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Confronto das expectativas com a Realidade dos Cursos e Estágio

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 30-35)

Ao longo do meu percurso no curso de Desporto no Secundário, na Escola Secundária c/ 3ºCEB José Macedo Fragateiro; na licenciatura da FADEUP que entretanto fora transformada por Bolonha; no ano em que realizei Erasmus na Hungria, em Budapeste; e, agora, no Mestrado em conclusão, fui confrontado com uma diversidade de realidades. Umas que, por um lado, confirmaram as minhas espectativas, outras que nem tanto, mas que deram sempre algum acréscimo à minha formação profissional, enquanto professor, e ao meu desenvolvimento enquanto pessoa, cidadão e Ser Humano. Passo agora a refletir, ainda que sucinta e gradualmente, sobre estes confrontos com a realidade.

No secundário, esperava um curso com bastante prática desportiva, com um leque mais amplo de modalidades desportivas e com um conhecimento mais íntegro de cada uma delas. O curso correspondeu a essa espectativa, indo ainda mais além no que respeita a cargas de treino, características no foro fisiológico, entre outros aspetos, que me vieram a servir de ligação para a licenciatura em Ciências do Desporto.

Quando entrei na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, não tinha uma perceção clara do que me esperava; tinha sim uma meta a atingir: a conclusão do curso para poder cumprir os sonhos de outros que outrora foram os meus. Esperava um curso com bastante prática, em que pudesse aprender

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a fazer e aprender a ensinar. Não antecipava que integrasse um número considerável de unidades curriculares de foro teórico, cuja transferibilidade para a prática, na altura, me parecia pouco provável mas que, neste momento, redijo a minha tese, lhes dou o devido valor. Sinto-me capacitado para refletir de uma forma abrangente e conhecedora da matéria, pois penso que as unidades curriculares teóricas, me ajudaram a fazer a ligação do meu conhecimento teórico e “solto”, a um conhecimento tácito, claro e sustentado. Ou seja, consigo agora, expor mais facilmente o meu pensamento com a ajuda de todo esse conhecimento que foi adquirido e que agora é requisitado.

O ano em que realizei o programa Erasmus foi dos mais ricos de todos os anos de formação vivenciados. Desenvolvi a minha capacidade ao nível de línguas estrangeiras (Inglês; Espanhol; Húngaro…); confrontei-me com novas realidades; familiarizei-me com modalidades distintas (ténis, orienteering, Ice Skating, Archari, Esgrima, entre outras) que até então não tinha praticado; abordei modalidades que já conhecia, utilizando outras formas, métodos e níveis de profundidade de desenvolvimento distintos da FADEUP. Não obstante, todas tiveram um impacto importante na minha formação. A nível teórico também tive disciplinas que coincidiam ou viriam a coincidir com matérias de ensino que tinha lecionado ou que viria a lecionar, na sua generalidade, na FADEUP.

Posteriormente, no Curso de 2º Ciclo de Ensino de Educação Física nos ensinos Básico e Secundário da FADEUP, fui confrontado com disciplinas tais como Didática Geral, Desenvolvimento Curricular, Investigação Científica que provaram mais tarde, e em alguns casos no imediato, o seu valor e grande utilidade. Unidades curriculares como as Didáticas específicas de variadas modalidades, abordadas de forma e métodos diferentes, proporcionaram experiências e vivências diversas. Estas revelaram-se importantíssimas e enriqueceram as minhas capacidades para o estágio que se avizinhava, bem como para o cumprir das funções, compreensão do papel e estatuto de ser professor. Exalto, a título de exemplo o Modelo de Educação Desportiva (MED), aplicado nas aulas da Didática do Atletismo. Das aulas lecionadas, em grupos de 6 elementos, ainda que pontualmente, experienciamos nas escolas a lecionação através das coligações e acordos que a Faculdade tem com as

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escolas, proporcionando vivências interessantes, pertinentes para a nossa posterior adaptação de aluno para professor e meio escolar.

