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DIVERSIDADE BIOLÓGICA E OUTROS DOCUMENTOS

ADOTADOS

Após a entrada em vigor da Convenção da Diversidade Biológica, em 29 de dezembro de 1993, já foi convocada para o ano seguinte uma COP, de acordo com o artigo 23 da CDB. Todas as conferências geraram relatórios finais, que consagram as declarações e negociações dos assuntos.

Então, a primeira COP ocorreu nos dias 28 de novembro a 9 de dezembro, na cidade de Nassau, em Bahamas. Dos 105 países que ratificaram o tratado até o evento, compareceram 37. A Conferência ainda contou com a presença de representantes de cinco órgãos da ONU, diversas Organizações Internacionais e Organizações não governamentais. Como reunião inicial, seu papel principal foi estabelecer alicerces institucionais. Portanto, decidiu: a agenda das próximas reuniões, regras

de procedimentos, programa de trabalhos e temas até 1997, composição de grupos e secretaria, entre outras ações procedimentais. Até hoje já aconteceram treze COPs, em que a última foi em 6 de outubro de 2014.

As contribuições mais significantes das COPs em matéria de biodiversidade foram:

Na segunda reunião, em novembro de 1995, a Conferência das Partes da Convenção decidiu criar um Grupo de Trabalho Aberto Ad Hoc sobre Biossegurança, para elaborar um protocolo sobre biossegurança, enfocando especificamente o movimento transfronteiriço de organismos vivos modificados.

A COP 4 ocorreu em Bratislava, República da Eslováquia, de 4 a 15 de maio de 1998. Um grupo de trabalho sobre as disposições do artigo 8 (j) e afins foi criada nessa Conferência, de modo a se aprofundar a compreensão dos conhecimentos tracionais associados à biodiversidade.

Antes da COP 5, foi convocada uma conferência extraordinária EXCOP 1, que foi a primeira conferência extraordinária da CDB, e durou de 22 a 23 de fevereiro de 1999. Teve como objetivo a adoção do Protocolo de Biossegurança, que ficou conhecido também pelo nome da cidade na qual foi aprovado, Cartagena, na Colômbia.

Na COP 5, em janeiro de 2000, o Protocolo de Cartagena foi adotado como um acordo suplementar à CDB. Nessa reunião, também foi instituído o grupo de trabalho para acesso e repartição de benefícios.

O Protocolo de Cartagena sobre Segurança Biológica à Convenção sobre Diversidade Biológica é um tratado internacional que rege os movimentos de organismos vivos modificados (OVM), resultantes da biotecnologia moderna de um país para outro. Entrou em vigor em 11 de Setembro de 2003.

A COP 6, em 2002, aprovou as Diretrizes de Bonn, um trabalho do grupo sobre ABS instituído na COP 5. As Diretrizes de Bonn sobre Acesso a Recursos Genéticos e Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Resultantes da sua Utilização foram adotadas como uma tentativa de simplificar os procedimentos de acesso e de repartição de benefícios (SANDS, 2003, p. 520).

É um documento não vinculante, declarativo e técnico, que se destina a auxiliar as partes no desenvolvimento da legislação e plano de ação nacional para acesso e repartição, o qual identifica as etapas do processo de acesso, informa que tipo de legislação e autoridades as partes devem providenciar, e ainda aborda os seguintes elementos: Papéis e responsabilidades no acesso e de repartição de benefícios (parágrafos 13- 16); Participação das partes interessadas (parágrafos 17-21); Passos no acesso e repartição de benefícios processo, inclusive sobre consentimento

prévio informado e o acordo mútuo de termos (parágrafos 22-50); e outras disposições sobre incentivos, prestação de contas, monitoramento, verificação e solução de controvérsias (parágrafos 51-61). As Diretrizes têm por objetivo auxiliar as partes e outros agentes interessados a desenvolver estratégias para implementar as determinações da CDB relativas ao ABS, através do estabelecimento de medidas legais, administrativas, e a negociação de contratos de acesso aos recursos genéticos. Na COP 6 ainda se determinou que o grupo de trabalho analisasse com mais profundidade as questões pendentes, incluindo o uso de termos, outras abordagens, medidas de apoio à conformidade com o consentimento prévio informado e termos mutuamente acordados, e as necessidades de capacitação (COP6 decisão VI / 24).

