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2 PERIÓDICO CIENTÍFICO E GESTÃO DO CONHECIMENTO Os aspectos históricos e evolutivos da comunicação científica são

2.5 CONSIDERAÇÕES DO CAPÍTULO

O impacto das grandes transformações no cenário mundial, a necessidade das organizações em aprenderem como fazer a gestão de suas informações e a gestão de pessoal, torna-se um diferenciador para a competitividade e, consequentemente, para o sucesso. As organizações públicas e privadas têm reconhecido à rápida obsolescência do conhecimento e a necessidade de não só assimilarem, mas também gerarem novos conhecimentos e mais do que nunca, aprenderem a extrair, tratar e disseminar o conhecimento de seu pessoal, transformando em insumos ao próprio desenvolvimento.

Indiscutivelmente, a comunicação científica é parte integrante do dia a dia das pessoas, sejam elas simples participantes de uma comunidade, estudantes, docentes, pesquisadores e/ou quaisquer trabalhador. Informação científica é insumo diário dos seres humanos e, consequentemente, os periódicos tornam-se instrumentos importantes e fundamentais na gestão do conhecimento.

Conforme resgatado no histórico sobre os periódicos científicos, eles são os veículos propulsores da evolução dos povos, de modo que já existiam nos primeiros desenhos rupestres da antiguidade, criaram forma e individualidade em 1665 e estão presentes atualmente, no formato digital. Não se contesta sua existência, importância e representatividade. Discute-se sua evolução e a quebra de paradigma quanto a sua estrutura física e seus processos editoriais tradicionais e a migração para outros formatos e políticas que os regem. Destacando que, neste formato digital, os aspectos das políticas tradicionais devem ser mantidas, implementadas, exigidas e aceitas pela comunidade científica, principalmente, quanto à revisão pelos pares (peer review), o plágio, a não citação e referências, além da sua preservação.

Alternativas de acesso livre e auto arquivamento também são ações que necessitam de aculturamento, de adoção de padrões e normas e, acima de tudo, de condutas éticas por parte dos atores no transcorrer

do processo editorial na comunicação científica, onde o uso de recursos tecnológicos e informacionais para o compartilhamento de informações são discussões ativas e constantes, como a adoção de repositórios e portais e as iniciativas de arquivos abertos e de acesso livre.

Atenção deve ser dada aos critérios e avaliações da informação científica, em especial a dos periódicos, devido ao seu valor científico e sua disseminação com o incremento das redes e da informação digital. Fato este de total aceitação e uma das maiores benfeitorias decorrente do uso de redes, mas que requer cuidados com relação aos princípios da validação do mérito de autores, editores e avaliadores, da credibilidade nos processos e na revisão pelos pares. Só assim a informação contida em periódicos se manterá como a oficial, a verdadeira, eternizada por promover o avanço das ciências e o registro da evolução dos tempos.

Nesta visão, destaca-se a importância da gestão do conhecimento na administração de periódico científico, nos sistemas e plataformas editoriais adotadas, enfatizando a gestão de políticas editoriais e de pessoal, respeitando questões da revisão pelos pares, de direitos autorais e do trabalho multidisciplinar, uma vez que cada área do conhecimento tem suas especificidades, as quais devem ser respeitadas. Portanto, a realidade se desenha num emaranhado de sistemas, ferramentas, recursos, onde cada um adota o que melhor lhe convém e atende suas necessidades, tornando a gestão do processo editorial e de disseminação em si mais fácil, mas, dificultando e não integrando estes mesmos dados na recuperação eficiente de informações científicas.

Desta forma, a interdisciplinaridade é uma das soluções, onde as parcerias, em especial, os trabalhos cooperativos junto a Ciência da Computação e Ciência da Informação se fazem presente. Muitas das soluções identificadas na literatura já contêm essa parceria, enquanto outros ainda são isolados, o que dificulta os acertos. Assim, a área da Ciência da Informação é multidisciplinar, estando presente na evolução da sociedade como componente social e humano indo além da tecnologia, da mesma forma que a Ciência da Computação se faz presente como um componente altamente tecnológico, capaz de transformar, otimizar e construir bases de conhecimento interoperáveis e interdisciplinares, a partir de simples catálogos, integrando sistemas variados, propiciando a comunicação e interagindo máquinas e pessoas.

