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Conhecendo o ACS na Gestão do Cuidado: caracterização do perfil

3 RESULTADOS

3.1 Conhecendo o ACS na Gestão do Cuidado: caracterização do perfil

No segundo eixo temático, apresentamos a partir dos dados do grupo focal e observações, as seguintes categorias analíticas:

b) A contribuição do ACS na gestão do cuidado;

c) Práticas de Atenção à Saúde dos Agentes Comunitários de Saúde;

d) Práticas Educativas dos Agentes Comunitários de Saúde.

3.1 Conhecendo o ACS na Gestão do Cuidado: caracterização do perfil sociodemográfico e de trabalho

Neste bloco, apresentaremos a caracterização fornecida pelo questionário semiestruturado (ANEXO C), de onde foram extraídas as questões relativas aos agentes comunitários de saúde em seus aspectos socioeconômicos e demográficos e as que se relacionavam a algumas práticas de saúde desses profissionais.

Em relação ao sexo, observou-se a predominância de ACS do sexo feminino nos municípios do estudo (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Agentes Comunitários de Saúde segundo o sexo - Rio de Janeiro - 2014

Fonte: A autora, 2014.

De acordo com Paula e Valentin (2012), a feminização da profissão do ACS, caracteriza a continuidade da história da profissão, que tem como marco, o ano de 1987, no Estado do Ceará em que um trabalho exercido majoritariamente por mulheres, buscando solucionar os problemas de saúde de grupos populares em áreas com grandes problemas de desigualdades sociais.

Para Silva, Motta e Zeitoune (2010), a inclusão e valorização da mulher no mercado de trabalho só têm a contribuir para o desenvolvimento social dentro do país; erradicação da pobreza e consequentemente para uma melhor qualidade de vida para elas e para as crianças.

Esta preocupação é uma forma de exercer os princípios da responsabilidade social.

“Essa “marca feminina” na profissão pode ser atribuída ao papel da mulher na sociedade, que articula saberes e sentimentos, bem como “deveres” femininos – o cuidar, ensinar, organizar e ajudar, essenciais à construção dessa profissão no contexto em questão”

(MENEZES, 2011, p. 47).

Quanto à faixa etária desses profissionais, ao analisar o conjunto dos municípios, podemos observar que a maioria está entre 31 e 40 anos. E em segundo apresenta-se a faixa etária de 18-30 anos com 17 ACS, demonstrando a inserção dos jovens nesta classe profissional.

Entretanto, se analisados isoladamente, o município de Pinheiral destaca-se pela maioria dos ACS apresentarem-se na faixa etária entre 18 e 30 anos. Outro detalhe a ser

observado é que os municípios de Pinheiral e Rio das Flores possuem ACS com mais de 50 anos. Podemos verificar os detalhes na Tabela 5.

Tabela 5 - Número de agentes comunitários de saúde segundo faixa-etária - Rio de Janeiro – 2014

Em relação ao estado civil, identificamos 22 ACS solteiros, o que configura a maioria entre os sujeitos. Em seguida apresentam-se os casados com 14 ACS (Tabela 6).

Tabela 6 - Distribuição dos agentes comunitários de saúde em relação ao estado civil, 2014 Estado civil Piraí Pinheiral Porto

Real filhos, encontramos 10 ACS com dois filhos cada e 6 ACS possuem com três filhos.

Tabela 7 - Número de agentes comunitários de saúde conforme filhos - Rio de Janeiro - 2014 Possui filhos Piraí Pinheiral Porto Real Rio Claro Rio das

Flores

Sim 7 4 7 4 9

Não 3 4 4 4 5

Em branco 0 0 2 0 0

Total 10 8 13 8 14

Fonte: A autora, 2014.

Em relação a alguns dados demográficos, o tipo de moradia da maioria é o próprio com 46 ACS (Gráfico 2). Entre os ACS que moram de aluguel encontramos 6 ACS. O número de ACS que residem de aluguel é quase imperceptível em números em comparação com o número expressivo de ACS que moram em casa própria. Acreditamos que isso é uma característica das cidades do interior do Brasil.

Gráfico 2 - Distribuição dos agentes comunitários de saúde por tipo de moradia – Rio de Janeiro - 2014

Também indagamos acerca da religião dos ACS e averiguamos que a maioria possui religião (51) e destes, 38 frequentam a Igreja/Templo, ou seja, são praticantes das suas religiões (Tabela 8).