Para culminar, no meu ponto de vista, o ano mais importante e em que senti mais evolução, enquanto professor e aluno simultaneamente; o ano que fez as pontes entre todas as disciplinas por que passei demonstrando, por fim, a sua pertinência e transferibilidade; o ano que me transformou e fez a transição do ser aluno para o ser professor foi ano do Estágio Profissional.

Considero que senti, e ainda sinto, diversas expectativas, em distintos momentos. Tive expectativas quanto à escola onde iria lecionar, pois necessitava de ficar colocado em Vila Nova de Gaia, minha área de residência; quanto ao professor orientador e colegas estagiários; ao nível de ensino que me iria ser atribuído; e, por fim, aos alunos que me iriam ser facultados.

Ao longo do meu trabalho e da minha vida deparei-me com dificuldades que tive de aprender a ultrapassar. Aprendi estratégias que me ajudaram até hoje e penso que sempre me irão ajudar no meu futuro enquanto docente. Continua, assim, a paixão, vontade de trabalhar com crianças e jovens; a vontade de indagar em muitas outras coisas que estou constantemente a descobrir.

Deste modo, agora chegava a minha vez. Esperava adquirir hábitos de trabalho em grupo e no seio escolar que me permitissem fazer outras pessoas felizes. Esperava testar e melhorar as minhas capacidades a nível do ensino para que pudesse fazer outros jovens e crianças acreditar numa vida próspera. Ajudando a concretizar os sonhos dos meus alunos, realizaria os meus! Esperava divertir-me, ter prazer e ser feliz no estágio e na profissão que espero vir a exercer, fazendo os outros crescer e florir para o mundo com um sorriso colorido nos seus rostos. Pretendia dar oportunidade a todos de constatarem que, pelo Desporto, se conseguem criar bons hábitos, caminhos e novas perspetivas de vida.

Sabia que não ia ser fácil, mas tal como refere Cury (2004) não importa o tamanho dos obstáculos, mas o tamanho da motivação que temos para os

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superar, e a motivação nesta área foi sempre algo que acompanhou toda a minha formação.

A minha área de melhoria era claramente a escrita e elaboração de documentos, começando pelo plano de aula, mostrou-se também uma dificuldade a área da instrução, que daria origem ao meu estudo.

Para mim, a minha classificação de estágio, era tão importante quanto a minha missão de ensinar jovens e promover felicidade neles. Para tal, apesar de todos estatutos e papéis que decidi assumir nesta fase da minha formação inicial, esperava poder conciliar tudo isso e alcançar e merecer um resultado final que rapidamente me pudesse colocar na posição de professor, a ensinar crianças e jovens na atividade desportiva, que é o que mais gosto de fazer. Obviamente, tal como toda a gente, pretendo procurar estabilidade na minha vida para poder criar família e ser feliz.

Assim sendo, havia que cumprir as funções essenciais para o nosso futuro tais como diagnóstico das necessidades e planificações do desenvolvimento profissional, capacidade reflexiva e autónoma de natureza teórica e prática da atividade do professor.

Tinha e tenho presente que a paixão, a devoção e o empenho foram três “ingredientes” fundamentais para realizar um bom trabalho quer no EP, quer no futuro enquanto docente, quer como Ser Humano.

Esta foi a primeira impressão que tive, presente no meu PFI, agora reescrita para esta tese final do relato da prática em contexto real de ensino.

Concluindo, posso dizer que o que esperava se tornou realidade. Houve sempre uma “moeda” que me dava resultados, o “tempo” que passava em reflexão, em lecionação e na envolvência do meio educativo, foi o meu “lucro” final. Lucro esse que se expressou em mais conhecimento, maior confiança e determinação. Maior e melhor organização, mais eficácia através da eficiência planeada, prevista e organizada. Reflexão após reflexão, individual e em grupo, observação após observação, minhas, dos meus colegas, nossas, dos professores cooperante e orientador. Foi este “tempo” que foi passando que com o “Sol” do meu trabalho, foi amadurecendo o “fruto” do meu conhecimento

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e espalhou “sementes” pelos meus alunos e colegas de estágio que, bem tratadas podem dar origem a “árvores” com raízes e ramos fortes que resistirão aos invernos mais frios e prosperarão nas primaveras mais propícias.

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No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 30-35)