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A TRAJETÓRIA DA CENTRAL NACIONAL DE PENAS E MEDIDAS ALTERNATIVAS

4. Considerações Finais

Depreende-se do quanto relatado e extraído das pesquisas comentadas que a perspectiva socializadora é muito mais significativa na aplicação e execução das alternativas penais, do que na pena privativa de liberdade.

O sistema de sanções alternativas à prisão mostrou-se mais apto à conformação principiológica constitucional, tendo em vista aproximar-se do caráter humanitário de que deve ser dotada a reprimenda, bem como do respeito à dignidade da pessoa humana, dentro da ótica de uma intervenção penal mínima.

A utilização do sistema de alternativas penais à prisão, impede as nefastas conseqüências causadas com o uso da pena privativa de liberdade, que corrompe, degrada e viola outros direitos fundamentais, principalmente nas hipóteses de infrações

penais de menor e médio potencial ofensivo, demonstrando, desta forma, tratar-se de uma intervenção penal que se revela mais legítima e adequada que a prisão.

Destarte, recomenda-se que as alternativas penais sejam mais intensamente perseguidas, diferindo, e, em muito, da política criminal que, ainda, predomina no Brasil, como se pode verificar com base no direcionamento do investimento que o Estado protagoniza na área do sistema punitivo, pois, a título de ilustração do que se afirma, revelam os números do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN), órgão criado pela Lei Complementar nº. 79/94, regulamentado pelo Decreto nº. 1.093/94, com o objetivo de proporcionar recursos e meios para financiar e apoiar as atividades de modernização e aprimoramento do sistema penitenciário brasileiro, que, desde a sua criação no ano de 1994 até o ano de 2007, foram investidos R$ 1.400.000.000,00 (um bilhão e quatrocentos milhões de reais), sendo que, destes recursos, 98,08% destinaram-se à prisão, restando às alternativas penais um investimento na ordem de 1,02%.

Feitas tais considerações, registra-se a necessidade do alargamento no horizonte já descortinado pelo próprio sistema jurídico atual, em uma atitude prospectiva que busque um redesenho no sistema punitivo pátrio, para a ampliação da aplicação e execução das alternativas penais à prisão como critério de racionalidade, comungando-se da idéia de que conforme T. S. Eliot: “apenas os que se arriscam a ir longe são capazes de descobrir até onde se pode chegar”.

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