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Conquistando adeptos e clientes usuários: vendendo CAT Tools e suas promessas de

Após um percurso histórico, observaremos agora como a criação das CAT Tools e a evolução de seu uso têm sido parte relevante do legado da tradução como a vemos hoje. Essa relevância tem sido reforçada inclusive pelo marketing usado para vender essas CAT Tools, em que é possível observar a valorização desse legado histórico sendo usada como parte da estratégia de convencimento do consumidor sobre a importância desses recursos tecnológicos serem associados aos trabalhos que envolvam tradução.

Em fevereiro de 2019, no texto intitulado “The past and present of translation memory technology”23, um gerente de marketing da pioneira SDL Trados Studio explora uma cronologia dos fatos que ele pontua como mais importantes na evolução de sua CAT Tool. A partir desses dados, faz uma ponte para falar sobre as vantagens do uso do produto, como sua flexibilidade, a possibilidade de controle sobre o trabalho dos tradutores e o ganho em consistência, usando como argumento afirmações do tipo: “Compartilhar ativos em tempo real durante a tradução aumenta as taxas de reutilização de conteúdo, o que não é possível em um ambiente somente de desktop” (tradução nossa). Ao nos depararmos com afirmações desse tipo, podemos inferir que a reutilização de conteúdo continua sendo a principal vantagem destacada na hora da venda de uma CAT Tool. Por essa razão, a abordagem e a estratégia de venda dela serão analisadas de forma mais detida, tomando como exemplo algumas peças publicitárias disponíveis no site oficial de algumas empresas desenvolvedoras de CATs. A finalidade dessas amostras será entender que mercado é esse em que a tecnologia virou protagonista e o tradutor coadjuvante, um mero operador de ferramentas que fazem girar as engrenagens no processo tradutório.

23https://blog.sdltrados.com/past-present-translation-memory- technology/?mkt_tok=eyJpIjoiWkdRNFpXUTJPRFEwTVRKaSIsInQiOiJEYXR6c2IzdkpGQVZIemUyYjc2K2 9XREM2WkMrTUVlb3BhaXNkbjdhTHBiV3laaTVqaFRad0toYXM4UFwveHEzc250Q3NjNG1TRU5Bc3d0d 1VhMDV2YVV1aDdDWUJSOElFWUExSTZ5Q2Vsa0FMWjZjZExpek9EMngxSUxQWmlFeFIifQ%3D%3D. Acesso em 08 de fevereiro de 2019.

Na busca por maior compreensão do processo de venda desses sistemas, fizemos uma pesquisa na web sobre CAT Tools e nos deparamos com uma grande quantidade de propagandas e sites que tentam vender o produto destacando suas qualidades e vantagens a todos os agentes envolvidos no processo de tradução. Há uma tendência à valorização da máquina e do lucro em detrimento da valorização do trabalho humano/do tradutor.

Destacamos algumas páginas em que aparecem essas propagandas, de forma a ilustrar alguns pontos que nos inquietam. Começamos pelo Memsource, que vende seus produtos destacando uma proposta de inovação com relação ao que havia até então no mercado24. No entanto, por mais que o Memsource seja uma CAT Tool com uma proposta moderna, ele usa recursos que há muito já integram as CAT Tools, sendo a memória de tradução um deles.

Ao abordar especificamente as memórias, nota-se uma postura tradicional da empresa quanto ao foco que procuram dar a elas e à sua utilidade dentro da CAT que comercializam. Essa funcionalidade é vendida simplesmente como uma forma de economizar recursos e melhorar a qualidade da tradução.

Fig. 2: Captura de tela – site do Memsource definindo memória de tradução.25

Nessa primeira parte da propaganda, observa-se de forma bastante simplificada (nos grifos em vermelho na figura) a forma como as memórias de tradução normalmente são vendidas: como algo que economiza custos e melhora a qualidade do trabalho, pois reaproveita o que já fora feito. O tradutor sequer é mencionado nesse primeiro momento da

24https://www.memsource.com/solutions/enterprise/. Acesso em 05 de janeiro de 2019. 25https://www.memsource.com/features/. Acesso em 07 de janeiro de 2019.

propaganda, nos parecendo ser um apelo publicitário mais voltado às empresas que contratam serviços de tradução do que ao tradutor em si.

