• Nenhum resultado encontrado

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento DIREITO DO TRABALHO CONTEMPORÂNEO (páginas 40-44)

Os direitos sociais estão em crise no Brasil, não há dúvidas.

A hierarquia das normas trabalhistas passou a ser interpretada pela prevalência do negociado em detrimento do legislado, após a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017), independentemente das vantagens ou desvantagens no

resultado do conglobamento das negociações, desde que formalmente regular28.

Logo, a mudança legislativa, que ocorreu em velocidade recorde (11 meses entre o inicio da tramitação na Câmara até o fim da vacatio legis e com resultados contestáveis), pontua a opção legislativa pela flexibilidade irrestrita e consequente diminuição legal da proteção do trabalhador29.

Contudo, essa possibilidade de diminuição dos direitos vinculados ao meio ambiente do trabalho é ilusória, pois descumpriria o propósito maior do direito fundamental de busca pelo pleno emprego, bem como feriria o princípio da proibição do retrocesso social, princípio implícito na Constituição, mas evidente pela assinatura do Pacto Internacional dos Direitos Sociais e do Pacto de São José da Costa Rica30.

Esse sentimento ilusório e obsoleto de mitigação dos direitos sociais relacionados ao meio ambiente laboral, como Direito Humano violado, é visível no crime hediondo que foi o rompimento da barragem em Brumadinho-MG.

28 DELGADO, Mauricio Godinho. Direito coletivo do trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2017. p. 249.

29 SANTOS, Rui Ferreira. Reforma Trabalhista versus Reforma Previdenciária e a hipocrisia! . Disponível em: <https://www.amatra4.org.br/artigos-2/artigos/reforma-trabalhista-versus-reforma-previdenciaria-e-a-hipocrisia/>. Acesso em: 30/4/2019.

30 FOGAÇA, Vitor Hugo Bueno; VALENTE, Nara Luiza. A reforma trabalhista brasileira e a proibição

constitucional de retrocesso social : uma análise preliminar à luz da principiologia laboral. Revista

eletrônica [do] Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, PR, v. 7, n. 67, p. 216-226, abr. 2018.

Conforme se conclui do texto, infelizmente, neste caso de violação aos princípios do direito ambiental, não haverá reparação ou recuperação total de todos os ambientes atingidos. Em especial, não haverá reparação alguma do ambiente laboral, porque esta perda humana é irreparável.

Logo, cabe agora ao judiciário, na seara trabalhista, apenas aplicar os ditames do conceito de poluidor-pagador, para exigir indenização igual à hediondez do crime contra a humanidade, desprezando o teto inconstitucional estabelecido na Reforma Trabalhista, para assegurar efetivamente o caráter pedagógico, na esperança de que não ocorra uma re-reincidência.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Brasil é quarto lugar no ranking mundial

de acidentes de trabalho. Disponível em:

<http://portal.mpt.mp.br/wps/portal/portal_mpt/mpt/sala-imprensa/mpt-noticias/7441f527-ad53-4a0a-901f-66e40f1a1cae>. Acesso em: 30/4/2019.

DELGADO, Mauricio Godinho. Direito coletivo do trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr,

2017.

FELICIANO, Guilherme Guimarães. PASQUALETO, Olívia de Quintana

Figueiredo. Amianto, Meio Ambiente do Trabalho e responsabilidade civil do

empregador. Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, v. 112, 28 ago. 2018.

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 4ª ed.

São Paulo: Ed. Saraiva, 2003.

FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Os sindicatos e defesa dos interesses difusos no

direito processual civil brasileiro. São Paulo: RT, 1995.

FOGAÇA, Vitor Hugo Bueno; VALENTE, Nara Luiza. A reforma trabalhista

brasileira e a proibição constitucional de retrocesso social : uma análise preliminar à luz da principiologia laboral. Revista eletrônica [do] Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, PR, v. 7, n. 67, p. 216-226, abr. 2018.