Tabela 8 - Distribuição dos agentes comunitários de saúde quanto à religião e a frequência de templo/igrejas - Rio de Janeiro - 2014

Religião Pinheiral

Ao analisarmos a escolaridade dos ACS, percebemos a predominância de ACS com o 2º Grau completo (37). Em seguida, aparecem seis (6) ACS com curso superior incompleto e empatados com quatro (4) ACS cada, respectivamente com 2º grau incompleto e Curso superior completo (Tabela 9).

Este fato é condiz com o estudo Síntese de Indicadores Sociais (IBGE, 2014), a evolução da média de anos de estudo permite, por sua vez, o acompanhamento do processo de democratização escolar, isto é, das oportunidades de acesso ao ensino. A escolaridade média da população de 25 anos ou mais de idade aumentou de 2004 a 2013, passando de 6,4 para 7,7 anos de estudo completos.

Tabela 9 - Caracterização dos agentes comunitários de saúde segundo a Escolaridade - Rio de Janeiro - 2014

Outro aspecto relevante com relação ao ACS que está estudando no momento. Este estudo mostra que 12 ACS se encontram nesta situação. Destes, dois estão cursando o ensino médio por supletivo, seis ACS estão cursando o ensino superior e quatro cursam outro tipo de curso (Tabela 10).

Diante deste contexto, percebemos que os ACS estão buscando a sua qualificação principalmente por meio do Ensino Superior. Sobre o ponto de vista positivo, demonstra-se um aumento do nível de escolaridade entre esses profissionais, ou seja, o ACS lutando pelo seu crescimento profissional. Por outro lado, sob o ponto de vista negativo, a consequência disso será o aumento da rotatividade de ACS nesses municípios.

Tabela 10 - Número de agentes comunitários de saúde que estudam no momento - Rio de cursos superiores realizados pelos ACS. Percebemos que estes profissionais tendem a escolher cursos na área da saúde talvez pela constatação da aptidão pela área ou pela influência da Enfermagem por estarem mais próximos dos Enfermeiros, já que são supervisionados pelos os mesmos.

Quadro 2 - Demonstrativo das profissões de Ensino Superior procuradas pelos agentes comunitários de saúde - Rio de Janeiro - 2014

Profissões Porto Real Pinheiral Piraí

Pedagogia

Foi-nos confessada informalmente por alguns ACS, a crescente procura pelos cursos de Técnico em Agente Comunitário de Saúde. Demonstrando a impulsão pela qualificação e aperfeiçoamento profissional pelo ACS.

Outra questão que pesquisamos, foi se os sujeitos possuem outra profissão ou ofício.

(Tabela 10). Identificamos que 31 ACS possuem outra profissão/ofício. Porém, quando questionamos se possuía outra fonte de renda, apenas sete ACS confirmaram a existência de outra fonte renda com outras profissões ou ofício (Tabela 11).

Tabela 11 - Número de agentes comunitários de saúde segundo outra profissão/ofício e outra fonte renda - Rio de Janeiro, 2014

Outra profissão

Diante da situação constatada, ficamos curiosos em identificar quais seriam essas profissões secundárias dos ACS. Para isso, também montamos um quadro para analisar essas ocupações/ofícios (Quadro 4).

Quadro 3 - Demonstrativo de Profissões/ofício dos agentes comunitários de saúde - Rio de Janeiro - 2014

Porto Real Pinheiral Rio das Flores Piraí Rio Claro Téc. Enfermagem verificamos que 34 ACS contribuem para a renda familiar enquanto para 14 ACS é a principal fonte de renda (Gráfico 4). Como já exposto, a maioria dos ACS são mulheres, estas entram no mercado de trabalho para colaborar com o marido na renda familiar. Outro fato observado é que os homens que são ACS, a maioria possui no trabalho de ACS a principal fonte de renda da família. Mas também não podemos deixar de mencionar que há mulheres que são as provedoras do seu lar, possuindo o salário de ACS como a única fonte de renda familiar.

Gráfico 3 - Distribuição dos agentes comunitários de saúde segundo a caracterização da fonte de renda - Rio de Janeiro - 2014

Em relação à média salarial dos ACS, verificamos uma média de R$ 909,43. O município de Piraí apresenta a maior média salarial com R$ 1.024,20 e o Porto Real é o segundo município com maior média de salário com R$ 982,92 e o município de Rio Claro possui a menor média salarial com R$ 807, 71 (Gráfico 3).