Somente quando clicamos no botão “Learn more about Translation Memory” (Saiba mais sobre memória de tradução)26 somos direcionados para uma página que fala mais detidamente sobre como funciona uma memória, mencionando o tradutor no final do texto.

Fig. 3: Captura de tela – site do Memsource apresentando memória de tradução

Embora haja menção ao tradutor, a primeira informação trazida na página é a frase “Stop paying to translate your most common words and phrases by building up a translation memory”, ou seja, “Pare de pagar para traduzir suas palavras e frases mais comuns criando uma memória de tradução”. Logo na sequência, aparecem quatro imagens sobre os pontos que a empresa optou por destacar como relevantes no uso das memórias, ou seja, “Save on repetitive translations” (Economize em traduções repetitivas), “36% - 90% cost savings” (de 36% a 90% de redução nos custos), “Guarantee consistency” (Garantia de consistência) e “Faster turnaround times” (Tempo de resposta mais rápidos). A publicidade observada traz palavras-chave que podem ser de interesse de empresas que trabalham com tradução, porém não explica ao consumidor como são feitos os reaproveitamentos. Além disso, não há menção sobre como (ou se) a empresa garante total eficiência e consistência nesse processo, ou ainda

se há, em algum momento, a necessidade de interferência humana ou se tudo será controlado pela máquina.

Chegando ao final da página, observamos a estratégia de marketing dessa propaganda, em que há menção ao tradutor, e novamente à inovação que a CAT promete trazer.

Fig. 4: Captura de tela – site do Memsource citando tradutores

Embora esse seja o único espaço em que haja menção ao tradutor, a abordagem feita pela empresa busca mostrar que a máquina diminui o volume de trabalho, ou seja, “as your memory base grows, the amount of content that needs to be translated is continuously reduced” (conforme sua base de memória aumenta, a quantidade de conteúdo que precisa ser traduzida é continuamente reduzida). Se considerarmos que muitos dos tradutores que utilizam o Memsource são freelancers, quando a empresa fala em reduzir os volumes de trabalho em um projeto ela deveria mencionar também que os valores recebidos pela tradução serão proporcional e continuamente reduzidos, o que fatalmente exigirá que o tradutor se envolva em uma quantidade superior de projetos para manter seu patamar de ganhos.

As situações em que a empresa considera ideal o uso de memória de tradução também são um aspecto abordado nessa mesma página.

Fig. 5: Captura de tela – site do Memsource aconselhando onde usar memórias

Nessa Figura 5, observamos que a empresa sugere o uso de memórias em documentação técnica, manuais de produtos, localização de software e videogames, conteúdo jurídico e financeiro, descrições de produtos e conteúdo de comércio online. O fato de haver essa especificação já na página destinada à publicidade do produto marca os espaços e os possíveis consumidores almejados pelo Memsource. Além disso, essa lista dá pistas sobre as áreas de atuação em que o tradutor estará mais ou menos sujeito à obrigatoriedade de uso de CAT Tools durante o seu trabalho, ou seja, traduzir tendo uma memória de tradução vinculada ao seu texto e associar a ele a interferência que os reaproveitamentos dessa memória trarão.

Ao observar a publicidade do Memsource e também de outras CAT Tools usadas por empresas e tradutores brasileiros, outro ponto nos salta aos olhos: essas ferramentas são desenvolvidas em outros países. Logo, criam também uma campanha publicitária para divulgar seu produto e as funcionalidades que ele oferece de uma forma mais ampla, sem muitos detalhes com relação a particularidades e desafios que possam ocorrer nos diferentes idiomas quanto a reaproveitar trechos já prontos, por exemplo.

E, embora tenham como pano de fundo a tradução, empresas como o Memsource disponibilizam as informações em seus sites em poucos idiomas. No site em questão, as opções de idioma da página são somente inglês, dinamarquês, japonês e russo.