3 METADADOS

As tecnologias de informação e comunicação são evolutivas por sua própria natureza. A cada dia surgem novas ferramentas, metodologias, aplicações e, cabe a cada usuário manter-se atualizado, dominar os conhecimentos na sua área de atuação e, mais do que nunca, ter uma visão do todo.

Na era da informação e conhecimento, com a Web representando um imenso repositório de dados e informações e com muita informação não relevante e inválida, pesquisadores e cientistas deparam-se com um emaranhado de contextos, recursos, mecanismos e fórmulas para recuperar informações e, muitas vezes, se questionando como usar e em que usar.

Com isso, cada área do conhecimento investe em recursos informacionais como as bases de dados, bibliotecas digitais, repositórios, portais e os sítios específicos, para atender as necessidades de seus usuários, como Barbosa e Sena (2008, p. 2) destacam que com a “possibilidade de disseminação de informações mundialmente, diversas instituições têm se preocupado em padronizar o conteúdo daquilo que será disponibilizado”.

Para que cada grupo ou área de pesquisa consigam se comunicar e trocar informações, tomando como recurso a Web é necessária a adoção de padrões, de sistemas de informações interoperáveis entre si. O propósito de adotar um padrão, para Barbosa e Sena (2008, p. 2), é “evitar que a mesma informação seja descrita de maneira diferente por instituições diferentes, o que poderia variar amplamente de uma instituição para outra”, desencadeando um emaranhado de dados e informações – atual contexto da Web, quando se efetuam pesquisas.

Neste capítulo, descrevem-se os metadados, os quais, na opinião de Gill (2008, p. 1) são hoje considerados como mercadorias de consumo, o que é corroborado por Barbosa e Sena (2008, p. 2), quando afirmam que “tecnologia de metadados possibilita uma interface entre o produtor do dado e quem irá utilizá-lo, tornando possível o entendimento comum do dado”. Desta forma, ao especificar e adotar padrões possibilita-se a existência de um conjunto de informações comuns sobre uma determinada área e/ou assunto específico.

Neste sentido, o trabalho de Araújo e Ferreira (2004, p. 1) sobre metadados direcionados para objetos de aprendizagem, questiona que não existe “nenhuma forma - automática - de compartilhar e reutilizar material de aprendizagem entre as aplicações. A maioria dos sistemas utiliza formatos, linguagens e vocabulários diferentes para representar e

armazenar estes materiais”, o que demonstra a realidade sobre os metadados propriamente ditos, já que todos têm os mesmos dilemas

“Como encontrar informações sobre materiais de aprendizagem […] plateia cada vez mais exigente e acostumada aos padrões de qualidade da televisão e da Internet? Como reutilizar o material encontrado de forma fácil, sem ter de, a cada vez, produzir um novo material”?

Para que os metadados, independentes de formato, tipo ou aplicação atinjam eficiência, requerem um trabalho detalhado de catalogação descritiva, pois, só a eficiência nas entradas e na padronização dos dados informados é que geram a eficiência da informação tratada (BOOCK; KUNDA, 2009).

Numa visão global, os metadados objetivam a recuperação da informação, ou seja, torna possível e concreto o encontro entre uma pergunta formulada, a informação armazenada e o retorno positivo ao usuário solicitante, conforme descrevia Robredo (1982, p. 3), corroborando com a visão de Saracevic (1970), que “os estudos que podem servir de base à construção de instrumentos de controle terminológico, quer de forma manual ou digital”. Neste sentido, em cada época, a história é representada de alguma forma, possuindo características próprias, tanto de criação como de recuperação e conservação de informação, as quais são tratadas por meio dos metadados, devendo ser compilados e compreendidos pelos agentes de buscas – pelas máquinas – e servirem de subsídio aos diversos sistemas de busca e recuperação de informações existentes na Web.