Percebemos que a média salarial do município de Piraí, atende a Lei nº 12.994 sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 17 de junho de 2014, que fixa o piso salarial dos ACS em R$1.014,00 (BRASIL, 2014).

Gráfico 4 - Média Salarial dos agentes comunitários de saúde - Rio de Janeiro - 2014

Para Pupin e Cardoso (2011), a falta de uma remuneração condizente com o trabalho realizado é descrita como desestimuladora, justificando, portanto, o desinteresse dos profissionais da saúde por continuar trabalhando no Programa Saúde da Família. Portanto, a ESF caracteriza-se também como porta de entrada para o trabalho na área da saúde e para jovens profissionais não seria uma proposta de vida. Sendo assim, buscar por outra carreira é descrito pelos ACS como querer ascender na vida. Este fato se confirma quando identificamos anteriormente que estes profissionais possuem outro ofício/profissão. Assim como a busca por outras profissões.

De acordo com a Tabela 11, acerca do tempo de trabalho como ACS, destacamos que a maioria possui de um a cinco anos e 12 meses de trabalho como ACS (34). E apenas três ACS, possuem menos de um ano de trabalho como ACS.

Vale a pena ressaltar, que identificamos seis ACS entre os que relataram ter mais de 10 anos de trabalho. Inclusive, alguns desses ACS participaram da implantação do PACS/

ESF em seus respectivos municípios.

Tabela 12 - Distribuição dos agentes comunitários de saúde em relação ao tempo de trabalho -

Foi questionado sobre o local da residência dos ACS. Foi-nos revelado que 33 ACS, representando a maioria, moram na mesma comunidade em que atuam. Identificamos que 14 ACS que moram e atuam na microárea de trabalho. E apenas seis ACS moram em outra comunidade/área. O município de Rio Claro não possui ACS que trabalhem e resida na mesma microárea de abrangência (Gráfico 5).

O ACS trabalha em uma microárea de sua comunidade. Enfatiza-se “sua comunidade”, pois além de trabalhar nela, o ACS é sujeito da mesma. Ou seja, deve morar na região e, para além do ato de residir, ele pertence a essa comunidade (JARDIM; LANCMAN, 2009a). Segundo a Lei nº 11.350/06, o Agente Comunitário de Saúde deverá residir na área da comunidade em que atuar desde a data da publicação do edital do processo seletivo público (BRASIL, 2006).

Gráfico 5 – Número de agentes comunitários de saúde segundo o local da residência e trabalho - Rio de Janeiro, 2014

Fonte: A autora, 2014.

Cada agente de saúde deve ser responsável por no máximo 150 famílias ou 750 pessoas (MONKEN; BARCELLOS, 2007). Analisando a média de todos os municípios, percebeu-se que os ACS dos municípios estudados, estão operando dentro da recomendação do número máximo de famílias, apresentando uma média de (135,03) famílias por profissional.

Considerando a individualidade dos municípios, o município de Pinheiral ofereceu uma média superior a recomendada, com (166,25) famílias por ACS. A menor média foi exibida pelo município de Piraí com (105,9) famílias por ACS (Gráfico 6).

O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o trabalhador de destaque nessa proposta de atenção, e integra a Equipe Saúde da Família trabalhando em área geograficamente delimitada, cujos contornos são determinados pela quantidade de pessoas (ou famílias) que devem atender, como por exemplo, 2.500 a 4.500 pessoas por equipe de saúde, e 450 a 750 pessoas por ACS na microárea (JARDIM; LANCMAN, 2009).

Gráfico 6 - Média do número de famílias acompanhadas por agente comunitário de saúde - Rio de Janeiro, 2014

Fonte: A autora, 2014.

Na totalidade dos municípios pesquisados, em relação às visitas domiciliares (VD), encontramos a média de (10,05) por dia de VD. Ao analisarmos isoladamente os municípios, verificamos que no município de Rio das Flores os ACS realizam a maior média com 11,36 VD por dia. Já os municípios de Rio Claro e Pinheiral apresentou a menor média apresentando 8,75 VD por dia (Gráfico 7).

É preconizado que o Agente Comunitário de Saúde (ACS) realize, no mínimo, uma visita por família da área de abrangência ao mês, sendo que, quando necessário, estas podem ser repetidas de acordo com as situações determinantes de cada realidade.

Gráfico 7 - Número médio de visitas domiciliares por dia dos agentes comunitários de saúde - Rio de Janeiro, 2014

Fonte: A autora, 2014.