Sendo assim, o Brasil recebe e aceita o marketing (e as informações disponibilizadas) realizado no exterior (quase sempre em língua inglesa) como justificativa para a implementação dessas ferramentas tecnológicas em nossa prática tradutória cotidiana. Tal aceitação ocorre mesmo o português não sendo uma das opções de idioma da página nem

tendo garantias de que os aproveitamentos, a precisão e a economia prometidos serão tão eficientes para o português como mostram as propostas escritas em inglês. Manter as informações disponíveis somente em inglês é um ato que reforça a hegemonia deste idioma em detrimento dos demais, além de corroborar estereótipos e crenças falaciosas, como todo tradutor é falante do inglês. Como nem todo trabalho de tradução envolve a língua inglesa como idioma de partida ou de chegada, manter todo o material de marketing de uma ferramenta de tradução somente em inglês torna o acesso à tecnologia mais restritivo e voltado para um público-alvo previamente selecionado.

Para um olhar mais detalhado sobre a questão da publicidade, tomaremos como exemplo também o site da empresa britânica SDL Trados27. Ao acessarmos o site oficial nos deparamos com as propagandas do produto e a possibilidade de fazer o download (sem custos) de uma espécie de catálogo de vendas28 do item, sob a justificativa de possibilitar ao visitante descobrir de imediato as principais características e benefícios do produto, no caso, sua versão 2019 do software denominado “SDL Trados Studio”. Aqui também não há versão em português do site, como vemos na Figura 6, nem de seu material de marketing, portanto, usaremos o inglês como base de leitura.

Fig. 6: Captura de tela – site do SDL Trados e suas opções de idioma para leitura

27 Essa empresa foi escolhida por ainda ser referência em CAT Tools, já que oferece o produto sucessor do antigo

Trados Workbench, que fora desenvolvido originalmente pela empresa alemã Trados GmbH, que atuava no mercado de softwares de tradução desde 1984, sendo a primeira a desenvolver uma ferramenta de tradução com memória de tradução integrada (https://www.sdltrados.com/about/history.html). Acesso em 07 de janeiro de 2019.

28https://www.sdl.com/download/tp-sdl-trados-studio-2019-

professional/133333/?InterestProfile=LTTranslatorProductivity. Acesso em 07 de janeiro de 2019.

Esse catálogo não terá imagens reproduzidas nesse trabalho, pois o seu download está condicionado ao fornecimento de algumas informações pessoais solicitadas pela empresa acessando o link acima.

O primeiro destaque de marketing feito no catálogo de vendas é com relação ao que a empresa denomina “Innovative TM technology” (Tecnologia inovadora de memória de tradução), que promete transformar a maneira como as memórias do cliente funcionam por meio de uma nova tecnologia, denominada upLIFT. Logo, é possível perceber que a possibilidade de uso de memória de tradução ainda é a grande justificativa para a venda da CAT Tool, aparecendo em destaque, assim como apareceu no site do Memsource.

O folheto, então, discorre sobre as vantagens do reuso (“Translation memory for maximum translation reuse” – Memória de tradução para uma máxima reutilização de traduções) sempre alegando a rapidez e a eficiência de produção como o principal ganho ao tradutor, “[...] permitindo que novos projetos de tradução sejam concluídos mais rapidamente. Desta forma, é possível haver um enorme aumento de eficiência29” (folheto do SDL Trados Studio 2019, p. 02). No entanto, o tradutor não é o único alvo do apelo de marketing de empresas como a SDL Trados; agências de tradução também são abordadas, porém com elas, a perspectiva de ganhos financeiros e de controle sobre os trabalhos é o argumento mais utilizado.

Nesse mesmo folheto, encontramos trechos que afirmam “Essa abordagem reduz significativamente o custo total [...] e permite o controle total sobre suas traduções”30 (p. 02), mais adiante vemos novamente o apelo por urgência, por uma tradução produtiva, administrada em escala industrial, ou seja, “se você for uma agência de tradução, poderá garantir que a produtividade de suas equipes seja maximizada e seus gerentes de projeto sejam mais eficientes”31 (p. 02).