Sordi e Meireles (2010, p. 4) também corroboram com essa discussão quanto afirmam que para as organizações que atuam em redes

os desafios ontológicos e cognitivos atrelados aos metadados são ainda mais desafiantes e complexos, por requerem de seus atores e grupos de atores, discernimento e concordância sobre protocolo de comunicação a utilizar, e valores semânticos possíveis de serem assumidos para cada um dos termos previstos no protocolo. São tantos os padrões, tipos, estruturas e modelos existentes de metadados que cabe o delineamento para uma aplicação direcionada, como no caso de periódico científico digital. Para Gilliland (2008) os metadados tornaram-se mais importantes do que nunca nessa era e, não só pelos profissionais da informação, mas também, por outros criadores e utilizadores de conteúdos digitais, cabendo a cada um compreender o

papel crítico das diferentes funções dos metadados, para que possam garantir acesso e interoperabilidade ao conteúdo de que tratam.

Para que ocorram os acessos e a interoperabilidade em si, têm-se os sistemas de informação, os mecanismos/agentes de buscas e as bases de dados disponibilizadas na Web, de acesso livre ou restrito. É no gerenciamento de bases e de sistemas que se encontra a complexidade no uso de metadados, cada uma são produzidas de forma independente, muitas já consolidadas em suas comunidades há anos e migrando de um sistema para outro, acompanhando as evoluções tecnológicas, quer sejam no uso de sistemas operacionais, de softwares específicos, de modelos de dados ou de redes, como a Web.

Prover a interoperabilidade, a recuperação e a inferência dessas bases com os usuários, em seus diferentes níveis, tem sido o grande desafio da comunidade técnico científica em todos os países.

Tratar informações científicas envolve o uso de recursos informacionais, em especial com a era digital. Se, na forma tradicional, tratar informações, armazená-las e recuperá-las de forma eficiente requeriam a adoção de normas e padrões, as quais já existem desde as primeiras bibliotecas, como as Normas para catalogação de impressos, da Biblioteca Vaticana, de 1962. Hoje, se tem aplicação, uso e reutilização de ontologias, e outros recursos semânticos, conforme colocado por Gómez-Pérez e Corcho (2010) quando discutiram no curso sobre Linked Data1, que se trata de um termo usado para descrever uma prática recomendada em expor, compartilhar e ligar dados, informações e conhecimento sobre a Web Semântica utilizando URI (Uniform Resource Identifier) e RDF.

Tal evolução recupera-se com Lancaster (2004) quando afirma que o advento das redes, da Web e os milhões de dados que a lotam, a infestação de informações digitais depositadas diariamente e a necessidade de reestruturar, readequar e desenvolver novos sistemas de recuperação de informação que atendam ao caos que se transformou a Web propicia a parceria entre áreas afins. Porém, o autor questiona a respeito do conceito de termos e de suas nomenclaturas, como o caso da palavra metadados que já aparecia em 1968 no Oxford English Dictionary, e que na época era utilizada para designar dados que descreviam um conjunto de dados. Desde então, os metadados referem- se a “descrição bibliográfica”, utilizada no segmento da catalogação e da

1 Refere-se a uma forma de se publicar e de interligar dados estruturados na Web. Permite que

estes dados estruturados sejam compartilhados e interligados facilmente, da mesma maneira que hoje se têm os atuais documentos. Assim, quanto maior o número de dados interligado, maior é o seu valor e sua usabilidade (LINKED DATA, 2011).

indexação e, complementando, segundo o código de catalogação Anglo- American Cataloguing Rules, 2nd ed. (AACR2), hoje é igualmente discutido como registro ou metadado de uma informação digital.

Contribuindo com esta visão Senso e Piñero (2003), Lancaster (2004), Sabbatini (2005), Castro e Santos (2007) Weitzel; Leite e Márdero Arellano (2008), os metadados não representam um conceito novo ou inovador, mas processos da área do tratamento da informação, como catalogação, classificação e indexação, destinadas a organização da informação, desenvolvidas há séculos.

A seguir apresenta-se a origem, os tipos, classificações e formatos dos metadados, bem como estudos e aplicações dos mesmos.