As diretrizes de Boon são um guia prático, como fazer leis, o que é preciso que o país aplique etc. De fato, a maioria das suas provisões está consagrada no Protocolo de Nagoya, mas sem fornecer modelos e exemplos para as partes. É por isso que o presente estudo não irá se aprofundar no seu conteúdo, já que o essencial de Boon está no Protocolo. A COP 7, em 2004, foi responsável por publicar o Protocolo de Nagoya-Kuala Lumpur, sobre responsabilidade e compensação, suplementar ao Protocolo de Cartagena. O novo protocolo complementa Cartagena e fornece regras internacionais e procedimentos sobre responsabilidade e reparação dos danos causados à biodiversidade resultante de organismos vivos modificados (OVM).

E a COP 10 aprovou, em outubro de 2010, em Nagoya, no Japão, o Protocolo de Nagoya sobre ABS.

3.4.1 Criação do Protocolo de Nagoya

Finalmente na COP 5 se criou um Grupo de trabalho Ad Hoc de Composição Aberta sobre Acesso e Repartição de Benefícios, cuja sigla conhecida é WGABS145. O mandato inicial do Grupo de Trabalho foi desenvolver diretrizes e outras abordagens para ajudar as partes interessadas, com a implementação do acesso e repartição de benefícios dispostos na CDB (decisão V/26).

Nesta reunião, também foi aprovado um plano de trabalho para o grupo do artigo 8 (j) da Convenção, e de reforçar o papel e a participação

145

Decorrente do termo em inglês “Ad Hoc Open-Ended Working Group on Access and Benefit Sharing”.

das comunidades indígenas e locais na realização dos objetivos da Convenção.

A COP, a SBSTTA e o WGABS desempenham papel bastante ativo com relação à regulamentação e implementação dos dispositivos 15 ao 19, uma vez que os termos da Convenção são muito vagos e abstratos ao possibilitar a concretização dessas medidas sem intensivo desenvolvimento prático e técnico da matéria.

A primeira reunião do grupo de trabalho específico de ABS ocorreu na cidade de Bonn, da Alemanha, nos dias 22 a 26 de outubro de 2001. O resultado desta reunião foram as Diretrizes de Bonn sobre ABS, aprovadas na COP 6, em abril de 2002, na cidade de Haia, na Holanda.

A segunda reunião do WGABS ocorreu em Montreal, no Canadá, de 1 a 5 de dezembro de 2003. Na COP 7, em Kuala Lumpur/Malásia, no mês de fevereiro de 2004, foi resolvido que o WGABS deveria trabalhar em colaboração com o Grupo de Trabalho sobre o artigo 8 (j) para elaborar e negociar um regime internacional de ABS.

A junção dos dois grupos visou garantir a participação das comunidades indígenas e locais, Organizações não governamentais, da indústria e das instituições científicas e acadêmicas, bem como organizações intergovernamentais (COP7 decisão VII/19).

O WGABS continuou seus trabalhos na terceira reunião, realizada de 14 a 18 de fevereiro de 2005, na cidade de Bangkok/Tailândia. A quarta reunião se deu na cidade de Granada, na Espanha, entre 10 de janeiro e 3 de fevereiro de 2006.

Na sua oitava COP, em março de 2006 em Curitiba, foi solicitado que o WGABS continuasse a elaboração e a negociação do regime internacional, de maneira veloz, para completar os trabalhos até a COP 10 (decisão VIII/4).

Assim, duas reuniões foram realizadas antes da COP 9. O WGABS realizou sua quinta reunião em Montreal/Canadá de 8 a 12 de outubro de 2007, e a sexta em Geneve/Suíça, no período de 21 a 25 de janeiro de 2008, continuando a elaboração e negociação de um regime internacional de ABS.

