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Por esta pesquisa pôde-se constatar a importância da discussão acerca do lixo eletrônico. A questão ambiental deve ser de abrangência universal e alcançar todas as dimensões da sociedade contemporânea. Notou-se também que com o passar dos anos, o avanço técnico-científico e as descobertas permitiram que os aparelhos eletrônicos chegassem à utilização em massa. Por isso, se faz mais urgente a necessidade de se alavancarem estudos que abranjam esse tema específico.

O maior desafio da Educação Ambiental é que muitas vezes ela é esquecida quando se trata do consumismo, pois para consumir um produto qualquer o indivíduo primeiro pensa em satisfazer um padrão de felicidade imposto pelo capitalismo e pela mídia e esquece que estes produtos para serem produzidos requerem matéria prima retirada da natureza, causando danos ao meio ambiente e à saúde.

Como pesquisadora, compreendo que a temática lixo eletrônico é relevante no que se refere à Educação Ambiental, pois trata diretamente de questões relacionadas ao meio ambiente e à saúde. Infelizmente, uma das dificuldades que encontrei ao realizar este trabalho foram as referências encontradas voltadas para a temática ambiental já que estas são bastante limitadas, de modo que encontrei algumas dificuldades em referenciar muitos conceitos e aspectos pertinentes ao lixo eletrônico. Por outro lado, a maioria das referências foi encontrada em sites ou pesquisas diretamente extraídas da internet. O campo de abrangência ambiental é muito amplo, mas na escola é preciso desenvolver trabalhos voltados especificamente para o problema do descarte adequado do lixo eletrônico.

O Brasil é o país da América Latina que mais produz lixo eletrônico e o segundo das Américas. Este fato tem seus aspectos positivos já que a tecnologia está cada vez mais sendo incorporada ao país, porém, por outro lado é necessário ter em mente e agir sobre as consequências desta onda de consumismo aos seres vivos e ao meio ambiente.

Por esta pesquisa constatou-se que grande parte dos componentes eletrônicos pode contaminar o solo, a água e o ar e ser prejudicial à saúde dos seres vivos, já que alguns deles podem causar câncer, podem danificar o sistema nervoso, respiratório e digestório.

De fato, a sociedade capitalista e o consumismo podem gerar empregos e dar estabilidade financeira a uma camada da população, porém pode expandir da violência urbana, atenuar a produção do lixo, principalmente o lixo eletrônico e como efeito a poluição do meio ambiente. Grande parte deste lixo eletrônico acaba indo parar nos aterros sanitários, que podem de alguma forma não ter uma boa impermeabilização, infiltrar no solo e nos lençóis freáticos.

Assim faz-se necessário promover um consumo de maneira racional para minimizar os problemas sociais, reduzir a produção do lixo e minimizar os danos causados ao meio ambiente e à saúde. Cobrar das políticas públicas para que responsabilizem as empresas a recolher o lixo eletrônico para que os materiais retirados da natureza sejam reaproveitados, através da logística reversa; promover a logística reversa para que a população entenda a importância de não descartar este material no lixo orgânico e sim encaminhar estes produtos para que seja dado o destino correto a estes componentes.

Na análise documental realizada acerca dos documentos que embasam a Educação Básica, não houve indícios especificamente do lixo eletrônico, porém, nota- se visivelmente que a Educação Ambiental está apontada em todos os documentos analisados, exceto no PPP do Colégio que está em modificação este ano e será inserido a temática Educação Ambiental.

O tema lixo eletrônico e as consequências de seu descarte é abordado pelos professores do Ensino Médio do Colégio Estadual Pilar Maturana através de aulas expositivas e sempre quando surge a oportunidade de tratar da temática. Pelo que se constatou a temática é tratada com menos frequência em relação ao consumismo e à Educação Ambiental. Um dos docentes relatou que pela falta de tempo e pelo excesso de conteúdos dificilmente trata das questões relacionadas à Educação Ambiental, porém a Educação Ambiental é uma dimensão da Educação e não apenas um conteúdo a mais a ser abordado, por este motivo pode e deve ser relacionado em todas as disciplinas. O docente de Química trata das questões com entusiasmo devido a sua formação, o docente de Matemática trata da temática somente em uma das séries, por ter o conteúdo no livro didático, em Geografia o docente faz sempre questão de lembrar aos estudantes da coleta itinerante que ocorre uma vez ao mês nos terminais, em Biologia o assunto é sempre tratado nas questões relacionadas ao destino certo de cada lixo, em Física na questão das pilhas e nos tipos de produtos,

que estes podem contaminar a cadeia alimentar, em História e Filosofia a temática sempre é abordada no que se refere as pilhas. Já em Educação Física, em Filosofia, em Português e Sociologia a temática nunca foi abordada, o docente de Arte não lembra se já trabalhou a temática ou não.

Nos questionários após pontuar todos os dados pude perceber que houve a participação efetiva de 81% dos professores atuantes do Ensino Médio, resultado superior ao esperado, já que as devolutivas dos questionários costumam ter um percentual menor. Com os questionários os professores demonstraram seus conhecimentos e suas opiniões acerca do lixo eletrônico e da Educação Ambiental e perceberam de fato a importância de abordar as temáticas em sala de aula, porém, constata-se que por mais relevante que seja a temática Educação Ambiental e lixo eletrônico, alguns professores não tratam das temáticas por alegarem falta de tempo, como pesquisadora reparei que é um desconhecimento acerca das temáticas, uma vez que a Educação Ambiental é uma dimensão da Educação e não um conteúdo a mais a ser trabalhado.

Os participantes da pesquisa deram sugestões de aulas sobre o lixo eletrônico, uma delas foi a aula prática com os equipamentos eletrônicos, sugerida pelo profissional de Química, mas não foi acatada por ser perigoso para os estudantes manusearem ferramentas como chave de fenda, se machucarem, manusearem equipamentos eletrônicos e levarem um choque, ou se contaminarem com produtos químicos; outra aula foi uma sugestão do profissional de Geografia sobre a montagem do calendário de coleta do lixo tóxico e também na tabela que fosse acrescentado uma coluna com o nome do local de extração dos minerais (jazida) na tabela sobre os elementos químicos, para que os alunos tenham um aprendizado de onde são extraídos os materiais da natureza, o qual acrescentei no material didático. Outra solicitação feita pelos participantes da pesquisa consistiu que no material didático fossem incluídas as leis que embasam a Educação Ambiental, bem como a explicação sobre a logística reversa e os pontos de coleta do lixo eletrônico. Alguns profissionais que não participaram da pesquisa também sugeriram de maneira informal que o projeto de recolhimento das pilhas fosse divulgado com o resultado da pesquisa, para que assim atingisse um público maior. Portanto, para desenvolver o produto do Mestrado contemplei parcialmente o que foi solicitado pelos professores tanto nos questionários quanto nas entrevistas.

Por fim foi desenvolvido um produto, (uma apostila), com dois capítulos, para ser usada pelos docentes acerca do lixo eletrônico no contexto da Educação Ambiental, onde é possível encontrar atividades a serem desenvolvidas com estudantes do Ensino Médio com a finalidade de mediar uma conscientização ambiental frente à temática dos resíduos eletrônicos.