No entanto, o apelo à produtividade e ao lucro mediante aproveitamentos não é estratégia somente de quem já está há anos no mercado de CAT Tools. A desenvolvedora responsável pela ferramenta chamada “MemoQ”, a empresa húngara Kilgray Translation Technologies, também investe no marketing de seus produtos e serviços visando tradutores e agências como públicos com interesses comerciais distintos. Apesar de ter uma proposta de software supostamente mais inovadora e moderna em relação ao SDL Trados Studio, o website da Kilgray apresenta estratégias de marketing bastante semelhantes às usadas pela sua concorrência. Em sua página na internet, a empresa também não traz uma descrição dos

29 […] enabling new translation projects to be completed faster. In this way there can be huge increases in

efficiency […]

30 This approach significantly reduces the total cost […] and enables complete control over your translations[…] 31 […] if you are a translation agency, you can ensure the productivity of your teams is maximized and your

produtos com versão em português; por essa razão, aqui também usaremos o inglês como base de leitura desse material publicitário.

Fig. 7: Captura de tela – site do MemoQ e suas opções de idioma para leitura

Começando pela venda destinada a tradutores freelancers, o produto é vendido como um software projetado por tradutores para tradutores, que aumenta a produtividade e a qualidade para todos aqueles que fazem, editam e revisam traduções. Novamente, a memória de tradução é vendida como uma grande vantagem para o tradutor, porém, sempre em termos de consistência e ganho de tempo. Não encontramos menções claras a ganhos financeiros, por exemplo, mas permanece subentendido que “tempo é dinheiro”, logo, quanto mais reaproveitar, mais produtivo o tradutor se tornará. No entanto, seguindo essa perspectiva, o tradutor não considerará as leituras completas do texto no qual está trabalhando enquanto faz a tradução e utiliza os aproveitamentos.

Afirmações como “Uma memória de tradução armazena suas traduções e ajuda você a reutilizá-las. Assim, você aumenta sua produtividade e consistência em todo o projeto”32 (grifo nosso) demonstram que a ênfase das vantagens destacadas é colocada no processo e no produto, porque, supostamente, a ferramenta tem a resposta para todos os problemas. Há momentos em que o marketing em torno das ferramentas de tradução parece valorizar a tecnologia como sendo ela a protagonista do processo tradutório, podendo levar a crer que, se

forem usados recursos tecnológicos durante a tradução, a qualidade dos textos traduzidos melhorará automaticamente.

Fig. 8: Captura de tela – descritivo de produtos no site do MemoQ

Fig. 9: Captura de tela – descritivo de produtos no site do MemoQ

Na Figura 8, também extraída do site do MemoQ, vemos que a empresa começa o texto explicando o que é o “MemoQ”, como e por quem ele foi desenvolvido, além de como é feita a instalação do software e a ativação de sua licença de uso.

As explicações dadas são breves e a linguagem usada é bastante direta, provavelmente visando um público já bem familiarizado com produtos semelhantes a esse e com os processos que envolvem sua instalação e uso. Essa aparente inferência de familiaridade dos leitores com o tema aparece já no momento em que a empresa descreve seu produto como sendo uma “computer-assisted translation environment tool”, ou seja, “ferramenta de ambiente de tradução assistida por computador”, porém sem entrar em mais detalhes sobre

essa nomenclatura. Isso nos leva a crer que esse tipo de publicidade visa um público específico já usuário de softwares semelhantes, isto é, a empresa optou por não explicar, pois pressupõe que seu site atraia leitores que já compreendam o termo CAT Tool. Conhecendo-o, consequentemente, os visitantes da página já associariam o acrônimo a um software que dará a possibilidade de traduzir usando uma interface que coloque o texto em formato bicolunado, em que seja possível integrar e usar glossários durante a tradução, assim como usar uma memória de tradução e visualizar suas sugestões de reaproveitamento durante todo o trabalho com o texto.

Na Figura 9, a empresa se propõe a fazer uma breve explicação sobre a memória de tradução, porém começa seu texto chamando-a de “core of translation technology”, ou seja, “ponto central da tecnologia da tradução”, sem trazer maiores explicações sobre os motivos pelos quais a considera central em termos de tecnologia da tradução. Na sequência, o texto passa a destacar como principal vantagem da memória a possibilidade de reaproveitamentos visando consistência e produtividade, porém, novamente, sem se aprofundar nos detalhes envolvidos nesse processo. Neste momento, as explicações se limitam a dizer que usando as memórias não será mais preciso traduzir a mesma coisa duas vezes, sem deixar claro o que estão considerando como sendo “a mesma coisa”.

