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Após finalizarmos esse projeto, reiteramos nossas pala- vras iniciais ao afirmarmos que este material educativo não pretende ser um guia simplesmente transposto em sala de aula. Ele também não esgota em si as possibilida- des de reflexão e exploração da cidade.
Tivemos a preocupação da localização histórica para que pudéssemos entender um pouco do contexto referente aos roteiros percorridos, e nos localizar no tempo e no espaço sem que isso seja uma regra de temporalidade a ser seguida para proposição de novos percursos.
Trouxemos algumas de nossas reflexões na tentativa de tornar a cidade um espaço de discussão e diálogo e acre- ditamos que conhecê-la é parte do processo de apropria- ção e também de transformação do próprio sujeito. Ainda que tenhamos muito a caminhar para chegar ao objetivo do direito à cidade no sentido genuíno das pa- lavras de Lefebvre abordado neste trabalho, acreditamos
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estar na direção certa ao conceber a cidade como espaço máximo de nossas vivências.
É na cidade onde podemos nos conhecer e nos fortale- cer, ligados pela coletividade e pelo sentimento de que ela é construída por nós e devemos, portanto, usufruir da cidade em sua essência num movimento constante de resistência e apropriação.
Esperamos contribuir nesta jornada de conhecimento e apropriação ao propor que a cidade tem potencial para educar a todos desde que se tenha a intenção de explo- rá-la para além das aparências, buscando desvelar as contradições que, muitas vezes, ficam escondidas por es- tratégias vinculadas à ideologia dominante, aquela per- petuada há muito pela educação formal e história oficial. ‘
Os roteiros propostos neste trabalho são fontes de refe- rência para que tantos outros sejam criados, pois reúnem elementos que contemplam as diversas intervenções so- fridas na cidade de Vitória durante os momentos do
processo de modernização e urbanização da ilha de Vitória.
Abordamos em cada um dos roteiros questões relati- vas à política, aspectos econômicos e sociais envolvi- dos no processo de modernização; buscamos explorar as possibilidades do uso da cidade como espaço pú- blico pertencente a todos através do conhecimento, uso e apropriação.
Observar a cidade como local potencialmente edu- cativo tornou-se tarefa de nossa pesquisa e buscamos refletir essa preocupação na seleção dos roteiros. Quisemos destacar através dos percursos, que os monumentos, edifícios e praças de nossa capital são objetos de análise dos processos hegemonicamente construídos para privilegiar, em grande medida, a elite econômica capixaba, mas sobretudo, quisemos apresentar a cidade como construção feita por nós e que deve ser usifruída por nós.
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Por fim, cabe a nós, mediadores do processo educacional - profes- sores, educadores, pais, familiares e amigos - promover o acesso à cidade e contribuir no processo dedesvelamento dos interesses in- trínsecos que compõem as inter- venções nos espaços urbanos ao longo dos séculos.
Devemos buscar através do diá- logo e de uma educação crítica, reflexiva e problematizadora, o despertar do que por vezes parece obscurecer nosso modo de com- preensão dos reais motivos que levaram às transformações dos es- paço da cidade de Vitória. Para tanto, é preciso mais do que estar nela, é preciso vivenciá-la,
explorá-la em sua potencialidade. Fig. 95 – Centro de Vitória, baía e Porto. Ao fundo, a Terceira Ponte, nosdias atuais. Fonte:
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Certas estruturas, por perdurarem du- rante muito tempo, tornam-se elementos estáveis de uma infinidade de gerações [...] Pensem na dificuldade de quebrar algumas limitações geográficas, algumas realidades biológicas, alguns limites da produtivida- de e mesmo certos condicionamentos espi- rituais: os arcabouços mentais também são prisões de longa duração.
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