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Nível III – Inclusão Limitada Em que as actividades académicas e sociais se desenrolam na sala de educação especial O professor de educação especial dirige o

4.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo analisa a problemática da inclusão das crianças com paralisia cerebral em três escolas do 1º ciclo do ensino regular do distrito de Viseu.

Procurou-se verificar se as práticas educativas das professoras de 1º ciclo, das três escolas, com alunos com paralisia cerebral inseridos nas suas turmas, são realmente inclusivas. No âmbito desta temática destacaram-se as orientações inclusivas da Declaração de Salamanca de 1994 e do Decreto-lei 3/2008 de 7 de Janeiro, as percepções das professoras quanto à inclusão, as condições que as escolas proporcionam a estes alunos, as estratégias e actividades que as professoras utilizam com os seus alunos e o nível de inclusão dos alunos com paralisia cerebral segundo a categorização proposta por Correia (2008).

A análise crítica da bibliografia relativa a esta problemática permite afirmar a inclusão de alunos com paralisia cerebral pode e deve ser feita se os agentes educativos seguirem um conjunto de directrizes e de práticas e se tiverem uma atitude positiva em relação à inclusão destes alunos.

Nesse sentido procurou-se orientar este estudo empírico de forma a verificar se as professoras seguem ou não essas orientações, quais as práticas educativas que utilizam com estes alunos e se têm ou não uma atitude positiva perante a inclusão.

Os dados recolhidos pelas entrevistas e pela observação directa revelam a diversidade de afectações e problemas associados que a paralisia cerebral pode assumir: desde uma paralisia cerebral ligeira (o caso do James) a uma paralisia cerebral com o problema associado da epilepsia (os casos da Mélanie e do Mark). Os dados revelaram também que o percurso escolar destes alunos teve início no Jardim de Infância.

Deparámo-nos com um conjunto de factores que facilitam ou não a inclusão dos alunos com paralisia cerebral nas suas turmas, nomeadamente a percepção/atitudes das professoras quanto à inclusão, a formação e experiência das professoras no âmbito da educação especial, as estratégias e actividades que utilizam com estes alunos, as condições que a escola lhes proporciona na mobilidade entre espaços, os recursos

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materiais disponíveis na escola, a participação dos pais no processo educativo dos seus filhos, a parceria com a APPCV, a relação de trabalho entre a professora titular e a professora de educação especial e o facto de as professoras conhecerem as directrizes internacionais, como a Declaração de Salamanca de 1994 e a legislação em vigor, como o Decreto-lei 3/2008 de 7 de Janeiro.

Verificou-se que as percepções/atitudes positivas perante a inclusão no caso das professoras das escolas A e B facilitam o processo inclusivo do William (escola A) e do James (escola B) nas suas respectivas turmas, as professoras mostraram-se motivadas na busca de materiais e actividades que pudessem ser realizadas por todos nas suas respectivas turmas. Mas isso não acontece na escola C, porque a professora titular não revelou ter essa motivação e atitude. Atestou-se que a formação/experiência das professoras titulares no âmbito da educação especial facilita a inclusão destes alunos, no caso da professora titular da escola B, como tem experiência no apoio a estes alunos sente-se mais segura e motivada nesse sentido. No caso da professora titular da escola C, como não tem formação, nem experiência no apoio a estes alunos sente-se insegura e pouco receptiva à inclusão. Destacou-se que as estratégias e metodologias utilizadas pelas professoras, no caso das professoras titulares da escola A e B, promovem a inclusão dos seus alunos, tais como, a diversificação das actividades, a adequação destas à problemática do aluno, a apresentação de actividades que possam ser realizadas por toda a turma e a localização do aluno na fila da frente que facilita a mobilidade do mesmo na sala e o acesso da professora junto dele, a utilização de power points, do computador e do quadro interactivo. No caso da professora titular da escola C verificamos que as estratégias e as metodologias utilizadas, como a exploração da linguagem através da imagem e as técnicas específicas de leitura e escrita, são estratégias que promovem a aprendizagem dos alunos, mas que não promovem a inclusão da Mélanie e do Mark na classe regular, porque são actividades especificas para os alunos. Relativamente a esta temática, notou-se, de uma forma geral, um esforço por parte das professoras titulares no sentido de utilizar actividades que possam ser realizadas por todos os alunos. Demonstrou-se que as características das três escolas promovem a inclusão destes alunos porque permitem a mobilidade dos mesmos entre espaços. Verificou-se que os recursos materiais existentes nas três escolas, como o computador e o teclado adaptado, o quadro interactivo e o mobiliário adaptado como cadeiras e adaptadores para os lápis e canetas, promovem a autonomia destes alunos na

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realização das actividades. Contudo há falta de materiais curriculares em software porque os manuais escolares não têm actividades a pensar nas necessidades educativas especiais destes alunos. Atestou-se que a participação dos pais no processo educativo dos seus filhos, quer seja voluntária quer seja solicitada, assim como a parceria da APPCV com os psicólogos, terapeutas ocupacionais e terapeutas da fala, a boa relação de trabalho entre a professora titular e a professora de educação especial, são factores importantíssimos para promover a inclusão dos alunos com paralisia cerebral nas escolas de 1º ciclo do ensino regular. Por fim, verificou-se que o facto de as professoras conhecerem as directrizes internacionais da Declaração de Salamanca de 1994 e a legislação em vigor, como o Decreto-lei 3/2008 de 7 de Janeiro facilita a implementação de práticas educativas inclusivas destes alunos.

Em jeito de conclusão, resta dizer que a inclusão de alunos com paralisia cerebral nas escolas de 1º ciclo do ensino regular resulta de um processo de mudança de atitude por parte dos agentes educativos, da utilização de estratégias e metodologias a pensar na heterogeneidade do grupo e no acesso a recursos variados, estimulantes e adequados. Podemos dizer que estamos perante escolas que estão no bom caminho para serem escolas inclusivas.

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