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associados à obesidade geral e central em adultos de Florianópolis, SC, Brasil.

A revisão mostrou também que a avaliação dos alimentos usando a classificação de PUP pode apresentar vantagens sobre outras formas de avaliar estes alimentos, pois permite a inclusão dos alimentos congelados, daqueles prontos para aquecer, assim como barras de cereais e cereais matinais e outros alimentos processados que não são usualmente avaliados como alimentos de risco. Entre as possíveis desvantagens do método, encontra-se a falta de definição de um método adequado para coletar os dados de consumo alimentar que facilitem a posterior classificação de alimentos segundo grau de processamento industrial. Grande parte dos estudos citados na presente revisão utilizou o QFA como método de avaliação do consumo de alimentos processados, seja para avaliação de padrões alimentares, seja para consumo de alimentos isolados.

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Porém, para avaliação do consumo de PUP, o QFA parece não ser o método mais apropriado, pois este instrumento limita o número de itens alimentares que podem ser incluídos na lista, além de não discriminar o tipo de preparo e processamento de diversos alimentos As POFs, utilizadas em alguns estudos nacionais e internacionais para avaliação do consumo de PUP, não fornecem dados sobre o real consumo dos indivíduos, pois não avaliam os alimentos efetivamente consumidos mas a aquisição dos mesmos pelo domicílio. Já o IR24h parece ser um instrumento mais apropriado para avaliar o consumo de PUP, pois favorece uma coleta mais detalhada quanto a marca, tipo e forma de preparo dos alimentos. Porém precisa da aplicação de no mínimo dois recordatórios (sendo um passível de aplicação em uma subamostra da população em estudo) para avaliação do consumo usual, fato muitas vezes inviável em estudos de grande porte por implicar maiores gastos de tempo e dinheiro, além da possibilidade de recusa de uma segunda entrevista por parte dos entrevistados. Por isso, os artigos desta tese pretendem avaliar o consumo de PUP mediante o uso de dois IR24h, com posterior ajuste das variáveis nutricionais pela variabilidade intra e interindividual, para dessa forma obter estimativas do consumo usual de adultos participantes de um estudo de base populacional; e com isso utilizar dados acurados do consumo habitual de PUP, assim como dos macronutrientes consumidos pela amostra.

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5. MÉTODOS

5.1. População e coleta de dados Estudo EpiFloripa

Local do estudo

O estudo EpiFloripa foi desenvolvido na zona urbana do município de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, sul do Brasil. A população de Florianópolis é de 427.298 habitantes (2011), 97,0% residentes na zona urbana. Em 2008 o município apresentava uma razão de dependência de 44,8%, e em 2000 o índice de desenvolvimento humano municipal (IDH-M) foi de 0,875, considerado alto para os parâmetros brasileiros (4ª posição dentre os municípios brasileiros). A mortalidade infantil foi de 8,3/1000 nascidos vivos em 2010-11 e a expectativa de vida de 75,8 anos.

População de referência do estudo

Os dados do projeto derivaram do estudo de base populacional EpiFloripa Adulto, que teve o seu primeiro levantamento de dados em 2009, sendo que em 2012 foi realizada uma segunda coleta. A linha de base do estudo EpiFloripa ocorreu durante os meses de setembro de 2009 a janeiro de 2010; 35 entrevistadoras pesquisaram as condições de vida e saúde de uma amostra composta de 1.720 adultos entre 20 e 59 anos de idade (taxa de resposta de 85%), representativa de todas as regiões e condições sociais e econômicas da cidade. A amostragem foi em conglomerados, sendo que em cada residência sorteada, todos os adultos responderam a um questionário sobre condições sociais, econômicas, autoavaliação das condições de saúde, ocorrência de doenças crônicas e de dor, hábitos alimentares, prática de atividade física, condições de saúde bucal, uso de medicamentos e de serviços de saúde, saúde mental e violência doméstica. Além do questionário, os participantes da pesquisa foram pesados, medidos e tiveram a circunferência da cintura e pressão arterial verificadas (14, (223).

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Cálculo do tamanho de amostra

Para o cálculo do tamanho da amostra do EpiFloripa 2009, empregou-se a fórmula para cálculo de prevalência por meio do programa Epi-Info versão 6.04 de domínio público. Utilizou-se a equação para o cálculo de prevalência, considerando os seguintes parâmetros: população de referência, nível de confiança em 95%, prevalência para os desfechos desconhecidos em 50%, erro amostral de 3,5 pontos percentuais, efeito de delineamento (deff) de 2,0, percentual (%) de perdas estimadas em 10%. Considerando ainda que o EpiFloripa tinha por objetivo avaliar diferentes associações, as quais precisariam ainda de ajuste para fatores de confusão, foram acrescentado 15% ao tamanho final da amostra. Por meio da aplicação desses parâmetros, obteve-se o tamanho da amostra de 2.016 pessoas.

O processo de amostragem foi realizado através de conglomerados em virtude de sua praticidade. As unidades de primeiro estágio foram os setores censitários, unidades de recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constituídas por aproximadamente 300 domicílios cada. A unidade de segundo estágio foi o domicílio. A unidade de análise do estudo foi o indivíduo. Assim, todos os adultos de cada domicílio sorteado eram elegíveis.

Cálculo do número de domicílios a serem visitados em cada setor censitário

Foram sorteados aleatoriamente 60 setores censitários domiciliares urbanos para o estudo propriamente dito dentre os 420 setores existentes na cidade. Estes setores estão agregados em dez distritos. Os 420 setores censitários urbanos foram estratificados segundo os decis de renda do chefe de família (R$ 192,80 a R$ 13.209,50) e sorteados sistematicamente 60 setores (fração de amostragem igual a sete), perfazendo seis setores em cada decil. Dessa forma, foi assegurada a representatividade socioeconômica da amostra. Dois setores foram sorteados para o estudo piloto, um do primeiro decil de renda e o outro do último decil de renda. O número médio de moradores por domicílio equivalia a 3,1. Considerando que em cada um dos setores censitários de Florianópolis tinha-se, em média, 300 domicílios, estimou-se uma média de 930 pessoas por setor, estando 57% destas (530 pessoas por setor) na faixa etária de interesse para a

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