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Conexões da network dos gerentes Laços Fortes e Laços Fracos

Dimensão Estrutural

2.5 Conexões da network dos gerentes Laços Fortes e Laços Fracos

As organizações se ajustam para conduzir o desenvolvimento do capital social através de quatro fatores básicos: tempo, interação, interdependência e clausura. O tempo proporciona estabilidade e continuidade da estrutura social. Interação e interdependência envolvem confiança entre as partes, a qual deve ser crescente facilitando a troca de informações e conhecimentos. A clausura é a distinção entre membros e não membros, a fim de delimitar e manter resguardados o conhecimento pertencente ao grupo / organização (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998).

Os laços fortes fornecem confiança e troca de informações, que podem ser confidenciais ou não, mas sempre importantes para a organização. Estas informações são discutidas e confrontadas com a realidade organizacional e com os processos de mudança existentes. Daí a importância da visualização da

network e os laços fortes existentes, pois estes, se bem trabalhados facilitarão o

entendimento, participação e colaboração dos atores da network na implementação das mudanças organizacionais necessárias (KRACKHARDT, 1992).

Mudanças não são processos simples e rápidos, dependendo de grande envolvimento dos colaboradores, os quais podem se sentir ameaçados em suas posições atuais, sendo então resistentes e contrários às mudanças propostas. Neste momento, é necessário propagar positivamente a aceitação e colaboração com a mudança. Quando há conhecimento das networks existentes, laços fortes

e atores centrais destas networks, há maior facilidade para propagar as informações e esclarecimentos necessários para consolidação da mudança (KRACKHARDT; HANSON 1993).

Embora a estrutura social da organização determine oportunidades e desafios para líderes emergentes, a estrutura social não está sob controle do indivíduo em separado. Pessoas que parecem relativamente impotentes dentro de uma rede local podem se destacar através de seus laços fortes com pessoas de fora desta rede. Assim, deve-se incluir a expansão de círculos sociais dentro e fora da organização. De uma perspectiva de rede que enfatiza a importância de relações, imbricamento, capital social e estrutura social, a habilidade de líderes informais ou formais que pretendem implementar qualquer estratégia de liderança dependerá da percepção exata de como estes princípios operam no contexto social da organização (BALKUNDI; KILDUFF, 2006).

Laços fortes e o surgimento de Philos

Krackhardt (1992) considera que os laços fortes podem desenvolver grupos internos dentro de uma network. O autor denomina estes laços de Philos. Ele considera Philos como uma característica presente em grupos menores que tendem a apresentar grande afinidade entre os atores, sendo possível encontrar fortes relações de amizade, confiança, cooperação, reciprocidade, disponibilidade, interação e demais características que caracterizam o conceito de laço forte.

1. Interação: para dois atores formarem um Philos estes devem interagir entre si. A troca de informações é constante e espontânea entre os atores, solicitando e disponibilizando informações que possuem ou necessitam, onde encontros proporcionam alta taxa de troca de informações (KRACKHARDT, 1992).

2. Amizade: este conceito deve estar presente entre os atores, os quais demonstram respeito e afeto com seus pares. A amizade proporciona equilíbrio e compreensão para tratarem e superarem assuntos divergentes (KRACKHARDT, 1992).

3. Disponibilidade / Tempo: em períodos superiores a um ano de relacionamento pode-se afirmar que a relação caracteriza um Philos e conseqüentemente um laço forte. Relacionamentos intensos, mas de curta duração não permitem que as pessoas se conheçam profundamente. Por outro lado, o período de um ano acompanhado de contatos constantes (freqüência semanal) irá consolidar a confiança, respeito e demais condições necessárias para quebra de reservas e restrições no tocante à troca de informações, solicitação de ajuda e compartilhamento de dificuldades (KRACKHARDT, 1992).

As três variáveis acima são importantes e necessárias sendo a base da confiança entre os atores. Sem interação e disponibilidade há pouca oportunidade de compartilhamento das informações importantes. Sem a amizade não há motivação para encontros e troca de informações, ajuda e compartilhamento de situações vividas.

