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2. O LIXO ELETRÔNICO E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

2.2 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIXO ELETRÔNICO

2.2.2 O LIXO ELETRÔNICO E O MEIO AMBIENTE

A fabricação dos equipamentos eletrônicos é extremamente prejudicial ao meio ambiente, na sua produção e ao término de sua vida útil com o seu descarte. Na sua produção extrai a matéria da natureza e libera substâncias tóxicas, no seu descarte polui o solo, a água e o ar e isso se intensificou a partir da Revolução Industrial, com a invenção da máquina a vapor. Arrhenius, um cientista muito renomado por suas descobertas, previu as alterações climáticas em função da Revolução Industrial:

Arrhenius foi mais adiante. Ele previu que a era industrial, gerando gás carbônico a partir dos combustíveis fósseis, iria provocar aumentos consideráveis da temperatura terrestre. Mas não se preocupou muito com isso. Sua preocupação maior, na época (isto é, no início deste século), era com a próxima era glacial. O grande cientista via nesse aquecimento a maneira feliz de compensar o efeito indesejável do resfriamento. Só não podia supor que o desenvolvimento tecnológico se desse em tão larga escala e com tamanha rapidez (BRANCO, 1995, p. 55 - 56).

A discussão sobre poluição do ar pela Revolução Industrial continua no trecho de Branco (1995, p. 19 – 20):

A poluição do ar passou a ser considerado um problema mais abrangente, ligado à saúde pública, a partir da Revolução Industrial, quando teve início o sistema urbano atual. Nos séculos XVIII e XIX, desenvolve-se a técnica industrial, inicialmente na Inglaterra, e, depois, em outros países. Essa técnica toma impulso a partir de 1769, com a invenção da máquina a vapor. O homem finalmente consegue obter energia mecânica para movimentar os mais variados artefatos, sem ter de recorrer à força animal. Julga-se poderoso com isso, e passa, então, a usar indiscriminadamente essa nova técnica, através da queima de grandes quantidades de carvão, lenha e, depois, óleo combustível. Com isso, a atmosfera dos centros industriais que vão se desenvolvendo torna-se insalubre, perigosa para a saúde. Havia uma grande quantidade de fuligem em suspensão e compostos de enxofre, nocivos ao sistema respiratório e à saúde em geral.

Branco (1995, p. 18) conceitua a poluição do ar como:

[...] a mudança em sua composição ou em suas propriedades, causada por emissões de poluentes, tornando-o impróprio, nocivo ou inconveniente à saúde, ao bem-estar público, à vida animal e vegetal e, até mesmo, a alguns materiais. As emissões de certas substâncias são ainda consideradas poluentes se forem prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade ou impedirem a execução dos afazeres normais da população.

É muito importante refletir sobre o que é consumido, uma vez que isso prejudica o meio ambiente, os indivíduos que trabalham em escritórios muitas vezes só levam em conta o papel utilizado, mas esquecem dos insumos e dos eletrônicos utilizados como cartuchos de impressoras, impressoras, computadores, notebooks, telefones, copiadoras, clipes, cafeteiras elétricas e o copo do cafezinho, conforme explicita a Redação Ciclovivo:

Fala-se muito sobre a reciclagem e o consumo de papel, mas é importante refletir também sobre os suprimentos utilizados em impressoras – aparentemente inofensivos. “O pó de toner contém carbono, polímeros e resinas que, apesar de não serem considerados tóxicos, exigem cuidados na hora de jogar fora. A queima dele pode liberar metais e, consequentemente, produzir gás metano, que pode provocar parada cardíaca e asfixia em humanos, além de potencializar o efeito estufa – e por ser altamente inflamável, é capaz de causar explosões. Já os cartuchos de jato de tinta são formados por resinas, solventes e corantes que podem contaminar o solo e lençol freático, afetando principalmente a água que consumimos, assim como a irrigação das plantações”, explica Rodrigo (REDAÇÃO CICLOVIVO, 2018, p. 1-2).

O lixo eletrônico contém substâncias químicas que são extremamente prejudiciais ao meio ambiente, Moreira aponta as consequências do descarte do lixo eletrônico junto ao lixo comum:

Quando um eletrônico é jogado no lixo comum e vai para um aterro sanitário, há grandes possibilidades de que os componentes tóxicos contaminem o solo e cheguem até os lençóis freáticos, afetando também a água, segundo a especialista. “Essa água pode ser usada para irrigação, para dar de beber ao gado e dessa forma, seja pela carne ou pelos alimentos, esses elementos podem chegar até o homem” complementa (MOREIRA, 2007, p. 1).

É compromisso social criar um pensamento responsável pela manutenção e conservação do meio ambiente para que o que é comum seja respeitado como de todos. Isso é uma necessidade que o mundo precisa ter para manter o meio ambiente saudável e que favoreça a vida de todos, de preferência sem a poluição causada pelo descarte inadequado do lixo eletrônico, Gadotti aponta as nossas responsabilidades acerca de qualquer tipo de lixo produzido:

Não podemos esquecer as nossas responsabilidades acerca de qualquer tipo de lixo produzido, já que “toda e qualquer pessoa é igualmente responsável pela comunidade da Terra como um todo, mesmo que, individualmente, tenhamos diferentes ofícios, funções e responsabilidades” (GADOTTI, 2008, p. 12).