FONSECA, Bruno Gomes Borges. A barragem em brumadinho e a

responsabilidade trabalhista. Disponível em: <http://www.anpt.org.br/artigos/3423-a-barragem-em-brumadinho-e-a-responsabilidade-trabalhista>. Acesso em:

41

CADERNO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO: DIREITO DO TRABALHO CONTEMPORÂNEO

GLOBO. Bom dia Brasil. Documentos indicam que Vale sabia das chances de

rompimento da barragem de Brumadinho desde 2017. Disponível em:

<https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/02/12/documentos-indicam- que-vale-sabia-das-chances-de-rompimento-da-barragem-da-brumadinho-desde-2017.ghtml>. Acesso em: 30/4/2019,

GLOBO. Fantástico. Sobreviventes de Mariana contam como estão três anos após

tragédia. Disponível em: <

https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2019/01/27/sobreviventes-de-mariana-contam-como-estao-tres-anos-apos-tragedia.ghtml>. Acesso em: 30/4/2019.

GLOBO. G1 Minas. Brumadinho: chega a 233 número de mortos identificados em

rompimento de barragem da Vale. Disponível em: <https://g1.globo.com/mg/minas-

gerais/noticia/2019/04/24/brumadinho-chega-a-233-numero-de-mortos-identificados-em-rompimento-de-barragem-da-vale.ghtml>. Acesso em: 26/4/2019.

GLOBO. G1 Rio. Manifestação na sede da Vale, no Rio, faz memorial pelas vítimas

de tragédia em Brumadinho. Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/rio-de- janeiro/noticia/2019/04/30/manifestacao-na-sede-da-vale-no-rio-faz-memorial-pelas-vitimas-de-tragedia-em-brumadinho.ghtml>. Acesso em: 30/4/2019.

MELO, Raimundo Simão de. Proteção legal e tutela coletiva do meio ambiente do

trabalho. São Paulo: LTr, 2002.

NOGUEIRA, Sandro D’Amato. Meio ambiente do trabalho, o princípio da

prevenção na vigilância e na saúde ambiental. São Paulo: LTr, 2008.

ODILLA, Fernanda. BBC News Brasil em Belo Horizonte. Brumadinho:Quais são

os tipos de barragem e por que a Vale construiu a menos segura na mina Córrego do Feijão?. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47048439>. Acesso em: 30/4/2019.

PADILHA, Norma Sueli. Do meio ambiente do trabalho equilibrado. São Paulo:

LTr, 2002.

PAULO, Paula Paiva. G1 São Paulo. Vale pediu autorização para obras que

colocavam barragem em risco; governo de MG aprovou. Disponível em:

<https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/02/10/vale-pediu-autorizacao-para-obras-que-colocavam-barragem-em-risco-governo-de-mg-aprovou.ghtml>. Acesso em: 30/4/2019.

PAULO, Paula Paiva. G1 São Paulo. Vale pediu autorização para obras que

colocavam barragem em risco; governo de MG aprovou. Disponível em:

<https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/02/10/vale-pediu-autorizacao-para-obras-que-colocavam-barragem-em-risco-governo-de-mg-aprovou.ghtml>. Acesso em: 30/4/2019.

ROSSIT, Liliana Allodi. O meio ambiente de trabalho no direito ambiental brasileiro. São Paulo: LTr, 2001.

SADI, Andréia. PARREIRA, Marcelo. TV Globo Brasília. Disponível em: <https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/02/06/vale-ja-sabia-de- problemas-nos-sensores-da-barragem-de-brumadinho-dois-dias-antes-do-rompimento.ghtml>. Acesso em: 30/4/2019.

SANTOS, Rui Ferreira. Reforma Trabalhista versus Reforma Previdenciária e a

hipocrisia! . Disponível em: <https://www.amatra4.org.br/artigos-2/artigos/reforma-trabalhista-versus-reforma-previdenciaria-e-a-hipocrisia/>. Acesso em: 30/4/2019.

SARLET, Ingo Wolfgang. O direito fundamental ao meio ambiente do trabalho

saudável. Revista do TST. Brasília, v. 80, n. 1, jun/mar. 2014.

SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2ª ed., São Paulo: Malheiros Editores, 1995.

SOARES, Evanna. Ação ambiental trabalhista. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris

Ed., 2004.

VIEIRA, Paulo de Tarso Souza de Gouvêa. O meio ambiente do trabalho e os

princípios da prevenção e precaução. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 100, 2012.

WENTZEL, Marina. BBC Brasil. Brumadinho: 'Desastre deve ser investigado como

crime', diz ONU. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47027437>. Acesso em: 30/4/2019

No documento DIREITO DO TRABALHO CONTEMPORÂNEO (páginas 40-44)