• Nenhum resultado encontrado

Esta tese de doutorado teve como objetivo investigar as desigualdades sociodemográficas no consumo de alimentos e bebidas ultraprocessados, assim como avaliar a associação entre o perfil nutricional da dieta usual, a participação calórica relativa de produtos ultraprocessados na dieta e o aumento no IMC e CC. Os resultados obtidos nos dois artigos apresentados trazem atualizações no conhecimento referente aos assuntos e se destaca pela qualidade metodológica utilizada tanto na coleta quanto no processo de análise dos dados.

Os resultados do primeiro artigo apontam para aumentos na contribuição calórica de PUP na dieta, representando mais de um terço das calorias consumidas pelos indivíduos, o que evidencia um processo de transição nutricional intermediário, provavelmente relacionado ao IDH da população de estudo. O estudo mostrou também diferenças nos %PC de PUP conforme sexo, idade e nível de escolaridade, relacionando o maior consumo de PUP ao sexo feminino, a indivíduos mais jovens e com maior nível de escolaridade. O consumo dos subgrupos de PUP foi diferente conforme as variáveis analisadas, mas considerando o %PC e as diferenças entre os grupos, os mais importantes foram os pães processados, os fast foods e as tortas e doces industrializados.

O segundo artigo da tese avaliou a associação entre o consumo de macronutrientes e dos PUP com os indicadores de obesidade geral e central em adultos de uma coorte de base populacional no sul do Brasil utilizando métodos acurados de avaliação do consumo e medidas antropométricas aferidas. A relação foi ainda investigada considerando o estado nutricional prévio dos indivíduos. O estudo foi um dos primeiros na América Latina (senão o único) em avaliar a associação entre o perfil nutricional da dieta, assim como do %PC de PUP com os aumentos de IMC e CC mediante o uso de estimativas do consumo usual dos indivíduos em uma amostra de base populacional. Após ajustes e avaliação de modificação de efeito para o estado nutricional na linha de base do estudo, os resultados associaram o consumo elevado de açúcar de adição de PUP, gorduras trans, carboidratos e proteínas de origem animal (e o consumo reduzido em fibras) com maiores valores de IMC e CC apenas entre aqueles participantes com excesso de peso prévio. No

184

entanto não houve associação entre o %PC de PUP com nenhum dos desfechos, indicando uma melhor explicação das associações com a obesidade através de indicadores nutricionais representativos do consumo de PUP, como o açúcar de adição de PUP e as gorduras trans.

Ressalta-se ainda a validade externa dos estudos, realizados com amostra probabilística de adultos selecionados de acordo com a proporcionalidade de cada região geográfica e decil de renda do município de Florianópolis. Além disso, o estudo teve as medidas antropométricas aferidas por examinadores treinados e utilizou dois inquéritos recordatórios de 24h para estimação do consumo alimentar usual, propiciando informações acuradas e de qualidade.

185

REFERÊNCIAS:

1. Ogden CL, Carroll ME, Kit BK, Flegal KM. Prevalence of obesity in the United States, 2009-2010. NCHS Data Brief. 2012 Jan(82):1-8.

2. Linetzky B, De Maio F, Ferrante D, Konfino J, Boissonnet C. Sex-stratified socio-economic gradients in physical inactivity, obesity, and diabetes: evidence of short-term changes in Argentina. Int J Public Health. 2013;58(2):277-84.

3. Linhares RdS, Horta BL, Gigante DP, Dias-da-Costa JS, Olinto MTA. Distribuição de obesidade geral e abdominal em adultos de uma cidade no Sul do Brasil. Cadernos de Saúde Pública. 2012;28:438-47. 4. Carreira H, Pereira M, Azevedo A, Lunet N. Trends of BMI and prevalence of overweight and obesity in Portugal (1995–2005): a systematic review. Public Health Nutrition. 2012;15(06):972-81.

5. Caballero B. The Global Epidemic of Obesity: An Overview. Epidemiologic Reviews. 2007 January 1, 2007;29(1):1-5.

6. WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic: World Health Organization; 2000.

7. Mendez MA, Monteiro CA, Popkin BM. Overweight exceeds underweight among women in most developing countries. The American Journal of Clinical Nutrition. 2005 March 1, 2005;81(3):714- 21.

8. IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008- 2009:antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE2010.

9. Finucane MM, Stevens GA, Cowan MJ, Danaei G, Lin JK, Paciorek CJ, et al. National, regional, and global trends in body-mass index since 1980: systematic analysis of health examination surveys and epidemiological studies with 960 country-years and 9·1 million participants. The Lancet. 2011;377(9765):557-67.

10. WHO J, Consultation FE. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. World Health Organ Tech Rep Ser. 2003;916(i-viii). 11. Kac G, Sichieri R, Gigante DP. Epidemiologia nutricional: Editora Fiocruz; 2007.

12. Sundquist J, Johansson S-E. The influence of socioeconomic status, ethnicity and lifestyle on body mass index in a longitudinal study. International Journal of Epidemiology. 1998 February 1, 1998;27(1):57- 63.

186

13. Sousa TFd, Nahas MV, Silva DAS, Del Duca GF, Peres MA. Fatores associados à obesidade central em adultos de Florianópolis, Santa Catarina: estudo de base populacional. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2011;14:296-309.

14. Vioque J, Torres A, Quiles J. Time spent watching television, sleep duration and obesity in adults living in Valencia, Spain. International journal of obesity and related metabolic disorders : journal of the International Association for the Study of Obesity. 2000;24(12):1683-8.

15. Cleland VJ, Schmidt MD, Dwyer T, Venn AJ. Television viewing and abdominal obesity in young adults: is the association mediated by food and beverage consumption during viewing time or reduced leisure-time physical activity? The American Journal of Clinical Nutrition. 2008 May 2008;87(5):1148-55.

16. Hu FB, Li TY, Colditz GA, Willett WC, Manson JE. Television watching and other sedentary behaviors in relation to risk of obesity and type 2 diabetes mellitus in women. JAMA. 2003;289(14):1785-91. 17. Stanhope KL, Havel PJ. Fructose Consumption: Considerations for Future Research on Its Effects on Adipose Distribution, Lipid Metabolism, and Insulin Sensitivity in Humans. The Journal of Nutrition. 2009 June 2009;139(6):1236S-41S.

18. Pereira MA, Kartashov AI, Ebbeling CB, Van Horn L, Slattery ML, Jacobs DR, Jr., et al. Fast-food habits, weight gain, and insulin resistance (the CARDIA study): 15-year prospective analysis. Lancet. 2005 Jan 1-7;365(9453):36-42.

19. Gibson S. Sugar-sweetened soft drinks and obesity: a systematic review of the evidence from observational studies and interventions. Nutr Res Rev. 2008 Dec;21(2):134-47. doi 10.1017/S0954422408110976.

20. Hu F, Malik V. Sugar-sweetened beverages and risk of obesity and type 2 diabetes: epidemiologic evidence. Physiol Behav. 2010 Apr 26;100(1):47-54. doi 10.1016/j.physbeh.2010.01.036. Epub Feb 6. 21. Wyatt SB, Winters KP, Dubbert PM. Overweight and Obesity: Prevalence, Consequences, and Causes of a Growing Public Health Problem. The American Journal of the Medical Sciences. 2006;331(4):166-74.

22. Rauber F, Campagnolo PDB, Hoffman DJ, Vitolo MR. Consumption of ultra-processed food products and its effects on

187