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PARA A EXECUÇÃO PENAL

5. Pontos diferenciados da nossa política brasileira

7.1. Consenso do grupo sobre a concepção de educação nas prisões:

O grupo de trabalho chegou ao seguinte consenso:

- A educação é Direito Humano fundamental e subjetivo, independente da sua situação social, econômica, política, de gênero, etnia, raça, opção sexual, credo religioso e de cor;

- A Educação para Jovens e Adultos privados de liberdade é de responsabilidade do Estado;

- Compreende-se a Educação para Jovens e Adultos privados de liberdade como uma política de Estado e não unicamente uma política de governo e/ou de projetos ou programas pontuais;

- É indispensável para sua implementação uma relação interministerial (Educação – Justiça – Assistência Social – Trabalho, entre outros), além de uma relação intersetorial (com outros níveis de poder).

7.2. Pontos para aprofundamento:

O grupo de trabalho considerou de extrema relevância aprofundar o seguinte debate:

a) o que é a rede?

b) objetivo da rede: compartilhar as experiências, implementar espaços de discussões entre os membros dos países da AL e cooperação técnica; cooperação com a União Européia, EPEA, UNESCO, entre outros; c) definição da estrutura da rede;

d) organização da rede (elementos operacionais e estruturantes – Estatuto);

e) elaboração de Diagnóstico dos paises da América Latina – AL (estrutura do sistema penitenciário, relação do Ministério da Justiça/Ministério da Educação para a oferta da educação nas prisões, legislação, estatística; oferta educativa (formal, informal, formação profissional), formação dos profissionais operadores da execução penal, gestão pedagógica, relação da política de educação com as outras políticas sociais, etc); primeira tarefa a curto prazo com metodologia compartilhada;

f) defender e garantir a educação como um direito;

g) definir responsabilidades, estratégias e prazos; produtos a pequeno, médio e longo prazo (exemplo: criação de grupos de trabalho via Internet; cooperação técnica; criação de espaços colaborativos; criação de uma biblioteca virtual).

8. Desdobramentos da visita:

Neste primeiro momento do trabalho, como desdobramento da visita à Europa, ficou acordado que todos os presentes participariam da segunda etapa do projeto que se realizaria em Belo Horizonte – Brasil, no período de 20 a 24/11/2006, como parte das atividades no III Fórum Educacional Mercosul, através do Seminário EUROsociAL de Educação nas Prisões.

Esta segunda parte teve como objetivo efetivar a proposta de criação da Rede Latinoamericana de Educação nas Prisões.

Em termos gerais, o grupo de trabalho encerrou discutindo as seguintes participações como estratégias técnicas e políticas do processo inicial de criação e fortalecimento da Rede Latinoamericana de Educação nas Prisões:

- Participação no III Fórum Educacional Mercosul com o Seminário EUROsociAL de Educação nas Prisões;

- Participação na conferência internacional de educação nas prisões organizada pela EPEA que se realiza a cada dois anos na Europa (próxima Dublin / Irlanda 2007);

- Participação no I Encontro Mundial sobre Educação nas Prisões organizado pela UNESCO (Bruxelas – Bélgica / 2008).

9. Definições do Grupo de Trabalho Eurossocial/Educação (2ª etapa do Projeto):

Em encontro realizado no período de 20 a 24/11/2006 em Belo Horizonte – Brasil, conforme acordado, o grupo de trabalho definiu no III Fórum Educacional Mercosul, no Seminário EUROsociAL de Educação nas Prisões:

- A Rede terá um Conselho Deliberativo composto por representantes governamentais dos países membros (fundadores e associados) que cumprirá mandato de dois anos. A presidência deste Conselho estará a cargo de um dos países fundadores;

- Entre os membros do Conselho Deliberativo se nomeará um Comitê Executivo, composto por três dos seus países membros. Por consenso, se sugeriu que Argentina, Brasil e Honduras integrassem o Comitê Executivo inicial.

10. Produtos construídos pelo Grupo de Trabalho (cópia em anexo em espanhol)

- Proposta e critérios básicos para a constituição da Rede Latinoamericana de educação nas prisões;

- Protocolo de intenção para criação da Rede Latinoamericana de educação nas prisões (carta aos Ministros);

- Agenda 2007 EUROsociAL-Educação 11. Considerações Finais:

Diante de vários aspectos que envolvem o sistema penitenciário na sociedade contemporânea, acredita-se na relevância dessa perspectiva de criação da primeira Rede Latinoamericana de Educação nas Prisões.

Retomando a questão central aqui tratada, ou seja, a discussão sobre o papel da educação dentro do sistema penitenciário, verifica-se o quanto essa temática é desafiadora tanto para os países da Europa como da América Latina. Embora os projetos educacionais para jovens e adultos privados de liberdade acumulem uma longa história nos países, pode-se tacitamente reconhecer a ausência de uma política pública nacional no cenário de encarceramento.

No Brasil, dentre os principais problemas identificados, em uma avaliação genérica sobre a educação para jovens e adultos privados de liberdade, destaca-se: a ausência de unidade nas ações educacionais desenvolvidas — ainda não se definiram as atribuições dos diversos órgãos envolvidos na política. Em virtude desta falta de definição das atribuições dos diversos órgãos envolvidos nessa proposta política, todos geralmente desenvolvem as mesmas atividades, pulverizando os poucos recursos que lhes são disponíveis; a maior parte das ações educacionais são desenvolvidas de forma precária, sem recursos materiais e em espaços improvisados, muitas vezes sem qualquer planejamento prévio; os profissionais não são capacitados para o trabalho, visto a sua especificidade; não existe uma proposta curricular e metodológica definida para esse trabalho; como também ainda não existe um consenso no discurso que caracterize o papel da educação como proposta política para o processo de “tratamento penitenciário”, entre outros.

Não é privilégio do caso brasileiro, mas sim está arraigado nas principais propostas de execução penal dos países do ocidente, as ações, programas e projetos de cunho ressocializador, são realizados, predominantemente, de forma pontual, não privilegiando uma atuação interministerial, interdisciplinar e interdepartamental. Assim, importante registrar a relevância do novo reordenamento institucional que o Ministério da Justiça e o Ministério da Educação vêm realizando ao longo desses últimos três anos, ao unirem esforços em prol da elaboração da Política Nacional de Educação de Jovens e Adultos no Sistema Penitenciário.

A perspectiva de criação da Rede Latinoamericana de Educação nas Prisões, se coloca, portanto, como um espaço de cooperação técnica propulsor

para o fortalecimento ou implementação de políticas educativas concebidas como um direito e um instrumento de autonomia das pessoas em situação de privação de liberdade.

Nessa afirmação política da cultura de respeito aos Direitos Humanos, a Rede Latinoamericana de Educação nas Prisões, pretende ser um espaço de apoio a investigações em ambiente de prisão, de intercâmbio de experiências e boas práticas, de aprofundamento sobre a relação da educação formal e não formal, de discussões sobre o papel da educação frente às diretrizes para a política de “tratamento penitenciário”, entre outros.

Dessa forma, acredita-se que tal iniciativa possa de fato contribuir no fortalecimento das políticas públicas voltadas à alfabetização e à elevação de escolaridade da população presa e egressa no contexto das políticas de Educação de Jovens e Adultos dos Países da América Latina.

ANEXO I

RED LATINOAMERICANA