Kuipers (1999) corrobora em grande parte com as definições para as variáveis citadas por Krackhardt (1992): Interação, Amizade, Disponibilidade e Tempo.

Estudos mostram a importância da network no desenvolvimento da

carreira, através dos laços fortes e laços fracos existentes (laços fracos serão explicados no próximo tópico), cada qual atuando em condições específicas (BASTOS et al, 2004). O laço forte tem quatro características marcantes, sendo as duas primeiras subjetivas e interpretativas que são intensidade emocional e intimidade, a terceira característica é a reciprocidade e a última característica o tempo despendido no relacionamento (KRACKHARDT, 1992).

Os laços fortes são geralmente utilizados em situações de mudança e incertezas, facilitando o ingresso de pessoas próximas em organizações cujos mercados estão em condições de declínio. Laços fortes também proporcionam conforto e suporte durante a implementação de mudanças, onde os laços fortes participam ativamente do processo de mudança (BROWN; KONRAD, 2001).

A seguir serão apresentados o papel dos laços fracos e a influência destes no desenvolvimento da carreira profissional.

O papel dos laços fracos

Os laços fracos são contatos menos freqüentes ou inerentes a um cargo ocupado, com baixa percepção de amizade, reciprocidade e confiança entre os atores. Os laços fracos têm a função de difundir informações, trabalhando nas regiões de fronteira da network, os quais funcionam como interface entre redes,

permitindo troca de conhecimentos e busca por soluções externas, em função da posição que ocupa. Já os laços fortes são usados em mobilizações políticas, através de maior interação, reciprocidade e amizade existente nos relacionamentos (BROWN; KONRAD, 2001).

O papel dos laços fracos é diferente no processo de desenvolvimento na carreira, onde pessoas que têm interesse em se inserir em mercados em que existam vagas a serem preenchidas tendem a utilizar os laços fracos de sua

network. Estas pessoas buscam auxílio de outras com as quais não têm contato

direto, mas possuem abertura necessária para solicitar apoio na recolocação profissional (BROWN; KONRAD, 2001).

Os laços fracos são um recurso importante, possibilitando mobilidade profissional. Pode atuar como fonte de coesão social, conectando pessoas e interesses profissionais. Estas ligações podem ser feitas entre atores que estão dentro da própria network ou com atores que estão externos a ela. Laços fracos viabilizam a troca rápida de informações e idéias entre profissionais. Os laços fracos podem ter papel indispensável para integração entre comunidades e grupos diferentes (GRANOVETTER, 1973).

Características mercadológicas e particularidades da organização determinam se o foco da organização é a prospecção de novos negócios e desafios ou se a organização tende a aperfeiçoar e otimizar projetos existentes. Rowley, Behrens e Krackhardt (2000) definem duas características organizacionais com relação aos focos prospectivos e de aperfeiçoamento. A característica denominada exploitation indica que a organização tende a

aperfeiçoar, refinar e otimizar produtos e serviços existentes. Esta característica sugere que a organização tende a focar atenção nos atores centrais e laços fortes por possuírem grande conhecimento do processo e produto que comercializam. A característica denominada exploration indica que a organização tende a buscar e fornecer novos produtos e serviços. Sugere iniciar processos de desenvolvimento através dos laços fracos e atores periféricos, pois estes têm maior mobilidade e acesso a novas informações técnicas proporcionando projetos de novos produtos e serviços.

Isto corrobora as argumentações de Granovetter (1973) em que os laços fracos são citados como fonte de novos conhecimentos e oportunidade para inserção do profissional em novos mercados e nichos comerciais.

As características dos laços fortes, laços fracos, suas particularidades e importância no desenvolvimento profissional nos permitem criar a terceira e última proposição:

Proposição 3: Os laços da network dos gerentes da Gilbarco do Brasil

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