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3.1 Contextualizando o campo e as crianças/sujeitos da pesquisa

3.1.6 Conhecendo um pouco mais sobre as crianças/sujeitos da pesquisa

As vivências em dança-improvisação foram realizadas com a turma do grupo 6. Apesar de haver vaga para 25 crianças tivemos, na maior parte do ano, a participação de 23 crianças. O motivo que me levou a eleger esta turma foi porque algumas destas crianças já tem tido contato comigo desde 2005, sendo assim, temos um vínculo afetivo maior do que as outras turmas, o que considerei um elemento importante para a pesquisa. Pois, quanto maior for o grau de confiança e afetividade entre pesquisador/a e sujeitos, mais facilmente poderemos alcançar nossos objetivos.

O grupo era formado por 15 meninos e 8 meninas de 5 a 6 anos de idade. O número de meninos e meninas oscilava bastante, pois durante o ano várias crianças desistiram da vaga, entrando outras em seu lugar. No entanto, a quantidade de meninos sempre foi bem superior, teve um período que tivemos 18 meninos para 5 meninas. O tempo de freqüência das crianças no NEI Tapera era de 2 meses a 4 anos, ficando uma media de 2 anos de freqüência.

O ano de 2008 iniciou com uma formação bem diferente da formação que tivemos durante o segundo semestre. O motivo para tantas mudanças foi primeiramente a ampliação do prédio do NEI Tapera. Com a construção da sala nova o grupo 6 mudou-se para o prédio novo, ficando com uma sala bem mais ampla e arejada que anterior. Sendo assim, algumas crianças que eram deste grupo passaram para outra turma, surgindo à necessidade de chamarem outras crianças que estavam na lista de espera. O grupo teve que passar por uma nova adaptação, pois existiam, além do espaço novo, crianças novas, que precisam de uma atenção

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diferenciada. Depois desta nova formação, o grupo continuou modificando, devido a desistência de vagas de algumas crianças e a chegada de outras.

Estas alterações no número e na entrada e saída de crianças dificultaram, algumas vezes, o desenvolvimento da nossa pesquisa, não afetando ainda mais, porque a maioria do grupo permaneceu. Ainda havia outro problema com as crianças que faltam muito devido ao frio e a chuva intensa durante o inverno, tendo em vista, que a comunidade da Tapera é muito carente, com ruas sem calçamento dificultando a passagem de pedestres. Neste relato podemos perceber como o número reduzido de crianças pode dificultar nosso trabalho.

Neste dia, devido ao mau tempo, tinham poucas crianças, na noite anterior cheguei a pensar em transferir a intervenção para o dia seguinte, mas lembrei que mudanças constantes poderiam atrapalhar a rotina na unidade e isso não seria bom para o meu trabalho e nem para o trabalho do grupo que vem me recebendo tão bem. O número reduzido de criança pode ter atrapalhado um pouco nos momentos de realização das tarefas, como avaliou uma das professoras (Valdinha) ao final da intervenção. Segundo esta professora, quando têm poucas crianças elas ficam mais tímidas na hora de realizar movimentos/tarefas diferentes, ainda mais com pessoas filmando, fotografando, elas podem sentir-se constrangidas. Ao contrário, quando têm mais crianças, elas se soltam mais ao dividir a atenção com mais amigo (10-06- 2008).

A partir de dados obtidos junto aos familiares e seus respectivos responsáveis por meio de um questionário, podemos traçar algumas características deste grupo. Lembrando que nem todas as famílias responderam o questionário apesar de termos feito várias tentativas por meio de reunião no período noturno, entrevistas na unidade no horário de chegada e saída das crianças e por último o questionário foi enviado através da agenda das crianças que é o meio de comunicação entre a unidade educativa e as famílias. Das 23 famílias inscritas apenas 14 responderam o questionário. Consideramos um número significativo, apesar de que seria melhor, se todas tivessem respondido. Este dado é muito importante e revela a dificuldade que as unidades de educação tem tido em contar com a participação das famílias no processo educativo de seus filhos.

Dos 14 questionários respondidos 8 foram respondidos pelas mães, 4 pelos pais e dois por irmãs. A idade das pessoas que responderam o questionário variou entre 12 a 42 anos. Este dado pode nos revelar que a educação do/as filhos/as ainda fica, na maioria dos casos, com a responsabilidade da mãe, mesmo que esta também exerça uma atividade profissional fora de casa.

Todas as crianças são moradoras do bairro Tapera, oriundas de famílias de 4 pessoas (pai, mãe e dois filhos), apenas em um caso em somente a presença da mãe em outro somente a presença do pai. Assim podemos constatar que em 93% dos casos, estas crianças pertencem a famílias nucleares. Na maioria das famílias o número de filhos corresponde a 2, sendo que somente em duas delas existe um filho.

Filhos e filhas de trabalhadores/as as profissões dos pais variam bastante, são elas: vigilante, motorista, pintor, aposentado (2), auxiliar de serviços gerais, policial, funcionários público, açougueiro, encanador, carpinteiro (2), autônomo e operacional. Em relação à atividade profissional da mãe 48% se declararam donas de casas (do lar), as outras profissões variam entre: cozinheira, empregada doméstica, auxiliar de serviços gerais, operadora de caixa e servente.

Sobre a renda familiar, elas variaram entre menos de salário mínimo a mais de 5 salários: 5 famílias declararam ter uma renda de mais de 2 salários mínimos, 1 família declarou receber menos de um salário mínimo, 1 família declarou receber mais de 5 salários mínino, 2 famílias declararam receberem de 2 a 3 salários mínimos, 2 famílias declaram receber de 1 a 4 salários míninos, 1família declarou receber 3 salários mínimos e 2 famílias não quiseram declarar sua renda.

A partir das nossas observações em relação ao grupo e seu comportamento com seus pares podemos dizer que o grupo 6 é formado por crianças muito curiosas, se envolveram bastante nas atividades, principalmente, quando havia novidade. Gostavam de escrever, desenhar, pintar, sobretudo, brincar com as outras crianças na sala e no parque. Por se tratar de uma turma com crianças entre 5 e seis anos, conversam muito entre si, falando alto para expor suas idéias. Era uma turma muito envolvente, dinâmica e participativa, gostavam de trazer novidades para sala relacionadas aos projetos desenvolvidos na unidade, gostavam de conversar sobre suas famílias e o que fazem em casa com seus amigos no período em que não estão na unidade. Esta turma nos trouxe muitas questões para pensarmos, vamos tentar refletir sobre elas ao longo da pesquisa.

3.2 Instrumentos e procedimentos da coleta de dados na ação-observação-