Passando para o segundo ponto explicativo que aparece no site do MemoQ chegamos ao tópico “Simple project management” (Simplicidade no gerenciamento de projetos). E esse espaço aparentemente é destinado a agências de tradução, pois o gerenciamento de projetos da forma como o vemos ser apresentado na Figura 10 é tipicamente feito por essas empresas. As informações inseridas nessa aba discutem questões como um painel que facilite a visualização e organização dos projetos em andamento, além de falar sobre alertas que a ferramenta lança ao gerente de projetos sempre que haja alguma circunstância em que a intervenção dele seja necessária, citando ainda a possibilidade de geração de diversos tipos de relatórios que trazem dados estatísticos sobre o projeto de tradução.

Fig. 10: Captura de tela – descritivo de serviços do MemoQ

Observando as Figuras 10 e 11, nota-se que além da superficialidade na explicação da nomenclatura e das funcionalidades integradas ao software se manter – como o visto nas Figuras 8 e 9 – assim como acontece com o SDL Trados Studio, o enfoque de marketing do MemoQ é distinto quando o público-alvo são as agências de tradução.

No caso do MemoQ, o apelo de vendas é a maior possibilidade de controle sobre o trabalho do tradutor. Conforme é possível observar na Figura 10, a empresa descreve como uma das vantagens de seu produto a possibilidade de uma verificação em tempo real do andamento de cada projeto, além do controle sobre os reaproveitamentos de memória e o quanto isso gerará de economia em termos financeiros. Nesse segundo tópico, a empresa apresenta a possibilidade de os gerentes terem acesso a detalhes como o cumprimento de prazos, verificando inclusive se o tradutor já iniciou ou não o trabalho e qual a quantidade de palavras que essa pessoa já traduziu até um determinado momento.

Outra funcionalidade dedicada aos contratantes de tradutores freelancers é a possibilidade de criação de relatórios, que serão a base para a definição dos aproveitamentos de memória ao longo de um projeto, além de definirem o pagamento que o tradutor receberá pelo referido trabalho. Analisaremos esses relatórios de forma mais detida no item 2.4.

Nas Figuras 10 e 11 acima também é possível encontrar informações sobre aqueles que a empresa classifica como recursos para “facilitar o gerenciamento de projetos”. Esses mecanismos são planilhas para dar uma visão mais geral sobre o trabalho, alertas, ferramentas de busca, geração de vários tipos de relatórios e estatísticas sobre cada projeto, automação de modelos e gerenciamento da qualidade do trabalho, conforme os parâmetros estabelecidos pela agência. Porém, novamente, as explicações dadas partem possivelmente do pressuposto de que os leitores conheçam o processo e já estejam familiarizados com o funcionamento, por exemplo, de um relatório de análise. Logo, tais leitores já saberiam a sua utilidade e quais dados ele normalmente apresenta, haja vista não haver menção aos detalhes envolvidos na criação desse tipo de relatório estatístico, como uma explicação sobre a fórmula aplicada para seu cálculo e como os dados são apresentados nele.

Agora, a fim de estabelecermos um parâmetro de comparação mais amplo, além das CAT Tools comercializadas pela Memsource, SDL Trados e Kilgray, observaremos uma plataforma, ou seja, um recurso totalmente online e gratuito para tradutores33. E, logo na

33 Clientes diretos são os únicos que pagam pelo serviço da ferramenta, sendo que os valores são estabelecidos

página inicial que dá acesso à ferramenta, notamos algumas diferenças nos descritivos do produto oferecido, especialmente por não haver distinção na abordagem direcionada a tradutores freelancers ou especificamente a agências de tradução.

A ferramenta chamada "Smartling" é oferecida pela empresa americana de mesmo nome34 e também não conta com uma página em português, então, novamente usaremos o conteúdo em inglês como base.

Fig. 12: Captura de tela – página inicial do site do Smartling

Em sua página inicial, o mote para atrair usuários é novamente voltado para a suposta facilidade de automatização e gerenciamento do conteúdo a ser traduzido com