Segundo a Lei n° 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos) é preciso evitar que o lixo eletrônico chegue aos grandes lixões ou aterros sanitários onde é descartado o lixo comum, uma vez que os componentes eletrônicos são bem mais nocivos do que o lixo geralmente descartado. É preciso considerar também que mesmo o lixo comum não deveria ser descartado em lixões como estes presentes em boa parte das cidades brasileiras (BRASIL, 2010 b).

Segundo leis, decretos e resoluções o lixo eletrônico deve ser descartado de maneira ambientalmente correta, ou seja, destinado à logística reversa. Porém, de acordo com Floresti:

Mas falta combinar com todo mundo. Faltam dados sobre origem e destino desses resíduos, tornando difícil o gerenciamento do volume. Do que é coletado, porém, grande parte deste descarte é feito em armazéns e locais sem o devido licenciamento ambiental, ignorando as necessárias medidas para reduzir os riscos de contaminação ambiental (FLORESTI, 2018, p. 2). A Resolução n° 18.031/2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, em seu Art. 1º:

Estabelece normas e procedimentos para o gerenciamento e destinação ambientalmente adequada dos resíduos elétricos e eletrônicos no Brasil, priorizando as ações que estimulem a redução da geração, a reutilização, a reciclagem, tratamento e a disposição final adequada (BRASIL, 2009, p. 2). Esta mesma resolução, em seu Art. 3º, item XV e XVI, determinam:

Que a Logística Reversa é o conjunto de ações e procedimentos destinados a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos aos geradores, para que sejam tratados ou reaproveitados em seu próprio ciclo produtivo ou no ciclo produtivo de outros produtos. O item XVI deste mesmo artigo delibera sobre a destinação ambientalmente adequada, ou seja, o encaminhamento dos resíduos para que sejam submetidos ao processo adequado, seja ele a reutilização, o reaproveitamento, a reciclagem, a geração de energia, o tratamento ou a disposição final, de acordo com a natureza e as características dos mesmos e de forma compatível com a saúde pública, a proteção ao meio ambiente, e a sustentabilidade econômica dos recursos naturais (BRASIL, 2009, p. 3).

A PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos, na Lei n° 12.305/2010, define a:

(…) responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e

os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos (BRASIL, 2010 b, p. 3).

Segundo a PNRS a logística reversa é:

[...] instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010 b, p. 2).

De acordo com o Decreto 7404 art. 15. Os sistemas de logística reversa serão implementados e operacionalizados por meio dos seguintes instrumentos:

I. acordos setoriais;

II. regulamentos expedidos pelo Poder Público; ou. III. termos de compromisso.

§ 1 Os acordos setoriais firmados com menor abrangência geográfica podem ampliar, mas não abrandar, as medidas de proteção ambiental constantes dos acordos setoriais e termos de compromisso firmado com maior abrangência geográfica.

§ 2 Com o objetivo de verificar a necessidade de sua revisão, os acordos setoriais, os regulamentos e os termos de compromisso que disciplinam a logística reversam no âmbito federal deverão ser avaliados pelo Comitê Orientador referido na Seção III em até cinco anos contados da sua entrada em vigor (BRASIL, 2010 a, p. 5).

No que tange ao descarte do lixo eletrônico, deve se fazer de maneira ambientalmente correta, pois:

O lixo eletrônico não deve ser descartado com o lixo comum e muito menos no meio ambiente. Por possuir substâncias químicas como chumbo, mercúrio e entre outros, o descarte incorreto pode contaminar o solo tornando-o infértil e chegar até os lençóis freáticos, e assim comprometer o sistema de abastecimento de água de toda uma região, além de oferecer riscos à saúde dos coletores quando colocado junto ao lixo comum. Seu descarte deve ser realizado em pontos específicos (CIDADES INTELIGENTES, 2018, p. 1). Na busca por locais que aceitam receber o lixo eletrônico em Curitiba, foram encontradas seis empresas que realizam a coleta desses resíduos. A pesquisa realizada na internet apontou as seguintes empresas:

• DESCARTE CERTO, gestão de resíduos pós-consumo. Especializada em coletar eletrônicos e móveis (DESCARTE CERTO, 2019);

• HAMAYA DO BRASIL é especializada na reciclagem de produtos de informática (HAMAYA DO BRASIL, 2019);

• LORENE é uma das Empresas pioneiras na destinação ambientalmente correta de resíduos de materiais que contenham Metais Preciosos (Eletrônicos, Catalisadores, Carvão Ativado, etc.) e Aço Inox (LORENE, 2019);

• PARCS é uma empresa especializada na manufatura reversa de Resíduos Eletrônicos. A coleta é realizada mediante preenchimento de formulário padrão da Parcs gratuitamente (PARCS, 2019).

• RECICLA E-WASTE COMPANY BRASIL especializada em reciclagem de lixo eletrônico;

• SETE AMBIENTAL LOGÍSTICA REVERSA é uma empresa especializada em processar os resíduos eletrônicos e os destinar até o seu destino, fazendo o acondicionamento, a identificação e rotulagem conforme classificação e risco dos resíduos. Coletas agendadas com programação de datas.

A Prefeitura Municipal de Curitiba também disponibiliza uma vez no mês em cada terminal de ônibus, um caminhão exclusivo para recolher o lixo tóxico e o lixo eletrônico. Sendo assim, percebe-se que há vários locais para levar este lixo eletrônico, evitando desta forma o descarte desse material no lixo orgânico (CURITIBA, 2019).