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4. A CONVIVÊNCIA FAMILIAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL: LIMITES E DESAFIOS DA

4.2 Conhecendo os/as Assistentes Sociais

Os indicadores escolhidos para traçar o perfil dos/as assistentes sociais são: o sexo, a faixa etária, ano de formação, Pós-Graduação, cargo e tempo de trabalho na instituição de acolhimento. Na análise referente ao sexo dos/a profissionais, evidencia-se maior incidência do sexo feminino (92%), contando com apenas um homem, conforme o Gráfico 1.

Fonte: Primária

A presença da mulher na profissão é uma tendência histórica e reflete a continuidade do papel atribuído na divisão sexual do trabalho: indivíduos com qualidades naturais e vocacionais para lidar com tarefas familiares, de cunho educativo e filantrópico.

Intelectualmente o homem é empreendedor, combativo, tende para a dominação. Seu temperamento prepara-o para a vida exterior, para a organização e para a concorrência. A mulher é feita para compreender e ajudar. Dotada de grande paciência, ocupa-se eficazmente de seres fracos, das crianças, dos doentes. A sensibilidade torna-a amável e compassiva. É, por isso, particularmente indicada a servir de intermediária, a estabelecer e manter relações (KIEHL, 1940 apud IAMAMOTO; CARVALHO, 2000, p.171).

A partir dessas considerações, o trabalho do/a assistente social nas instituições de acolhimento para crianças e adolescentes é percebido à luz do papel feminino, como se fosse uma extensão das atividades domésticas. Corroborando este pensamento, evidencia-se que o único homem inserido nas instituições desenvolve o papel de coordenador, uma posição hierárquica que lhe confere uno status de superioridade em relação aos demais profissionais.

O Gráfico 2 mostra os dados sobre a faixa etária dos/as assistentes sociais que trabalham nas instituições de acolhimento e mostram uma predominância de idade acima dos trinta anos (83,4%), dentre este percentual 58,40% possuem entre

40 a 50 anos, ou seja, em plena fase adulta.

Gráfico 2 – Faixa etária dos/as profissionais entrevistados/as. João pessoa/PB, 2012.

Fonte: Primária

Esse resultado se contrapõe ao que tradicionalmente ocupou maior espaço na População Economicamente Ativa: indivíduos entre 25 e 39 anos. A realidade reflete as mudanças que vêm ocorrendo a partir dos anos noventa no mundo da produção e que afeta e modifica o mercado de trabalho, desestruturando empregos fixos e incrementando o desemprego, principalmente no que diz respeito à população jovem (KRELING, 2004).

Quanto ao ano de Formatura, o Gráfico 3 ilustra que 75% dos/as assistentes sociais se formaram após o ano de 1990. Dentre este percentual, 66,6% concluíram após as Novas Diretrizes Curriculares aprovadas em 1996.

Gráfico 3 – Ano de formação dos/as profissionais entrevistados/as. João Pessoa/PB, 2012.

Fonte: Primária

Com base nesses dados, os/as profissionais inseridos/as nas instituições de acolhimento acompanharam os debates envolvendo a Lei da Regulamentação da Profissão, as Diretrizes Curriculares e o Código de Ética de 1993, que consolidaram o novo Projeto Ético Político do Serviço Social. Por conseguinte, são profissionais que absorveram as discussões inovadoras da profissão, por conceber a relação e unidade entre as três dimensões investigativas (teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa) e advertir a necessidade do processo de pesquisa e produção de conhecimento na intervenção profissional.

Sobre o acesso à Pós-Graduação, as respostas dos/as entrevistados/as revelaram que 66,6% dos/as profissionais possuem cursos em nível de especialização em diferentes áreas, como educação, direitos humanos, saúde, entre outros. Somente um/a profissional confirmou possuir mestrado acadêmico e outro/a sinalizou ainda estar cursando o mestrado, como evidencia o Gráfico 4.

Gráfico 4 – Nível de Pós-graduação dos/as profissionais entrevistados/as. João Pessoa/PB, 2012.

Fonte: Primária

A diversidade dos cursos de especialização qualifica o profissional a atuar em diversos campos de trabalho, além de melhorar o próprio desempenho profissional. Contudo, esta qualificação permanente e diferenciada atende às demandas exigidas pelo mercado, estabelecendo parâmetros para o trabalhador manter-se competitivo e disputar um posto de trabalho: polivalente, multifuncional, capacitado para atender diferentes demandas e situações através de um conhecimento mais generalizado.

Em relação ao cargo e tempo de trabalho na instituição de acolhimento, a pesquisa verificou que um/a profissional desempenha a função de coordenador e dois de assistentes sociais, além de serem contratados/as como técnicos, assumem cargos de coordenação. Isto significa um acúmulo de cargo e de trabalho na instituição devido a poucos trabalhadores contratados, fato que mostra a precariedade do mundo do trabalho com poucas vagas disponíveis no mercado. Além disso, as prerrogativas diferentes, estabelecida por cada função, afeta o desempenho e a qualidade dos resultados das atividades e das responsabilidades.

No que tange ao tempo de trabalho na instituição, o Gráfico 5 demonstra que a maioria dos/as assistentes sociais alegaram trabalhar na instituição entre um a dois anos; 1 declarou trabalhar entre três a cinco anos e outro/a profissional há mais de seis anos.

Gráfico 5 – Tempo de trabalho dos/as entrevistados/as na instituição. João Pessoa/PB, 2012.

Fonte: Primária

O pouco tempo de trabalho nos locais da pesquisa, expresso pela maioria dos/as profissionais, evidencia certa rotatividade e, portanto, falta de estabilidade dos/as assistentes sociais nesses serviços, acarretando a precariedade do atendimento nas instituições de acolhimento, que exige continuidade e regularidade no desenvolvimento das atividades, prejudicando, desta forma, os resultados esperados. Ainda, o trabalho pode não corresponder aos anseios profissionais, e torna-se um espaço de “passagem”, em vista de um melhor e mais estável emprego.

Ressalta-se que 66,6% dos/as profissionais entrevistados/as atuam nas instituições públicas, contra o 33,4% de organizações não governamentais. Resultado que confirma os dados apontados pelas pesquisas citadas nas páginas 68 e 69, demonstrando a inserção expressiva dos/as assistentes sociais em órgãos públicos.

Por conseguinte, os dados expostos revelam que o/a assistente social que trabalha nas instituições de acolhimento para criança e adolescente, é mulher, funcionária pública e possui idade acima dos 35 anos, permanecendo entre um a dois anos no espaço ocupacional e em contínua formação para o mercado de

trabalho.

4.3 Acolhimento Institucional e Convivência Familiar: novos desafios à prática