Na COP 9 em Bonn, na Alemanha, realizada em maio de 2008, se reiterou a instrução ao WGABS, para concluir a elaboração e a negociação de um regime internacional com a maior brevidade possível, antes da décima reunião da Conferência das Partes (COP 9 decisão IX/12).

A COP, na mesma decisão, instruiu o grupo de trabalho a se encontrar três vezes antes da próxima conferência, e a submeter para

consideração e aprovação um instrumento/instrumentos para implementar eficazmente as disposições do artigo 15 e do artigo 8 (j).

É a partir deste momento, em 2008, que se tem uma ocasião estratégica para a discussão política e científica sobre ABS, cuja motivação de se ter um documento final do tema articula diversos sujeitos sobre o que é importante para a temática. Portanto, o grupo se reuniu pela sétima vez em Paris/França, de 2 a 8 abril de 2009; pela oitava vez em Montreal/Canadá durante 9 a 15 novembro de 2009; e pela nona vez em Cali/Colômbia, durante 22 a 28 de março de 2010.

Na reunião que houve em Paris/França, em abril de 2009, o Grupo de Trabalho aceitou um projeto de protocolo apresentado pelos co- presidentes, como base para futuras negociações. O projeto possuía alternativas de textos e uso de expressões. No entanto, o Grupo de Trabalho não foi capaz de finalizar o texto nessa sessão, e decidiu suspender a reunião no final dos sete dias, para retomar a nona reunião do Grupo de Trabalho, a fim de lhe permitir completar o seu mandato.

Em tal reunião, ainda foram divulgados os resultados de um estudo denominado de The Economics of Ecosystems and Biodiversity, desenvolvido por Pavan Sukhdev. O estudo demonstra informações sobre o valor econômico da biodiversidade mundial, juntamente com conhecimentos tradicionais associados.

Sequencialmente, na reunião em Montreal e Cali, as partes continuaram os trabalhos do projeto, e reuniu-se um Grupo de Negociação Inter-regional para continuar as negociações. As partes fizeram progressos significativos sobre os entendimentos comuns de diversos elementos. No entanto, ainda não foi possível finalizar o texto, e o WGABS decidiu convocar um novo grupo de negociação inter-regional antes da COP10.

Portanto, se retomou o trabalho em Montreal/Canadá, de 18 a 21 de Setembro de 2010, e em Nagoya no Japão, de 13 a 15 de Outubro de 2010. Uma última reunião ocorreu em 16 de outubro de 2010, em Nagoya, no Japão, durante a qual aprovou os trabalhos, do qual se originou o projeto de Protocolo relativo à ABS, para a COP 10.

Só o grupo sobre ABS realizou 11 reuniões: nove reuniões das partes, e ainda mais dois encontros para debater o rascunho do Protocolo de Nagoya.

Finalmente, na décima reunião da Conferência das Partes, realizada em Nagoya, de 18 a 29 de outubro de 2010, as partes adotaram o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e Repartição de Benefícios decorrentes da sua utilização (COP 10 decisão X/1).

A assinatura do Protocolo ficou em aberto na sede das Nações Unidas em Nova York, a partir de 2 de fevereiro de 2011, como estipulado pelo artigo 32 do Tratado.

O Protocolo de Nagoya sobre ABS entrou em vigor em 12 de Outubro de 2014, 90 dias após o depósito do quinquagésimo instrumento de ratificação (artigo 33). O seu objetivo é a partilha justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos, contribuindo assim para a conservação e uso sustentável da biodiversidade. Interessante ressaltar que assim como a CDB, o Protocolo não aceita reservas (artigo 34), o que representa um compromisso integral dos Estados-membros.

Na presente data, um ano depois da entrada em vigor, o Protocolo de Nagoya conta com 65 países-membros que ratificaram o tratado (SCBD, 2015).