - Contaminou (4,7) Lavar as mãos 44,0 56,0

- Nem antes nem após (33,2) - Não lavou antes (16,3) - Não lavou após (6,4) Quadro 12: Distribuição das ações dos técnicos de enfermagem na manutenção da SVD,

No Quadro 12, percebemos um comportamento entre acertos e erros em crescimento inversamente proporcional, onde quanto maior a ocorrência de adequações, menores são os das inadequações e vice-versa.

Quanto à manutenção do sistema fechado, tivemos 100% de adequações. Em todos os momentos observados, não foi visto a quebra na integridade do sistema de drenagem urinária.

Em relação ao posicionamento da bolsa coletora, foram observados 98,4% de adequações, sendo 1,6% de inadequações observadas, presente no que diz respeito à permanência do sistema de drenagem em nível acima do corpo e existência de dobra no pertuito do coletor, que pode ter sido ocasionado por falta de conhecimento ou por esquecimento.

Na higienização do meato, vimos que o percentual de adequações chegou a 82,2% em detrimento de 17,8% de inadequações. Na observação foi visto que essas inadequações foram ocasionadas pela utilização somente de água (excluindo sabão neutro), bem como com a contaminação durante o procedimento.

Entretanto, na lavagem das mãos, os valores de adequações chegaram a 44%, enquanto que as inadequações chegaram a 56%, visto que a maioria dos erros ocorreu na ausência da lavagem das mãos antes e após a realização dos procedimentos, com 33,2% (124). Corroborando com a prática do posicionamento da bolsa coletora e manutenção do sistema de drenagem, alguns autores mostram a importância de se manter a integridade do sistema urinário, visto que possibilitaria a ascensão bacteriana à bexiga e consequentemente bacteriúria e/ou ITU (HOMENKO, 2003; SOUZA, 2007).

Consideramos como essencial na manutenção do sistema fechado (estéril), o posicionamento da bolsa coletora abaixo do nível do corpo, uma vez que ao elevarmos, há possibilidade de haver o refluxo urinário pelo tubo coletor da bolsa à bexiga. Ressaltamos a importância de ter alguns cuidados preventivos de ITU enquanto uso da SVD, como observar constantemente a coloração, aspecto e volume da urina em intervalos pré-estabelecidos em sua rotina diária, evitando também dobras ou tensões no tubo coletor (FERNANDES, 2000; HOMENKO, 2003).

Em se tratando da higienização do meato, foram citados pelos técnicos de enfermagem que deve ser realizado em sua maioria no banho (15), na troca de fraldas ou quando for necessário. Quanto ao produto que usa na higienização, foram citados água e sabão, na sua

maioria (21), antisséptico degermante (12), solução fisiológica a 0,9% (3) e um funcionário afirmou não saber com que material realizar esse procedimento.

Em seu estudo, Homenko (2003) posiciona a higienização do meato como um importante ato a ser executado sempre que for necessário, com água e sabão neutro, ou seguindo uma rotina da Instituição, na prevenção de ITU com o uso da SVD.

Ainda em se tratando da lavagem das mãos, optamos em cruzar dados de categorização do conhecimento (adequado ou inadequado) com o grau de conhecimento calculado a partir do total de acertos, assim ficando: bom (maior e igual a 21 adequações), regular (20 a 15 adequações) e ruim (menor que 15 adequações).

Essa prática é consensual quanto sua realização, pois quando realizada com produtos e com a técnica inadequados, aumenta sensivelmente a transmissão de microrganismos entre pacientes (transmissão cruzada), elevando as taxas de infecções hospitalares, o tempo de internação do paciente, o risco de complicações clínicas, além dos custos hospitalares em decorrência do exposto, sendo assim essencial a realização de atividades institucionais para favorecer a adesão dos profissionais à lavagem das mãos.

Mostraremos na tabela a seguir o resultado da análise entre o grau de conhecimento apresentado pelos profissionais pesquisados e a conduta da lavagem das mãos observada durante a pesquisa.

Tabela 4: Categorização da lavagem das mãos, segundo o grau de conhecimento dos técnicos de enfermagem durante a manipulação da sonda vesical de demora. UTI-HUOL. Natal/RN, 2009.

GRAU DE CONHECIMENTO

LAVAGEM DAS MÃOS

Total Teste exato de Fisher Inadequada Adequada N % N % N % ρ Regular (20 a 15) 21 56,8 3 8,1 24 64,9 0,849 Ruim (< 13) 11 29,7 2 5,4 13 35,1 Total 32 86,5 5 13,5 37 100,0

Observamos na Tabela 4 que no item lavagem das mãos, os técnicos apresentaram uma deficiência em sua execução (86,5%), mostrando maiores percentuais quanto ao grau de

conhecimento concentrados entre regular e ruim, totalizando 56,8% de inadequação, não alcançando valores significativos (ρ = 0,849).

Ao realizar teste de correlação de Pearson entre as variáveis de conhecimentos acertos totais com a lavagem inadequada das mãos antes e após os procedimentos, encontramos significância de ρ = 0,021, deduzindo-se que o referido pelas categorias profissionais nas entrevistas realizadas, não confirmou com a prática observada durante a pesquisa.

Encontramos forte correlação ao analisamos, através do teste de Spearman, a variável de total de acertos em relação ao conhecimento e condutas observados pelos técnicos de enfermagem durante a manipulação da SVD e sistema (r = 0,874, ρ = 0,000). Considerando desta forma, que os profissionais que mais demonstraram conhecerem o procedimento, mais acertaram nos procedimentos observados.

Turrini (2000) afirma em seu trabalho sobre a percepção das enfermeiras sobre fatores de risco para infecção hospitalar, realizado em um hospital público, com abordagem fenomenológica, que a lavagem das mãos pode ter sido um fator relacionado à manutenção dos níveis de infecção hospitalar, porém de difícil adesão. Ainda refere existir proporções inadequadas entre profissionais e pacientes, ocasionando a lavagem das mãos de forma inadequada na técnica e no seu tempo de duração, dessa forma, a instituição estaria encorajando às infrações.

Ao ser aplicado o teste de Mann-whitney nos itens relacionados às condutas inadequadas e conhecimentos adequados de SVD, encontramos na conduta, uma variação de 1 a 19,com média 7,4 + 4,3 (ρ = 0,000); e nos conhecimentos de SVD, a variação de 9 – 3, com média 15,9 + 3,7 (ρ = 0,796).

Tabela 5: Condutas inadequadas segundo a categorização do conhecimento dos profissionais pesquisados. UTI – HUOL. Natal/RN, 2009.

CONDUTAS INADEQUADAS

CATEGORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO Teste Exato de Fisher

Inadequado Adequado Total

N % N % N % ρ

Não (até 10) 2 4,8 3 7,1 5 11,9

0,001

Sim (>10) 37 88,1 0 0,0 37 88,1

Na Tabela 5, vimos um total de 88,1% de condutas inadequadas, e todas apresentaram o conhecimento inadequado. Sendo assim, podemos dizer que o conhecimento dos profissionais pesquisados interferiram nas condutas observadas, pois quem errou mais, demonstrou ter mais conhecimentos inadequados (ρ = 0,001).

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